quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

DIREITO E RESPOSTA

Não sou advogado, não entendo de leis; não sou político, não entendo de falcatruas, mensalismo e petrolismo; não sou petista, não entendo de intolerância, rancor e revanchismo. Sou, apenas, um caipira, um simplório, um matuto. Mas tenho andado cada vez mais perplexo, pois não consigo encontrar respostas para dúvidas que volta e meia surgem em minha mente.

Por conta disso, escrevi em 2014 um texto ("Balança") sobre a salada de ONGs que vejo por aí. Esse texto foi republicado agora, dentro da linha “você não gostou de suflê de chuchu? Experimente de novo! Quem sabe gosta desta vez?

E se alguém já leu essa introdução antes ou alguma coisa semelhante, perdoe-me; a memória se perde, mas ficam-se os rascunhos.

Na primeira publicada, meu amigo Mauro Condé, do excelente blog Ma.Lu.Co, fez o seguinte comentário:

Zé - excelente ponto sobre ONGs e direitos humanos. Outro dia vi uma pessoa questionando a definição de ONG (que seria Organização Não Governamental) – a pessoa perguntava – se é não governamental porque tanta ONG financiada pelo governo? Aí eu pensei – ela tem razão kkk

Em sua republicação, o texto suscitou os seguintes comentários:

Acho que a questão é quais seriam os deveres humanos e não falo de direito penal máximo, nem mínimo, sequer da supremacia do bem comum ou pacto social,antes disso. Acho muito difícil definir ou simplificar. E só pra constar, nós juristas não mentimos, só cumprimos o legítimo exercício do nosso dever. Mera curiosidade, mas advogado significa "aquele que está ao seu lado". Claro de preferência o lado que paga mais. ;) J

Os deveres humanos, ninguém defende. ONG é igual a sindicato, tudo vagabundo!!! Tudo encostado e oportunista vivendo às custas de uma "causa". O que está precisando ser decretado nesse país é o Estatuto do Cidadão Comum, porque aqui, se você não pertencer a uma das tais "minorias", se fosse não fizer parte de um grupo perseguido, injustiçado historicamente e o caralho a quatro, você tá fudido. Se você, nesse país, for homem, branco e heterossexual, você tá fudido. Não tem direito a nada. Só a pagar a conta dos coitadinhos perseguidos, das vitimazinhas de plantão. A Marreta do Azarão

Antes de continuar, preciso comentar que o número de leitores deste blog aumentou, passando de 2,3 para 3,3 agora! Mas, vamos lá.

Não faz muito tempo eu vi na TV uma cientista (ou pesquisadora ou professora) dizendo que “a Natureza é econômica”. Achei a frase bacanérrima e já pensei em energia potencial e aquelas manhas da Física. Mas, se você levar para o lado dos “manos” (os sero manos), a coisa funciona muito bem.

Nas proximidades da casa de minha sogra existe uma favela (que em Beagá o pessoal gosta de chamar de “vila”). Um dos moradores sempre chamou minha atenção, desde quando era criança. Raríssimas vezes eu o vi calçado. Talvez por isso, os pés esparramaram-se para os lados, quase como pata de elefante. Não tenho dúvida que esse fato deve-se à ausência permanente de contenção provocada por um calçado. Para mim, um exemplo da “economia” da Natureza. O inverso disso seriam os pés deformados de algumas japonesas, espremidos em sapatos minúsculos para atender um ideal de beleza antigo (bizarro como quase todos os ideais de beleza).

Voltando à “economia”, penso que ela manifesta-se também nas ações, desejos, intenções e propósitos de muitas pessoas (99,9%) e ONGs. Independente de ter ou não razão e motivos, é muito mais fácil esparramarmo-nos despreocupadamente pelos direitos que entendemos ser nossos. Por “economia”, às vezes esquecemo-nos dos deveres que deveríamos observar e cumprir.

Não estou muito preocupado em definir quais são os deveres, apenas acho que estamos todos mais interessados nos nossos direitos, sempre querendo o filé e rejeitando o osso. Outra coisa que noto é que quanto mais “minoria”, mais intransigente, mais intolerante, fundamentalista e chata pra caramba uma ONG ou uma pessoa se mostra.

Como disse o dono do Marreta, com sua elegância peculiar, “Se você, nesse país, for homem, branco e heterossexual, você tá fudido. Não tem direito a nada. Só a pagar a conta dos coitadinhos perseguidos, das vitimazinhas de plantão”. Assino em baixo (isso, claro, depois de verificar se não há uma nota promissória envolvida, pois, dada a situação financeira, não teria como pagar “aquele que está do seu lado”).


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