SONETO DE SEPARAÇÃO
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
(Vinicius de Moraes – 1938)
Conheci essa poesia cantada por Elis. Show!
ResponderExcluirE de repente, não mais que de repente, essa poesia me vez viajar no tempo.
ResponderExcluirBjsssssss, Marli
Que bom que gostou.
ExcluirJotabê,
ResponderExcluirEsses versos do mestre Vinícus
me trouxe a mente
esse aqui, que é uns dos
que leio quando estou assim, assim:
De Cecília Meires
Pus o meu sonho num navio
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...
Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
Que lindo!
ExcluirOps: Cecília Meireles
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