terça-feira, 14 de outubro de 2025

MANJA O UNIVERSO?

 
Manja o Universo? Pois é. Sabia que graças ao Telescópio Espacial Hubble, as estimativas mais recentes sugerem a existência de pelo menos 2 trilhões de galáxias no universo observável? Bom, né?
 
E agora, sabe quantas estrelas existem em apenas uma galáxia? De 100 a 400 bilhões. É mole? Se você multiplicar a quantidade de galáxias pelo número de estrelas de cada uma poderá ter até vertigem. Mas vamos baixar um pouco a bola.
 
Sabe o Sol, essa bola amarela que serve para secar as roupas nos varais e deixar as meninas gostosas ainda mais gostosas quando se bronzeiam na praia? Pois bem, essa almôndega incandescente não passa de uma estrela de tamanho médio ou, mesmo, uma "estrela anã amarela".
 
Vamos continuar só mais um pouquinho: a Terra, “a nave nossa irmã” é o terceiro planeta (lindo!) a partir do Sol. Então, vamos fazer um resumo: a Terra é o terceiro planeta de uma estrela insignificante, uma dos duzentos bilhões de estrelas de uma dos mais de dois trilhões de galáxias do Universo. Uau! Quanta importância a Terra tem!
 
E para concluir toda essa astronomia, informo que moro em uma cidade localizada no hemisfério sul do globo terrestre, com as coordenadas geográficas de aproximadamente 19° 55′ 00″ de latitude sul e 43° 56′ 00″ de longitude oeste. Pois é, esse é o ponto do Universo onde eu me escondo.
 
E sabe por que eu disse tudo isso? Porque eu não dou a mínima sempre achei estranha essa preocupação das pessoas com as "cercas embandeiradas que separam quintais", como tão bem cantou o Raul Seixas. O sempre ferino Millôr Fernandes disse que “patriotismo é aquilo que se põe no bolso, quando se toma o poder”.

Em outras palavras, as palavras pátria e patriotismo pouco ou nada significam para mim, nunca significaram. Aliás, nem para mim nem para os moradores de rua, aquele pessoal que dorme ao relento tendo apenas um papelão para servir de colchão.
 
Que significa “pátria” para eles? Consegue imaginar um coitado desses dizendo “a minha pátria”? O país, o estado, a cidade, o bairro ou até mesmo a rua onde se mora é outra história, tem significado físico, geográfico.

Pois é, toda esta gororoba serviu como introdução para uma entrevista concedida pelo filósofo Clóvis de Barros ao Alt Tabet, do Canal UOL. Seus comentários iluminaram tanto minha ignorância que eu não resisti ao desejo de publicar trechos do texto que encontrei na internet. Olhaí.
 
 
“A ideia de 'pátria acima de tudo', frequentemente exaltada em discursos políticos, carrega um vazio conceitual e serve para manter privilégios e desigualdades”, afirmou Clóvis de Barros no Alt Tabet, do Canal UOL.
 
"Estando a pátria acima de tudo, nós começamos a nos perguntar o que será que essa história de pátria quer dizer? Será que a pátria é o Estado? Será que a pátria é a nação? E aí você começa a perceber que a ideia de pátria, ela tem uma presença poética muito grande, mas ela tem um certo vazio conceitual. E aí é preocupante, por quê? Porque você coloca nisso o que você quiser", explicou o filósofo.
 
Para ele, ao se evocar a noção de pátria, uma palavra de significado fluido, o que se preserva, na prática, são desigualdades históricas.
 
“Dado que a pátria Brasil existe, pelo menos desde a sua independência, você poderia imaginar que o patriotismo faz uma defesa de valores, de crenças, de convicções que existam há bastante tempo. Portanto, é uma espécie de homenagem ao que sempre existiu, homenagem ao passado, homenagem às coisas como elas sempre foram. Pois então, seria interessante observar o que é que sempre foi. E o que a sociedade brasileira sempre foi? Desigual. Elitista. Cheia de privilégios. Discriminatória”.
 
Segundo Clóvis, preservar essa visão beneficia quem sempre esteve em posição de vantagem. 
 
"Para os que têm e sempre tiveram, ou digamos, para o grupo que sempre contou com os famosos 90% de toda riqueza, os 5% que sempre tiveram os 90% da riqueza, nada mais adequado do que conservar as coisas como elas sempre foram", pontuou.
 
O filósofo acrescenta ainda que a mentalidade individualista contribui para a manutenção desse cenário. 
 
"Não há uma consciência de transformação em grupo. O que há é uma consciência de obtenção de privilégios pessoal".
 
“Brasil é 10ª economia, mas não tem 10ª educação; por quê?”
 
O desenvolvimento econômico do Brasil não se reflete em avanços proporcionais na educação, avalia o filósofo Clóvis de Barros Filho.
Embora o Brasil ocupe atualmente a 10ª posição econômica global, o país ainda enfrenta desigualdades profundas no acesso à educação de qualidade e à produção de conhecimento.
 
“A décima economia do mundo não tem a décima educação do mundo, não tem a décima universidade do mundo, não tem a décima produção de conhecimento do mundo, não tem a décima produção de ciência do mundo, aqui é só soja, certo? Grana tem, então acaba ficando com uma aparência de estábulo de ouro”.

O texto de minha autoria foi escrito no início de setembro (provavelmente depois do dia sete) e motivado pela forma que os partidários do ex-presidente têm de se expressar.

Um comentário:

  1. Vai lá, nas próximas eleições, vote no molusco, igual eu fiz em 2022, na última hora, pois meu voto não seria nele, mas achei que evitaria um mal maior. Logo depois, quando o tráfico ficou mais à vontade para usar não apenas os "di menor" mas também todo "usuário", eu me dei conta da bobagem que fiz. E não, com Bolsonaro talvez não seria diferente. E não acho que deixando de votar no molusco as coisas serão diferentes. A única diferença é que quem vota nele aprova seu governo, reconhece nele a melhor opção. Mas, na prática, quem ganhar, não mudará os rumos de nada. Sabe um dizer da Dilma, uma vez, bem confuso, que terminava dizendo que todos perdem? Já estamos nisso.

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