À medida que envelhecem e adquirem direito ao tratamento de “preferenciais”, algumas pessoas – pelo menos as mais sensatas, as mais sensíveis ou mais neuróticas (como eu) – se pegam pensando na morte. E se incomodam com isso, com a certeza da própria finitude, cada vez mais próxima. E falo com conhecimento de causa, “do alto” de meus setenta e cinco anos (mas comecei a viajar nessa ideia logo depois de fazer cinquenta anos). Agora, duro mesmo é pensar que a pessoa que você ama, que sempre amou, que deu sentido à sua vida desmiolada pode “viajar antes do combinado”, como dizia o Rolando Boldrin em seus programas das manhãs de domingo.
Como suportar isso, como suportar essa dor? Muitas vezes a Vida nos pede não resiliência, mas resignação diante do que é imutável. São Francisco de Assis teria feito esta oração: “Senhor, dai-me força para mudar o que pode ser mudado, resignação para aceitar o que não pode ser mudado e sabedoria para distinguir uma coisa da outra”. Mas dói ouvir a pessoa amada dizer "Estou com medo!".
XXX
Certa vez ouvi alguém dizer que a diferença
entre um sonho e uma meta é simples: a meta é objetiva, tem prazo, detalhamento
e procedimentos para ser alcançada; o sonho, não, é apenas um desejo, muitas
vezes displicente, de que algo aconteça.
Ontem me ocorreu que esse raciocínio, com algumas adaptações, pode ser aplicado à nossa própria morte. Sem pretender ser muito mórbido, pensei assim: todos nós sabemos e nos preocupamos em maior ou menor grau com o fato de que um dia morreremos. Quanto mais a idade avança, mais esse pensamento fica nos rondando. Mas, como não sabemos quando isso acontecerá, acabamos esquecendo nossa condição mortal. Vivemos e sonhamos como se fôssemos imortais, alimentando, sem perceber, um sonho de eternidade.
Quando, porém, recebemos um diagnóstico de doença terminal, tudo se transforma. A sensação de imortalidade se dissipa. Junto com o diagnóstico pode vir uma estimativa de tempo restante e, com ela, uma nova consciência da nossa finitude.
É como se, de repente, fôssemos colocados em um corredor da morte: ainda não sabemos o dia nem a hora em que seremos executados, mas passamos a ter a certeza de que viveremos menos do que imaginávamos, menos do que gostaríamos, menos do que nossa ilusão de imortalidade nos fazia crer.
Ontem me ocorreu que esse raciocínio, com algumas adaptações, pode ser aplicado à nossa própria morte. Sem pretender ser muito mórbido, pensei assim: todos nós sabemos e nos preocupamos em maior ou menor grau com o fato de que um dia morreremos. Quanto mais a idade avança, mais esse pensamento fica nos rondando. Mas, como não sabemos quando isso acontecerá, acabamos esquecendo nossa condição mortal. Vivemos e sonhamos como se fôssemos imortais, alimentando, sem perceber, um sonho de eternidade.
Quando, porém, recebemos um diagnóstico de doença terminal, tudo se transforma. A sensação de imortalidade se dissipa. Junto com o diagnóstico pode vir uma estimativa de tempo restante e, com ela, uma nova consciência da nossa finitude.
É como se, de repente, fôssemos colocados em um corredor da morte: ainda não sabemos o dia nem a hora em que seremos executados, mas passamos a ter a certeza de que viveremos menos do que imaginávamos, menos do que gostaríamos, menos do que nossa ilusão de imortalidade nos fazia crer.
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Apesar da grande diversidade biológica
existente, estima-se que cerca de 99% das espécies que já habitaram a Terra
tenham se extinguido. Hoje calcula-se que existam cerca de 8 milhões de
espécies de animais, das quais apenas 1,5 milhão foram descritas pela ciência. Fazendo
as contas, então já teriam existido aproximadamente 800 milhões de espécies
diferentes neste planeta, significando também que algo em torno de 792 milhões
já teriam desaparecido. Isso me faz pensar que, na prática, vivemos e moramos dentro de um grande cemitério. Concorda comigo?
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Há cientistas e empresas tentando promover a
desextinção de animais que o homem contribuiu para seu desaparecimento. O mais famoso
candidato é o mamute lanoso. Acho bem simpática essa ideia, mas o que realmente me
impressiona é a obsessão de certas pessoas em louvar e desejar ressuscitar regimes e ideias de
tristíssima memória, ao ponto de elogiar ditadores e torturadores execráveis – isso sim, chega a ser doentio.
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