Escolhas... Deus, como é difícil fazer
escolhas! No último sábado estava conversando sobre isso com um jovem e senti muita
pena dele, arrependido de ter escolhido e se formado em um curso que não combina muito com ele.
A escolha da profissão é uma daquelas decisões que nos reviram por dentro quando tentamos agradar ou atender ao desejo de alguém. Meu pai estudou medicina para atender ao desejo de sua mãe, mas nunca exerceu essa profissão. A recusa preguiçosa e displicente em conseguir novo formulário de inscrição para o vestibular fez com que eu cursasse engenharia em vez de economia.
Antes disso, como bom quadrúpede que sou (jumento, entendeu?), eu já tinha embaraçado braços e pernas quando tive a oportunidade de fazer um teste vocacional. E é essa história que contei ao jovem arrependido. Tudo começa e termina em 1967, quando eu estava no segundo ano do curso colegial (alguém aí pode me ajudar dizendo como se chama esse período?).
Eu estudava no excelente Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia da UFMG, onde éramos uma espécie de cobaias para a experimentação de novas técnicas pedagógicas. Um dia fomos convocados a fazer uma série de testes que não me lembro se foram explicados antes de sua realização. Tantos anos já passados tenho uma vaga, evanescente lembrança desses testes – aqueles testes de lógica, imagens e um de desenho a mão livre de uma árvore. Como eu era metido a desenhar bem, fiz uma bicicleta toda detalhada, apoiada na frondosa árvore. Uma bosta como resultado, para ser sincero.
.
Creio que os aplicadores eram alunos de psicologia. Algum tempo depois, fomos convocados a uma entrevista individual, uma sessão de feedback sobre os resltados dos testes realizados. O sujeito com quem conversei mostrou um histograma onde "Artes Plásticas" era a coluna mais alta, seguida de "Ciências Físicas", "Ciências Biológicas" e ia descendo em relevância. "Música" era uma merdinha de coluna. Ai o sujeito me perguntou:
- Qual profissão você pensa em seguir?
Pego de surpresa, respondi:
- Uai, eu achei que você é que iria me dizer o que devo escolher!
Continuando a falar, disse a ele que queria saber se tinha vocação para engenheiro químico (na época meu irmão – coach e ídolo estudava engenharia química). Aí o cara disse que não era bem assim, que o teste sinalizava aptidões que deveriam ser exploradas. Perguntou-me se eu não queria estudar Belas Artes, e eu, puto da vida, retruquei que não queria morrer de fome ou algo assim.
E o cara só escapando. Na verdade ele estava tentando me mostrar o “alvo” enquanto eu só queria acertar na mosca. Explicou-me que os testes realizados não possuíam essa precisão que eu imaginava e desejava conseguir.
Já no final da entrevista, disse-me que eu deveria estudar linguas como hobby, que eu tinha jeito. Deve ser por isso que sou monoglota até hoje. Em resumo, saí mais confuso que quando fiz o teste, mais decepcionado que criança que deixa a bola de sorvete cair no chão.
Mesmo assim, depois de contar essas lembranças, sugeri que o jovem fizesse um teste vocacional com toda a serenidade, sem ideias preconcebidas. De posse do resultado, que conversasse com profissionais das áreas mais condizentes com seu perfil, procurando saber o que fazem e qual é o salário inicial que cada profissão oferece (isso é fundamental, pois ninguém vive de brisa). Depois dessa confissão de estupidez adolescente, creio que o ideal seria encher a cara, mas não tinha leite com toddy. Sacanagem!
A escolha da profissão é uma daquelas decisões que nos reviram por dentro quando tentamos agradar ou atender ao desejo de alguém. Meu pai estudou medicina para atender ao desejo de sua mãe, mas nunca exerceu essa profissão. A recusa preguiçosa e displicente em conseguir novo formulário de inscrição para o vestibular fez com que eu cursasse engenharia em vez de economia.
Antes disso, como bom quadrúpede que sou (jumento, entendeu?), eu já tinha embaraçado braços e pernas quando tive a oportunidade de fazer um teste vocacional. E é essa história que contei ao jovem arrependido. Tudo começa e termina em 1967, quando eu estava no segundo ano do curso colegial (alguém aí pode me ajudar dizendo como se chama esse período?).
Eu estudava no excelente Colégio de Aplicação da Faculdade de Filosofia da UFMG, onde éramos uma espécie de cobaias para a experimentação de novas técnicas pedagógicas. Um dia fomos convocados a fazer uma série de testes que não me lembro se foram explicados antes de sua realização. Tantos anos já passados tenho uma vaga, evanescente lembrança desses testes – aqueles testes de lógica, imagens e um de desenho a mão livre de uma árvore. Como eu era metido a desenhar bem, fiz uma bicicleta toda detalhada, apoiada na frondosa árvore. Uma bosta como resultado, para ser sincero.
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Creio que os aplicadores eram alunos de psicologia. Algum tempo depois, fomos convocados a uma entrevista individual, uma sessão de feedback sobre os resltados dos testes realizados. O sujeito com quem conversei mostrou um histograma onde "Artes Plásticas" era a coluna mais alta, seguida de "Ciências Físicas", "Ciências Biológicas" e ia descendo em relevância. "Música" era uma merdinha de coluna. Ai o sujeito me perguntou:
- Qual profissão você pensa em seguir?
Pego de surpresa, respondi:
- Uai, eu achei que você é que iria me dizer o que devo escolher!
Continuando a falar, disse a ele que queria saber se tinha vocação para engenheiro químico (na época meu irmão – coach e ídolo estudava engenharia química). Aí o cara disse que não era bem assim, que o teste sinalizava aptidões que deveriam ser exploradas. Perguntou-me se eu não queria estudar Belas Artes, e eu, puto da vida, retruquei que não queria morrer de fome ou algo assim.
E o cara só escapando. Na verdade ele estava tentando me mostrar o “alvo” enquanto eu só queria acertar na mosca. Explicou-me que os testes realizados não possuíam essa precisão que eu imaginava e desejava conseguir.
Já no final da entrevista, disse-me que eu deveria estudar linguas como hobby, que eu tinha jeito. Deve ser por isso que sou monoglota até hoje. Em resumo, saí mais confuso que quando fiz o teste, mais decepcionado que criança que deixa a bola de sorvete cair no chão.
Mesmo assim, depois de contar essas lembranças, sugeri que o jovem fizesse um teste vocacional com toda a serenidade, sem ideias preconcebidas. De posse do resultado, que conversasse com profissionais das áreas mais condizentes com seu perfil, procurando saber o que fazem e qual é o salário inicial que cada profissão oferece (isso é fundamental, pois ninguém vive de brisa). Depois dessa confissão de estupidez adolescente, creio que o ideal seria encher a cara, mas não tinha leite com toddy. Sacanagem!
Bom dia:- Eu, felizmente, sempre trabalhei no que amava. Fui um felizardo da vida.
ResponderExcluir..
“” Saudações poéticas – Feliz terça Feira ““
.
Felizardo, sem dúvida!
ExcluirCurso colegial seria hoje o Fundamental 2? Pois no tempo do meu pai ele dizia chamar-se "científico" e pra se chegar ao científico tinha que fazer uma prova de acesso quando terminasse o...qual seria o nome? hoje seria o Fundamental 1 (primeira a quarta série).
ResponderExcluirSei lá se teste vocacional funciona mesmo para indicar um caminho. Talvez funcione. Quando eu era garoto eu queria ser um monte de coisa, acabei prestando concurso pra Marinha talvez por influência do meu pai mas acabou sendo uma boa escolha pra mim. Meu filho é bem inteligente (bem mais do que eu era em sua idade) e poderia muito bem se enveredar em alguma área tecnológica. Já com 10 anos ele estudou sozinho um programa simples de jogos e criou o próprio jogo que depois eu tive que jogar por imposição...mas acho que ele é pragmático. Quando soube que os cursos de formação de praças e oficiais das FA pagam pra você estudar, logo se interessou.
Vamos por partes: nas décadas de 1950 e 1960 o ensino era dividido em "grupo escolar" (quatro anos), ginasial (quatro anos) e colegial ou científico (três anos). O "científico" não era só isso, pois havia também a "escola técnica" (profissionalizante) e o curso de "formação" (de professoras do ensino primário). Depois disso era a faculdade.
ExcluirComo disse, o teste vocacional te mostra "a cidade", mas "a rua" é sua escolha.
Outra coisa que talvez devesse ter dito é sobre a sintonia pai/filho. Nenhum de meus filhos quis estudar engenharia (minha profissão), tão mal eu falei dela (o mesmo que meu pai fez comigo ao falar mal de medicina). E, para finalizar, eu jamais aceitaria uma carreira militar, é disciplina demais para um semi anarquista como eu.
Uma coisa que nunca pode ser negligenciada é a grana, pois romantismo profissional é bom, mas poder viajar para a Europa é melhor ainda.
ExcluirDá pra se adaptar. Nunca fui um militar caxias mas nunca tive problemas com disciplina, mas sempre tive gosto por artes. Tive um grupo de teatro amador e sempre gostei de escrever (mal) . Nada mais dispare que uma carreira militar e uma carreira artística mas eu sou muito "não binário"..
ExcluirVocê escreve bem!
ExcluirNão deixe de aproveitar essa promoção.
ResponderExcluirhttps://soubh.uai.com.br/noticias/gastronomia/bk-distribui-hamburguer-para-cornos-veja-onde-pegar-em-bh/
Repetindo uma frase de meu falecido amigo Pintão, "meus calcanhares estão bem defendidos".
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