segunda-feira, 31 de agosto de 2020

FLY ME TO THE MOON

Escrito em 26/08

FLY ME TO THE MOON (PORNOVÍDEO)
Quando você fica sabendo que o próprio presidente do país em que você nasceu e mora divulgou um vídeo com legendas deturpadas para se eximir da grosseria (mais uma) cometida ao dizer que tinha vontade de encher de porrada a boca de um repórter - só pelo profissional ter tido a ousadia, a audácia de perguntar sobre a grana depositada pelo Queiroz na conta da “primeira dama” - você percebe que nasceu no país errado.

E se, depois disso, lembrar-se de que o pessoal do PT também era bom em manipulação de imagens e informações,  ou melhor, em manipululação, aí você percebe que nasceu no hemisfério ou até mesmo no planeta errado. Ô Jair, não nos faça passar (mais) vergonha (e, por favor, responda as perguntas que lhe fizerem)!


EMINÊNCIA PARDA
Descobri que a expressão “eminência parda” – utilizada para identificar assessores e conselheiros influentes que atuam com discrição, só nos bastidores – surgiu na França para designar um frade capuchinho, braço direito do cardeal Richelieu (primeiro ministro do rei Luis XIII). Esse religioso vestia-se com o hábito marrom (ou na cor parda) de sua ordem religiosa. Como ele era “invisível” mas mega poderoso deram a ele o epíteto de “eminência parda” (ah, essa falsa cultura!). Mesmo que possa não ter sido intencional, foi um ótimo jogo de palavras, concordam?

E por que resolvi falar disso? Porque o famoso Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, tem todo o jeitão de ter sido uma “eminência parda”. Mas, em homenagem à exuberância da paisagem carioca, à malemolência do povo, ao clima tropical do país e às atividades que exercia, acho que ficaria bacana reconhecer que ele foi a “eminência laranja” no gabinete do então deputado (rapaz, como dá trabalho fazer uma piada ruim!).

domingo, 30 de agosto de 2020

ÁGUAS PROFUNDAS


O Blogson passou a ter novos leitores (e leitores novos, diga-se) que talvez não tenham interesse em se aventurar nas águas profundas do blog. Por isso, para iniciar algum assunto meio desidratado e talvez incentivar um passeio pelos sítios arqueológicos do blog da solidão ampliada, faço um mergulho em apneia até o fundo e trago de lá alguns textos (e muito lixo também). Do mergulho de hoje trouxe um caso do meu falecido amigo Pintão:

Um dia, estávamos conversando fiado – como sempre – quando eu disse a meu amigo alguma coisa como "a gente precisa..." (não sei como é em outros lugares, mas em BH, pelo menos, é comum usar-se a expressão "a gente" como sinônimo de "nós"). Com uma falsa impaciência, meu amigo retrucou:
- A gente, não. Você precisa! Fui claro, James?
Diante do comentário, perguntei o que significava o "James" na história. E ele explicou:
- É como aquela história do nobre inglês e seu mordomo. Um dia, pela manhã, o mordomo entra no quarto do patrão, abre as cortinas e diz: - "Parece que teremos um belo dia hoje, milord". Ao que o nobre responde - "Errado, James. Eu terei o meu belo dia e você terá o seu belo dia!".

Esse caso só serviu para introduzir um James neste post domingueiro. Aliás, um só não, dois. Segundo li, Henry James, escritor americano, é o autor de alguns dos romances, contos e críticas literárias mais importantes da literatura de língua inglesa. Seu irmão William James foi um filósofo e psicólogo americano, considerado por alguns como o “pai da psicologia americana".

Milhões de anos atrás li um artigo sobre o William James. Diziam que seu irmão Henry escrevia romances como se fossem tratados de psicologia tal a densidade dos enredos e personagens. De William diziam que escrevia tratados de psicologia e filosofia como se fossem romances, tão agradável era sua leitura. Isso é que é cultura inútil!

Segundo esse artigo, quando um gigantesco terremoto destruiu 80% da cidade de San Francisco, o psicólogo William James largou tudo o que estava fazendo e viajou para lá, para entrevistar e colher ainda frescos os depoimentos de moradores locais.

E foi essa cultura inútil que me fez pensar na necessidade de um novo “William James” para fazer um levantamento e estudo psicológico abrangente de como a pandemia está afetando as pessoas. Não há dúvida de que afeta de forma diferente cada pessoa, mas seria interessante ver um estudo mais detalhado que apenas dados estatísticos, que analisasse e dividisse a população por sexo, grau de confinamento, idade, instrução formal, estado civil, ideologia, se usa mascara ou não, se acredita na eficácia da cloroquina, e todo tipo de informação que permitisse definir um perfil padrão para cada grupo estudado.

Acho que seria bacana começar pelas senhoras do “grupo de risco”. Aí, quando surgisse nova pandemia (esconjuro-te!poderíamos dizer Eu terei o meu belo dia e você, (William) James, terá o seu belo dia!".


sexta-feira, 28 de agosto de 2020

DE BOBEIRA


A bomba de hoje é o afastamento temporário do governador Witzel e a prisão do pastor Everaldo, ex-candidato à presidência da república. Por estar de bobeira em casa, sem nada para fazer e sem entrar no mérito da culpa, da eventual culpabilidade dos dois políticos, três pensamentos distintos associados a essa notícia surgiram em minha mente.

O primeiro deles, de cunho religioso, é o fato de o Bolsonaro ter sido batizado no Rio Jordão pelo pastor preso hoje. Para mim, a partir desse batismo, o presidente tornou-se evangélico - mesmo que insista em declarar-se católico. Pensem bem: todo católico é obrigatoriamente batizado, não há catolicismo honorário. Assim, se ele foi novamente batizado, tornou-se seguidor de outra religião. “Sincretismo cristão” só na cabeça dele!

A segunda reflexão que faço é que ser governador do Rio de Janeiro é extremamente perigoso para a liberdade individual do eleito. Que o digam (até agora) o Moreira Franco, o Garotinho, sua esposa, o Pezão (isso lá é nome de governador?) e o inigualável Sérgio Cabral.

O terceiro assunto que me ocorre é uma piada, piada mesmo! Toda vez que eu vejo a foto do Bolsonaro de bata branca, mãos postas e prestes a ser mergulhado no Rio Jordão, eu me lembro desta piada: um pastor estava batizando os recém-convertidos em um rio ou lagoa. Um bêbado mal se contendo em pé ficava pentelhando e comentando cada batismo realizado. O pastor foi ficando de saco cheio e resolveu também batizar o pinguço.
- Venha meu bom homem, venha encontrar Jesus! E afunda a cabeça do bebum na água, perguntando:
- Encontrou Jesus?
- Não, senhor.
O pastou fica meio puto e enfia novamente a cabeça do sujeito na água, segurando um pouquinho mais.
- E agora, encontrou Jesus?
- Não, senhor.
Aí o pastor perde a paciência e dá quase um caldo no coitado.
- ENCONTROU JESUS AGORA?
- O senhor tem certeza de que ele afundou foi aqui mesmo?

MAIS RIDÍCULO, IMPOSSÍVEL! - 07


domingo, 23 de agosto de 2020

MAIS RIDÍCULO, IMPOSSÍVEL! - 02



MAIS RIDÍCULO, IMPOSSÍVEL! - 01


Não se explicam piadas, mas quero registrar o contexto de uma idiotice que me ocorreu. Tenho andado muito puto ultimamente com os perrengues e as limitações que a velhice me impôs (lembrando: sou velho, pô!). Limitações que foram escancaradas pela pandemia e pela consequente “clausura” em que me encontro. Por isso, resolvi criar um texto  de "humor" que tivesse as situações mais ridículas que eu conseguisse imaginar para um idoso e que tentasse exorcizar um pouco do mau humor, da angustia e depressão em que frequentemente tenho mergulhado.

A coisa evoluiu e eu resolvi criar um personagem inspirado nos super-heróis que meu amigo virtual Ozymandias apresenta e comenta em seu blog, ou seja, seria mais um "super-herói", mas que fosse a antítese dos fortões super poderosos da Marvel e assemelhados. Pensei nos nomes “Super Ancião” e “Super Idoso” para esse verdadeiro sub-herói, mas achei que “Super Velho” seria ainda mais desmoralizante e ridículo.

Aí, novamente inspirado nos heróis de meu amigo Ozy, resolvi fracionar as maluquices e besteiras que consegui imaginar e com elas criar uma história em quadrinhos, originalmente dividida em seis episódios (pois é...). Para torná-la mais ridícula, imaginei cada "tira" formada por um único quadro, com um único desenho e um texto seco e bem, bem, bem idiota, tal como os produzidos por humoristas franceses que eu lia na revista Grilo (ainda vou falar sobre isso).

Se alguém reclamar, direi que é humor marciano, do tipo que se faz no meu planeta de origem. Para não "contaminar" a HQ, resolvi transformar esta explicação em mais um post. E antes que um eventual leitor terminasse de ler este texto o segundo (agora, de um total de sete) já teria sido (foi) publicado. É isso 

sábado, 22 de agosto de 2020

CROSSFIT CEREBRAL


Eu sempre gostei de aforismos, talvez pelo seu efeito imediato. É como tomar um buscopan injetável quando se está com uma dor insuportável. Já vivi essa experiência com a dor causada por um cálculo renal. A injeção na veia foi como um bilhete de ida para o nirvana, tal o alívio imediato que proporcionou. Guardadas as necessárias proporções, os aforismos provocam reações imediatas, ao contrário de textos longos. Por mais agradáveis, melhores e mais bem elaborados que sejam os contos, reportagens e romances, esse tipo de registro escrito demanda tempo, reflexão, maturação. Aforismo, não, dependendo da frase, você se encanta e até diz "Uau!" ou "Perfeito"! É como se fosse um peido filosófico (acho que vão me massacrar por isso!). “Pá!”, saiu, é bem estar imediato. Tá bom, vamos deixar a vulgaridade para outra hora. Aforismo é insight, ok?

Mas a palavra não deixa de ser pedante: aforismo, aforismo... Bela merda! Segundo o dicionário (que não me deixa mentir sozinho), o significado de aforismo é “máxima ou sentença que, em poucas palavras, explicita regra ou princípio de alcance moral; apotegma, ditado”. Ou ainda: “texto curto e sucinto, fundamento de um estilo fragmentário e assistemático na escrita filosófica, geralmente relacionado a uma reflexão de natureza prática ou moral”.

Eu gosto quando surge na minha cachola algum aforismo, mas, pelo meu jeito meio desengonçado de pensar, prefiro mais quando vem na forma de “desaforismo”, na forma de ironia, piada ou crítica. Creio que isso se deve ao fato de não ser bom para grandes análises e reflexões. Todas as vezes que entro em uma aventura dessas, acabo me sentindo ridículo, patético. E o texto ”obrado” mostra-se uma coleção de clichês e platitudes, com qualidade polar (abaixo de zero).

Apesar da longa introdução, meu assunto não é aforismo. Até porque já fiz um post bacanaço sobre o tema. Quem quiser dar uma espiada (estou jogando a isca), siga este link:

Mas, afinal, qual é então o tema de hoje? Arrá! O tema é ginástica para o cérebro. Para mim, os aforismos são como pílulas energéticas, capazes de excitar um pouco o cérebro. Ou, talvez, eletrodos literários usados para dar-lhe um “choquinho”, fazendo com que ele dê uma mexidinha, tão necessária quanto mais a idade avança (alguma coisa tem de se mexer!).

Mas, disparado, o melhor exercício mental que já conheci - verdadeiro crossfit cerebral - é a música. Não qualquer música, mas a música interpretada por um conhecido. Creio já ter contado esse caso aqui, mas a perda dos backups impede que eu me certifique disso. Em todo caso, vou tentar falar sobre essa experiência musical sem entrar em muitos detalhes, pois o "artista" é super gente boa.

A primeira vez em que ouvi falar de sua fama foi alguns dias antes de conhecê-lo pessoalmente em sua festa de aniversário. Uma amiga comum que também iria à festa, comentou que ele era um cantor horroroso. Claro que isso não impressiona ninguém, tantas são as pessoas que cantam mal. Estão aí Bruno e Marrone, muitas outras duplas sertanejas e a Marília Mendonça para comprovar essa afirmação. E isso nunca seria motivo para deixar de ir a essa festa.

Quando chegamos ao endereço indicado, surpreendi-me com uma parafernália de equipamentos de som já instalados, indicativos de que iria rolar uma música ao vivo, uma live no modismo atual. O aniversariante nos recebeu na entrada, super cordial e cerimonioso. A festa rolou normalmente com salgados e bebidas circulando. Lá pelo meio da festa fomos convidados a nos servir de alguns pratos quentes, etc. Foi logo depois disso que a coisa fodeu.

O aniversariante disse algo ao microfone e começou a cantar uma música da década de 1960 enquanto literalmente atacava o teclado. Tomei um susto gigantesco, pois nunca tinha ouvido nada tão estranho e ruim. Sinceramente, era uma sensação indescritível, uma agonia impossível de reproduzir. Imagine uma gravação da voz do cantor de "Caneta Azul". Agora acelere e diminua aleatoriamente a velocidade da fita. Pegue um teclado de boa qualidade, grave nele algumas músicas de karaokê e ponha alguém para tocar junto. Mas é necessário que o tecladista só tenha uma semana de aula. Finalmente, assegure-se de que o repertório seja formado apenas por músicas manjadíssimas do Roberto Carlos, sucessos internacionais das décadas de 1960 e 1970 ou sertanejas. E não se esqueça de que o cantor de Caneta Azul precisará ler as letras em inglês sem nunca ter estudado nada dessa língua.

A sensação imediata foi de paralisia, asfixia. Minha cabeça parecia estar sob ataque de alguma radiação desconhecida, pois tive a sensação de que estava coçando. O som que estava ouvindo parecia provocar comichões em meu cérebro, ao ponto de pedir à minha mulher para irmos embora imediatamente. Mas ela é que era a convidada e disse "não", que pegaria mal sair logo após a refeição etc. A sorte é que estávamos na mesma mesa da conhecida que nos alertara sobre a ruindade do cantor. Por diversão, começamos a tentar adivinhar qual música ele estava cantando. Isso é real, pois nem sempre conseguíamos identificar o que ele cantava. Como aquilo estava nos provocando algumas risadas nervosas, quase espasmódicas, resolvemos cantar junto com ele, tarefa impossível, pois sempre entrava atrasado ou adiantado, nunca no tempo certo da música. Nós ríamos como alucinados e aplaudíamos, fazendo com que ele pensasse que estávamos gostando. No final das contas, estávamos mesmo, tal a zona instalada na nossa mesa.

Depois disso, graças ao entusiasmo demencial exibido por nós, durante uns quatro anos seguidos fomos convidados para seus aniversários. Talvez não devesse dizer, mas nos presenteou com alguns CDs que gravou (ele gravou!). E, acreditem, eu adorava sair para o trabalho ouvindo aquela coisa, pois cheguei à conclusão de que aquele som era na verdade um tipo alienígena de musicoterapia, pois, até hoje, quando resolvo ouvir suas indescritíveis interpretações sinto que meu cérebro se retorce e coça . Foi daí que tirei a ideia de que ouvir esse som venusiano é um maravilhoso tratamento e antídoto certeiro para o Mal de Alzheimer. Pena que eu nunca poderei cumprimentá-lo por isso.


sexta-feira, 21 de agosto de 2020

BUNDA


PORQUE ESSE TÍTULO?
Se alguém quiser saber o motivo de ter dado a esta postagem o título que ostenta, direi que foi à toa, sem escondidas intenções nem mensagens subliminares. Às vezes deixo um post em formato de rascunho para servir de depósito de ideias inacabadas, textos confusos, essas coisas. Os "textículos" a seguir enquadram-se nessa definição. Para não me esquecer de sua existência e em "homenagem" a alguns assuntos nele registrados, escrevi "bunda", porque se todo mundo tem uma, achei que não haveria problema deste blog também ter. E aí resolvi publicar o lixão. Você acredita nisso? Nem eu.

SABEDORIA POPULAR
Sabedoria Popular é um conceito tão difundido que parece mais uma entidade. E o pior é que lembra aquelas pessoas fofoqueiras que dão notícia de tudo e que sempre têm uma receita, um conselho, uma opinião formada sobre tudo. Mas confesso que tenho minhas dúvidas sobre a sapiência dessa “Sabedoria”. Talvez na teoria até funcione, mas quando chega a hora da aula prática a coisa vai pelo ralo.
Como explicar, por exemplo, que um bando de manés (onde lamentavelmente me incluo) tenha conseguido eleger o Bolsonaro para presidente? Que raio de sabedoria é essa? Ou que um enorme contingente de pessoas use máscara no queixo ou só na boca? É de cair o queixo! Aliás, talvez seja essa a explicação. Mas não quero ser chamado de nomes que fariam minha mãe corar. Por isso, também pergunto: como é possível que alguém tenha elegido a Gleise Hoffman ou a Dilma Rousseff?
Mas não quero falar de polititica. Minha preocupação é mais com a sabedoria contida na expressão “pimenta no cu dos outros é refresco”. Como assim? Alguém testou essa teoria na prática? E se testou, que tipo de gente seria? Um gay masoquista? Um urologista sádico? Como disse um dia meu amigo virtual GRF (em outro contexto, em outro contexto!), “muitas são as perguntas...”.
A única coisa que posso pensar é que depois de testar em si mesmo a afirmação (e justamente por isso definiu que no dos outros pode até funcionar), seu autor refletiu mais um pouco e saiu-se com essa verdadeira pérola de sabedoria popular: “quem tem cu tem medo”.

ATACAMA
O sujeito era tão tímido e tão ruim para pegar alguém que os amigos passaram a chamar o colchão inflável onde dormia (era inflável) de “Atacama”, pois aquilo lá era um verdadeiro deserto.

DO ARCO DA VELHA
Casos do arco-da-velha seriam a versão hardcore das histórias guardadas na arca do velho?

OZÔNIO
Depois de saber da proposta de injetar ozônio no reto como forma de tratamento da Covid-19 eu quase surtei. Eu já tinha ouvido falar em buraco na camada de ozônio, mas o inverso disso supera toda a capacidade do meu cérebro de delirar. Ozônio no reto seria a versão covidiana da sabedoria popular expressa na frase “pimenta no cu dos outros é refresco”?

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

AFORISMOS - H. L. MENCKEN


Henry Louis Mencken, também conhecido como H. L. Mencken foi um jornalista, ensaísta e crítico norte-americano. A primeira vez que ouvi falar sobre ele foi quando li que “O Livro dos Insultos” tinha sido lançado no Brasil. Com um título desses dá para imaginar que o autor cuspia curare. E era muito bom em aforismos (ou “desaforismos”, como gosto de dizer). Olhaí.

A consciência é uma voz interior que nos adverte de que alguém pode estar olhando.

A democracia é a arte e ciência de administrar o circo a partir da jaula dos macacos.

A fé pode ser definida como uma crença ilógica na ocorrência do improvável.

A guerra contra os privilégios nunca terá fim. Sua próxima grande campanha será a guerra contra os privilégios especiais dos desprivilegiados.

A paixão é o mais perigoso de todos os inimigos da suposta civilização

As únicas pessoas realmente felizes são as mulheres casadas e os homens solteiros.

De fato, é melhor dar do que receber. Por exemplo: presentes de casamento.

Digam o que disserem sobre os Dez Mandamentos, devemos nos dar por felizes por eles não passarem de dez.

É difícil acreditar que um homem esteja dizendo a verdade quando você sabe muito bem que mentiria se estivesse no lugar dele.

Imoralidade é a moralidade daqueles que se divertem mais do que nós.

Incrível como meu ódio pelos protestantes desaparece quase por completo quando sou apresentado a suas mulheres.

Mostre-me um puritano e eu lhe mostrarei um filho da puta.

Não importa o quanto uma mulher seja feliz no casamento. Sempre lhe agradará saber que há um sujeito simpático e atraente desejando que ela não fosse.

Nunca deixe que seus inferiores lhe façam um favor. Pode custar-lhe caro.

Nunca superestime a decência da espécie humana.

O adultério é a democracia aplicada ao amor.

O amor é a ilusão de que uma mulher difere da outra.

O cristão vive jurando que nunca fará aquilo de novo. O homem civilizado apenas resolve que será mais cuidadoso da próxima vez.

O desejo de salvar a humanidade é quase sempre um disfarce para o desejo de controlá-la.

O fato é que a educação, por si só, é uma forma de propaganda deliberadamente um esquema para equipar o aluno, não com capacidade para sustentar ideias, mas para simplesmente alimentá-los com ideias prontas. Com a intenção de criar 'bons' cidadãos.

O homem mais perigoso, para qualquer governo, é aquele que é capaz de pensar sobre coisas por si próprio, livre de superstições e tabus anteriores.

O pior governo é o mais moral. Um governo composto de cínicos é frequentemente mais tolerante e humano. Mas, quando os fanáticos tomam o poder, não há limite para a opressão.

O principal conhecimento que se adquire lendo livros é o de que poucos livros merecem ser lidos.

Os homens são os únicos animais que se devotam diariamente a tornar os outros infelizes. É uma arte como outra qualquer. Seus virtuoses são chamados de altruístas.

Os homens se divertem muito mais que as mulheres. Talvez porque se casem mais tarde e morram mais cedo.

Os solteiros sabem mais sobre as mulheres que os casados. Se não, também seriam casados.

Padres e pastores são cambistas esperando por fregueses diante dos portões do céu.

Pelo menos numa coisa homens e mulheres concordam: nenhum deles confia em mulheres.

Pode ser um pecado pensar mal dos outros, mas raramente será um engano.

Pode-se dizer com bastante segurança que qualquer artista de alguma dignidade é contra seu país.

Quanto mais envelheço, mais desconfio da velha máxima de que a idade traz a sabedoria.

Todo homem decente se envergonha do governo sob o qual vive.

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

COMUNISTA É A MÃE!


“É Jotabê... É aquele momento que você percebe que a Esquerda se tornou mais reacionária do que a própria Direita...” Este comentário deixado no post “O X da Equação” fez com que eu tivesse vontade de juntar alguns cacos do meu cérebro em processo de desmoronamento.(boa essa!). Não sei ainda o que quero dizer e vou deixar que meus dedos psicodigitem a mim mesmo.

Nasci em uma família que era (é) anticomunista. Apesar disso, lembro-me de meu pai nos aconselhando a não conversar com estranhos na rua, depois de ter acontecido o pé na bunda do João Goulart. Ele temia que nós disséssemos alguma coisa contrária ao novo regime para algum delator. Acho até graça ao me lembrar disso, pois eu tinha quatorze anos em 1964! Que poderia eu dizer que fosse considerada uma ameaça à nova ordem?

Talvez por isso, nunca me interessei por política, especialmente alguns anos depois, quando estava (muito antes da internet!) sempre com a cabeça na nuvem, ou melhor, nas nuvens. Justamente por esse alheamento (que alguns podem chamar de alienação) certas palavras nunca fizeram parte do meu vocabulário, nunca tive com elas a intimidade necessária para usá-las de forma natural. “Comunismo”, “nazismo”, “fascismo” e “reacionarismo” expressam conceitos que nunca me preocupei em estudar ou entender além de sua literalidade. O mesmo acontece com os conceitos de “socialismo” e “liberalismo”.

Para ser sincero, passei a maior parte da minha vida sem pensar, sem conversar, sem me importar, sem ter noção sobre o significado de socialismo, liberalismo e que tais. Tanto que se eu estivesse cochilando e alguém me pedisse para falar algo sobre comunismo, correria o risco de dizer “União Soviética, China e Cuba”; sobre nazismo e fascismo diria “Alemanha, Itália, Segunda Guerra Mundial”. A palavra “reacionarismo” me faria acordar de vez e perguntar: “O quê”?

Esses são meus vínculos secretos com os fantasmas que assustam tanta gente. Literalmente, estou pouco me lixando para esse assunto. Pensando bem, talvez não seja verdadeira essa afirmação. Hoje, o que eu sinto mesmo é ojeriza, desprezo e rejeição a manifestações inflamadas de todo e qualquer tipo de radicalismo. Esse desconforto – que começou a se manifestar a partir do (des)governo Dilma – tem aumentado muito na fase Bolsonaro. O que quero dizer é que abomino totalmente a Esquerda e a Direita em suas manifestações, propostas e ímpetos radicais.

Por exemplo, quando alguém da Esquerda usa a palavra “fascista” de forma raivosa e pouco refletida, a vontade que tenho (mesmo não tendo nada com isso) é dizer “fascista é a puta que pariu!”. Da mesma forma, quando ouço bolsonaristas (vamos tratá-los assim) chamando alguém de “comunista” (eu já fui chamado assim por um “amigo de facebook” que é a favor de intervenção militar e outras maluquices do gênero), a vontade é dizer que “comunista é a senhora sua mãe, seu merda!”

E aí é que eu entro no tema do comentário. Sinceramente, eu não sei o que leva as pessoas, algumas pessoas a desejar reescrever a História, a derrubar monumentos (estátua do Cristovão Colombo, por exemplo), a rebatizar vias e prédios públicos, a adotar posturas radicais, a abraçar conceitos nascidos de um autoritarismo.visceral, mesmo que disfarçado de evolução, resgate de valores, empoderamento ou qualquer expressão cujo objetivo não percebido é censurar, proibir, coibir comportamentos, palavras e expressões há muito tempo em uso. Estarei sendo reacionário ao pensar assim?

Segundo li na Wikipédia, “Em ciência política, reacionário pode ser definido como uma pessoa ou entidade com opiniões políticas que favorecem o retorno a um estado político anterior da sociedade. Como adjetivo, a palavra reacionário descreve pontos de vista e políticas destinadas a restaurar um status quo do passado. Um reacionário é literalmente alguém que reage contra algum desenvolvimento ou mudança, ou se opõe a propostas de mudança na sociedade, o termo é normalmente usado em associação ou mesmo no lugar de conservador, embora isso seja bastante relativo”.

Essa definição me deixa meio puto, pois tudo o que eu menos quero é “restaurar um status quo do passado”. O que eu desejo é uma sociedade melhor, mais equilibrada, mas esclarecida, menos fundamentalista. Se isso me empurra para longe dos xiitas políticos ou religiosos, só lamento.

Continuando com a definição da Wikipédia, “A palavra ‘reacionário’ é frequentemente usada no contexto do espectro político de esquerda e direita, e é uma tradição na política da Direita (política). No uso popular, é comumente usada para se referir a uma posição altamente tradicional, oposta à mudança social ou política. No entanto, de acordo com o teórico político Mark Lilla, um reacionário anseia por derrubar uma condição atual de percebida decadência e recuperar um passado idealizado”.

Nesse caso. imagino que quem mais desejaria “restaurar um status quo do passado” e “recuperar um passado idealizado” ou é o Donald Trump ou o Putin e os comunistas da Rússia (e alguns bolsonaristas também, mas deixa pra lá). Então, para mim, reacionário é quem recusa mudanças, é quem rejeita o novo. Nesse caso não sou reacionário, só não aceito que o “novo” seja o “antigo” espelhado. Ou seja, os antigos preconceitos reescritos no sentido inverso.

Mas, para terminar esse papo bobo (acho que ficou uma bosta, mesmo sem ter relido o que escrevi), deixo uma provocação. O Mark Twain foi brilhante (ele era brilhante!) ao dizer: “Prefiro o paraíso pelo clima, o inferno pela companhia”. Parafraseando esse autor, diria que prefiro a Direita pela visão econômica e a Esquerda pela visão social.

Lembrando-me da caretice, preconceitos exagerados e fundamentalismo religioso de alguns amigos, parentes e conhecidos de Direita, poderia dizer – para arregaçar de vez o texto e deixar todo mundo puto e decepcionado comigo – que prefiro a Direita pela visão econômica e a Esquerda pela companhia.


terça-feira, 18 de agosto de 2020

O X DA EQUAÇÃO

Já ouvi dizer que o “politicamente correto” é invenção da Esquerda. Se for, descobri mais um motivo para ser de Direita (mesmo que o presidente e seus admiradores não recomendem). Porque, fala sério, existe coisa mais chata que o comportamento tediosamente correto? Eu entendo que algumas tradições precisem ser polidas, civilizadas, mas existem coisas de que discordo totalmente. Uma delas é a expressão “afrodescendente”. Que negócio é esse? O cara é brasileiro, americano ou alemão e pronto. Caso contrário, como deve ser tratado um sul africano de pele clara? “Eurodescendente”? Ou o peruano com a maior cara de inca? “Incadescendente”? Nesse caso específico, em homenagem ao fato de que o imperador inca era considerado filho do Sol, os descendentes desse povo incrível deveriam ser chamados de incandescentes. Mas isso é só uma piada. Aliás, certos tipos de piada também não podem mais ser feitas. Nem músicas antigas de carnaval ser cantadas nem livros infantis do Monteiro Lobato ser lembrados. 

Tive um amigo que dizia não ser razoável criticar comportamentos antigos extraídos ou isolados da época em que surgiram. E dava como exemplo a Inquisição. Segundo ele, naquela época a possibilidade de ir para o inferno era a pior coisa que poderia acontecer a alguém. Nesse caso, a fogueira, o afogamento ou a tortura para livrar a pessoa desse destino terrível era perfeitamente aceitável e uma atitude até piedosa.

Sempre me lembro disso quando vejo as patrulhas equivocadamente corretas defender a exclusão de palavras que tenham sua origem na visão preconceituosa de povos, etnias ou religiões, como no caso das palavras, “mulato” e “judiar”. Para mim, condenar seu uso com base em sua esquecida ou desconhecida origem histórica nem é mais etimologia, já é pesquisa arqueológica. Nunca fez parte da minha vida pensar que estaria depreciando alguém ao usá-las. Ainda bem que nunca tive oportunidade ou motivo para dizer que estariam “judiando da mulata”!

Mas o que me fez pirar mesmo foi a última novidade de que tomei conhecimento, o uso de “x” no lugar das vogais “a” ou “o”. E tudo por causa de uma tal “linguagem não binária” ou “linguagem neutra”. O objetivo dessa maluquice seria descaracterizar o ‘binarismo’ da linguagem, isto é, a ideia de que palavras são necessariamente femininas ou masculinas”. Coitada da Dilma, deve estar desconcertada ao descobrir que seus eleitores (alguns, pelo menos) eram secretamente contra chamá-la de “presidenta”.

Quando soube dessa novidade minha primeira reação foi reproduzir o bordão do personagem Sebá interpretado de forma hilariante pelo Jô Soares: “Você não quer que eu volte!” (mesmo sem eu nunca ter ido). Mas os tempos são outros. Como disse o Bob Dylan, “the times they are a changin”. Mesmo assim, essa incógnita matemática pode causar algum desconforto. Por exemplo, se um senhor idoso com alta renda e baixa educação disser em sua primeira consulta ao médico para ele dar um jeito em sua "rolx", pois "não está funcionando bem", poderá ouvir como resposta: "Acho que o senhor se enganou de endereço. Isto aqui é um consultório de urologia, não a assistência técnica da Rolex".

Por isso, proponho para os insensatos e ridículos adeptos do “x” que não o utilizem, que o substituam por “e” Por exemplo, em vez de “todx” para expressar “todo” ou “toda”, olha como ficaria bacana usar “tode”. Pois, quando alguém me perguntasse algo como “Vai beber esse leite tode?”, eu distraidamente responderia “uma colher de sopa em 300 ml de leite. Gelado, por favor”. Pelo menos assim faria algum sentido a mudança.

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

CALENDÁRIO PERMANENTE

(Criado em 22/07)
Desde a aurora da humanidade (isso ficou bonito!) calendários foram sendo criados para prever as épocas certas de plantio e de colheita, para acompanhar ou simplemente contar o tempo. Dentre outros, surgiram o calendário chinês, o egípcio, o judaico, o maia, o juliano e o gregoriano. Cada um criado de acordo com determinada necessidade.

Justamente por isso, utilizando meus fantásticos conhecimentos de matemática e astrologia aplicada, sugiro a criação de um novo, totalmente adaptado às necessidades atuais. O nome seria calendário covidiano. E ele guarda alguma semelhança com o calendário chinês (sem insinuações maldosas, por favor), pois no calendário covidiano o bicho pega.



domingo, 16 de agosto de 2020

CORPO DE BAILE

Escrito em 14/08
Depois de ler sobre os boatos de fritura do ministro da Economia, fiquei um pouco preocupado, pois o Guedes é o único ministro por quem tenho alguma simpatia. Pode parecer preconceito ou má vontade de minha parte, mas essa é uma visão equivocada, pois sou um sujeito puro de espírito. O fato é que fico tentando imaginar a dificuldade que nosso presidente teve para montar seu ministério. Os problemas já começaram quando tentou montar em alguns, pois quase caiu do cavalo com as reações. Imagino até que um desses rebeldes - ao reclamar da tentativa de ingerência do presidente em assuntos que desconhece - pode ter dito algo assim: “Isso não é pro teu bico, pois aqui no palácio quem tem bico é ema!”.

É plausível pensar que as dificuldades que o presidente está sempre enfrentando residam na exigência de que os candidatos precisam ter um perfil astrológico em perfeita sintonia com o seu. E todos sabemos que a astrologia perdeu a credibilidade que já não tinha depois que os astrônomos resolveram rebaixar Plutão, tirando-lhe o pomposo título de “planeta”. Claro que uma coisa dessas deve ter deixado muito astrólogo putão da vida. O que sei é que o grupo de ministros poderia ser conhecido pelo apelido de Corpo de Baile do Planalto, pois tem sempre alguém dançando. 

E toca nosso pobre presidente a escolher novos subordinados. Tantas são as surpresinhas que encontra que parece estar sempre abrindo um kinder egg ministerial, pois é quase uma fatalidade a mania que têm alguns de seus ministros de atropelar (talvez fosse melhor dizer "tropeliar" ou "tropear") justamente a missão dos ministérios que chefiam ou até mesmo os de seus coleguinhas. E não faltam exemplos. Basta dar uma olhadinha para perceber essa verdade indiscutível, mais inquestionável que cloroquina. Olhaí:

- Ministra dos Direitos Humanos: atropelou a sanidade mental com a história da goiabeira;

- Ex-ministro da Educação 1: atropelava a língua portuguesa (piada velha!);

- Ex-ministro da Educação 2: atropelava a gramática;

- Ex-ministro da Saúde 1: atropelava a ignorância farmacológica de seu chefe;

- Ex-ministro da Saúde 3: atropelava currículos acadêmicos;

- Atual ministro da Comunicação (genro do SBT): mesmo que seja uma maldade (e piada sem graça) alguém dizer que deu o golpe do baú, o que se sabe dele é o fato de ter atropelado a Geografia ao localizar a Mata Atlântica na Amazônia. Talvez tenha feito isso para dar uma forcinha a seu colega de trabalho, justamente o...

- Ministro do Meio Ambiente: atropela a interpretação de textos, pois age (ou não age) como se tivesse entendido que “meio” é a mesma coisa que “metade”. Assim, como o desmatamento não atingiu ainda a metade da área da Amazônia, o Meio Ambiente está protegido, sob controle. E a boiada pode passar em paz.

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