domingo, 30 de agosto de 2020

ÁGUAS PROFUNDAS


O Blogson passou a ter novos leitores (e leitores novos, diga-se) que talvez não tenham interesse em se aventurar nas águas profundas do blog. Por isso, para iniciar algum assunto meio desidratado e talvez incentivar um passeio pelos sítios arqueológicos do blog da solidão ampliada, faço um mergulho em apneia até o fundo e trago de lá alguns textos (e muito lixo também). Do mergulho de hoje trouxe um caso do meu falecido amigo Pintão:

Um dia, estávamos conversando fiado – como sempre – quando eu disse a meu amigo alguma coisa como "a gente precisa..." (não sei como é em outros lugares, mas em BH, pelo menos, é comum usar-se a expressão "a gente" como sinônimo de "nós"). Com uma falsa impaciência, meu amigo retrucou:
- A gente, não. Você precisa! Fui claro, James?
Diante do comentário, perguntei o que significava o "James" na história. E ele explicou:
- É como aquela história do nobre inglês e seu mordomo. Um dia, pela manhã, o mordomo entra no quarto do patrão, abre as cortinas e diz: - "Parece que teremos um belo dia hoje, milord". Ao que o nobre responde - "Errado, James. Eu terei o meu belo dia e você terá o seu belo dia!".

Esse caso só serviu para introduzir um James neste post domingueiro. Aliás, um só não, dois. Segundo li, Henry James, escritor americano, é o autor de alguns dos romances, contos e críticas literárias mais importantes da literatura de língua inglesa. Seu irmão William James foi um filósofo e psicólogo americano, considerado por alguns como o “pai da psicologia americana".

Milhões de anos atrás li um artigo sobre o William James. Diziam que seu irmão Henry escrevia romances como se fossem tratados de psicologia tal a densidade dos enredos e personagens. De William diziam que escrevia tratados de psicologia e filosofia como se fossem romances, tão agradável era sua leitura. Isso é que é cultura inútil!

Segundo esse artigo, quando um gigantesco terremoto destruiu 80% da cidade de San Francisco, o psicólogo William James largou tudo o que estava fazendo e viajou para lá, para entrevistar e colher ainda frescos os depoimentos de moradores locais.

E foi essa cultura inútil que me fez pensar na necessidade de um novo “William James” para fazer um levantamento e estudo psicológico abrangente de como a pandemia está afetando as pessoas. Não há dúvida de que afeta de forma diferente cada pessoa, mas seria interessante ver um estudo mais detalhado que apenas dados estatísticos, que analisasse e dividisse a população por sexo, grau de confinamento, idade, instrução formal, estado civil, ideologia, se usa mascara ou não, se acredita na eficácia da cloroquina, e todo tipo de informação que permitisse definir um perfil padrão para cada grupo estudado.

Acho que seria bacana começar pelas senhoras do “grupo de risco”. Aí, quando surgisse nova pandemia (esconjuro-te!poderíamos dizer Eu terei o meu belo dia e você, (William) James, terá o seu belo dia!".


4 comentários:

  1. pintao, o ausente mais presente do blogson
    um coautor secreto do blog

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    1. Tem razão, meu caro! Os primeiros "causos" do Blogson foram as histórias e lembranças sobre ele que já tinha digitado bem antes do blog nascer. Foram postadas em 2014. Depois, ainda acrescentei mais algumas. Nas primeiras postagens eu o identifiquei como "Digão". Se ainda não leu, recomendo, pois os casos são bem divertidos

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    2. vai respostando, que vou lendo. li alguns e já me perdi.

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    3. Experimenta este, que é o primeiro texto de quinze textos sem escala. O caso do olho de vidro é muito bom. https://blogsoncrusoe.blogspot.com/2014/07/historias-do-digao-parte-i.html

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