Estive hoje revisitando alguns blogs que sigo há muito tempo. Um deles é o "Mixidão" de meu amigo Daniel, um jovem que tem idade para ser meu filho. É um blog super legal, pois apresenta receitas culinárias totalmente desenhadas, ideais para quem não entende porra nenhuma de cozinha. É uma pena que não esteja sendo alimentado com novas receitas, talvez por eventual falta de apetite do blogueiro.
Imagino que essa redução no gás de cada um possa ser a explicação para o mutismo ou repetição de assuntos em muito blog por aí. Aliás, quando o assunto é justamente a falta de, o Blogson lembra muito a nata dos corredores da São Silvestre: fica lá na frente, no pelotão de elite.
Por isso, não é de assustar que o tema de hoje seja justamente uma reciclagem de ideias antigas, mais batidas que bife de boi velho, mais reaproveitadas que sobras do almoço para preparar um mexidão à noite. Mas não tenho grilo com isso, pois mesmo que não tenha a sofisticação de um Confit de canard ou de um Chartreuse de perdrix à l'alsacienne, Escargots à bourguignonne ou Magret de canard rôti à l'orange avec asperges fraîches blanchies, um mexidão pode ser saboroso justamente pela zona de texturas, cores e sabores distintos em uma única mistura, uma espécie de "Chiclete com banana" de alimentos (hoje eu estou extremamente culinário!). Eu gosto disso (apesar da aparência sempre lembrar argamassa para reboco).
Nessa linha da reciclagem é que eu resolvi revisitar também alguns pensamentos antigos. É, talvez eu só saiba falar de mim mesmo, ainda que às vezes nem me dê conta disso. Mas, como cantou a Marina Lima, "só vou te contar um segredo": às vezes eu volto a temas já abordados anteriormente - como a velhice, por exemplo - justamente por estar totalmente sem assunto e inspiração. Aí eu penso: "vou falar mal de mim mais uma vez".
FORA DA CAIXA
O ator Jack Nicholson estrelou o excelente filme "Um estranho no ninho" Quem não viu, deveria, pois é “bom demais da conta” (mineirês!). O título é uma ótima definição para mim mesmo, pois sempre me senti "o" estranho no ninho na maioria dos lugares. Boa parte dos meus amigos sempre foi meio esquisita ou, como dizem atualmente, "fora da curva" (ou “fora da caixa”) Hoje, refletindo sobre isso, penso que não foi tão ruim assim (só não falo polonês).Mesmo não conhecendo pessoalmente, o fato é que eu sempre gostei de gente doida, mal encaixada no mundo. Normalmente são pessoas mais divertidas, inesperadas e inteligentes. E esse é um diferencial para não morrer de tédio nas conversas em festas de família.
ADIÓS NONINO
Astor Piazzolla é um músico argentino que reinventou o tango, assim como Tom Jobim fez com o samba. Mas que ficou estranho, ficou. Bossa nova não parece samba nem tango de Pazzolla se parece com tango. Por isso, pode-se dizer de uma das músicas que compôs – “Adiós Nonino” (que não parece tango, pois ficou estranho) – que é um autêntico “estranho Nonino”. Que foi?, achou que eu estava falando de música?
INSTRUTOR DE VELHICE
Nos últimos tempos tenho me dado conta de que as pessoas com quem mais me identifico intelectualmente são jovens na faixa dos trinta aos (estourando) cinquenta (coincidentemente a faixa etária em que imagino situados os quatro seguidores do blog). São pessoas que ainda tem sonhos, que criam, que viajam na maionese (ou em algum "vapor barato"), que não conversam apenas sobre futebol e cerveja ou coisa do gênero. O foda nessa história é que infelizmente de nada adianta essa identificação, pois há a porra do vidro blindado do tempo a impedir o contato, a merda do choque de gerações. É como se eu ficasse olhando através do vidro os bebês de um berçário ou, mais adequado, como se eu estivesse preso e só pudesse ter contato com as pessoas através de um vidro blindado, falando ao telefone, como vejo prisioneiros fazer em alguns filmes estrangeiros (nem sei se existe isso no Brasil). Por isso, acabo sendo apenas um "instrutor de velhice" para quem se anima a me escutar. Resumidamente. um mala sem alça. Sei lá, talvez faça parte da natureza humana - pelo menos em alguns momentos - querer estar onde não se está.
Imagino que essa redução no gás de cada um possa ser a explicação para o mutismo ou repetição de assuntos em muito blog por aí. Aliás, quando o assunto é justamente a falta de, o Blogson lembra muito a nata dos corredores da São Silvestre: fica lá na frente, no pelotão de elite.
Por isso, não é de assustar que o tema de hoje seja justamente uma reciclagem de ideias antigas, mais batidas que bife de boi velho, mais reaproveitadas que sobras do almoço para preparar um mexidão à noite. Mas não tenho grilo com isso, pois mesmo que não tenha a sofisticação de um Confit de canard ou de um Chartreuse de perdrix à l'alsacienne, Escargots à bourguignonne ou Magret de canard rôti à l'orange avec asperges fraîches blanchies, um mexidão pode ser saboroso justamente pela zona de texturas, cores e sabores distintos em uma única mistura, uma espécie de "Chiclete com banana" de alimentos (hoje eu estou extremamente culinário!). Eu gosto disso (apesar da aparência sempre lembrar argamassa para reboco).
Nessa linha da reciclagem é que eu resolvi revisitar também alguns pensamentos antigos. É, talvez eu só saiba falar de mim mesmo, ainda que às vezes nem me dê conta disso. Mas, como cantou a Marina Lima, "só vou te contar um segredo": às vezes eu volto a temas já abordados anteriormente - como a velhice, por exemplo - justamente por estar totalmente sem assunto e inspiração. Aí eu penso: "vou falar mal de mim mais uma vez".
O ator Jack Nicholson estrelou o excelente filme "Um estranho no ninho" Quem não viu, deveria, pois é “bom demais da conta” (mineirês!). O título é uma ótima definição para mim mesmo, pois sempre me senti "o" estranho no ninho na maioria dos lugares. Boa parte dos meus amigos sempre foi meio esquisita ou, como dizem atualmente, "fora da curva" (ou “fora da caixa”) Hoje, refletindo sobre isso, penso que não foi tão ruim assim (só não falo polonês).Mesmo não conhecendo pessoalmente, o fato é que eu sempre gostei de gente doida, mal encaixada no mundo. Normalmente são pessoas mais divertidas, inesperadas e inteligentes. E esse é um diferencial para não morrer de tédio nas conversas em festas de família.
ADIÓS NONINO
Astor Piazzolla é um músico argentino que reinventou o tango, assim como Tom Jobim fez com o samba. Mas que ficou estranho, ficou. Bossa nova não parece samba nem tango de Pazzolla se parece com tango. Por isso, pode-se dizer de uma das músicas que compôs – “Adiós Nonino” (que não parece tango, pois ficou estranho) – que é um autêntico “estranho Nonino”. Que foi?, achou que eu estava falando de música?
INSTRUTOR DE VELHICE
Nos últimos tempos tenho me dado conta de que as pessoas com quem mais me identifico intelectualmente são jovens na faixa dos trinta aos (estourando) cinquenta (coincidentemente a faixa etária em que imagino situados os quatro seguidores do blog). São pessoas que ainda tem sonhos, que criam, que viajam na maionese (ou em algum "vapor barato"), que não conversam apenas sobre futebol e cerveja ou coisa do gênero. O foda nessa história é que infelizmente de nada adianta essa identificação, pois há a porra do vidro blindado do tempo a impedir o contato, a merda do choque de gerações. É como se eu ficasse olhando através do vidro os bebês de um berçário ou, mais adequado, como se eu estivesse preso e só pudesse ter contato com as pessoas através de um vidro blindado, falando ao telefone, como vejo prisioneiros fazer em alguns filmes estrangeiros (nem sei se existe isso no Brasil). Por isso, acabo sendo apenas um "instrutor de velhice" para quem se anima a me escutar. Resumidamente. um mala sem alça. Sei lá, talvez faça parte da natureza humana - pelo menos em alguns momentos - querer estar onde não se está.
DONA SINGULARIDADE
Eu sou 100% a favor do Big Bang. O que pega para mim não é a "Singularidade", mas o antes dela. Minha mente é limitada e não sou físico teórico. Por isso, talvez misture crenças com teorias. O que existia antes do Big Bang? Eu sei que esta é uma pergunta que já nasce sem resposta. Por isso mesmo, minha mente insere a ideia de "Deus" como o deflagrador da zorra toda. Eu sei que esse conceito pode ser tão irracional quanto qualquer outra resposta para o pré- Singularidade. Para mim, entretanto, é inaceitável simplesmente dizer que não havia nada. Eu sou finito, miseravelmente finito. Por isso, pensar em infinito é como tentar imaginar como seria se vivêssemos na quarta ou quinta dimensão. Não tenho cérebro para isso. Assim, mesmo que possa ser uma simplificação, um reducionismo ou uma idiotice, eu preciso colocar "Deus" lá, pois eu preciso crer que Ele existe, me faz bem pensar que Ele existe.
Eu sou 100% a favor do Big Bang. O que pega para mim não é a "Singularidade", mas o antes dela. Minha mente é limitada e não sou físico teórico. Por isso, talvez misture crenças com teorias. O que existia antes do Big Bang? Eu sei que esta é uma pergunta que já nasce sem resposta. Por isso mesmo, minha mente insere a ideia de "Deus" como o deflagrador da zorra toda. Eu sei que esse conceito pode ser tão irracional quanto qualquer outra resposta para o pré- Singularidade. Para mim, entretanto, é inaceitável simplesmente dizer que não havia nada. Eu sou finito, miseravelmente finito. Por isso, pensar em infinito é como tentar imaginar como seria se vivêssemos na quarta ou quinta dimensão. Não tenho cérebro para isso. Assim, mesmo que possa ser uma simplificação, um reducionismo ou uma idiotice, eu preciso colocar "Deus" lá, pois eu preciso crer que Ele existe, me faz bem pensar que Ele existe.
" quatro seguidores do blog" - sinto inveja, o meu tem dois na data de hoje
ResponderExcluir"instrutor de velhice" - função nobre, valorizo a experiência alheia
"DONA SINGULARIDADE" - sinto o mesmo, é triste perceber nossas limitações não superáveis, acho que isso acaba ferrando com tudo no final, pois não importa o que façamos há a barreira do tempo (velhice) e a barreira da inteligência (cérebro, corpo)
abs!