Outro dia eu estava meio “malzão”, meio “melanchólico”,
tristonho, macambúzio, sorumbático, sentindo-me infeliz, taciturno, soturno, deprimido,
jururu, pois estava descontente, desanimado, desgostoso, acabrunhado, merencório
e todo tipo de adjetivo adequado para definir que uma pessoa está na merda.
A razão principal para esse banzo todo talvez
seja meu plano de saúde, que está a cada dia mais parecido com um kinderovo, sempre com uma surpresinha
desagradável. Talvez essa amargura tenha sido amplificada graças às pérolas
ditas por nosso presidente – ou, talvez, pela idade que avança cada vez mais rapidamente,
ou, quem sabe?, até mesmo por um ataque de frescura.
O fato é que eu realmente estava triste,
desolado, murcho (pensando bem, esse “murcho” pode ser aplicado a qualquer dia).
Talvez por isso, lembrei-me de uma melodia que fez minha cabeça em 1968. Música
e letra do Chico Buarque, tão linda que até consegui “tirá-la” no violão.
Essa musica é “Até pensei”, um retrato cantado da minha solidão adolescente e da
minha carência afetiva, sempre pronto a apaixonar-me por alguém. Naquela época
eu sentia profundamente cada palavra da música. Mas fui salvo em 1969 pelo amor
da minha vida. Olha a letra:
Junto à
minha rua havia um bosque
Que um
muro alto proibia
Lá todo
balão caía
Toda
maçã nascia
E o
dono do bosque nem via
Do lado
de lá tanta aventura
E eu a
espreitar na noite escura
A
dedilhar essa modinha
A
felicidade
Morava
tão vizinha
Que, de
tolo
Até
pensei que fosse minha
Junto a
mim morava minha amada
Com
olhos claros como o dia
Lá o
meu olhar vivia
De
sonho e fantasia
E a
dona dos olhos nem via
Do lado
de lá tanta ventura
E eu a
esperar pela ternura
Que a
enganar nunca me vinha
Eu
andava pobre
Tão
pobre de carinho
Que, de
tolo
Até
pensei que fosses minha
Toda a
dor da vida
Me
ensinou essa modinha
Que, de
tolo
Até
pensei que fosse minha
Se alguém quiser escutar a música, taí:
Rapaz, eu tenho esse LP. Peguei-o emprestado da avó de uma ex-namorada e nunca mais o devolvi. A velha já tava surda, não ouvia mais mesmo, e a ex me deu o pé na bunda : mas fico com o disco do Chico, sim, o resto é seu...
ResponderExcluirAhahah!!! Rapaz, às vezes um disco, seja ele do Chico ou do Pixinguinha pode ser a melhor lembrança de um relacionamento. Creio que foi nessa época que também ganhei um pé na bunda de uma menina que - segundo as más línguas - teria entrado para o convento (mas não por minha culpa!). Eu teria sido seu intervalo entre o primeiro e o segundo tempo dela com um jogador de basquete.
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