domingo, 22 de dezembro de 2019

ATÉ PENSEI - CHICO BUARQUE

Outro dia eu estava meio “malzão”, meio “melanchólico”, tristonho, macambúzio, sorumbático, sentindo-me infeliz, taciturno, soturno, deprimido, jururu, pois estava descontente, desanimado, desgostoso, acabrunhado, merencório e todo tipo de adjetivo adequado para definir que uma pessoa está na merda.

A razão principal para esse banzo todo talvez seja meu plano de saúde, que está a cada dia mais parecido com um kinderovo, sempre com uma surpresinha desagradável. Talvez essa amargura tenha sido amplificada graças às pérolas ditas por nosso presidente – ou, talvez, pela idade que avança cada vez mais rapidamente, ou, quem sabe?, até mesmo por um ataque de frescura.

O fato é que eu realmente estava triste, desolado, murcho (pensando bem, esse “murcho” pode ser aplicado a qualquer dia). Talvez por isso, lembrei-me de uma melodia que fez minha cabeça em 1968. Música e letra do Chico Buarque, tão linda que até consegui “tirá-la” no violão.

Essa musica é “Até pensei”, um retrato cantado da minha solidão adolescente e da minha carência afetiva, sempre pronto a apaixonar-me por alguém. Naquela época eu sentia profundamente cada palavra da música. Mas fui salvo em 1969 pelo amor da minha vida. Olha a letra:

Junto à minha rua havia um bosque
Que um muro alto proibia
Lá todo balão caía
Toda maçã nascia
E o dono do bosque nem via

Do lado de lá tanta aventura
E eu a espreitar na noite escura
A dedilhar essa modinha
A felicidade
Morava tão vizinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha

Junto a mim morava minha amada
Com olhos claros como o dia
Lá o meu olhar vivia
De sonho e fantasia
E a dona dos olhos nem via

Do lado de lá tanta ventura
E eu a esperar pela ternura
Que a enganar nunca me vinha
Eu andava pobre
Tão pobre de carinho
Que, de tolo
Até pensei que fosses minha

Toda a dor da vida
Me ensinou essa modinha
Que, de tolo
Até pensei que fosse minha

Se alguém quiser escutar a música, taí:






2 comentários:

  1. Rapaz, eu tenho esse LP. Peguei-o emprestado da avó de uma ex-namorada e nunca mais o devolvi. A velha já tava surda, não ouvia mais mesmo, e a ex me deu o pé na bunda : mas fico com o disco do Chico, sim, o resto é seu...

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    1. Ahahah!!! Rapaz, às vezes um disco, seja ele do Chico ou do Pixinguinha pode ser a melhor lembrança de um relacionamento. Creio que foi nessa época que também ganhei um pé na bunda de uma menina que - segundo as más línguas - teria entrado para o convento (mas não por minha culpa!). Eu teria sido seu intervalo entre o primeiro e o segundo tempo dela com um jogador de basquete.

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