Em novembro de 2018, como preâmbulo do post "Rudeness' Pride?", contei a historinha que transcrevo a seguir:
Lá pela
década de 1980, em uma das empresas onde trabalhei, fui colega de um senhor
idoso, afável e muito simpático, tratado por todos como “Major”, sua última
patente militar antes de ser reformado. Puxa-saco juramentado que sou,
chamava-o de “Coronel”, patente adquirida automaticamente após a reforma.
Apesar
da afabilidade e modos corteses, mantinha sobre sua mesa - a guisa de peso de
papeis – um protótipo de sua autoria (segundo ele!) de uma granada de mão – na
prática, um cilindro de ferro oxidado de uns doze centímetros de altura e sete
de diâmetro, oco por dentro, todo ranhurado externamente e com tampa de rosca - e
pesado pra caramba. Buona gente, já se viu. Era da Arma de Cavalaria.
Segundo
esse senhor, os militares da Cavalaria são normalmente mais abrutalhados,
toscos e sem noção que os das outras Armas. Contou-me sobre um de patente mais
graduada, que levantava a perna, peidava alto e dizia “Cavalaria!”. Ao
arrotar, fazia o mesmo. Devia ser a autêntica expressão do “Rudeness’ Pride”,
do orgulho da própria grossura (ou rudeza). Segundo meu colega, uma
característica comum naquela Arma.
Mas
entrei nessa só para falar do orgulho que algumas pessoas aparentam ter da
própria ignorância, do pouco verniz civilizatório, da falta de educação, ou como
queiram chamar isso(...).
Sem saber (lógico, como poderia?), meu amigo virtual Marreta do Azarão prestou-me um grande favor ao fazer o comentário abaixo no post “Na Terra Plana é Assim”. Foi tão pertinente que resolvi fazer sua reciclagem para complementar (abrilhantar, na verdade) o texto de hoje:
“Deve conhecer esta declaração de Umberto: ‘As mídias sociais
deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no
bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade. Diziam
imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito
à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. O drama da internet é que ela promoveu
o idiota da aldeia a portador da verdade’”.
Comentário perfeito,
irretorquível, fazendo eco ao que
rola em minha mente. Ao ler essa frase, supus (ou “supunetei”,
como dizia um colega) que o “Umberto” jogado displicentemente pelo Marreta no
início do comentário fosse o autor de “O
nome da rosa”. Mas sou um ignorante sindicalizado, de carteirinha. Por
isso, precisei da internet para confirmar que o autor da citação era ele mesmo,
o Umberto Eco.
Juntando as duas histórias às recentes palavras de nosso presidente ("Você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual" ou "oh rapaz, pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai, tá certo?") entristeço-me em pensar que ele é um grande exemplo e estímulo a todo tipo de grosseria e falta de educação praticado por seus seguidores mais desclassificados e ignorantes, como se dissessem “se o presidente pode ser assim, agir assim, por que eu também não posso?”.
E tome gente usando o
termo “macaco” para ofender e
humilhar seus semelhantes de pele mais escura, e tome exibição de braçadeira
com suástica e tome ataque a bomba na sede do “Porta dos Fundos”. Uma ode ao radicalismo e à intolerância, um circo
de horrores, uma tristeza só. É como se estivesse surgindo no Brasil uma nova
espécie de humanos, uma mutação da espécie Homo
Sapiens, mas no sentido da involução, que mereceria ser classificada como “Homo Stupidus”. Triste demais!
Vixe! Esqueci do Eco? Foi puro Alzheimer mesmo. Não sou íntimo assim do cara, não.
ResponderExcluirEstá sendo modesto!
ResponderExcluiré tanta burrice que dá até vergonha de pensar
ResponderExcluirabs!
Pois é, a burrice parece ser indestrutível.
Excluir"...Tem dias que fico pensando na vida, e sinceramente, não vejo saída..."
ResponderExcluirComo disse Cícero, senador e filósofo romano, "O tempora! O mores!", ou "Oh os tempos! Ah, os costumes!" Pois é meu caro Ozy, também tenho esse desânimo. Mas você jovem e não pode dar-se a esse "luxo". Você tem muita vida pela frente. Pense nisso!
Excluir