Carlos Gropen foi um jornalista em BH. Foi
também comentarista econômico em uma TV local, radialista e dono de delikatessen, entre outras coisas. No jornal “O Estado de Minas” assinava a coluna "De bar em bar", onde falava sobre vinhos, etc. Em algum
momento que não sei precisar, uma senhora da sociedade mineira cometeu
suicídio. No dia seguinte ele publicou um belo texto sobre isso. Minha mulher
ficou tão comovida que o recortou e guardou. Ontem ela o reencontrou entre seus
guardados. São dela estas palavras: "Acho
que é o texto mais que perfeito para quem tem ou está com depressão".
Aí resolvi publicá-lo no Blogson. O texto
começa com a transcrição da letra da música "Essa Noite Não", composta pelo Lobão (aquela que diz que "a maior expressão da angústia pode ser a
depressão, algo que você pressente. Indefinível. Mas não tente se matar, pelo
menos essa noite não"). E continua assim:
"(...)
o poeta Lobão devia ter seu recado mais lido pelas pessoas que se deixam levar
pela angústia de um momento só, que passa, vai passar, uma "dorangústia”
inexplicável que leva à boca o veneno e põe na mão o revólver.
Porque
passa, porque vai passar, por mais intensa que seja a aflição, por maior que
seja a solidão. Passa, vai passar. Procure sair, procure se desatar, procure se
livrar de todo o amargor. Busque alguém para junto, de si, saia ao encontro de
um amigo, telefone, fale ouça, respire fundo, mais fundo; feche os olhos e
persiga os sonhos bons, não importa o jeito que tenham, trata-se de encontrar
os seus sonhos bons.
Há quem
ouça,
há quem
entenda
há quem
ame,
há quem
acompanhe,
há quem
fique,
há quem
aconchegue,
há quem
dê a mão.
Amanhã,
depois de amanhã, logo, logo, vão sintetizar a serotonina, identificar a
composição eletroquímica ideal, e tudo vai se resolver com alguns gramas de
substâncias neuroquímicas, nada mais que isso.
Por
enquanto, pessoa, não fuja para esconderijo nenhum que não permita a volta. Por
enquanto, pessoa, pense na grande falta que você vai fazer se partir
definitivamente.
É
sempre muito cedo.
Há
flores mais adiante. Há mistérios esperando quem os desvende.
Pense
que você é parte do todo.
É o
que, vale.
A vida
é que vale
Nem que
pequena a vontade,
Nem que
parco o esforço,
Nem que
ausente o amor maior.
Anoitece,
sim
Mas
sempre amanhece".
Carlos Gropen morreu de câncer em 2012.
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