Nos últimos tempos tenho me divertido em postar frases provocativas no
Facebook, só para espicaçar ou provocar meus 127 “amigos
de Facebook”. Essas postagens sempre começaram com a frase “O brasileiro é cordial!”, seguida de um
comentário pessoal, não necessariamente motivado por alguma notícia recente. E a
razão de ter feito isso reside no fato de que a defesa de candidaturas e posições
políticas tem gerado uma histeria tão grande e reações tão explosivas que acabo
pensando que essa propalada crença na cordialidade do brasileiro pode ser
apenas um equívoco, ou, no mínimo, um pouco de "ufanismo social".
Apesar disso, pude contar com a cordialidade de meus amigos, pois nunca
fui agredido por nenhum deles, talvez por levar tudo na brincadeira,
na ironia e gozação. Cutuquei petistas e bolsonaristas sem nenhum problema,
pela simples vontade de tentar provocar o riso e desarmar os espíritos. Talvez tenha sido considerado
inconveniente ou chato pra caramba, o "mala
da internet", pois não me posiciono claramente. Meu negócio sempre foi tentar mostrar que "o rei está nu"
(qualquer “rei”).
Mas percebi uma coisa preocupante
e verdadeira: muitas "amizades" foram abaladas ou desfeitas
justamente pelos envolvidos não suportarem ver seus "amigos" com
opiniões e crenças antagônicas às suas. Isso é realmente triste, pois, para
mim, indica também uma visão estreita da vida. Essa visão estreita é que leva à
violência verbal e, às vezes, até à física. Por isso mesmo é que me surpreendi
ao ver que pessoas tão gentis e amistosas no dia a dia tenham se mostrado como
se fossem ogros (ou ogras). Nesses casos, achei uma solução provisória, que
durará só até o dia da eleição do segundo turno: deixei de seguir os mais chatos e exaltados, independente de suas escolhas eleitorais.
Tenho certeza (por já ter sido cobrado por isso) que alguns estranham
minha “neutralidade”, pois porto-me como se fosse só um espectador. Mas o
que vejo, leio ou fico sabendo às vezes me deixa arrepiado, tal o espanto que
me causam as fake news. Mas, se fosse "só" isso, dava para suportar
um pouco. O que realmente me surpreende são os comentários de pessoas que
eu julgaria as mais equilibradas e tranquilas, gente que posta fotos de bichinhos
fofinhos, flores e orações. O que vejo são pessoas “cordiais” distribuindo "voadoras”
do pescoço para cima, verdadeiros golpes (virtuais) de MMA, tão grande é a
agressividade que expressam.
Quando criança, quase feri meu pé ao pisar despreocupadamente em um
monte de serragem já quase totalmente queimada, mas ainda fumegante. Mal
comparando, hoje eu percebo que muitas pessoas são como essa serragem queimando
“inofensivamente”. Por cima, ficam as cinzas e uma fumacinha saindo. Mas não
queira bulir nesse monte, pois em baixo há brasa e fogo.
Talvez as redes sociais liberem comportamentos e reações que no mundo
real (não virtual) as pessoas se preocupem em controlar ou não exibir. Ou seja,
paixão em estado puro, como se fosse uma guerra de torcidas enlouquecidas. Por
isso mesmo, eu tenho feito brincadeiras e ironias com essa frase tão simpática.
E, se querem saber minha resposta à pergunta "o brasileiro é cordial?", a resposta é "Não". Mesmo que aparente ser.
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