sábado, 30 de dezembro de 2017
sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
DIÁLOGOS DE PLANTÃO - PARTE 2
Como disse na primeira parte, este texto é o resultado de uma troca de e-mails com um ex-colega que foi meu chefe no período imediatamente anterior a essa troca de mensagens. Depois de mandar para ele o texto "O Direito ao Foda-se" (equivocadamente atribuído ao Millôr Fernandes), começou a me bombardear com perguntas de todo tipo, sempre em linguagem "engravatada" (ele falava como escrevia). Cada resposta que eu dava gerava novas perguntas. E eu, claro, respondia a todas, mimetizando seu estilo empolado. Fico pensando que por eu ter um nível cultural ligeiramente melhor que a maioria dos colegas e por ele ter sido meu superior hierárquico, tratava-me como se eu fosse um animal amestrado, como um hamster que fica correndo indefinidamente dentro de uma roda em sua gaiola. Mas ele quebrou a cara.
Essa maluquice durou até o dia em que escrevi que me portava como uma rolha em um riacho, indo para onde as águas me levavam. E esclareci: tal como um camaleão, eu me adaptava ao estilo da pessoa com quem interagia. Operário? Linguagem tosca, muitos palavrões e erros de concordância. Intelectual? Olha eu lá raspando a cultura de orelha de livros e cadernos "B" de jornais. Carola? Mais piedoso e beato que o papa. E concluí dizendo que era mais fácil para mim entender as pessoas que elas a mim.
Imagino que esse cinismo tenha caído como uma bomba em sua cabeça, pois, na prática, o hamster era ele. Depois disso, nunca mais recebi nenhum e-mail dele, o que acabou sendo bom, pois gastava um tempo filhadaputa respondendo a suas perguntas. E a continuação do que guardei desses "diálogos de plantão" (pois eram escritos em pleno horário de trabalho) está na sequência. Pau na máquina!
E as ameaças?
Essa maluquice durou até o dia em que escrevi que me portava como uma rolha em um riacho, indo para onde as águas me levavam. E esclareci: tal como um camaleão, eu me adaptava ao estilo da pessoa com quem interagia. Operário? Linguagem tosca, muitos palavrões e erros de concordância. Intelectual? Olha eu lá raspando a cultura de orelha de livros e cadernos "B" de jornais. Carola? Mais piedoso e beato que o papa. E concluí dizendo que era mais fácil para mim entender as pessoas que elas a mim.
Imagino que esse cinismo tenha caído como uma bomba em sua cabeça, pois, na prática, o hamster era ele. Depois disso, nunca mais recebi nenhum e-mail dele, o que acabou sendo bom, pois gastava um tempo filhadaputa respondendo a suas perguntas. E a continuação do que guardei desses "diálogos de plantão" (pois eram escritos em pleno horário de trabalho) está na sequência. Pau na máquina!
E as ameaças?
Lembra-se
da história da roupa invisível do rei? Imagine-se que o rei tivesse consciência
que estava efetivamente nu, que intimamente soubesse que os súditos também
sabiam disso, mas não diziam por medo. Se isso acontecesse, o menino que disse
"o rei está nu" seria uma ameaça seriíssima. Se quiser um exemplo
bíblico, basta lembrar a história de Herodes que, ao ser informado do
nascimento de um novo rei, manda matar os nascidos naquela data. (tenho a
sensação que isso é um relato um pouco entusiasmado e fantasioso dos
evangelistas). Ou seja, o novo, o que não dominamos nos amedronta e ameaça.
A sorte e seus protegidos e os
esquecidos pela sorte;
Tive
um chefe que nasceu rico e era chefe justamente por ser filho do dono. Esse
sujeito era uma besta quadrada, embora excelente contador de casos e piadas.
Mas era uma toupeira quando se irritava (o que era fácil de acontecer). Um
colega disse sobre ele: "esse cara nunca passou necessidade. Se já tivesse
passado, não agiria assim". É a esse tipo de coisa que me referi quando
falei de "sorte", etc.
Não
adianta querer passar a imagem de puritano. Vivo dividido, fragmentado, entre
sentimentos nobres e outros nem tanto assim. Nasci pobre, de pai que teve bens
e perdeu tudo. Prá você ter uma ideia, todos, literalmente todos os filhos de
meu avô paterno que chegaram à idade adulta, homens e mulheres, tinham curso
universitário. Isso na década de 30, primeira metade do século XX!! Duas de
mInhas tias falavam francês (uma) e inglês (a outra). A que falava inglês era
pintora - acadêmica. Meu pai e seu irmão caçula, os mais novos, tinham uma "baratinha"
conversível (Ford - 29? de bigode?). O que quero dizer com isso? Que a vida em
seu início, foi boa para meus tios, para meu pai, do ponto de vista material.
Sem serem abastados, tinham um conforto material que nunca tive. Logo que meu
pai casou-se, veio a derrocada. Ele nunca gostou de falar sobre isso, embora,
ao longo dos anos, fosse soltando frases esparsas que, costuradas, pintaram um
cenário de bonança e tranquilidade primeiro, desolação e privação depois. Essa
experiência fez-me temer o dia de amanhã, fez-me ver quão frágil pode ser a
situação profissional (financeira) das pessoas (experiência vivida por mim mais
tarde). Isso também já levou-me a dizer em tom de brincadeira e seriedade que
cômodo é ser filho, difícil é ser pai (se quiser, pode ler invertido que também
dá certo). Ou seja, a partir do momento que se tem filhos, o que se deseja é,
primeiramente (no meu caso, pelo menos), que sejam felizes. Em segundo lugar,
que tenham uma vida confortável, que nunca passem por privações de espécie alguma.
Percebe que não coloquei o aspecto material em primeiro lugar? Assim penso eu.
Realmente, de nada adiantam posses se vivemos acabrunhados, infelizes. Mas não
posso deixar de lembrar que nunca
tive um carro zero, que a última vez que fui à praia, meu filho, que hoje tem
26 anos, tinha apenas um ano de idade, que adoraria conhecer outros países, que
adoraria poder ir a bons restaurantes, assistir bons espetáculos, comprar
livros e discos com frequência e quando assim desejasse. Pior: que meus filhos
pudessem ter continuado a estudar em escolas particulares de qualidade, tal
como foi no início, em vez de vê-los estudar em escolas públicas em uma época
onde o Ensino (com letra maiúscula) nesses lugares extinguiu-se. Então, meu
caro guru, você pergunta onde está meu coração... Eu respondo cândida e
sinceramente: não está junto com os estoicos. Não quero dinheiro pelo que
significa. Quero pelo que proporciona. Quero nunca passar fome, quero nunca ter
que andar a pé pelo simples fato de não ter dinheiro nem para a condução, quero
nunca ter que desmanchar as baganas (guimbas) de cigarro que já havia fumado,
para remontá-las em outro, pelo simples fato de não ter dinheiro para comprar
outro maço (como vi meu pai fazer). Quero, resumidamente falando, ser feliz,
quero segurança. Se para isso contribui, ainda que remotamente, (não estou
falando de monges e ascetas) a posse de alguns bens materiais, se isso é
ajudado por uma conta bancária mais fornida, tudo bem. O dinheiro, sabidamente,
não compra a felicidade. Mas pode comprar a passagem até lá, dizem os cínicos
(sábios?).
Esse
negócio de destino ou "destino", já cansei de tentar entender (O que
eu quis dizer com isso é que falar em destino ou não é quase como ficar
divagando sobre o sentido da vida, da existência. Você pode exercitar sua
mente, mas ficará sempre uma dúvida no ar: “e
se eu estiver errado?") ou pensar sobre. Como não tenho sua mente
lúcida, o máximo que consegui foi aborrecer-me e, macunaimamente falando,
deixar para lá. Apenas conto a história de um nissei que conheci através de
minha cunhada. Os dois trabalharam por anos na estação de piscicultura da
CODEVASF, em Três Marias. Esse cidadão contou-me que sua vida sempre seguira
seu curso independente de sua vontade ou planejamento. Contou que morara em uma
cidadezinha de São Paulo onde não havia 2º grau (o científico de minha época).
Assim, ele acordava todo dia às 4 ou 5 horas, para pegar um trem (de carga) que
parava nesse horário em sua cidade. A família mudou-se depois para outra
cidade, melhor, mas que não tinha faculdade de engenharia, que era seu sonho.
Para não ficar parado e instado por uma colega, resolveu fazer vestibular para
biologia, que era o curso existente na cidade. A amiga deu-lhe uma pilha de
livros para ler, tarefa impossível de cumprir em virtude do pouco tempo
disponível. Por isso, resolveu ler um livro sobre a origem das espécies ou
coisa parecida. Passou (e a amiga, não). Quando me contou essa historieta, já
era considerado, segundo minha cunhada, a maior autoridade brasileira em peixes
de água doce. Ou seja, a vida fez com ele o que um rio faz com uma rolha.
A
propósito dessa imagem, hoje me vejo como uma rolha na correnteza (Tento viver
hoje ao sabor do momento, comportando-me conforme cada situação). "Em Roma, como os romanos"
(particularmente, prefiro as romanas, se "como" for visto como verbo). Vou para onde a água me levar.
Quanto
à felicidade, vejo-a como um estado de plenitude, de plena harmonia consigo
mesmo (isso é mais ou menos como a divagação sobre "destino" ou coisa
semelhante. Cada um tem sua opinião sobre isso (ou não), podendo mudar a visão
conforme os sacolejos da vida), um gostar-se tal como se é: sei das minhas
falhas e defeitos, mas gosto de mim o suficiente para saber também das minhas
qualidades (Essa é fácil. Sou vaidoso, acho-me muito inteligente (culpa talvez
de algumas pessoas que disseram isso de mim). Tenho uns trezentos mil defeitos,
mas, basicamente, gosto de mim). Significa também não levar-se a si mesmo nem
aos outros muito a sério (Essas coisas a idade e a vivência vão nos ensinando
(caso queiramos). Não creio em nada que se me apresente como absoluto ou
verdade eterna. Sou mineiro, tenho intimidade com o respaldo, com o topo do
muro. Além disso, as pessoas são manipuladoras. Assim, no contato do dia-a-dia,
vejo com condescendência as falhas, omissões e defeitos das pessoas (e os
meus). Ninguém é totalmente mau, ninguém é totalmente bom (menos ainda,
"boníssimo") na certeza que a verdade é como um elétron em sua
orbital. Impossível de definir com certeza absoluta. Um estar em paz consigo
mesmo e com o mundo. Uma paz de ruminante pastando (Sinceramente, foi uma boa
imagem, concorda? Eu adoro ver bois. Eles me dão a impressão de uma placidez
impressionante, uma calma, um silêncio interior total – lembrando que silêncio
interior não significa necessariamente falta de "som"
no cérebro, mas falta de ruídos, de estática. Poderia até dizer que quando se
alimentam estão "paztando").
Você
fala de “ingente necessidade material”,
mas esse negócio não é tão simples assim. Depende da escala que estiver sendo
usada. Não estando passando fome nem frio nem doente, as necessidades variam (Isso
não é difícil de entender: Estou alimentado, agasalhado e descansado). Então,
assemelho-me aos bois aí de cima. Mas vejo, de repente, um carro zero, por
exemplo (já citado anteriormente). Eu penso que seria legal ter um. Agora,
imagine um sujeito que acabou de comprar um carro zero, um Uno Mille, todo
feliz. Aí passa uma BMW à sua frente. Ele certamente pensará: "Pô, já pensou ter uma igual?" Aí o
dono do BMW lê sobre o jatinho (ou helicóptero ou o escambau) que o Fulano
acabou de comprar, e pensa: "Esse
filha da mãe tá com dinheiro! Já pensou eu com um igual?" Então, é assim
que vejo as necessidades. Tirando o essencial, o resto é supérfluo (isso é uma
afirmação acaciana, concorda?). Lembro ainda de uma historinha que um amigo
gostava de contar: o lord inglês acordando, seu criado cortesmente diz: "Parece que teremos um lindo dia, não Milord?"
Ao que o nobre responde "Errado,
James. Você terá o seu
lindo dia. Eu terei o meu
lindo dia.
Mineiramente
despeço-me, olhando de soslaio, ramo de capim no canto da boca, de
"coca" (cócoras).
quinta-feira, 28 de dezembro de 2017
DIÁLOGOS DE PLANTÃO - PARTE 1
Este texto é resultado de uma troca de e-mails com
um ex-colega que foi meu chefe no período imediatamente anterior a essa troca de mensagens. Era um sujeito muito culto e pedante.
Culto, pedante e antiquado. Culto, pedante, antiquado e chato. Por conta de sua transferência para outro estado e de um
texto atribuído ao Millôr Fernandes que enviei para ele, começou a me
bombardear com perguntas de todo tipo, sempre em linguagem empolada. Cada resposta
que eu dava era dissecada por ele, fazendo surgir novas perguntas. E eu, claro,
respondia a todas, mimetizando seu estilo.
O período cronológico correspondente vai de setembro
a dezembro de 2003. Uma parte dessa conversa fiada encontra-se a seguir. É
importante? Não, claro. Para que guardar então? Por representar a minha forma
de pensar quando tinha cinquenta e poucos anos. Isso interessa a alguém?
Sinceramente, creio que não. Faz parte da ideia de “não jogar conversa fora”. Obviamente,
um título idiota como esse é um trocadilho infame com os “Diálogos de Platão”
(que nunca li).
Na idade
primitiva da espécie, o homem tinha somente um dilema: ficar e lutar ou fugir e
sobreviver. Quais
dilemas sociais temos hoje, quando o inimigo não é individualizável, nem a
ameaça é explícita?
Não
acredito que só existissem esses dilemas. No bando, havia a submissão ao líder,
por exemplo. Penso mesmo que as sociedades primitivas eram mais complexas do
que tentamos acreditar. Hoje temos inúmeros dilemas que, em sua essência,
preservam as características primitivas. Exemplo: a subserviência do
subordinado em relação a seu chefe. Você já deve ter visto muitos profissionais
rindo de piadas infames, só porque eram contadas por seus superiores. Ou saindo
só junto ou depois do chefe, mesmo que exista um horário formal para entrada e
saída, só pelo receio de, não agindo assim, passar a imagem de pouco
profissionalismo. Vejo nas relações entre pessoas de níveis econômicos ou
sociais diferentes uma prostituição velada, suave e disfarçada do menos
aquinhoado pela sorte em relação ao "bam bam bam”.
O que atacamos e de que fugimos
hoje?
Atacamos
o que não compreendemos, o que nos amedronta, o que nos ameaça. Isso pode se
apresentar como comportamento bizarro ou inadequado segundo nosso julgamento, e por aí vai. Por outro lado,
fugimos de tantas coisas! Fugimos até de nós mesmos. Fugimos do que pode
tornar-se irreversível, fugimos de tarefas espinhosas, o escambau. Penso que a
humanidade é fujona por natureza.
O que de fato os pais ensinam aos
seus filhos?
Já
vou me adiantar sobre isso: os pais ensinam o que muitas vezes tentam esconder.
Tenho confirmado com meus filhos essa verdade. Os filhos observam e copiam o
que a linguagem corporal dos pais valida. Palavras mesmo, muito pouco efeito
causam.
Seriam os valores imutáveis?
Acredito
que os valores mudam com os costumes. E vice-versa. E não vejo que caminhem
sempre para um maior desregramento. Vejo isso como um movimento pendular, uma
hora avançando, outra retrocedendo. Um exemplo recente disso (com resultados
tristes e lamentáveis) é o Afeganistão do Talibã e suas burkas. É claro que nem
todo retrocesso é condenável. Pelo contrário. Seria como o que se convencionou
chamar de “chave de arrumação”: uma freada de ônibus para ajustar os
passageiros (para caber mais gente). Então, bem-vindos os novos valores (ou a
crítica dos antigos). Ocorre-me que talvez a velhice possa ser definida não
como a ausência de sonhos, projetos e metas (como já pensei uma vez), mas o
medo do novo. Ou as duas coisas, simultaneamente.
É sempre interessante receber suas
respostas. Elas sempre põem-me a pensar. Alguns itens citados em suas respostas
ainda deixam-me intrigado. Vejamos:
A diferença entre valores e
comportamentos;
Vamos
supor que um dos valores aceitos pela sociedade seja a da submissão irrestrita
da mulher ao homem (voltando ao talibã e assemelhados), que o recato não seja
mais uma opção mas dever. O comportamento do homem será nitidamente distinto do
da mulher. O homem, embora se veja obrigado a usar barba (e os que não as
têm?), não precisa vedar os olhos com aquela coisa odiosa que as revistas
mostravam (e que espero tenham acabado). Isso só para falar de indumentária.
a submissão ao líder como uma forma
de "lutar" ou uma forma de "sobreviver"(?);
Já
disse que vejo o homem como uma mistura de antigos e novos comportamentos, os
antigos vindo lá do inconsciente coletivo (Jung?). A luta pelo poder, pela
possibilidade de espalhar seus genes, pela melhor comida, pela melhor barraca
ou coisa parecida deve ser tão velha como a humanidade. Aos mais fracos ou aos
vencidos resta a submissão. No mundo moderno o "chefe" já venceu sua
"batalha", às vezes antes mesmo do subordinado ter sido admitido. Se
formos refletir um pouco, as "puxadas de tapete", as "furadas de
olho" têm sua origem nas táticas de luta adotadas nos primórdios, agora
disseminadas nos dois sexos.
A prostituição velada, suave e
disfarçada na submissão (você se prostitui? ou já o fez? como sentiu-se?);
Tenho
que responder isso com ironia. Um colega meu (que acabou sendo meu superior
hierárquico) usava frequentemente duas frases de conteúdo chulo e pragmático:
"quem tem cu, tem medo" e
"o saco do chefe é o corrimão da
vida". Eu sempre achava graça desse cinismo realista. Tendo família
para sustentar e não tendo nascido rico, já fui obrigado a engolir alguns
sapos, muitos deles batráquios de tamanho respeitável. Essa é a prostituição
light a que me referi. Senti-me como imagino que se sintam as profissionais do
sexo (pelo menos, a maioria): puto da vida, deprimido ou com vontade de mudar
de emprego.
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
CARONA EM CAMELO
Em um post divulgado em agosto de 2017 (“Sonhos de um Escrevinhador”) eu já
registrava uma preocupação com minha crescente falta de inspiração e criatividade,
fato confirmado pelos posts subsequentes divulgado nesta bagaça.
Sempre fico me perguntando se isso seria um “mal”
que acomete todas as pessoas que se propõem a criar algo. Músicos, pintores,
cartunistas, poetas, blogueiros, todos parecem ter uma quota de criatividade pré-definida.
É como se a inspiração fosse um tipo de combustível não renovável ou uma espécie
ameaçada de extinção. De repente, tudo acaba – e onde havia algum tipo de
vegetação surge um deserto mais seco e árido que o Sahara ou Atacama.
E é neste ponto que me encontro hoje. No meio do maior areal. Para resolver essa antítese de Strawbewrry Fields sugerida pela palavra “areal” (“Nothing is real and nothing to get hung about”), resolvi tentar a única jogada que me ocorreu: escrever cartas e mensagens (reais ou fictícias) destinadas a alguém ou até a mim mesmo (ou publicar as que já escrevi e guardei), só para manter o velho Blogson respirando. Talvez assim, se ficar mais descontraído e me cobrar menos, possa escrever alguma coisa que preste (ou então pegar carona em um camelo).
E é neste ponto que me encontro hoje. No meio do maior areal. Para resolver essa antítese de Strawbewrry Fields sugerida pela palavra “areal” (“Nothing is real and nothing to get hung about”), resolvi tentar a única jogada que me ocorreu: escrever cartas e mensagens (reais ou fictícias) destinadas a alguém ou até a mim mesmo (ou publicar as que já escrevi e guardei), só para manter o velho Blogson respirando. Talvez assim, se ficar mais descontraído e me cobrar menos, possa escrever alguma coisa que preste (ou então pegar carona em um camelo).
PICTOGRAMA
Custou um século (maneira de dizer, entendeu?)
para eu entender o que seriam os sinais que recebia em e-mails e mensagens, do
tipo :-) ou só :). Esses sinais seriam uma expressão de sorriso, facilmente
entendida. Basta apenas que você tenha nascido com a cabeça torta para a esquerda.
Meu filho mais velho tentou iluminar minha
ignorância (acho que nem Itaipu consegue gerar a energia necessária para essa iluminação), ao acrescentar que esses
sinais são chamados de “emoticons”,
mistura de “emotion” (emoção) com “icon” (ícone). Pois bem, depois que minha mulher criou um
perfil para mim no Facebook, comecei a receber comentários com cãezinhos e outros bichinhos
dançando, mandando beijos, uma zona.
Perguntei se aquilo também era “emoticon”, mas fui jogado de novo no
poço da ignorância onde normalmente vivo, pois me disseram que essa coisa tem o
nome de “emoji”. Aí eu pirei e fui
perguntar ao Dr. Guga (Google, entendeu?) e fiquei sabendo que “os emojis (palavra que significa "pictograma" em japonês) são uma
biblioteca com várias imagens divertidas, usadas principalmente em mensagens de
texto enviadas pelo celular”. Ocevê!!!
Eu sei que japonês é foda para criar
traquitanas tecnológicas imprescindíveis (como os tamagotchi, por exemplo), mas é ruim de marketing. Onde já se viu
colocar nome de macarrão instantâneo em um desenho bonitinho?
Sinceramente, pouco me importa se o termo correto
é miojo ou emoji, pois o resultado é sempre uma merda. Para mim, esses
desenhos bonitinhos de cachorrinhos também deveriam ser chamados de emoticons. Ou, pelo menos, de emoticães. (issa!)
terça-feira, 26 de dezembro de 2017
INTERNETÉ
Pelo que já pude perceber, as redes sociais
são a coisa menos sociável que existe, graças aos comentários e opiniões
inflamadas que são postados, especialmente se o assunto for Política (aí o pau come!). É o
conhecido “nível de tolerância zero”.
A polarização é tão extremada que se eu quisesse representá-la graficamente
bastaria pegar uma imagem do globo terrestre e colocar uma figura no Polo Sul e
outra no Polo Norte.
Pensando nessas bobagens, ocorreu-me um
trocadilho no melhor estilo Jotabê (super infame) - que já deve ter sido
pensado antes por alguém, pois é muito óbvio. É o seguinte:
Liberté,
Égalité, Fraternité
é o lema da República Francesa, OK? Apesar de bacanérrimo, tem pouquíssima
utilidade quando o assunto são as redes “sociais”. Para mim, um lema adequado
ao Facebook poderia ser Liberté, Égalité,
Internet (*), pois a Fraternité
foi posta pra correr há muito tempo.
(*) dita
com pronúncia “paulista”: Interneté.
domingo, 24 de dezembro de 2017
CARTÃO DE NATAL
Este ano, num gesto de boa vontade e confiança, resolvi mandar um cartão
de boas festas para alguns dos expoentes da vida política brasileira em 2017.
Como não consegui envelopar tudo a tempo - e para não ser deselegante com ninguém
- resolvi fazer um cartão coletivo, endereçado ao Lula, ao Bolsonaro, ao Aécio,
ao Eduardo Cunha, ao Geddel, ao Temer, ao Gilmar, à Gleise, ao Maluf, ao
Garotinho (meu garoto!) e ao Cabral.
Espero que chegue a tempo.
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
ESPORTE ESPECIALIZADO
Natação e Atletismo na modalidade “corrida” são esportes que têm dois
estilos ou opções de competição. A primeira são as provas de velocidade - aquelas
chamadas “de explosão” -, em que parece que os atletas fogem de um tubarão
branco ou de um mandato de condução coercitiva. A segunda opção são as provas
de resistência, de longa duração, tipo maratona, travessias em mar aberto e
julgamentos no STF.
Era assim, até hoje. Como sou um esportista
nato (modalidade “quem ronca mais alto
enquanto dorme”), resolvi dar minha contribuição para o engrandecimento dos
esportes especializados. Para isso, além
das provas de resistência e velocidade, criei a prova de velhicidade, que acontece quando você literalmente se arrasta atrás
da patroa ao final de mais um dia de compras natalinas. O maior prêmio para essa prova é uma sessão
com desfibrilador. Mais que merecido, diga-se.
quinta-feira, 21 de dezembro de 2017
DESEMBRULHANDO PRESENÇAS
Basta chegar o mês de
dezembro para que um clima de urgência, de crescente afobação e frenesi se
instale por todo lugar, afetando quase todas as pessoas (“Será esse o número que ele calça?”; “Ainda
não comprei nada para Tia Sinhá!”; “Acho que vou dar uma caixa de bombons para
o pessoal da coleta de lixo”; “Meus pés estão até dormentes de tanto que eu
andei” ...).
E tudo isso para comprar
presentes a ser dados nas inevitáveis festas de fim de ano com suas ceias e
seus amigos ocultos (ou “secretos”). Depois, já na ceia de Natal ou nas festas
de empresas, as pessoas trocam presentes e fartam-se de beber e comer. A cada
ano que passa essas cenas se repetem, nada muda, tudo é sempre igual.
Enquanto refletia sobre isso,
surgiu na mente a expressão “desembrulhar
presenças”. E é isso que eu penso que as pessoas deveriam buscar. Alguma
coisa poderia, deveria ser mudada nos rituais natalinos. Em vez de simplesmente
desembrulhar seus presentes, as pessoas deveriam procurar desarmar-se de
preconceitos, despir-se de rancores, mal entendidos, mágoas guardadas e todo
tipo de (res)sentimento que pudesse ser descartado junto com os papéis que
embrulhavam os presentes recebidos, para que a presença de cada um fosse motivo
de celebração e alegria para os demais.
Eu sei que esta é uma reflexão rasa, acaciana, mas eu não consigo fazer melhor. Rasa ou não, eu acredito que mais que simplesmente trocar e desembrulhar presentes,
deveríamos preocupar-nos em desembrulhar presenças. Esse sim, deveria ser o
verdadeiro espírito de Natal. Que poderia estender-se ao resto do ano.
domingo, 17 de dezembro de 2017
SABE SE ESSE ÔNIBUS
BH fez 120 anos. Nada que se compare aos 306
anos de Ouro Preto nem aos mais de 2.000 de Londres. Como não sou historiador, esses
dados servem apenas para abrir um post surgido de uma curiosidade, de uma
pergunta: como Belo Horizonte tem sido vista pelos músicos e compositores?
A resposta, longe de ser completa, está nos
links abaixo. Vale citar que Pacífico Mascarenhas é, provavelmente, o
compositor que mais se inspirou na cidade para compor e gravar suas melodias
bossanovistas. Mas, de todos os relacionados, gosto mais das músicas do
Paulinho Pedra Azul e do Affonsinho (neste caso, pelo inesperado da letra de “SAS SIES SIONS”). Escuta aí.
ARQUEOLOGIA
MUSICAL:
Belo Horizonte, Poema De Amor – Cauby Peixoto
"BHOSSA" NOVA:
Belo Horizonte De Antigamente – Pacífico Mascarenhas
Belo Horizonte Que Eu Gosto – Pacífico Mascarenhas
BH SERTANEJA:
Lugar Melhor Que BH – Cesar Menotti E Fabiano
BH MPB:
Rua Ramalhete
Belo Caso De Amor –
Paulinho Pedra Azul
Ruas Da Cidade - Lô
Borges
Sas Sies Sions - Affonsinho
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
"A" REFORMA
Todo mundo (pelo menos os minimamente alfabetizados) já ouviu falar de Martinho Lutero e de sua Reforma Protestante, de sua condenação veemente à venda de indulgências pela Igreja. Mas aposto que ninguém (ou quase ninguém) já ouviu falar da "Reforma Católica". Bom, pelo menos de uma pequena reforma. Que teve até tabela de preços! Olhaí.
(Eu achei essa lista tão engraçada que até pensei em guardar para uma ocasião especial, mas não resisti, pois os serviços a executar - ou já executados - são simplesmente surreais. Melhor dizendo, a descrição é que é surreal.).
(Eu achei essa lista tão engraçada que até pensei em guardar para uma ocasião especial, mas não resisti, pois os serviços a executar - ou já executados - são simplesmente surreais. Melhor dizendo, a descrição é que é surreal.).
DOUPONE
A primeira empresa onde trabalhei seguia um
protocolo meio bizarro: os engenheiros, o único arquiteto e os estagiários de
engenharia eram indistintamente tratados por “doutor”, enquanto os demais profissionais de nível universitário
(psicólogos, administradores, contadores e economistas) tinham de se contentar
em ser chamados de “senhor”. E eu, um
aluno relapso, irresponsável e medíocre, um legítimo doupone, um verdadeiro doutor
em porra nenhuma, adorava ser tratado com essa reverência equivocada.
Depois de formado - assim como acontecia
então com todos os engenheiros - continuei a ser chamado de "doutor".
Por conta disso, um dia, um vizinho que trabalhava com representação de
fábricas de fechaduras e ferragens provocou a situação mais tosca: sabendo onde
eu trabalhava, bateu lá, pedindo para falar com o "doutor Zezinho". Se pudesse, teria dado um tiro nele, tão puto
fiquei com essa falta de senso.
O tempo foi passando e as pessoas começaram a
"perder o respeito", passando a me chamar apenas pelo nome ou pelo
elegantíssimo "Botelho Pinto".
O "doutor" ficou reservado apenas aos flanelinhas ("E aí, doutor, o carro tá precisando dar uma
lavadinha e uma cera. É rapidinho!").
Hoje, aposentado - e, pior, idoso -,
espanto-me quando alguém me chama de "senhor"
ou de "Seu Zé", pois não é
essa a imagem que tenho de mim. Minha carteira de identidade mental ostenta
ainda o retrato de um homem mais jovem e mais sonhador. Mas cheguei à conclusão
de que preciso me ajustar e atualizar meu perfil, aceitar e assumir definitivamente a
idade cronológica que tenho.
Antes que isso aconteça, preciso resolver um paradoxo: quanto mais me chamam de "Seu Zé" mais eu vejo que "Meu" Zé não existe mais, talvez nunca tenha existido. A cada dia que passa sou menos Senhor de mim mesmo, cada vez mais distante dos sonhos e desejos irrealizados. Não sou senhor de nada! Como ser chamado de "Senhor" se nada mais tenho de meu, intrinsecamente meu? O "meu" Zé verdadeiro perdeu-se há muito tempo e nada pode agora resgatá-lo. Assim, quando alguém me chamar de "Seu Zé", pode acontecer de ficar tentado a perguntar "Cadê ele?", onde está ele, o meu Zé desaparecido, talvez até mesmo o doupone que eu fui um dia?
Antes que isso aconteça, preciso resolver um paradoxo: quanto mais me chamam de "Seu Zé" mais eu vejo que "Meu" Zé não existe mais, talvez nunca tenha existido. A cada dia que passa sou menos Senhor de mim mesmo, cada vez mais distante dos sonhos e desejos irrealizados. Não sou senhor de nada! Como ser chamado de "Senhor" se nada mais tenho de meu, intrinsecamente meu? O "meu" Zé verdadeiro perdeu-se há muito tempo e nada pode agora resgatá-lo. Assim, quando alguém me chamar de "Seu Zé", pode acontecer de ficar tentado a perguntar "Cadê ele?", onde está ele, o meu Zé desaparecido, talvez até mesmo o doupone que eu fui um dia?
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
MARAVILHAS DA NATUREZA
Não é do feitio do velho Blogson ficar postando
vídeos de coelhinhas peludas e outros bichinhos, pois este é um blog que se dá
ao respeito. Entretanto, dois vídeos que circulam pelo Facebook merecem ter sua
divulgação ampliada. Creio mesmo que umas 2,3 visualizações a mais dá para
conseguir. Para não passar batido, resolvi criar títulos para essas imagens pra
lá de bizarras. Olhaí.
GATO DANDO UM TAPA NA PANTERA
COMO PORQUE É SÓLIDO; SE FOSSE LICOR,
BEBÊ-LO-IA
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
ALTA COSTURA
Minha mulher recebeu pelo uatizapi uma imagem pra lá de bizarra, apesar de sua aparente ingenuidade. Mais ou menos o que acontece com meu nome: se você tiver um mínimo de malícia e bom humor logo perceberá a sacanagem dissimulada.
É o caso dessa imagem. Eu não entendo nada de moda, de estilo ou o que quer que seja dessa área. Nunca sei se uma roupa é brega ou elegante, se é de grife ou de brechó. Só posso dizer que essa, especificamente, é do caralho! Olhaí.
sábado, 9 de dezembro de 2017
CONTANDO MILGALHAS
O
velho Blogson estava se arrastando para conseguir completar 50.000
visualizações. De repente, do nada, ou melhor, da nuvem, surgiu na área uma
gangue de robôs desocupados, provocando 164 visualizações só no dia 08/12. Com
isso, o total de visualizações explodiu ("explodiu" é só força de expressão) para 50.170,2 acessos.
Com isso, meus planos foram atropelados, impedindo-me de não comemorar
nada. Robô é sempre um autêntico estraga-desprazer! Mas
uma prestaçãozinha de contas sempre é bem vinda. Por isso vamos a ela:
-
Jotabê (ansiedade é foda, mano!): 15.359,3 acessos (de
raiva, de pânico)
-
Turma do R2-D2 (Artoo-Detoo): 6.521,9 abcessos
-
Malucos que acharam o blog por engano: 26.338,8
excessos
-
Votos em branco e anulados: 1.950,1 expressos
TOTAL 50.170,1 insucessos
E la nave
(DS-1 Orbital Battle Station) va.
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
A VINGANÇA DE UM NOME IMPRÓPRIO
- “José!
Botelho Pinto!”
Que acha de ser cumprimentado assim? Gostou?
Ou apresentar-se a alguém dizendo:
-“Meu
nome é José Botelho (respira!)
Pinto”. Engraçado, não?
- "Sim"? Sim, porra nenhuma! Há sessenta e sete anos eu fui condenado por meus pais a ser motivo de piadinhas por conta desse sobrenome de sonoridade bandalha. A bem da verdade, só com dezessete, dezoito anos é fui descobrir o trocadilho sacana que carregava na carteira de identidade. Até então, o que me incomodava era chamar-me apenas José, sem nenhum apêndice, um José “puro e sem gelo”, sem outro nome que me fizesse menos genérico, tipo José Carlos, etc.
- "Sim"? Sim, porra nenhuma! Há sessenta e sete anos eu fui condenado por meus pais a ser motivo de piadinhas por conta desse sobrenome de sonoridade bandalha. A bem da verdade, só com dezessete, dezoito anos é fui descobrir o trocadilho sacana que carregava na carteira de identidade. Até então, o que me incomodava era chamar-me apenas José, sem nenhum apêndice, um José “puro e sem gelo”, sem outro nome que me fizesse menos genérico, tipo José Carlos, etc.
Talvez por isso, tenho a maior dificuldade de
chamar os conhecidos pelo nome correto. E nem é o caso de criar apelidos, pois
o que faço mesmo é deformar o prenome. Assim, Bernardo vira Bertoldo, Beraldo, Bernoulli ou Beraldino.
Fábio virou Bil, Cecília mudou
para Cilícia, Eliane vira Eliene ou Lilica, Daniel virou Dani
Boy, Elizabeth transforma-se em Bernadete,
Fernanda em Fernândola e
por aí vai. Curiosamente, só chamo uma amiga mais conhecida por Zezé de Maria José. Da mesma forma, Cinho volta
a ser Maurício.
Por isso, como ficar indiferente a um arquivo
contendo o nome completo de dez mil pessoas? Impossível, claro. Quando descobri
esse arquivo fiquei mais alegre que (Botelho)
Pinto no lixo, pois sabia que era diversão certa (para mim,
obviamente).
A primeira providência foi, com o auxílio
do Excel, isolar o prenome. Com
isso, os nomes compostos ficaram reduzidos apenas ao primeiro componente. O
passo seguinte foi classificar em ordem alfabética e excluir as repetições. O
resultado foi uma planilha com pouco mais de dois mil nomes.
Se alguém estava achando que isso é coisa de
gente doida, lamento informar que me diverti "horrores" lendo toda essa planilha. Em alguns casos, cheguei
quase a gargalhar, tal a bizarrice encontrada. E só não ri mais por
solidariedade, por espírito de grupo. Afinal, só um Botelho pode saber o peso do Pinto
que carrega no documento (isso ficou meio estranho!).
Além da minha obsessão, do meu TOC moderado,
o que chama mesmo a atenção é a existência de mais de dois mil prenomes
diferentes em uma listagem de "apenas"
dez mil pessoas. Eu nunca imaginaria tanta diversidade, tanta variedade. Uma
leitura dessa planilha traz algumas explicações. Além dos prenomes clássicos
(ou civilizados), podem ser encontrados
- Nomes estrangeiros (talvez indicando a
origem dos ascendentes);
- Homenagens a personalidades da história ou
do entretenimento (normalmente grafados com erro);
- Extraídos da Bíblia;
- Motivados por analfabetismo funcional de
funcionários de cartório (ou dos próprios pais);
- aqueles (normalmente os mais bizarros,
ridículos ou "alucinógenos") que são fruto da
"criatividade", falta de senso ou de delírio momentâneo de padrinhos,
pais ou palpiteiros "bem intencionados". Essa última categoria
poderia ser dividida em subcategorias (estou ficando especialista na matéria!).
A melhor de todas é do tipo "Ostentação".
Mas, creio que a principal razão de tanta
diversidade são as inúmeras grafias para um mesmo nome, "fenômeno"
mais frequente nos que começam com as letras "k" ou "w". E
essa é a parte mais divertida, pois a inclusão, supressão ou substituição de
uma única letra produz um efeito hilariante.
E já que tive o trabalho de ler dois mil
nomes próprios (2.370, para ser exato), resolvi compartilhar alguns exemplos dos impróprios com os 1,4
leitores deste blog. Só deixarei de fora os "alucinógenos" por
acreditar que são únicos no universo, o que poderia me trazer algum tipo de
problema. Bora lá.
- Nomes estrangeiros: Giovanni e suas variações Geovane, Geovani, Geovanni, Gilvane, Giovane, Giovani;
- Homenagens a personalidades da
história ou do entretenimento: Abiackel,
Denner, Fagner, Lamarck, Maicon; Mararubia, Naiguel (Mansell?), Ranfrey
(Bogart?), Ronnie, Ronny, Rony (Von?), Tchaikovsky;
- Extraídos da Bíblia: além dos manjadões,
encontrei estas bonitezas (com grafia errada) - Calebe, Isequiel, Izaqueu, Jozué
- Motivados por analfabetismo funcional de
funcionários de cartório (ou dos próprios pais): para não ficar só
transcrevendo nomes, lembro um caso que talvez já tenha contado aqui no blog. O
pai foi registrar o filhote e o oficial do cartório perguntou o nome do
pimpolho. "Herbert".
"Erberte?" "Não, Herbert - com 'H' e 'T' mudo". Na certidão
saiu "Herbert Temudo".
- E chegamos à melhor parte da planilha.
Tantos são os prenomes bizarros ou ridículos que fica difícil escolher. Aí vai
uma amostra, a prova de que uma simples troca de letra pode arregaçar a vida de
quem possui nomes como esses: Cloves, Hailton, Halbert, Halbertt, Halisson, Hemerson, Mhárcia,
Sérgia(?), Vadina (???), Jonathan, Jonatas, Jonathan, Jonathas, Janatan (o
pai devia estar bêbado!),
A propósito da "família Jonathan", conheço um caso idiota. O pai da criança,
ótima pessoa mas sujeito muito humilde e ignorante, deu ao primeiro filho o
nome de Jonathan (nem faço ideia como é a grafia), mas exige que o menino seja
chamado de "Djonathan".
Muito chique!
Para o ridículo tipo "Ostentação" dois nomes femininos
(nem preciso explicar essa escolha): Aloessandra
e Karisstem. Para encerrar meu mergulho no mundo dos prenomes
bizarros e ridículos, transcrevo os recordistas da criatividade, a "família Wanderley", com dez grafias
diferentes: Valderley, Vanderlei,
Vanderley, Vanderli, Walderlei, Wanderlai, Wanderlei, Wanderley, Wanderlin,
Wanderly.
E agora é para acabar mesmo. Meu filho contou
um caso ocorrido com um médico seu amigo. Durante um plantão em um posto de
atendimento, o médico pegou a ficha e chamou o paciente: "Walt Disney". Ninguém se mexeu.
Elevou um pouco a voz: "WALT DISNEY!"
Um adolescente com cara de puto levantou-se da cadeira e corrigiu: "É Valdisnêi, pô!"
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
POLITICAMENTE INCORRETÍSSIMO
EXEMPLO
Correu mundo a imagem do
ex-general croata Slobodan Praljac tomando cianeto de potássio depois de ouvir
a sentença que o condenou a 20 anos de prisão por crimes contra a humanidade.
Segundos antes de ingerir o veneno, o sujeito exclamou: "Não sou criminoso de guerra. Rejeito a
decisão do tribunal". Foi bastante chocante.
Essa atitude me fez pensar
nos políticos brasileiros enrolados com a Lava Jato, especialmente os que já
foram condenados e que continuam alegando inocência. É mesmo uma pena que bons
exemplos nem sempre sejam seguidos!
ELOGIO
Talvez por uma carência afetiva congênita ou por
uma necessidade pré-natal de ser amado, o elogio para mim sempre foi um
estímulo para melhorar, para produzir mais ou só um afago bem vindo na
autoestima. Por isso, sempre procurei fazer o mesmo quando entendia que o
elogio era merecido. Foi assim que eu descobri que a maioria das pessoas não
estava acostumada a ser reconhecida de forma positiva. E parece que isso se
agravou.
Nos tempos tediosamente corretos em que
vivemos, onde a cada dia que passa parece haver menos espaço para o humor e a
ironia, uma dos comportamentos menos recomendados é ser cortês, educado e
cavalheiro, pois o cavalheirismo poderá ser interpretado como elitismo,
esnobismo ou até assédio de qualquer tipo. Nas redes sociais então é que o
bicho pega, tantas são as "voadoras"
verbais despejadas nos comentários.
Mas a minha ideia não é fazer pregação. Meu
negócio é passar o tempo. Por isso, imaginei três cenários envolvendo um
senhor, um cavalheiro mais idoso, bem vestido, talvez um gentleman. Um elogio feito por esse senhor nos tempos
equivocadamente corretos de hoje poderia ser assim interpretado:
- Se elogiar uma criança sorridente, os pais
já ficarão de olho nele, pensando que pode ser um pedófilo disfarçado;
- Se elogiar a juventude e graça de uma
adolescente, de uma jovem, talvez ela ache que o cara é um tiozão;
- Se elogiar a elegância e o porte de uma
senhora idosa, ela talvez pense que pode se tratar de assédio sexual. Mas o
pior mesmo é se gostar da ideia! É ruim!
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