Basta chegar o mês de
dezembro para que um clima de urgência, de crescente afobação e frenesi se
instale por todo lugar, afetando quase todas as pessoas (“Será esse o número que ele calça?”; “Ainda
não comprei nada para Tia Sinhá!”; “Acho que vou dar uma caixa de bombons para
o pessoal da coleta de lixo”; “Meus pés estão até dormentes de tanto que eu
andei” ...).
E tudo isso para comprar
presentes a ser dados nas inevitáveis festas de fim de ano com suas ceias e
seus amigos ocultos (ou “secretos”). Depois, já na ceia de Natal ou nas festas
de empresas, as pessoas trocam presentes e fartam-se de beber e comer. A cada
ano que passa essas cenas se repetem, nada muda, tudo é sempre igual.
Enquanto refletia sobre isso,
surgiu na mente a expressão “desembrulhar
presenças”. E é isso que eu penso que as pessoas deveriam buscar. Alguma
coisa poderia, deveria ser mudada nos rituais natalinos. Em vez de simplesmente
desembrulhar seus presentes, as pessoas deveriam procurar desarmar-se de
preconceitos, despir-se de rancores, mal entendidos, mágoas guardadas e todo
tipo de (res)sentimento que pudesse ser descartado junto com os papéis que
embrulhavam os presentes recebidos, para que a presença de cada um fosse motivo
de celebração e alegria para os demais.
Eu sei que esta é uma reflexão rasa, acaciana, mas eu não consigo fazer melhor. Rasa ou não, eu acredito que mais que simplesmente trocar e desembrulhar presentes,
deveríamos preocupar-nos em desembrulhar presenças. Esse sim, deveria ser o
verdadeiro espírito de Natal. Que poderia estender-se ao resto do ano.
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