- “José!
Botelho Pinto!”
Que acha de ser cumprimentado assim? Gostou?
Ou apresentar-se a alguém dizendo:
-“Meu
nome é José Botelho (respira!)
Pinto”. Engraçado, não?
- "Sim"? Sim, porra nenhuma! Há sessenta e sete anos eu fui condenado por meus pais a ser motivo de piadinhas por conta desse sobrenome de sonoridade bandalha. A bem da verdade, só com dezessete, dezoito anos é fui descobrir o trocadilho sacana que carregava na carteira de identidade. Até então, o que me incomodava era chamar-me apenas José, sem nenhum apêndice, um José “puro e sem gelo”, sem outro nome que me fizesse menos genérico, tipo José Carlos, etc.
- "Sim"? Sim, porra nenhuma! Há sessenta e sete anos eu fui condenado por meus pais a ser motivo de piadinhas por conta desse sobrenome de sonoridade bandalha. A bem da verdade, só com dezessete, dezoito anos é fui descobrir o trocadilho sacana que carregava na carteira de identidade. Até então, o que me incomodava era chamar-me apenas José, sem nenhum apêndice, um José “puro e sem gelo”, sem outro nome que me fizesse menos genérico, tipo José Carlos, etc.
Talvez por isso, tenho a maior dificuldade de
chamar os conhecidos pelo nome correto. E nem é o caso de criar apelidos, pois
o que faço mesmo é deformar o prenome. Assim, Bernardo vira Bertoldo, Beraldo, Bernoulli ou Beraldino.
Fábio virou Bil, Cecília mudou
para Cilícia, Eliane vira Eliene ou Lilica, Daniel virou Dani
Boy, Elizabeth transforma-se em Bernadete,
Fernanda em Fernândola e
por aí vai. Curiosamente, só chamo uma amiga mais conhecida por Zezé de Maria José. Da mesma forma, Cinho volta
a ser Maurício.
Por isso, como ficar indiferente a um arquivo
contendo o nome completo de dez mil pessoas? Impossível, claro. Quando descobri
esse arquivo fiquei mais alegre que (Botelho)
Pinto no lixo, pois sabia que era diversão certa (para mim,
obviamente).
A primeira providência foi, com o auxílio
do Excel, isolar o prenome. Com
isso, os nomes compostos ficaram reduzidos apenas ao primeiro componente. O
passo seguinte foi classificar em ordem alfabética e excluir as repetições. O
resultado foi uma planilha com pouco mais de dois mil nomes.
Se alguém estava achando que isso é coisa de
gente doida, lamento informar que me diverti "horrores" lendo toda essa planilha. Em alguns casos, cheguei
quase a gargalhar, tal a bizarrice encontrada. E só não ri mais por
solidariedade, por espírito de grupo. Afinal, só um Botelho pode saber o peso do Pinto
que carrega no documento (isso ficou meio estranho!).
Além da minha obsessão, do meu TOC moderado,
o que chama mesmo a atenção é a existência de mais de dois mil prenomes
diferentes em uma listagem de "apenas"
dez mil pessoas. Eu nunca imaginaria tanta diversidade, tanta variedade. Uma
leitura dessa planilha traz algumas explicações. Além dos prenomes clássicos
(ou civilizados), podem ser encontrados
- Nomes estrangeiros (talvez indicando a
origem dos ascendentes);
- Homenagens a personalidades da história ou
do entretenimento (normalmente grafados com erro);
- Extraídos da Bíblia;
- Motivados por analfabetismo funcional de
funcionários de cartório (ou dos próprios pais);
- aqueles (normalmente os mais bizarros,
ridículos ou "alucinógenos") que são fruto da
"criatividade", falta de senso ou de delírio momentâneo de padrinhos,
pais ou palpiteiros "bem intencionados". Essa última categoria
poderia ser dividida em subcategorias (estou ficando especialista na matéria!).
A melhor de todas é do tipo "Ostentação".
Mas, creio que a principal razão de tanta
diversidade são as inúmeras grafias para um mesmo nome, "fenômeno"
mais frequente nos que começam com as letras "k" ou "w". E
essa é a parte mais divertida, pois a inclusão, supressão ou substituição de
uma única letra produz um efeito hilariante.
E já que tive o trabalho de ler dois mil
nomes próprios (2.370, para ser exato), resolvi compartilhar alguns exemplos dos impróprios com os 1,4
leitores deste blog. Só deixarei de fora os "alucinógenos" por
acreditar que são únicos no universo, o que poderia me trazer algum tipo de
problema. Bora lá.
- Nomes estrangeiros: Giovanni e suas variações Geovane, Geovani, Geovanni, Gilvane, Giovane, Giovani;
- Homenagens a personalidades da
história ou do entretenimento: Abiackel,
Denner, Fagner, Lamarck, Maicon; Mararubia, Naiguel (Mansell?), Ranfrey
(Bogart?), Ronnie, Ronny, Rony (Von?), Tchaikovsky;
- Extraídos da Bíblia: além dos manjadões,
encontrei estas bonitezas (com grafia errada) - Calebe, Isequiel, Izaqueu, Jozué
- Motivados por analfabetismo funcional de
funcionários de cartório (ou dos próprios pais): para não ficar só
transcrevendo nomes, lembro um caso que talvez já tenha contado aqui no blog. O
pai foi registrar o filhote e o oficial do cartório perguntou o nome do
pimpolho. "Herbert".
"Erberte?" "Não, Herbert - com 'H' e 'T' mudo". Na certidão
saiu "Herbert Temudo".
- E chegamos à melhor parte da planilha.
Tantos são os prenomes bizarros ou ridículos que fica difícil escolher. Aí vai
uma amostra, a prova de que uma simples troca de letra pode arregaçar a vida de
quem possui nomes como esses: Cloves, Hailton, Halbert, Halbertt, Halisson, Hemerson, Mhárcia,
Sérgia(?), Vadina (???), Jonathan, Jonatas, Jonathan, Jonathas, Janatan (o
pai devia estar bêbado!),
A propósito da "família Jonathan", conheço um caso idiota. O pai da criança,
ótima pessoa mas sujeito muito humilde e ignorante, deu ao primeiro filho o
nome de Jonathan (nem faço ideia como é a grafia), mas exige que o menino seja
chamado de "Djonathan".
Muito chique!
Para o ridículo tipo "Ostentação" dois nomes femininos
(nem preciso explicar essa escolha): Aloessandra
e Karisstem. Para encerrar meu mergulho no mundo dos prenomes
bizarros e ridículos, transcrevo os recordistas da criatividade, a "família Wanderley", com dez grafias
diferentes: Valderley, Vanderlei,
Vanderley, Vanderli, Walderlei, Wanderlai, Wanderlei, Wanderley, Wanderlin,
Wanderly.
E agora é para acabar mesmo. Meu filho contou
um caso ocorrido com um médico seu amigo. Durante um plantão em um posto de
atendimento, o médico pegou a ficha e chamou o paciente: "Walt Disney". Ninguém se mexeu.
Elevou um pouco a voz: "WALT DISNEY!"
Um adolescente com cara de puto levantou-se da cadeira e corrigiu: "É Valdisnêi, pô!"
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