domingo, 18 de junho de 2017

TRADUTTORE, TRADITORE

Eu me impressiono tanto com a letra do tango "Cambalache" que resolvi transformá-la em prosa adaptada, uma interpretação pretensiosa e livre dos versos originais do genial Discépolo. Vê aí.


Que o mundo foi e sempre será uma porcaria, eu já sei. Era em 1.500 e após 2.000 também. Pois sempre houve quadrilhas, trambiqueiros e safados, contentes e amargurados, honrados e amorais. Mas que o século XXI é uma exposição de maldade insolente, já não há quem negue. Vivemos misturados em um lamaçal e nessa lama somos manipulados!

Hoje em dia dá no mesmo ser honesto ou delator, ignorante, sábio, burro, pretensioso, enganador. Tudo é igual, nada é melhor! Até mesmo um aluno e um grande professor! Não há notas baixas ou mérito, os amorais nos igualaram... Se alguém vive na impostura e outro rouba com ambição, dá na mesma que seja padre, traficante, preguiçoso, deputado ou senador.

Que falta de respeito, que afronta à razão! Qualquer um é cavalheiro, qualquer um é um ladrão! Misturados com Aécio, Luís Inácio e Zé Dirceu, Michel e Joesley, Gilmar Mendes e Fachin. Assim como na vitrine desinibida dos bazares e brechós, se misturou a vida. E surpreendida com a perfídia, ferida em sua esperança, fica a população.

Século vinte e um trambiqueiro problemático e febril, onde quem não chora,não mama e quem não rouba é um imbecil. Vai em frente, continue! Manda ver! Que lá no inferno iremos nos encontrar. Não pense mais, desencane, pois ninguém se importa se você nasceu honesto! Se é o mesmo que trabalha noite e dia como escravo ou se vive na fartura. Se é quem mata, se é quem cura ou não se importa com as leis.


2 comentários:

  1. Sua versão ficou bem parecida com a do Raul Seixas

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    1. depois que você me deu a dica sobre essa versão, eu dei uma olhada para ver a solução que o Raul tinha adotado para a referência às pessoas citadas na letra original. Como sou meio obsessivo, fiz uma tabela com duas traduções diferentes do Google, a do Raul, a letra original em espanhol e o que eu tendia ser melhor. Fiquei com o saco cheio, mas acabei com uma versão que também me desagradou. Viajei, voltei e resolvi pegar a minha e transformá-la em prosa, pois já estava desfigurada em muitas rimas, etc. Mas o que realmente importa na história toda é que a letra original é que é bacana. Composta em 1934, se não me engano, reflete a minha perplexidade e desalento com nosso Brasilzão, um país de gente idiota e políticos que se aproveitam disso. Tão diferente e tão igual à Argentina do Discépolo. Por isso, não deveria ser mudada a essência da música.

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