sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

THE BOOK IS ON THE TABLE

Eu fico meio sem graça de voltar mais uma vez a este assunto, mas esse tema é mais que recorrente na minha cabeça. Velhice? TOC? As duas coisas ao mesmo tempo? Pois é. Mas este é um blog meio infantilizado, ingênuo, caipira, simplório (e essa talvez seja a chave do pouco interesse que desperta). Assim, permito-me repetir assuntos e requentar palavras. 

Até imagino alguém mais sofisticado, intelectualmente mais preparado, alguém com familiaridade no trato com palavras e frases mais elegantes, dizendo para si mesmo(a): -"que será que aquele provinciano está dizendo?

Tenho relutado muito em divulgar este texto (existem outros também), pois o considero muito bobinho, chatinho; até já o reprogramei umas dez vezes. Mas a única certeza que eu tenho é de não jogar nada fora. Por isso, mesmo que ninguém o leia, mesmo que ninguém ache graça, eu, pelo menos, livro-me dele.


Outro dia ouvi de alguém a frase “minha vida é um livro aberto”. A frase manjadíssima ficou revoando na minha mente e saiu essa reflexão “poça d’água” (profunda como):

Tem gente que pensa o desenrolar da vida como uma estrada, como uma caminhada (“nessa longa estrada da vida”). Mas a metáfora que mais me atrai é a do livro, pelas nuances que ela permite obter. Não entendeu? Para mim, a vida de cada um seria mais parecida mesmo com um livro que está sendo lido ou escrito, em andamento. Quanto mais longa, maior o número de páginas, maior o enredo. Que pode ser emocionante ou sem graça, alegre ou triste, banal, vulgar ou sofisticado. À medida que o tempo passa, personagens novos vão sendo incorporados à trama, outros são retirados ou têm sua participação abreviada.

Os primeiros capítulos fazem pensar em um livro de aventuras. À medida que a “leitura” avança, a história adquire tons mais românticos. Pode acontecer que alguns capítulos, ao tratar de doenças ou dificuldades, transformem-se em narrativas cheias de suspense ou, até mesmo, terror. Os capítulos finais dessa trama, claro, transformam a obra em um livro de memórias. 

A única coisa chata nesse livro é que – não importa se a história narrada é patética ou espetacular, épica ou prosaica – o protagonista sempre morre no final.

(Jotabê também tem seu livro, mas se parece mais com um dossiê de paciente psiquiátrico)


4 comentários:

  1. "A única coisa chata nesse livro é que – não importa se a história narrada é patética ou espetacular, épica ou prosaica – o protagonista sempre morre no final" Gostei, e se fosse eu que tivesse escrito seria "o protagonista sempre se fode no final"; apropriadíssimo kkk.
    "J"

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    1. Se fode no final é sinônimo de morre no final? Discordo. O cara se fode é ao longo da vida, quando morre está se livrando de tudo; a morte, talvez, seja o grande momento da vida.

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    2. Sei não, Marreta, também pode ser isso que você disse, mas, apesar de todo bullying já sofrido, todos os medos, ansiedade e sentimento de inadequação, de não pertencimento a determinados meios, eu posso dizer que sim, que fui muito feliz. E ainda posso dizer isso, descontados os dissabores advindos do envelhecimento e da perplexidade com a aproximação da última etapa da vida. Se eu imaginar que viverei até os 90 anos (como meu pai viveu), terei ainda 25 anos para fazer merda por aí. Entretanto, se seguir a estatística americana de que as pesoas vivem em média doze anos após se aposentar, então eu estou fodido, pois terei só mais 5 ou 6 anos. Um pouco mais, um pouco menos, a gente sempre se fode no final. E só se fiode por estar ainda vivo, apegado às coisas e pessoas que amamos. Depois, tudo será zero. Ou infinito.

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