Apesar de aposentado, resolvi fazer uns
biscates para ajudar na compra do leite para o meu netinho Zulu (meu neto tem
rabo, mas não é o “coisa ruim”). Aí resolvi encarar um processo seletivo para
repositor de carrinho de cachorro-quente. Entre outras exigências, tive que
fazer uma entrevista que, acredito, poderia servir como currículo para este
blog. O diálogo a seguir é tal como me lembro de ter acontecido (tenho uma
memória prodigiosa!). Vamos lá:
-
Como o senhor já completou a bateria de
testes, esta entrevista é para finalizar o seu perfil. No seu currículo, consta
que o senhor é engenheiro. Fale-me um
pouco sobre isso.
-
Bom, sou engenheiro
por formação, humanista de nascença, politicamente incorreto por convicção e
monge budista por designação.
-
Monge budista?
-
É, um amigo disse que
eu sou um monge zen budista disfarçado
-
Curioso... O que o
senhor pensa dessa ideia?
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Combina com minha
visão holística das coisas.
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Holística? O que é...
Deixa pra lá. O senhor usa drogas?
-
Não, sou contra todas
as drogas, lícitas ou ilícitas.
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Então o senhor não
bebe e nem fuma.
-
Não bebo e nem fumo –
mas cuspo no chão.
-
Como é?
-
Essa história é
antiga. Um colega quis dizer que eu não tinha vícios e falou isso.
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Então, o senhor não
tem vícios!
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Bom, eu tenho
alguns...
-
Incomoda-se de me
dizer?
-
Vícios de linguagem.
Ah, e leite com Toddy. Gelado, por favor.
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Interessante...
-
Para finalizar, o
senhor gosta de esportes?
-
Claro, eu sou
brasileiro, né?
-
Então, seu esporte
predileto é futebol, correto?
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Na verdade, não sou nada
chegado. Tenho trauma de infância.
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Trauma?
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É, eu era irmão do
dono da bola. Quando...
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Não, não precisa
explicar! De que esporte o senhor gosta então?
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Jogos de palavras.
-
Palavras cruzadas?
-
Não, trocadilhos,
essas coisas.
- Bem, suas respostas
foram bastante evasivas ou herméticas. Por isso, não o recomendaria para ocupar
uma das vagas que precisam ser preenchidas. Agora, para diretor da Petrobrás, o
senhor está perfeito.
-
O quê??? Pode ficar
com seu emprego, nunca fui tão ofendido!!!
E saí, batendo a porta.
Se não a sua respos "Não, sou contra todas as drogas, lícitas ou ilícitas." O Paulo Roberto Costa ia falar que você copiou a sua entrevista de contratação.Cuidado plágio é crime.
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