Durante o tempo em que convivemos diariamente ou quase isso, meu irmão mais velho foi sucessivamente meu amigo de infância, ídolo, mentor, incentivador, companheiro de festas e roubadas, crítico e – final e infelizmente – meu desafeto. Mas nunca deixei de gostar dele. E quando eu ainda era católico praticante sempre o coloquei em minhas orações.
No próximo dia 15/09 ele completará setenta e
oito anos. Mas descobri que está com uma doença neurodegenerativa, o que me
deixou muito triste. Por isso, pedi ao ChatGPT que escrevesse um texto sobre a
marcha implacável do Tempo e fizesse um desenho que simbolizasse a fragilidade da velhice. Meu irmão
nunca saberá disso, mas fica aqui minha homenagem a quem marcou, influenciou e
moldou boa parte da minha vida.
O tempo não tem pressa. Ele trabalha em silêncio, com a precisão de um artesão cruel. Começa riscando linhas quase invisíveis no rosto, pequenas marcas que parecem inofensivas, até que um dia já são sulcos profundos, trincheiras de uma batalha perdida. O corpo, que outrora respondia com prontidão, passa a trair, vacilante, lento, como se carregasse pedras escondidas nos ossos.
Mas não
é apenas a carne que se curva sob o peso das horas. A mente, essa guardiã de
lembranças, também se rende. Nomes se dissolvem na boca, rostos outrora
familiares se tornam vultos, episódios inteiros evaporam como se nunca tivessem
acontecido. O tempo tem a maldade de não apagar tudo de uma vez: ele deixa
fragmentos, pedaços soltos, o bastante para ferir quem percebe que já não pode
recompor o todo.
E, talvez, sua crueldade maior seja essa lucidez intermitente: a consciência de estar sendo corroído, de assistir ao lento desmoronamento da própria história, como quem vê uma casa se desfazer tijolo a tijolo, sem poder deter a ruína.
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