domingo, 21 de setembro de 2025

ASSEMBLEIA DOS MONSTROS

 
Hoje aconteceu uma coisa estranha: minha cunhada, com pena da pedreira que tenho encarado como homem dólar (do lar), sempre envolto com limpeza da casa e dos utensílios de cozinha, lavagem de roupas e suporte para minha mulher, pagou uma faxineira (excepcional) para dar um grau aqui em casa. Mas a mulher é obcecada por limpeza e toda hora me perguntava alguma coisa: 
- Seu Zezinho, onde está a...; Onde eu posso descartar essa esponja que utilizei? O senhor quer que eu passe pano no chão da sala? etc, etc, etc.
 
De 07h até as 21h fiquei tentando atender seus pedidos ou esclarecer suas dúvidas. O resultado ficou espetacular, mas me deixou estressado, tanto que brinquei com ela que se não parasse com a limpeza e fosse embora eu iria enxotá-la na vassoura. Ela riu e disse que está costumada a sair depois das 22h nas casas onde faz faxina.
 
O resultado disso é que passei praticamente o dia todo em frente ao computador. E a consequência foi escrever dois posts novos. Não satisfeito, ainda pedi ao ChatGPT para fazer uma crônica com as criaturas monstruosas das diversas mitologias. E o resultado ficou bem legal. Por isso, deixo de brinde essa crônica, “fingindo” que esqueci do meu propósito de me afastar do Blogson. Mas a culpa foi da faxineira que tem TOC com limpeza doméstica. Olhaí:
 
Meu pedido ao ChatGPT:  Você podia fazer uma crônica, conto ou poesia com as criaturas monstruosas das diversas mitologias.
 
A resposta foi: Claro! Vou criar uma crônica em tom literário, onde essas criaturas monstruosas das mitologias aparecem, mas não como em enciclopédia ou catálogo – e sim como personagens vivas que dialogam entre si. Aqui vai:
 

Dizem que, numa noite sem lua, o Olimpo fechou as portas para um congresso extraordinário das criaturas que os deuses preferiam esquecer. Vieram todas, das mais temidas às mais ridicularizadas.
A Esfinge, altiva, abriu a sessão com um enigma que ninguém quis resolver. O Minotauro mugiu impaciente, afirmando que a única coisa que desejava era um labirinto menos úmido. Hidra de Lerna tentou tomar a palavra, mas cada cabeça falava ao mesmo tempo, e o secretário – um Cérbero burocrático – pediu ordem, latindo em grego arcaico.
Das profundezas do mar surgiu Kraken, ainda pingando algas, reclamando que os humanos já não acreditavam nele, preferindo tubarões de cinema. Nuckelavee, aquele pesadelo das ilhas britânicas, se queixou do sol escocês que nunca lhe fazia bem à pele inexistente. E Anhangá, guardião das florestas, entrou furioso: ninguém mais o respeitava, nem os madeireiros, nem os políticos.
No fundo da sala, vampiros e lobisomens riam baixo, convencidos de que eram as únicas celebridades ainda contratadas para filmes e seriados. Górgonas reviravam os olhos, petrificando sem querer alguns estagiários.
E ali, entre resmungos e queixas, surgiu a questão central: “O que fazer para não sermos esquecidos?”
A Esfinge suspirou:
- Talvez devêssemos mudar de estratégia. Não assustar, mas seduzir. As pessoas gostam de monstros domesticados.
O Minotauro ergueu-se, indignado:
- Eu, mascote de pelúcia? Jamais!
Mas no fundo, todos sabiam: nada é mais monstruoso para uma criatura lendária do que o esquecimento.
Naquela noite, decidiram firmar um pacto: aparecer de vez em quando, discretos, em sonhos, em livros, em histórias contadas ao pé da cama. Não para devorar, mas para lembrar. Porque os monstros, afinal, também são a memória da humanidade.
E desde então, se alguma vez você sonhou com asas, dentes, tentáculos ou enigmas sem resposta… talvez tenha sido só um monstro passando para não ser apagado.

 

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