quinta-feira, 25 de setembro de 2025

ADEUS À DEUSA


Nas décadas de 1950 e 1960 Gina Lollobrigida, Sophia Loren e Claudia Cardinale, três italianas de colo generoso e beleza estonteante, puseram no chinelo as louras aguadas do restante do mundo, pois eram morenas e absurdamente lindas. Deus, como eram lindas! Pois bem, Claudia Cardinale a penúltima integrante e a mais bonita do trio de deusas da beleza mediterrânea (considerada em 1957 “a mais linda garota italiana na Tunísia"), acaba de falecer, aos 87 anos.  Encontrei no Facebook um texto perfeito sobre ela e não resisti à tentação de publicá-lo neste blog emocionalmente instável (cada vez mais). Infelizmente, não tive o cuidado de copiar também o nome do autor, a quem peço sinceras desculpas. Lê aí.
 
 


Não é devaneio, tampouco invenção: o tempo de tela que ela tem em "Oito e Meio" é de exatos oito minutos e meio. Podem contar - eu contei (os céticos que cronometrem; os sonhadores hoje melancólicos que me sigam).
Não terá sido nada calculado, ou metalinguístico: nem Fellini, nem o editor - ninguém deve ter planejado a duração desse recorte. Foi a poesia do celulóide, que ganha vida própria sempre que é beijado pela luz.
Só sei que naqueles oito minutos e meio em que sua serena luminosidade eclodiu pro mundo ("O Leopardo", do mesmo ano, só estrearia meses depois), Claudia Cardinale foi a mais bela mulher do planeta. Serpenteando diáfana nos labirintos da mente do Guido de Marcello Mastroiani, ela fez com que todas as outras belezas, nos cinco cantos do mundo, fossem impiedosamente eclipsadas (sim, nos cinco cantos - estou também contando o Olimpo, onde as deusas permaneceram os oito minutos e meio mudas, borbulhando de ressentimento). Só depois desse curto intervalo, quando ela saiu de cena, é que aqui e ali as belezas mundanas foram voltando a aflorar, e a graça passou a ser redistribuída com justiça e um mínimo de equidade.
Hoje ela saiu de cena pela última vez.
E o Olimpo a recebe, em festa. As deusas, outrora invejosas, agora percebem que ela, retornando pra sua origem e não mais compartilhando sua existência com os mortais, finalmente deixa de fazer sombra a elas no imaginário coletivo.
Pobres deusas. Mal sabem que aqueles oito minutos e meio duraram o necessário pra que ela ingressasse na eternidade.
RIP
 

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