Minha mulher me mandou este texto, sem indicar o autor ou autora. Achei lindo e delicado, razão principal para ser compartilhado no blog. Não sei se os leitores gostarão, mas quase aposto que as leitoras o adorarão. Lêaí.
Perguntei à minha mãe, há poucos dias, se depois de quase sessenta anos de casamento ela ainda estava apaixonada pelo meu pai.
Ela me olhou por um instante como quem procura palavras que não cabem em frases. Não respondeu. Apenas sorriu.
Mais tarde, quando cheguei em casa, encontrei no meu telefone a resposta que o silêncio dela já trazia:
“Às vezes me perguntas se ainda estou apaixonada por ele. Sorrio, não porque a pergunta é tola, mas porque a resposta não é simples. Como dizer sim — mas não como antes?
Já não é com borboletas no estômago nem fogos de artifício. É com raízes.
O amor, depois de tantos anos, já não é um furacão que te arrebata. É o chão firme que te sustenta. Não acelera o coração — acalma a alma. Não faz as mãos tremerem — dá força para levantá-las todos os dias.
Já não existem surpresas, mas existem rituais: o café tomado à mesma hora, as pequenas discussões sobre toalhas, o cobertor puxado quando o outro espirra. Não parecem grandes coisas… mas são.
Hoje, não espero gestos grandiosos. Espero que ele perceba quando minhas costas doem, que me abrace quando desmorono, que não me deixe sozinha nem quando eu mesma não sei lidar comigo.
Amar depois de uma vida inteira juntos não é como nos livros. É como ter uma língua secreta que só nós falamos. É entender o peso de um olhar cansado, a pausa no silêncio, o respirar ao mesmo tempo.
Então, sim. Ainda estou apaixonada por ele. Mas não pelo encanto do começo. Estou apaixonada por tudo o que construímos. Pela paz de saber que, em qualquer tempestade, ele ainda é — e sempre será — o meu abrigo.”
Achei o texto perfeito! É assim mesmo que acontece com casamentos duradouros. O estar apaixonado vai se transmutando, evoluindo, aperfeiçoando. Eu tenho um jeitinho fofo (não espalha porque eu tenho que manter a minha fama de machão mau e insensível) de sentir aquela paixão do início: Eu paro e penso no primeiro encontro, nas primeiras conversas, no primeiro beijo...incrível como a sensação do apaixonar-se te visita outra vez.
ResponderExcluirEu sou muito assim também. Um dos meus cunhados (já falecido), machão até o dedão do pé, passador de rodo compulsivo, disse para minha mulher (no início do namoro) que eu devia ser viado. Ainda bem que depois o Pepeu Gomes pôs ordem na casa ao cantar que "ser um homem feminino não fere o meu lado masculino". Sem contar o Gil, pai de uma penca de filhos ("um dia, vivi a ilusão de que ser homem bastaria, que o mundo masculino tudo me daria"). Viva a frescura sem culpa!
Excluirrará. Tudo bem, mas não se empolga.
ExcluirComo disse o analista de Bagé para o sujeito que disse que pularia da janela se fosse gay. Tapando a janela com o corpo, disse: "Te fresqueia!"
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