domingo, 21 de setembro de 2025

ASSEMBLEIA DOS MONSTROS

 
Hoje aconteceu uma coisa estranha: minha cunhada, com pena da pedreira que tenho encarado como homem dólar (do lar), sempre envolvido com a limpeza da casa e dos utensílios de cozinha, lavagem de roupas e suporte para minha mulher, pagou uma faxineira (excepcional) para dar um grau aqui em casa. Mas a mulher é obcecada por limpeza e toda hora me perguntava alguma coisa: 
- Seu Zezinho, onde está a...; Onde eu posso descartar essa esponja que utilizei? O senhor quer que eu passe pano no chão da sala? etc, etc, etc.
 
De 07h até as 21h fiquei tentando atender seus pedidos ou esclarecer suas dúvidas. O resultado ficou espetacular, mas me deixou estressado, tanto que brinquei com ela que se não parasse com a limpeza e fosse embora eu iria enxotá-la na vassoura. Ela riu e disse que está costumada a sair depois das 22h nas casas onde faz faxina.
 
O resultado disso é que passei praticamente o dia todo em frente ao computador. E a consequência foi escrever dois posts novos. Não satisfeito, ainda pedi ao ChatGPT para fazer uma crônica com as criaturas monstruosas das diversas mitologias. E o resultado ficou bem legal. Por isso, deixo de brinde essa crônica, “fingindo” que esqueci do meu propósito de me afastar do Blogson. Mas a culpa foi da faxineira que tem TOC com limpeza doméstica. Olhaí:
 
Meu pedido ao ChatGPT:  Você podia fazer uma crônica, conto ou poesia com as criaturas monstruosas das diversas mitologias.
 
A resposta foi: Claro! Vou criar uma crônica em tom literário, onde essas criaturas monstruosas das mitologias aparecem, mas não como em enciclopédia ou catálogo – e sim como personagens vivas que dialogam entre si. Aqui vai:
 

Dizem que, numa noite sem lua, o Olimpo fechou as portas para um congresso extraordinário das criaturas que os deuses preferiam esquecer. Vieram todas, das mais temidas às mais ridicularizadas.
A Esfinge, altiva, abriu a sessão com um enigma que ninguém quis resolver. O Minotauro mugiu impaciente, afirmando que a única coisa que desejava era um labirinto menos úmido. Hidra de Lerna tentou tomar a palavra, mas cada cabeça falava ao mesmo tempo, e o secretário – um Cérbero burocrático – pediu ordem, latindo em grego arcaico.
Das profundezas do mar surgiu Kraken, ainda pingando algas, reclamando que os humanos já não acreditavam nele, preferindo tubarões de cinema. Nuckelavee, aquele pesadelo das ilhas britânicas, se queixou do sol escocês que nunca lhe fazia bem à pele inexistente. E Anhangá, guardião das florestas, entrou furioso: ninguém mais o respeitava, nem os madeireiros, nem os políticos.
No fundo da sala, vampiros e lobisomens riam baixo, convencidos de que eram as únicas celebridades ainda contratadas para filmes e seriados. Górgonas reviravam os olhos, petrificando sem querer alguns estagiários.
E ali, entre resmungos e queixas, surgiu a questão central: “O que fazer para não sermos esquecidos?”
A Esfinge suspirou:
- Talvez devêssemos mudar de estratégia. Não assustar, mas seduzir. As pessoas gostam de monstros domesticados.
O Minotauro ergueu-se, indignado:
- Eu, mascote de pelúcia? Jamais!
Mas no fundo, todos sabiam: nada é mais monstruoso para uma criatura lendária do que o esquecimento.
Naquela noite, decidiram firmar um pacto: aparecer de vez em quando, discretos, em sonhos, em livros, em histórias contadas ao pé da cama. Não para devorar, mas para lembrar. Porque os monstros, afinal, também são a memória da humanidade.
E desde então, se alguma vez você sonhou com asas, dentes, tentáculos ou enigmas sem resposta… talvez tenha sido só um monstro passando para não ser apagado.

 

sábado, 20 de setembro de 2025

TIVE UMA RECAÍDA

Tive uma recaída e acessei o blog. Para minha surpresa, encontrei três comentários aguardando liberação. Isso me fez perceber que preciso abandonar a censura prévia, permitindo que os poucos leitores interajam entre si, já que pretendo me afastar novamente sem responder a nada. E, confesso, “caí em tentação” e escrevi mais um texto a ser publicado em futuro próximo.
 
Para provocar os leitores, deixo duas frases em latim (o Google traduz). Mas deixo também uma reflexão: todos sabemos que um dia iremos morrer, embora nem nos lembremos disso (ainda bem), como se tivéssemos direito à imortalidade. Tudo muda quando um choque de realidade altera radicalmente essa percepção, fazendo com que nos sintamos como os condenados de um “corredor da morte”: não sabemos quando seremos executados, mas temos a certeza de que nossa expectativa de vida é menor que a que teríamos se não estivéssemos ali.

quarta-feira, 17 de setembro de 2025

SUPORTANDO O DIA A DIA

 
O título deste post deveria ser "Não estou suportando o dia a dia". Por isso, vou aproveitar um trecho de uma paródia que o Millôr Fernandes fez para o poema de Manuel Bandeira “Vou-me embora pra Pasárgada”, porque se encaixa no meu momento:
 
Vou-me embora de Pasárgada
Sou inimigo do rei
Não tenho nada que eu quero
Não tenho e nunca terei
Vou-me embora de Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
 
Ninguém nunca me alertou que viver exigiria resiliência, resignação e estoicismo, que a vida seria como uma senoide, uma montanha russa que alterna alegria e tristeza, felicidade e sofrimento de forma tão dramática. Eu não me preparei para suportar isso!
 
Tenho andado triste, deprimido e muito preocupado com a saúde de minha mulher e, para piorar, com a recém-descoberta doença de meu irmão – preocupações que se somam a problemas financeiros quase insolúveis – e isso me tirou o ânimo, o tesão de publicar novos posts. Por isso tenho pensado em dar um tempo, sumir da blogosfera.

Paradoxalmente, num comportamento compulsivo e viciado como o de um animal selvagem preso em uma jaula e que fica andando para lá e para cá, tenho acessado mil vezes o blog, mas apenas olho sem ver, dominado pela ansiedade, pelas preocupações, desânimo e pelo medo do futuro. Não tenho mais nenhuma vontade de acessar os blogs que acompanho nem de comentar o que neles se publica, sem vontade nenhuma de escrever o que me ocorre, sem vontade de nada, com vontade de sumir.
 
Tentando aliviar a dor na alma, consegui a muito custo criar cinco posts-lixo que em outras épocas eu jamais publicaria. Mas esta é a “fase 2” do blog, a fase em que até o lixo merece consideração. Assim, programei a publicação deles a cada dois ou três dias, enquanto eu pego um uber para sair da Pasárgada do Millôr – ao menos na minha cabeça. Espero, preciso sumir por um tempo, dedicar-me ao mundo real, ao que é fundamental, tentar higienizar a mente (provavelmente sem sucesso). Chega de escapismo.
 
Não sei se conseguirei escapar do vórtice que me leva a esse buraco negro em que se transformou o blog, mas a partir de hoje o Blogson está no modo automático. Quanto tempo suportarei ficar longe dele? Um mês? Dois meses? Um ano? Não sei. Volto quando der vontade. Se der vontade.

domingo, 14 de setembro de 2025

ESPERANDO A FEIJOADA - PAULINHO PEDRA AZUL

 
Esta música foi composta por Heraldo do Monte (que faz o solo dessa apresentação, tocando uma viola de dez cordas) e tem letra de Tadeu Franco. É uma celebração do choro e dos músicos mencionados na letra. Uma feijoada deliciosa onde os pertences são instrumentistas e compositores vivos ou falecidos – sendo o albino Hermeto Pascoal o mais recente. Escutaí.
 


Violão, cavaquinho,
Pandeiros, cantores e flautas
Venham já, por aqui,
Comentam que faz muita falta
 
O tempero bom, cheiro mais que bom
Do choro que vai cozinhar
Feijão é que segura o vão
Mas choro é quem manda na fome do meu coração
 
Coração, escolhe o melhor do cardápio
Que o mestre Patápio vem dar numa canja mais uma lição
 
Violão, cavaquinho ( tô aqui)
Pandeiros, cantores e flautas,
Venham já (é prá já)
Tudo bem? ( tudo em paz),
 
Na sala o choro não tarda
Vai chorar de vez, toda santa vez
Que Hermeto for improvisar
Sutil e delicado som, num prato, num garfo
Ou no acordeon
 
Vai chamar Nazareth, Pixinguinha e os Oito Batutas
Enquanto batucam os ingredientes lá no caldeirão
 
É como um sonho bom
Ver em luz de neon
Chiquinha descer do céu de braço dado a Noel
Oh! Abram alas e um véu
Heraldo tira o chapéu e vem tocar
 
Violão, cavaquinho de cordas e notas tão vivas
Que dá prá esquecer essa fome
Que a fome de choro estancou

sábado, 13 de setembro de 2025

MIASTENIA

Durante o tempo em que convivemos diariamente ou quase isso, meu irmão mais velho foi sucessivamente meu amigo de infância, ídolo, mentor, incentivador, companheiro de festas e roubadas, crítico e – final e infelizmente – meu desafeto. Mas nunca deixei de gostar dele. E quando eu ainda era católico praticante sempre o coloquei em minhas orações. 

No próximo dia 15/09 ele completará setenta e oito anos. Mas descobri que está com uma doença neurodegenerativa, o que me deixou muito triste. Por isso, pedi ao ChatGPT que escrevesse um texto sobre a marcha implacável do Tempo e fizesse um desenho que simbolizasse a fragilidade da velhice. Meu irmão nunca saberá disso, mas fica aqui minha homenagem a quem marcou, influenciou e moldou boa parte da minha vida.


O tempo não tem pressa. Ele trabalha em silêncio, com a precisão de um artesão cruel. Começa riscando linhas quase invisíveis no rosto, pequenas marcas que parecem inofensivas, até que um dia já são sulcos profundos, trincheiras de uma batalha perdida. O corpo, que outrora respondia com prontidão, passa a trair, vacilante, lento, como se carregasse pedras escondidas nos ossos.

Mas não é apenas a carne que se curva sob o peso das horas. A mente, essa guardiã de lembranças, também se rende. Nomes se dissolvem na boca, rostos outrora familiares se tornam vultos, episódios inteiros evaporam como se nunca tivessem acontecido. O tempo tem a maldade de não apagar tudo de uma vez: ele deixa fragmentos, pedaços soltos, o bastante para ferir quem percebe que já não pode recompor o todo.

E, talvez, sua crueldade maior seja essa lucidez intermitente: a consciência de estar sendo corroído, de assistir ao lento desmoronamento da própria história, como quem vê uma casa se desfazer tijolo a tijolo, sem poder deter a ruína. 

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

A FORÇA DA MULHER

 

Como bem disse o amigo de quem recebi esta imagem, “A mulher sempre à frente do espaço e do tempo!”



TEM GENTE QUE NÃO DÁ COLHER...

 E o sol vai nascer quadrado...







BIOFILME

 
Uma das descobertas mais desconcertantes que fiz recentemente foi o mecanismo de defesa criado por bactérias para se proteger da ação de antibióticos. Trata-se do “biofilme” – ou filme biológico, a versão microbiológica dos escudos antimísseis criados pelas grandes potências para se proteger de ataques inimigos.
 
Esse biofilme é particularmente eficaz para as bactérias que se abrigam ao lado de uma prótese metálica, que, obviamente, não produz anticorpos para expulsar ou eliminar os micro-organismos invasores. Nesses locais os antibióticos ralam para fazer efeito e nem sempre conseguem, graças a esse biofilme filho da puta.
 
Pois bem, toda essa manifestação de erudição, toda essa aula de infectologia foi dada apenas para dizer que estou pensando em criar um filme biológico particular, para impedir a destruição de minha saúde mental, tantas são as notícias tóxicas divulgadas diariamente pelos meios de comunicação.
 
Estou achando que o melhor que faço é desligar o computador e sintonizar a TV em canais de desenhos animados. Bob Esponja pode ser uma boa. Ou então dormir e nunca mais acordar.

 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

AQUELA VELHA OPINIÃO...

 

Hoje eu penso que pessoas felizes são aquelas que já morreram. Nada as aflige, não sentem dor nem têm depressão.

Mas posso mudar de ideia sobre isso, pois se até um ministro do STF mudou de opinião sobre quase tudo o pensava antes, por que não posso eu mudar também?

ANÁLISE LITERAL

Minha sogra morreu acreditando que eu era uma pessoa boa. Em vão tentei demovê-la dessa ideia. Dizia-lhe que não me conhecia, que eu não era o que ela pensava de mim. Muitas pessoas também incorrem no mesmo erro. Uma vez, uma senhora idosa me disse: “Deve ser muito bom ser sua mãe!”. Coitada!
 
Esse engano nasceu da máscara que escolhi usar para me proteger do mundo: ser gentil, atencioso, sorridente e “bom”. Não que eu seja um canalha, mas “príncipe da bondade”, jamais – embora, às vezes, até eu acredite nessa persona fabricada. Por isso, quando li o Poema em Linha Reta, de Álvaro de Campos/Fernando Pessoa, foi como tomar a pílula vermelha de Matrix: era eu que estava ali!

O tempo passou, mas cada vez mais eu me identifico com o poeta fingidor. E por já ter publicado aqui no blog seus versos magníficos, pensei em publicar uma análise do poema feita por quem entende do assunto.

Encontrei um texto bacana, mas não sei a quem atribuir sua autoria. A única coisa que sei é que gostaria de tê-lo escrito. E é essa análise do "meu" retrato que transcrevo a seguir, junto com o conselho deixado por meu ídolo George Harrison:
Watch out now, take care, Beware of soft shoe shufflers” (Fique atento, tome cuidado com os trapaceiros de passos sorrateiros).
 
 
Análise/Comentário sobre Poema em Linha Reta
 
Escrito sob a voz do heterônimo Álvaro de Campos, Poema em Linha Reta é uma das composições mais marcantes de Fernando Pessoa justamente porque toca numa ferida universal: a dificuldade de assumir nossas fraquezas diante de um mundo que exige máscaras de perfeição.
Logo nos primeiros versos, o sujeito poético apresenta a premissa central — todos os seus conhecidos são “campeões”, sempre vencedores, sempre corretos, como se a vida lhes fosse uma linha reta sem tropeços. A ironia é evidente: Campos denuncia a hipocrisia social, o fingimento coletivo que elimina do discurso público qualquer falha, derrota ou imperfeição.
Na segunda parte, ele desloca o olhar para si mesmo e expõe, com brutal sinceridade, seus defeitos e vergonhas. Assume-se ridículo, covarde, mesquinho, parasita, alguém que foge de confrontos e se angustia com ninharias. Essa autodepreciação, longe de ser mero exibicionismo, funciona como contraste à postura idealizada dos outros. É como se dissesse: “Eu erro, eu falho, eu sofro — por isso sou humano. E vocês?”.
Na última parte, vem o desabafo mais contundente. O poeta acusa seus contemporâneos de viverem como “semideuses”, sem jamais admitirem uma infâmia, uma covardia, um ridículo que seja. Cansado dessa encenação, ele não pede que confessem grandes crimes, mas ao menos que assumam pequenas falhas — porque só assim a vida deixa de ser essa falsa “linha reta” e passa a refletir a verdade: um percurso cheio de desvios, contradições e quedas.
O tom do poema é de indignação, frustração e tédio, mas também de desejo de autenticidade. A linguagem — carregada de anáforas, ironias e versos longos e livres — traduz a urgência e a ansiedade do sujeito lírico, que se sente isolado no meio de tantos “campeões” irreais.
Dentro da trajetória de Álvaro de Campos, Poema em Linha Reta pertence à fase mais intimista, em que o heterônimo já não é o engenheiro futurista deslumbrado com a modernidade, mas o homem abatido, desencantado e consciente de sua própria fragilidade.
Mais do que um retrato pessoal, é uma crítica social que permanece atual: vivemos cercados de discursos de sucesso, imagens impecáveis e narrativas de vitórias, como se falhar fosse proibido. Nesse contexto, o poema ressoa profundamente porque nos lembra de que só há humanidade na imperfeição.
Em última análise, Poema em Linha Reta é um convite à coragem de ser imperfeito — de aceitar nossas quedas e de reconhecer que ninguém vive apenas de glórias. Pessoa, por meio de Campos, nos mostra que assumir o ridículo é talvez o gesto mais autêntico que podemos ter diante de um mundo que insiste em posar de “príncipe”.

quarta-feira, 10 de setembro de 2025

CRÔNICA BONITINHA

 
Minha mulher me mandou este texto, sem indicar o autor ou autora. Achei lindo e delicado, razão principal para ser compartilhado no blog. Não sei se os leitores gostarão, mas quase aposto que as leitoras o adorarão.  Lêaí.

Perguntei à minha mãe, há poucos dias, se depois de quase sessenta anos de casamento ela ainda estava apaixonada pelo meu pai.
Ela me olhou por um instante como quem procura palavras que não cabem em frases. Não respondeu. Apenas sorriu.
Mais tarde, quando cheguei em casa, encontrei no meu telefone a resposta que o silêncio dela já trazia:
“Às vezes me perguntas se ainda estou apaixonada por ele. Sorrio, não porque a pergunta é tola, mas porque a resposta não é simples. Como dizer sim — mas não como antes?
Já não é com borboletas no estômago nem fogos de artifício. É com raízes.
O amor, depois de tantos anos, já não é um furacão que te arrebata. É o chão firme que te sustenta. Não acelera o coração — acalma a alma. Não faz as mãos tremerem — dá força para levantá-las todos os dias.
Já não existem surpresas, mas existem rituais: o café tomado à mesma hora, as pequenas discussões sobre toalhas, o cobertor puxado quando o outro espirra. Não parecem grandes coisas… mas são.
Hoje, não espero gestos grandiosos. Espero que ele perceba quando minhas costas doem, que me abrace quando desmorono, que não me deixe sozinha nem quando eu mesma não sei lidar comigo.
Amar depois de uma vida inteira juntos não é como nos livros. É como ter uma língua secreta que só nós falamos. É entender o peso de um olhar cansado, a pausa no silêncio, o respirar ao mesmo tempo.
Então, sim. Ainda estou apaixonada por ele. Mas não pelo encanto do começo. Estou apaixonada por tudo o que construímos. Pela paz de saber que, em qualquer tempestade, ele ainda é — e sempre será — o meu abrigo.”

terça-feira, 9 de setembro de 2025

PRECISA COMENTAR?

 


VOCÊ TEM MEDO DE QUÊ?

 
Tenho observado que o pessoal que tem uma “quedinha” pela direita abomina ou se borra de medo de um futuro diferente disso. Por ser um ignorante político e para tentar entender essa maluquice, pedi ajuda ao ChatGPT, apresentando esta pergunta:
 
No Brasil a direita se pela de medo de que o país vire definitivamente socialista e sempre confunde socialismo com comunismo. Que pode dizer disso?
 
Talvez a resposta dada pelo ChatGPT acalme um pouco esse medo insensato. Lêaí a resposta da IA:
 
Isso é uma observação muito pertinente e comum no debate político brasileiro. Vou detalhar:
 
1. Medo do “socialismo”
No Brasil, termos como “socialismo” e “comunismo” são frequentemente usados de forma emotiva ou simbólica, mais do que técnica.
Muitas pessoas de direita associam qualquer política de redistribuição de renda, programas sociais ou maior intervenção estatal à ideia de socialismo.
Essa confusão cria um medo de que o país perca a liberdade econômica ou se torne autoritário, mesmo quando o socialismo defendido é democrático ou moderado.
 
2. Confusão entre socialismo e comunismo
Socialismo democrático (ex.: programas de bem-estar social, impostos progressivos, empresas públicas limitadas) não é sinônimo de comunismo.
Comunismo, no sentido clássico, implica eliminação da propriedade privada e, teoricamente, do Estado.
No debate político brasileiro, essas diferenças quase nunca são explicadas; o termo “socialismo” muitas vezes é usado como sinônimo de “perda de liberdade” ou de “ameaça comunista”, mesmo quando se trata de políticas públicas comuns em democracias ocidentais.
 
3. Efeito prático
A confusão gera polarização, desinformação e resistência a reformas sociais ou econômicas moderadas.
Também permite que o rótulo “socialista” seja usado como arma retórica para mobilizar medo, sem precisar discutir conteúdo real das políticas.
 
4. Resumindo:
No Brasil, a direita muitas vezes associa qualquer política de redistribuição ou intervenção estatal ao “socialismo”, confundindo-o com comunismo. Isso gera medo de perda de liberdade e reforça a polarização, mesmo quando se trata de medidas democráticas e moderadas.

segunda-feira, 8 de setembro de 2025

DÁ-LHE, BARROSÃO!

 
Barroso diz que julgamento no STF é sobre provas e não disputa política
Presidente do Supremo Tribunal Federal Segundo ele, diferentemente do que ocorreu na ditadura, atualmente 'tudo tem sido feito à luz do dia'.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, deu declaração à imprensa nesta segunda-feira, quando afirmou que o julgamento que envolve o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus da trama golpista é sobre provas e não disputa política.
 
O ministro também fez uma comparação com o período da ditadura militar. Segundo ele, naquele regime não havia devido processo legal, nem transparência nos julgamentos.
 
“Tendo vivido e combatido a ditadura, nela é que não havia devido processo legal público e transparente, acompanhado pela imprensa e pela sociedade em geral. Era um mundo de sombras. Hoje, tudo tem sido feito à luz do dia. O julgamento é um reflexo da realidade. Na vida, não adianta querer quebrar o espelho por não gostar da imagem”.
 
Não gosto de ser comentarista do fato político do dia e estou aguardando o julgamento para me pronunciar em nome do Supremo Tribunal Federal. A hora para fazê-lo é após o exame da acusação, da defesa e apresentação das provas, para se saber quem é inocente e quem é culpado. Processo penal é prova, não disputa política ou ideológica”.
 
(extraído do portal G1)

EU PRECISO RIR UM POUCO!

 


domingo, 7 de setembro de 2025

DOIS EM UM

Este post é um híbrido, um "dois em um", pois reúne conteúdos produzidos em dois momentos distintos. E a culpa disso são as manifestações da extrema direita no dia de hoje. Manifestações previsíveis, mas muito irritantes, pois depois de ver milhares de pessoas vestidas de verde amarelo pedindo a intervenção dos Estados Unidos, estendendo bandeiras daquele país, pedindo ou exigindo anistia para isso ou aquilo, cheguei à conclusão que essa gentinha e eu não moramos no mesmo país, pois fica a sensação de que desejam  transformar o Brasil em mais um protetorado americano. 

Por isso, pedi ao ChatGPT para fazer a caricatura de um burro ou jumento vestido com a camisa da seleção brasileira, usando antolhos (viseiras) com as cores da bandeira americana.  Só que a mula dessa IA resolveu inventar e, em lugar de antolhos, colocou óculos no desenho. Acho que ela é tão burra quanto quem se dispôs a atender à convocação do Silas Mala.



E agora o texto que estava guardando há algum tempo. Lembrando-me das críticas políticas feitas pelo Millôr Fernandes, pedi à IA do Google para explicar/informar qual era a ideologia do humorista. E saiu o texto abaixo transcrito. E porque resolvi publicá-lo? Porque eu penso exatamente como o Millôr pensava, o que me fez ser chamado de "isentão" e de "duplipensar", ofensas que me deram vontade de responder, dizendo que “isentão é a puta que pariu”. E a resposta para a acusação de duplipensar não tornarei pública, por estar relacionada ao aparelho escretor da progenitora de quem disse isso. Mas vamos ao texto:

Millôr Fernandes não se encaixava em rótulos de esquerda ou direita, sendo considerado um individualista indomável e defensor do bom senso. Ele era conhecido pelo seu humor crítico e por expressar um espírito independente, mais do que por alinhar-se a um lado específico do espectro político. As razões para essa visão de Millôr são:
- Independência e Bom Senso:
A principal característica apontada por quem o conhecia era a sua abordagem baseada no bom senso e em um individualismo marcante, que o colocava acima das convenções políticas. 
- Crítica Aos Extremos:
Millôr criticava figuras políticas e a própria estrutura de Brasília, demonstrando um distanciamento das ideologias partidárias e uma visão mais crítica da sociedade. 
- Foco na Arte e Humor:
A obra de Millôr Fernandes, incluindo seu humor gráfico e crônicas, era sua principal forma de expressão, analisando a sociedade e não se limitando a uma agenda política específica.
 
Bacana, não? Lendo o livro "A Bíblia do Caos" (até hoje não terminei o livro que recebi de presente do titular do blog "A Marreta do Azarão"), descobri um Millôr muito mais humano do que eu desconfiava: presunçoso, revoltado, complexado, vaidoso e mais uma penca de defeitos e qualidades que não vem ao caso detalhar. Mas, para mim, o maior defeito do Millôr foi pensar livremente, sem cercas nem restrições. Como ele mesmo disse, "os pássaros voam porque não têm ideologia". Ah, Millôr!







 
 

 

 

 


sábado, 6 de setembro de 2025

BOM MESMO

  
Encerrando as homenagens ao Veríssimo.
 
Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de um grupo, durante a qual mantivera um silêncio triste, ele suspirou fundo e declarou:
- Vocês ficam ai dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!
O que realmente diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade, considera bom mesmo. Não apenas bom. Melhor do que tudo. Bom MESMO.
Um recém-nascido, se pudesse participar articuladamente de uma conversa com homens de outras idades, ouviria pacientemente a opinião de cada um sobre as melhores coisas do mundo e no fim decretaria:
- Conversa. Bom mesmo é mãe.
Depois de uma certa idade, a escolha do melhor de tudo passa a ser mais difícil. A infância é um viveiro de prazeres. Como comparar, por exemplo, o orgulho de um pião bem lançado, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro da terra úmida e o cheiro de caderno novo?
- Bom mesmo é o cheiro de Vick VapoRub.
Mas acho que, tirando-se uma média das opiniões de pré-adolescentes normais brasileiros, se chegaria fatalmente à conclusão de que nesta fase bom mesmo, melhor do que tudo, melhor até do que fazer xixi na piscina, é passe de calcanhar que dá certo.
Mais tarde a gente se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher (ou prima, que é parecido com mulher), mas no fundo ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.
Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!
Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas (“Pra mim é sexo em primeiro e romance policial em segundo, mas longe”). Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original.
- Bom mesmo é figada com queijo.
- Melhor do que sexo?
- Bom... Cada coisa na sua hora.
Com a chamada idade madura, embora persista o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teórico, do sexo, as necessidades do conforto e os pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.
- Meu filho, eu sei que você aí, tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender isto. Mas tome nota do que eu digo porque um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.
E esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante sobre a Terra, do colo da mãe, que parece que nada, jamais, substituirá, à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável, se não é igual, é parecido. E que bom, mas bom MESMO, é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.

Grande e insubstituível Veríssimo! Para encerrar, só posso dizer que bom mesmo é leite gelado com  Toddy. Claro, depois do sexo.

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

EVIDENTE

 
Vidente é quem vê o invisível. E quem ouve o que é inaudível? Ouvidora? Ouvidente?
 
Mensagem telepática enviada pelo advogado do ex-ministro da defesa no governo passado para os advogados de defesa do ex-presidente:

“Segura aí na broxa que eu vou tirar a escada!”

FRASES DO VERÍSSIMO

 

Mais uma homenagem a meu ídolo Luis Fernando Veríssimo. E uma frase mereceu ser colocada em destaque.

Eu desconfio que a única pessoa livre, realmente livre, completamente livre, é a que não tem medo do ridículo.

A verdade é que a gente não faz filhos. Só faz o layout. Eles mesmos fazem a arte-final.

É "de esquerda" ser a favor do aborto e contra a pena de morte, enquanto direitistas defendem o direito do feto à vida, porque é sagrada, e o direito do Estado de matá-lo se ele der errado.

Às vezes, a única coisa verdadeira num jornal é a data.

A sintaxe é uma questão de uso, não de princípios. Escrever bem é escrever claro, não necessariamente certo. Por exemplo: dizer "escrever claro" não é certo mas é claro, certo?

No Brasil o fundo do poço é apenas uma etapa.

Só acredito naquilo que posso tocar. Não acredito, por exemplo, em Luiza Brunet.

Quando o casamento parecia a caminho de se tornar obsoleto, substituído pela coabitação sem nenhum significado maior, chegam os gays para acabar com essa pouca-vergonha.

Muitas mulheres consideram os homens perfeitamente dispensáveis no mundo, a não ser naquelas profissões reconhecidamente masculinas, como as de costureiro, cozinheiro, cabeleireiro, decorador de interiores e estivador.

Brasil: esse estranho país de corruptos sem corruptores.

Nunca usei bombacha, não gosto de chimarrão e nem de me lembrar da última vez que subi num cavalo. Aliás, o cavalo também não gosta.

Com esse negócio de clonagem, já estou me sentindo um disco de vinil.

Você é o seu sexo. Todo o seu corpo é um órgão sexual, com exceção talvez das clavículas.

Quando a gente acha que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas.

O futuro era muito melhor antigamente.

Os tristes acham que o vento geme; Os alegres acham que ele canta.

O mundo não é ruim, só está mal frequentado.

Resignemo-nos à ignorância, que é a forma mais cômoda de sabedoria.

Você só sabe até onde pode ir quando já foi.

Vivemos cercados pelas nossas alternativas, pelo que podíamos ter sido.

Desenvolvi uma mente defensiva como um condomínio fechado. Uma mente com guarita, que abate qualquer inimigo na porteira.

Mas, como em tudo na vida, no amor também é preciso moderação.

Ironia tem que ser entendida como ironia, senão não é ironia.

Não sei para onde caminha a humanidade. Mas, quando souber, vou para o outro lado.

O outono é a única estação civilizada. A primavera é descontrole glandular da Natureza. O inverno é o preço que a gente paga para ter o outono, e por isso está perdoado. O verão é uma indignidade.

Passamos a vida inteira nos preparando para nossa morte e quando ela vem não podemos assistir.

A gente não faz aniversários. Os aniversários é que vão fazendo a gente. E depois, pouco a pouco, nos desfazendo.

Nosso dilema continua sendo que só nos livramos da morte livrando-nos do corpo e só nos livramos do corpo morrendo.

Ninguém é o que pensa que é, muito menos o que diz que é. Precisamos da complicação para nos definir. Ou seja: ninguém é nada sozinho, somos o nosso comportamento com o outro.

Ninguém é o que parece ou o que aparece. O essencial não há quem enxergue.

Nada como uma boa conversa para se encontrar a solução de qualquer coisa, mesmo a insanidade.

Escrevi uma vez que era um cético que só acreditava no que pudesse tocar: não acreditava na Luiza Brunet, por exemplo. Cruzei com a Luiza Brunet num dos camarotes deste Carnaval. Ela me cobrou a frase, e disse que eu podia tocá-la para me convencer da sua existência. Toquei-a. Não me convenci. Não pode existir mulher tão bonita e tão simpática ao mesmo tempo. Vou precisar de mais provas.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

ALMAS GÊMEAS

 
Sabe aquele momento feliz em que você descobre que há gente que pensa como você – e que ainda ganha dinheiro com isso?
 
Hoje fui ao supermercado fazer algumas compras – e quando eu digo “algumas” é por já estar “medindo a água com o fubá”, controlando os gastos. Mostarda era um desses itens. Como não gosto desse sabor, estava preocupado apenas com o preço.
 
Mas tudo mudou ao ver um autêntico trocadilho jotabélico impresso no rótulo: "mostarda mas não falha...". Como eu poderia resistir a isso? Acho que vou até mandar uma mensagem para o fabricante rasgando os maiores elogios ao produto. Olhaí.

BANZÉ!

Esta postagem inaugura a fase genérica do blog. Não tenho mais nenhum compromisso ou preocupação com qualidade e relevância. Agora, o que der na telha publicar, será publicado. Este texto estava na lixeira do blog, pois tive vergonha de publicá-lo. Agora, vivendo a fase do foda-se, resolvi resgatá-lo (vai ser difícil me adaptar e aceitar esta nova fase!).


Meu filho está lendo o livro “Os Doze Trabalhos de Hércules” para a Bia e a Cacá. Só por diversão, tive a ideia de mostrar para elas o desenho de um centauro que tivesse a minha cara. E fiz esse pedido ao ChatGPT, acrescentando as seguintes instruções: “Eu tenho um nevo pigmentado e cabeludo no lado esquerdo do rosto e estou obeso (IMC 31,3). O retrato que escolhi para te inspirar é este”.
 
Por imaginar que não pegaria bem um centauro glabro, anexei esta foto de três  anos atrás, quando ainda estava com barba:

 
 
E o “produto” entregue foi este:
 
 
 
Parecia até que ele/eu estava segurando uma manta de gordura. É obvio que tinha de reclamar, e escrevi: “Não tão gordo!
 
E a IA filha da puta refez o desenho, mas mostrando um jotabê sorridente, com olhos puxadinhos e com cara de japonês!
 
De onde ela tirou essa ideia? Ninguém pediu um centauro japonês! Só faltou escrever “Banzai!” - ou “BanZé!”. Olhaí:
 


  

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

JOGUEI MINHA BÚSSOLA FORA

  

Este texto vem sendo escrito e reescrito e sua publicação vem sendo protelada há muito tempo, obedecendo aos ciclos de depressão e alegria. Alguém mais atento talvez perceba o sentimento predominante no momento em que cada trecho foi escrito ou reescrito. Mas hoje decidi chutar este balde enferrujado, justamente por estar muito triste, cansado e deprimido, com vontade de sumir, de estar morto. Por isso, joguei minha bússola fora, entortei as pernas de meu compasso, quebrei em dois meu metro de madeira e dei marteladas na balança. Em outras palavras, não tenho mais sentido nem direção a seguir.

Há muito tempo eu vinha maturando a ideia de desembarcar do Blogson, deixando-o à deriva, sem piloto, comandante ou âncora. Para mim, já não fazia sentido continuar postando se a inspiração e o desejo tinham chegado a zero. Cheguei até a rascunhar uma despedida para o dia em que decidisse, de vez, chutar o balde.

Mas aconteceu o inesperado: ao submeter esse rascunho ao ChatGPT para conferir se estava tudo certo – sem erros gramaticais ou de concordância –, fui surpreendido por um comentário dele. E o mais curioso é que isso veio de uma IA:

“Talvez você não precise abandonar o blog – só se libertar da obrigação de mantê-lo como antes.
Permita-se postar quando e o que quiser, sem meta, sem compromisso e sem a necessidade de ser sempre autoral. Pode ser uma frase solta, uma música, um link, um texto de outra pessoa ou até uma lista de compras.
O blog pode deixar de ser um dever e voltar a ser um prazer. Sem a pressão de agradar ou impressionar, você escreve e publica apenas quando sentir vontade, nem que seja raramente. O importante é que ele continue sendo um espaço seu, mas sem te escravizar.”

E aí eu relaxei. Mandei chamar o cabo corneteiro para tocar o toque de “foda-se” e decidi que continuarei postando textos de terceiros, links de música, listas de compras, frases sem sentido ou qualquer coisa que me der na telha – sem me preocupar em agradar ou impressionar ninguém. Apenas pelo desejo de postar, sem data e sem assunto.

E, para quem tiver curiosidade, aqui está o rascunho da "despedida que não houve”, sem formatação:

Acho que chegou o momento (um dia chegaria!) de “passar a bola” para os blogueiros mais novos e (ins)pirados. Creio não ter mais nada a dizer e, principalmente, nenhuma vontade de dizer. Talvez a angústia provocada por problemas familiares tenha contribuído para isso, mas o fato é que parecem ter sido drenadas a inspiração e a vontade de escrever alguma coisa minimamente atraente. Isso me entristece, mas sei ter-me transformado em um burocrata do blog, um "blogocrata" preocupado apenas em cumprir a rotina de postar quase diariamente. Onze anos foi tempo suficiente para publicar 3.243 posts até hoje  sem contar os excluídos. Se isso foi bom ou ruim, só posso dizer que sim, foi bom, muito bom, pois exorcizei demônios antigos, descobri alguns novos, fiz autoterapia (blogoterapia) e me diverti bastante. Mas agora isso acabou, pois não encontro diversão nas coisas que retiro do cérebro a conta-gotas. Nada mais natural portanto que eu "passe o bastão" para blogueiros mais jovens e inspirados. Continuarei a ler os blogs que acompanho, e talvez este post não seja um adeus definitivo, talvez só um "até logo" ou "até um dia". Mesmo assim meu sincero e eterno agradecimento a todos os leitores atuais e aos que se afastaram. A alegria que seus comentários me proporcionaram é indizível.

E já que vou continuar, talvez devesse mudar o mote “o blog da solidão ampliada” para “o blog da irrelevância ampliada”. Mas vou deixar como está, mesmo que o blog seja a partir de agora um Blogson Crusoe genérico, irrelevante e vira-lata. Ué, mas isso ele já era antes!


ASSEMBLEIA DOS MONSTROS

  Hoje aconteceu uma coisa estranha: minha cunhada, com pena da pedreira que tenho encarado como homem dólar (do lar), sempre envolvido com ...