sábado, 30 de junho de 2018

ENGAIOLADO


Este é um comentário, uma resposta que acabou virando novo post. Taí, este texto é um(a) respost! Que acha, Marreta?

Não entendo de aquários e detesto gaiolas. Sempre achei abominável a visão de pássaros engaiolados; nunca consegui aceitar que alguém aprisione passarinhos só por gostar de seu canto, suas cores, sei lá que mais. Os pássaros jamais deveriam ser aprisionados em gaiolas. Os defensores dessa crueldade argumentam que os canários e seus companheiros de infortúnio morreriam se fossem soltos, pois “estão acostumados” com a falta de liberdade. Comovente! Então, por que foram capturados e presos?

Uma vez eu li que as aves em geral têm um “espaço vital” ou território, cada espécie com um tamanho ou abrangência diferente.  As aves de rapina têm quilômetros quadrados para chamar de seus. Pássaros pequenos movimentam-se em espaços menores. Mas nada comparado com gaiolas.

Eu fui uma criança engaiolada e sei o quanto foi estranho ver a porta abrir-se um pouco. Talvez nunca tenha conseguido abandonar as gaiolas em que fui entrando ao longo da vida. É por isso que eu digo: “Abaixo as gaiolas!

Sou contra gaiolas, estejam elas com animaizinhos indefesos ou aprisionando nossas vidas, nossos sonhos e emoções. Sentir-me livre algumas vezes, ainda que fossem sensações fugazes, tornou-me um defensor perpétuo da Liberdade. (Acho que me entusiasmei demais. Está frio agora, talvez seja melhor entrar de novo e fechar bem a porta...)



Um comentário:

  1. Respost é muito bom, e infame, como sempre.
    Eu sempre fui uma criança e um adolescente muito tímido, muito engaiolado, só não sou um adulto assim porque sou obrigado a trabalhar e a conviver minimamente com as pessoas.
    Acho que quando me aposentar - se é que isso virá a acontecer com todas essas mudanças - voltarei de vez à minha gaiola, mas ela é uma opção minha, o que, claramente, não é o caso dos bichinhos.
    Meu filho ganhou, há uns meses, dois peixes de briga de uma amiga da esposa; me coloquei contra, ainda mais que tais peixes nem podem viver na companhia de outros, têm de viver separados um do outro em pequenos cubículos de vidro, mas fui voto vencido; aliás, nem voto fui, nem consideram, a gente vai ficando mesmo invisível com a idade.

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