quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

DESMAGNETISMO PESSOAL

Pelo menos no meu caso, a adolescência foi igualzinha à Idade Média, um período de trevas. Isso ficou meio dramático, mas é verdade. Pensem bem, é uma fase entre a infância feliz (fodida, no meu caso) e a maioridade (depois vem a maturidade, mas deixa pra lá). Então, é mesmo uma idade intermediária - ou média (já vi que não sairá nada que preste desta goma).

É também uma Idade das Trevas, pois é cheia de medos, incertezas e solidão (no banheiro então, nem me fale).  Por que estou falando nisso? Por ser este texto uma reação a um comentário sobre outro post feito pelo meu amigo virtual Marreta, imperador absoluto do blog “A Marreta do Azarão”. Para que não restem dúvidas, o diálogo foi assim:

“Eu tenho umas quarenta fitas cassetes; todas gravadas ou de LPs emprestados, ou, a maioria delas, música a música, direto das FMs, um trabalho de tocaia e de garimpo. Ouvi uma delas tempos atrás e o som realmente não soou como nos velhos tempos, mas acredito que a culpa não seja da fita, prováveis oxidações do metal (lembra das de cromo?) ou desmagnetizações. A principal causa da queda de qualidade do som é o nosso envelhecimento, JB, não da fita, principalmente o arrefecer de nossos ânimos. Não vivemos mais no contexto em que as gravamos, não somos mais tão jovens nem temos todo o tempo do mundo.”

Na época dessa música eu tinha o dobro da sua idade (essa relatividade sempre me pareceu bizarra). Por isso, para mim, você ainda é um menino, ainda tem cheiro de fralda. Mas o que posso dizer é que nunca tivemos todo o tempo do mundo, apenas pensávamos que tínhamos. E éramos mais magnetizados.

“Já tô quase com cheiro de fralda mesmo: das geriátricas. Na época, você tinha duas vezes a minha idade, hoje tem apenas 1,35 vezes. Logo, logo, te alcanço; essa relatividade me assusta mais. Sacanagem. Mais magnetizados, eu não sei, mas éramos mais magnéticos; hoje eu não atraio mais porra nenhuma!”


Pois bem, meu caro Marreta, como este é um post-resposta (estou reciclando tudo!), preciso confessar que na adolescência eu era desengonçado, feio pra caramba, magrelo, sem graça, tímido, muito tímido e idiota, muito idiota. Fico feliz de saber que você foi um cara “magnético”. Da minha parte posso dizer que a única coisa que eu peguei na adolescência fui caxumba, que me deixou de molho mais de uma semana. Conclusão possível (para não entrar no enunciado da Lei da Gravitação Universal do Newtinho): cada um atrai o que pode e consegue. Mais acaciana, impossível.

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