sexta-feira, 25 de setembro de 2015

FIAT LUX!!! - 01

Depois de "inventar moda" (como se dizia antigamente) ao tentar fazer humor com sólidos geométricos, vetores e noções de conjuntos - com a qualidade decrescendo nessa ordem - fiquei imaginando uma coisa mais minimalista ainda. Surgiram assim os desenhos que começarão a ser divulgados diariamente a partir de hoje pelos próximos quinze ou vinte dias (para não perder a sequência lógica). Os personagens são um segmento de reta, um círculo e uma "nuvem". E o tema, bom... o tema...

Para mim, a diversão maior foi utilizar apenas recursos do Word e do Paint Brush (99%, para ser mais verdadeiro) para fazer os "desenhos". O humor assim obtido reflete o minimalismo das formas escolhidas, ou seja, é mínimo também. Mas foi divertido fazer. Vê aí.




sexta-feira, 18 de setembro de 2015

NOÇÕES BÁZECAS SOBRE CONJUNTOS - RANKING

Esse é outro post que só tem algum interesse para mim. A piada melhor classificada não é um desenho, mas tem o atrativo gigantesco de citar o nome dos Beatles, atraindo algum navegador distraído.

Numa boa, todas as piadas dessa série são bem fraquinhas, dificultando minha escolha pessoal. Para mim, a menos ruim é a que brinca com a noção de subconjuntos. Para os leitores do Blogson, essa coisinha ocupa o segundo lugar.


SINCRETISMIS RELIGIOSIS

Ajudado pelas cervejas "Biritis" e "Cacildis" que trazem no rótulo seu sorriso largo, o Mussum ficou de novo em evidência. Bacana demais, porque o Antonio Carlos era mesmo uma simpatia e merece ser lembrado sempre, pois é impossível esquecer sua participação hilária no grupo "Os Trapalhões".

O que talvez a maioria não saiba é que, aparentemente, cada um dos participantes seguia uma religião diferente. Se o Dedé Santana hoje é evangélico e o Didi Mocó provavelmente católico, o Zacarias era espírita declarado. Mas, segundo li na internet, o Antonio Carlos nunca se declarou seguidor de nenhuma religião, "embora acendesse umas velas, pois não era bobo". Uma coisa eu sei: no tempo que atuavam juntos, na época das vacas gordas, o Didi, o Dedé e o Zacarias certamente eram Mussum manos
Issa!

NOÇÕES DE ZÉOMETRIA ESPECIAL - RANKING

Esse é o tipo de postagem que acredito só interessar a mim, naturalmente atraído por números, índices e ordenação de coisas. Como fico pentelhando o Blogson todos os dias, ora corrigindo, ora acrescentando ou excluindo trechos de textos a publicar ou já publicados, notei que, das três séries de desenhos baseados em conceitos matemáticos, só tinha feito a classificação dos posts dos vetores. Não deu outra: imediatamente, usando o mesmo formato, comecei a classificar os desenhos pelo número de acessos que tiveram. Coisa de maluco, velho ou desocupado. Eu possuo essas três características, daí...

Como a quantidade de leitores do blog é muitíssimo pequena, é natural que alguns desses desenhos tenham tido a mesma quantidade de visualizações. Se fosse um blog tipo "Mixidão", com mais de 5.000 acessos mensais (segundo seu dono) ou "A Marreta do Azarão", que estimo ter uma média mensal de quase 4.000 acessos desde sua criação, esses empates não aconteceriam, pois a penetração do Blogson seria muito maior (epa!, eu disse do, não no).

Independente de haver ou não empate, meu desenho predileto está distante do primeiro lugar definido pelos 2,3 leitores do Blogson. E a razão é simples: embora goste de (quase) todos, o que sempre me faz rir (a prova de que eu não sou muito normal) é o cartoon do ovo (ou ovoide). Uma vez eu li que durante uma refeição ou coisa parecida, tentaram diminuir a importância da descoberta da América pelo Colombo (que estava presente), etc. É mais que provável tratar-se de lenda (mesmo que a internet, com suas maluquices e teorias da conspiração, nem existisse ainda quando eu li essa história).

O "Cris" (intimidade demais é foda!) fica puto com isso e desafia alguém a colocar um ovo em pé. Depois de inúteis tentativas, ele bate levemente o ovo na mesa, criando uma superfície plana na casca, em decorrência da quebra naquele lugar. E o ovo fica em pé (imagino que devia estar cozido, para não fazer aquela meleira na toalha). Reclamaram que assim qualquer um faria, etc., etc. Colombo então diz que sim, que qualquer um faria, mas isso só ficou fácil depois que ele fez. Fim da lenda.

Lembrando-me dessa historinha, imaginei uma combinação do sólido em posição totalmente improvável, instável, nem vertical nem deitado, com o nome "Colombo" - que remete a essa lenda sobre o descobridor da América. Numa boa, essa é uma piada bastante doentia e, por isso mesmo, a mais divertida para mim.


MINHA EXPERIÊNCIA NUCLEAR - FINAL

Deixei para falar das propostas técnica e comercial por último, por serem literalmente a chave e o fecho destas lembranças. Mas, vamos devagar.

A proposta comercial não tinha nada de especial que a diferenciasse de outras propostas apresentadas para outras obras, de outros órgãos. Era composta de planilhas detalhadas para cada um dos prédios da usina, cada planilha contendo a quantidade prevista de concreto, ferragem, movimentação de terra, etc. Essa quantidade era fornecida pela própria Nucom, pois os projetos executivos não estavam ainda disponíveis. Além das planilhas, havia resumos de preços, cronogramas físico-financeiros, demonstrativo dos encargos sociais incidentes no preço da mão de obra, e as chamadas "composições de preços unitários" para cada um dos preços ofertados.

Essas composições são demonstrativos super detalhados de cada um dos preços cobrados. Assim, só para dar exemplo, para assentar um metro quadrado de azulejo, a composição trazia o azulejo considerado já com a previsão de quebra, a quantidade de argamassa necessária, as horas de azulejista gastas para assentar aquele metro quadrado, etc. E, claro, o custo unitário de cada um desses componentes, de tal forma que, ao final do demonstrativo, obtinha-se o valor unitário do serviço. Após a aplicação das taxas de administração, impostos e lucro, tinha-se finalmente o preço unitário que seria aplicado às quantidades fornecidas pela Nucom. Resumindo: nada de anormal ou suspeito havia na proposta comercial. O "tchã" da história estava na proposta técnica.

Se alguém quis saber a razão da papelada já descrita, a razão é simples. Na década de 1980 (não sei como é hoje) as propostas técnicas atingiram um padrão de qualidade e de apresentação tal que poderiam tranquilamente ser chamadas de "propostas estilo ostentação", tal a quantidade, detalhamento e riqueza das informações nelas contidas.

Começava-se por descrever as implicações logísticas decorrentes da localização da obra. Descrevia-se como os materiais mais importantes seriam obtidos, qual a forma de estocagem, quais as alternativas, etc. O mesmo se fazia com a mão de obra: quantos operários seriam alojados, quantos recrutados na região, qual a estimativa de casados e solteiros, qual o máximo previsto para cada categoria, como seria feito o fornecimento de alimentação para todos, quantos refeitórios precisariam ser construídos, qual o equipamento de cozinha seria utilizado, em quantos turnos previa-se o trabalho, etc., etc.

Os equipamentos previstos tinham o mesmo tratamento: além da descrição detalhada das unidades industriais (britagem, centrais de concreto, centrais de formas e de armação), ainda era abordado o plano de manutenção, como seria a planta das oficinas, qual a equipe prevista, qual a quantidade de ... e bla bla bla. 

A descrição de como seriam executadas as várias etapas construtivas da obra era exaustivamente detalhada, e qualquer servicinho era esmiuçado quase ao nível molecular. Essas informações transpostas para o papel transformavam as propostas técnicas em verdadeiras aulas, em cursos rápidos de engenharia.

Mas o edital de Angra 3 continha uma coisa a mais, uma exigência que, mal utilizada, poderia converter-se em um verdadeiro Cavalo de Tróia: as composições de preços unitários já mencionadas deveriam obrigatoriamente fazer parte da proposta técnica, mas sem nenhuma indicação de preço. Essa novidade talvez tenha sido pensada em virtude da natureza estratégica da obra, como uma forma de "garantia da qualidade" para o contratante. Pode ser...

O fato é que, de posse do esqueleto de cada um dos preços antes da proposta comercial ser aberta, a empresa contratante poderia tranquilamente fazer uma auditoria prévia do preço final ofertado de cada concorrente, sem precisar tirar o lacre da proposta comercial. Para essa auditoria, bastaria acrescentar os preços unitários dos materiais e dos demais componentes. Traduzindo: se eu sei que a empresa XPTO prevê gastar 6 sacos de cimento para fazer um metro cúbico de concreto, basta multiplicar os seis sacos pelo preço unitário do cimento. Depois, é só multiplicar o valor assim obtido pela quantidade prevista de concreto para a obra toda.

Mesmo em uma época onde não havia computadores de mesa, fazendo isso com todos os serviços, não seria difícil descobrir o preço final apresentado por cada concorrente, com pequena margem de erro. Esse era o Cavalo de Tróia. Se houvesse naquela época um jogo de cartas marcadas tal como aconteceu no Petrolão, seria muito fácil arranjar algum defeito subjetivo em uma proposta com pinta de ganhadora, para desclassificá-la sem sequer abrir a proposta comercial.

Jamais saberei o que aconteceu naquela época. De nada adiantou a consultoria de uma empresa alemã que já construíra usina similar a Angra 3, nenhum efeito deve ter causado aquela inacreditável massa de textos e desenhos produzida. Nem a dedicação integral de alguns dos mais brilhantes profissionais que tive a honra de conhecer, pertencentes ao quadro de engenheiros e técnicos da empresa. Nenhum peso teve a verdadeira fortuna gasta na proposta mais sofisticada já apresentada pela construtora.

Talvez nem fosse necessária a "tática diversionista" montada pelo "major". Fico matutando que a proposta da empresa onde trabalhei pode ter corrido mais risco depois de ter sido entregue do que no seu transporte de BH para o Rio. Naqueles dias em que os generais presidentes governavam, nossa proposta foi desclassificada, não sei se devido a problemas na documentação (o que eu duvido) ou, o que é quase certeza para mim, na proposta técnica, onde estava amarrado o cavalinho de tróia.

Com a desclassificação, a proposta comercial, tal como previsto no edital, não foi aberta (talvez nem fosse preciso, não é mesmo?). Dentre as empresas grandonas classificadas, a Andrade Gutierrez deve ter apresentado o menor preço. E foi declarada vencedora da licitação.


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

2007

Às vezes, remexendo velhos backups, acabo encontrando alguma coisa que tinha passado despercebida em outras garimpadas. É mais ou menos como uma busca por fósseis de animais extintos em uma rocha sedimentar. De repente, a ferramenta do pesquisador descobre em alguma camada geológica a evidência de que ali pode encontrar-se um esqueleto ou sei lá o que, provando que naquele lugar existiu alguma forma de vida. É mais ou menos isso que acontece comigo.

Nas picaretadas que dei hoje, encontrei um e-mail endereçado a meu irmão, quase três anos mais velho que eu, dois dias após seu aniversário (15/09) e escrito no tempo em que ainda nos falávamos. Hoje, isso não existe mais - nem existirá, exceto se for através de algum centro espírita, depois que eu passar para outra encadernação. 

No e-mail, apesar de ser mais novo que ele, eu falava sobre a sensação de envelhecer. O texto é do tipo "mais do mesmo". A diferença é que eu tinha "apenas" 57 anos.

Mas fica aqui uma pergunta: alguém ainda suportará ler mais uma lenga-lenga minha sobre esse assunto? Vê aí.


Não há como negar, envelhecer é uma bosta. Falo isso com conhecimento de causa, lógico. De repente, algum filho da puta te chama de "tio" e você se dá conta que a sua imagem exterior é essa mesma, de tiozão, mesmo que seus olhos teimem em ver a vida tal como sempre a viu (ou deixou de ver). 

Gostaria que não fosse amargo, que você não se tornasse amargo. Às vezes (ou sempre) somos cobrados, esperam de nós comportamentos estereotipados de acordo com nossa faixa etária, mas isso é uma merda. É lógico que precisamos ter um olho no espelho, para não cair na armadilha do ridículo (refiro-me à indumentária). Mas por que eu tenho que forçar todo o meu cérebro a envelhecer por igual, se (pelo menos em mim) ele teima em ser independente? Hoje, eu percebo que tenho pelo menos três idades mentais: há coisas que percebo serem exatamente do mesmo jeito que pensava quando tinha vinte anos. Há outras que evoluíram e há outras em que sou absolutamente velho, talvez mais do que minha idade real. Porque matar em minha mente a juventude ainda existente? Bobagem, concorda?

Como não tenho rádio no carro, às vezes fecho o vidro e começo a cantar a plenos pulmões, só por diversão. Sai de tudo, até bolero. Outras vezes viajo na maionese, deixando o cérebro ir onde quer. Se eu quiser me policiar, tipo "eu não devo pensar isso", ou "não fica bem para meu status social", eu tô fodido. Outro dia eu recebi um e-mail com uma historinha simpática, de um cara que tratava cortesmente um jornaleiro e era, invariavelmente, maltratado por ele. Perguntado por que se mantinha cortês, a resposta foi: -"porque eu não quero que ele determine como devo viver". É uma fábula, mas bem boa. Porque deixar que os outros determinem a forma como devemos agir?

Estou falando essa tralha toda, para dizer que a idade fez de mim um cara mais relaxado (epa!!!!!!!!!!), pois eu me levo menos a sério, levo os outros menos a sério, levo a vida menos a sério. Estou querendo dizer com isso que me permito acreditar em asneiras e questionar "aquela velha opinião formada sobre tudo". E, principalmente, a me libertar para dizer às pessoas que admiro ou de quem gosto o quanto as admiro ou o quanto gosto delas, sem grilo de ficar parecendo puxa-saco ou viado (viado, não!!!).

RUÍNAS NA SELVA

Recentemente, fiquei pensando por que algumas pessoas excluem seus blogs da web. Seria uma tentativa de resgatar a privacidade do que já foi público um dia? Ou seria o desejo de converter o digital em físico, objeto palpável (um livro talvez)? Nada disso se aplicaria ao Blogson (aplicar-se-ia é muito pedante).

Já disse que eu estou em cada trecho de memória, em cada piada sem graça, em cada rabisco que teimo chamar de desenho. Sou eu que estou ali, verdadeiro mosaico, jogo de lego. E não pretendo mudar isso. Pouco me importa se há qualidade ou não no que escrevo e divulgo. Porque sou eu que estou ali e agora é muito tarde para tentar corrigir - não os posts, mas a vida.

Pensando nessas coisas, imaginei por quanto tempo ainda publicarei minhas solenes bobagens, minhas verdades caricatas. Não sei a resposta, sei apenas que não penso excluir o Blogson da internet. Agrada-me a ideia de o blog - para sempre silenciado - ficar como uma daquelas ruínas maias que arqueólogos e aventureiros descobriram nas florestas de Yucatán, cheias de imagens, e grafismos esculpidos na pedra, estranhos, bizarros e incompreensíveis.

Assim gostaria que o blog fosse: silencioso sim, mas atiçando a curiosidade em quem por acaso o descobrisse no oceano da web. Por conta desses pensamentos de gente velha, resolvi transformar essas ideias em um poema, um falso poema, na verdade.


Um dia, nada mais escreverei, nenhum texto.
Deixarei de fazer desenhos grotescos,
Esgotada talvez a inspiração,

Talvez perdida a vontade. Definitivamente.
Ou, quem sabe, a lucidez que me resta.
(se já tive alguma, alguma vez)

Ou estarei morto, solitariamente morto.

O blog deixará de ser alimentado,
E emudecerá nesse dia. 

De nada adiantarão comentários
Ávida e ansiosamente esperados. 
Nenhuma resposta será dada, 
Nenhum obrigado.

Mas que ele continue na web (será só mais um)
Uma construção desabitada, abandonada.

Ruína escondida na floresta tropical,
Que mostre a quem explorar suas inscrições
A inquietação, sonhos e pensamentos
De quem um dia sonhou, pensou e viveu.

MINHA EXPERIÊNCIA NUCLEAR - PARTE 5/6

E o serviço foi saindo. Um papel timbrado foi especialmente encomendado para uso nessa proposta. Além do nome da construtora, trazia impresso o nome do órgão contratante e a identificação da obra. Fico tentado a dizer que tinha até marca d’água, mas não tenho mais certeza disso. Os desenhos de métodos construtivos, plantas dos acampamentos e coisas do gênero foram feitos em formato A3. Capas duras e lombadas de várias espessuras, unidas por parafusos metálicos, foram encomendadas, sendo individualizadas por etapa de julgamento e análise: Documentação, Proposta Técnica, Manual de Garantia da Qualidade, Caderno de Desenhos e Proposta Comercial.

Os procedimentos descritos acima não traziam nenhuma novidade, pois já faziam parte da rotina da construtora para elaboração de propostas para grandes obras. Na década de 1980 todas as grandes construtoras adotavam essa prática. A singularidade aconteceu na forma de apresentação e no acabamento gráfico escolhido. Pela primeira vez, os desenhos foram impressos a cores, em papel couché casca de ovo. O papel timbrado tinha a gramatura e textura de papel utilizado na impressão de livros de autores consagrados. Para enfeitar as capas das três vias que deveriam ser apresentadas, foram confeccionadas e coladas (do lado inferior direito) placas metálicas com dimensões que eu diria equivalentes a dois smartphones alongados, colocados lado a lado. Creio que eram de aço escovado. Além dos mesmos dizeres do papel timbrado, traziam ainda gravada a indicação da parte da proposta a qual o volume pertencia (Documentação, Proposta Técnica, etc.). Com um resultado estético bastante discutível (para mim, lógico), as placas traziam também a representação gráfica do átomo de Rutherford.

A outra novidade que essa proposta apresentou foi o volume de papel produzido. Não sei o número final de folhas laboriosamente datilografadas (seria maluco se lembrasse), mas tenho uma memória visual bem boa. Por isso, estimo a seguinte distribuição:
- Documentação, apresentada em formato A4: um ou dois volumes, totalizando uns 3 centímetros de espessura;
- Manual de Procedimentos de Garantia da Qualidade: um volume em formato A4, com uns 2 centímetros de espessura;
- Proposta Técnica: três volumes em formato A4, cada volume com uma espessura aproximadamente igual a um pacote de “Chamex” com 500 folhas. Como o papel da proposta era mais encorpado, estimo que cada volume deveria ter umas 300 folhas;
- Cadernos de desenho: dois volumes em formato A3, cada um com uns cem desenhos;
Proposta Comercial: um (ou dois?) volume(s) em formato A4, ligeiramente inferior(es) aos volumes da proposta técnica.

Até aí tudo bem? Agora, imagine que esse monstrengo correspondia a apenas uma via da proposta. Creio que o edital exigia a apresentação da proposta em três vias. Dá para imaginar o volume disso?

A empresa contava em seu quadro de funcionários com um militar reformado do exército brasileiro, a quem todos chamavam de "major". A ele coube a tarefa de montar a logística do transporte. De cara, descartou-se a possibilidade de mandar o elefante em voo comercial. Como a construtora não tinha nenhum avião, imagino que fretar um sairia muito caro. Por isso, foi escolhido o transporte rodoviário. Não me lembro mais dos detalhes, apenas de algumas "pérolas".

Segundo ele, era preciso estabelecer uma "tática diversionista" para confundir eventuais sabotadores a mando de alguma empresa concorrente (a paranoia era grande). Assim, foram designados três veículos que viajariam em comboio até o Rio. Só um deles, sem nenhuma identificação (talvez uma kombi), levaria todos os volumes e ficaria posicionado entre os outros dois. Não sei se algum dos outros tinha o logotipo e outras identificações da empresa. Lembro-me apenas da recomendação de, nas paradas para uma mijadinha ou um rápido café, manter sempre o carro com alguém ao volante e o motor sempre ligado. Fala sério, essa história daria ou não um filme bacana? Mesmo que fosse mais para "Corra que a polícia vem aí" ou um filme dos Trapalhões.


ÚLTIMO TANGO NO PLANALTO

Já que a temperatura econômica do país está agora a zero grau (boa essa!), resolvi divulgar hoje este post. Obrigado, deputados e senadores! Obrigado, petistas e outros adeptos de ações populistas (quem paga a conta?). Obrigado, Dirma, você é "dez" (ou um pouco menos. Oito, talvez). E, principalmente, obrigado, Guido!

Na década de 1970 foi lançado o filme "O último tango em Paris", com o já velhusco Marlon Brando e uma atriz de quem não guardo o nome. Na época, o pessoal do Pasquim fez o maior estardalhaço a propósito de uma manteiga que aparecia na história. Graças à censura vigente, tudo era tão cifrado que eu, com a pureza angelical dos muito jovens ou retardados (eu era as duas coisas) não conseguia nem imaginar de que se tratava e para que serviria (eu era muito ingênuo!).

Também, pudera, o filme só foi exibido no Brasil uns cinco anos depois, e creio que só foi liberado com a censura da cena mais famosa, justamente a da "margarina". Não me lembro de tê-lo assistido, mas hoje sei que a tal manteiga foi usada como lubrificante para a realização de sexo anal (autêntico pau com manteiga, uma variante exótica do clássico pão com manteiga).

Há um ditado que diz que "ninguém chuta cachorro morto". Tirando a explicação psicológica de que quem faz uma coisa dessas tem problemas mentais, pode-se dizer também que ninguém chuta cachorro vivo (ainda mais se o vivo for da raça doberman, pitbull ou similar).

Mas o assunto não é cachorro. O melhor amigo só apareceu aqui pela antiguidade do tema. Eu pensava não ser rancoroso, mas, depois de ficar mais velho, descobri que sou - ou fiquei. E, pela decrepitude, rançoso também (velhice é foda). Por isso, não consigo desculpar nem aceitar a merda que o governo petista da Dilma fez (e continua fazendo) com a economia brasileira.

Lembrando-me disso, fiquei pensando em como a história se repete (e a farsa também). Tal como o Marlon Brando fez no filme, o PT usou Mantega para foder o povo brasileiro. E conseguiu, porque, graças às gracinhas do Guido (o cachorro morto), hoje, boa parte da população já levou na tarraqueta ou está com o cu na mão de medo de perder o emprego.


PIADINHA SEM GRAÇA

Sabe porque a política econômica da Dilma ficou igual bicicleta desgovernada? Porque ela não tinha guidom, só Guido.

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

SHEIK DE AGADIR

O texto a seguir surgiu de uma brincadeira com um maluco que se intitula(va) sheik nos e-mails que enviava. Talvez nunca devesse postá-lo no Blogson, de tão ruim e sem graça que é. Entretanto, sai agora, só para tentar tirar o amargo da boca provocado pelos outros posts de hoje (pensando bem, talvez até piore, pela náusea que poderá causar). Vê aí.


Por conta da invasão da Península Ibérica pelos árabes, muitas palavras da língua portuguesa vieram do idioma dos invasores. Embora a maioria comece com a letra “A” (alfaiate, alface, açúcar, etc.), existem outras do tipo elixir, fulano, salada, xeque (eu vi tudo isso na Wikipédia). A palavra que mais chamou minha atenção foi “xeque”, principalmente em sua versão original “sheik”.

Pode não parecer, mas essa palavra é muito usada em nossa língua, mesmo que ninguém se dê conta disso. Como prova, recolhi alguns exemplos ao acaso:

-   Mesmo com o surgimento dos cartões de crédito ou débito, ainda usa-se muito o talão de sheik.

-   Os jovens, em seus rolês pelos shoppings, muitas vezes tomam milk-sheik.

-   Já os de mais idade, naqueles momentos de nostalgia e introspecção, gostam de ouvir e cantar "eu sheik vou te amar...". Ou então, pensando naqueles bolerões da década de 50, erram a letra e cantam "eu sheik você sabe, já que a vida quis assim..."

Depois disso, só posso finalizar este post pedindo perdão aos 2,3 leitores do blog. E ajoelhado no milho!!!


AZEDANDO O FÍGADO

Ouvi uma notícia na TV daquelas de congelar até a bunda dos pinguins de Madacascar e fui conferir na Internet. Era verdade! Já usei essa observação antes, mas sou obrigado a repetir: A Dirma e seu partidinho poderiam usar sua exPerTise para ensinar a todos os brasileiros como fazer uma mágica dessas com o salário. Olhaí:

CORREIO BRASILIENSE: Orçamento 2016 vai mostrar, pela primeira vez, receitas menores que despesas

PORTAL G1: Governo prevê déficit de R$ 30,5 bilhões no Orçamento de 2016
É a 1ª vez que um projeto tem estimativa de gastos maiores que receitas. 

Pela primeira vez, o governo entregou ao Congresso Nacional um projeto de Orçamento prevendo gastos maiores que as receitas (déficit). A estimativa para 2016 é de déficit de R$ 30,5 bilhões, o que representa 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o ministro Nelson Barbosa, do Planejamento.

Nessas horas é que eu lamento a inexistência de um SPC, de um SERASA governamental. Pensando bem, as agências internacionais de classificação de risco já funcionam assim. Olha mais um trecho da reportagem do CORREIO BRASILIENSE:
Essa previsão, aliada ao deficit primário de 2014 e o esperado para este ano, deverá tirar do país o grau de investimento.

Tô pensando: se eu andar depressa, será que ainda consigo um passaporte de segunda mão em bom estado?

MINHA EXPERIÊNCIA NUCLEAR - PARTE 4/6

Garantia da Qualidade: essa exigência do edital me fez rir até mandar parar. Segundo li na época, esse “monstrinho” teria surgido para certificação das bases de concreto e outras instalações, usadas para testes de empuxo dos motores de foguete que seriam utilizados nos primeiros voos espaciais. Está na cara que a construção de uma base de concreto deve ser bem mais barata que um motor de foguete. Por isso, se uma dessas estruturas falhasse de alguma forma, poderia provocar danos ao motor em teste, com enormes prejuízos de dinheiro e tempo (imagino que já estivesse rolando a corrida espacial entre União Soviética e Estados Unidos).

Foram então listados procedimentos rigorosos a ser cumpridos para a construção dessas estruturas. Essa lista, originalmente com dezoito exigências (depois baixados para treze) foi depois utilizada na construção de usinas nucleares. Na prática, era um check-list sofisticado.

No caso de Angra 3, o caso é o seguinte: o edital previa o cumprimento integral de treze normas ou procedimentos estabelecidos pela IAEA (International Atomic Energy Agency) para a construção de usinas nucleares. Não me lembro mais de que se tratava, mas todos eram relacionados à segurança e confiabilidade da obra. Falavam, entre outros assuntos, de arquivamento de documentação, controle de qualidade e garantia da qualidade. Tentei achar essas treze orientações na internet, mas desisti.

Toda obra de engenharia que se preze tem, obrigatoriamente, controle de qualidade dos materiais empregados. Dependendo do porte da obra, o laboratório é até instalado no próprio canteiro. Então, não era nenhuma novidade a exigência de controle de qualidade rigoroso. Mas, garantia da qualidade, que bicho era esse?

A primeira providência foi contratar um especialista em controle de qualidade para assessorar e dar consultoria sobre essa exigência. A segunda foi designar um engenheiro ultra metódico, mega sério e sistemático para a recém criada “Gerência de Garantia da Qualidade”. Embora fosse realmente uma gerência, seria subordinada diretamente ao presidente da empresa (caso ganhássemos a obra, lógico). E tome reuniões, treinamentos, palestras e muito dinheiro gasto com essa consultoria.

O chefe do nosso departamento era um sujeito sarcástico, extremamente excêntrico e muito engraçado. Os apelidos que ele colocava eram como chiclete em calçada pública, grudavam de forma definitiva. Com a equipe de consultores e terceirizados para essa proposta foi a mesma coisa. Já falei no “Grafite” e “Canetão”, mas o melhor mesmo foi o apelido que deu ao consultor de garantia da qualidade.

Pela divisão de tarefas adotada, eu trabalhava direto com ele. Foi a época que eu mais me diverti no trabalho, pois ríamos o tempo todo. E o serviço saía! Um dia, meio irritado, perguntou se eu tinha visto o “Ventania”. Perguntei quem era, já esperando a próxima maluquice.

- Você não sabe quem é o Ventania? É o consultor da garantia.

- Porque Ventania?

- Esse cara só está vendendo vento, e vendendo caro! E o Zé (...) (o gerente) está em órbita, pois ele acha que esta empresa fará tudo o que estão dizendo. Pior é que não é uma órbita perfeita, porque o vento soprado é muito forte.

Comecei a rir e ele continuou:

- Você que é bom em desenho podia desenhar essa situação. Olha só, o planeta é a empresa. O satélite em órbita é o Zé (...). Aí você faz uma órbita ondulada para ele, porque o Ventania está atuando.

Ele realmente achava que o consultor, por não ter experiência anterior com esse tema, estava nos fazendo de trouxas. talvez sim, talvez não. O que sei é que, depois de um tempo, até o diretor técnico perguntava ao Zé (...) como estava indo o trabalho com o Ventania.

Naquele tempo, eu nunca tinha ouvido falar de ISO-9000. Hoje, eu vejo que a Garantia da Qualidade era exatamente isso (ou quase isso). Na prática, era uma ratificação formal e documentada de que os procedimentos previamente estabelecidos estavam sendo cumpridos e executados sempre da mesma forma (a maluquice é essa: a norma ISO não estabelece que o serviço deve ser realizado da melhor forma possível. A certificação apenas garante que o serviço está sempre sendo realizado da mesma maneira. Se for ruim, será "eternamente" ruim).

Como era uma exigência do edital, o Manual de Procedimentos para a Garantia da Qualidade começou a ser gestado. Dá para adivinhar qual era o primeiro procedimento? Ninguém se habilita? Era “Como elaborar um Procedimento”. Era o suprassumo da burocracia atuando na área de qualidade. E meu chefe, dono de uma visão extremamente fria e desencantada do que nos esperava, caía de pau.

Na visita que fez a Angra 1 ficou observando uma movimentação de pedra britada. Sem motivo aparente, um equipamento retirava a brita de um pátio e transportava para outro, bem ao lado. Perguntou a quem o acompanhava o que essa movimentação significava. A resposta foi de que no primeiro monte a brita ainda não tinha a garantia da qualidade assegurada, enquanto que o segundo depósito já estava OK. Meu chefe emendou de primeira:

- Então, apesar da garantia, a brita do segundo monte é pior, porque na movimentação de um lado para o outro, o equipamento raspa um pouco o chão e leva terra junto com a brita!

O fiscal ficou sorrindo sem graça, diante da observação na mosca.

Esse sujeito costumava dizer que a empresa crescia à noite, quando não tinha ninguém para atrapalhar. Como "ninguém", entenda-se: diretores e gerentes. Um dia, a propósito de mais uma maluquice ligada à proposta em elaboração, comentou que o "Hélice" devia estar girando muito. Já imaginando alguma sacanagem, perguntei de quem estava falando.

- Você não sabe quem é o Hélice? É o "Sô Arcindo"! Toda vez que alguém faz uma burrada na empresa ele dá um giro dentro da sepultura. Ultimamente, deve estar sendo usado como ventilador pelos "morto".

Caguei de rir, pois o "Sô Arcindo", como falou fazendo sotaque caipira, era o fundador da empresa, falecido uns trinta anos antes.

Se eu fosse registrar todos as observações espirituosas e amalucadas e os casos dessa excelente pessoa, este texto aumentaria substancialmente de tamanho. E ainda tem muita coisa para lembrar. Por isso, só para completar este tópico, lembro a discussão semântica sobre o uso das preposições "de" "do" na área da qualidade. O gerente Zé (...) era enfático e professoral ao “exigir” seu uso correto.

- Ô Zé, não se pode dizer “garantia de qualidade?

- É claro que não! O correto é dizer “Controle de Qualidade” e “Garantia da Qualidade”!

Eu compartilhava a visão desencantada do meu chefe e achava tudo isso um porre, uma viadagem só. Mas me divertia pra caramba.


COMENTANDO AS PENÚLTIMAS - 09

Para mim, a melhor piada surgida neste ano (e olha que ainda faltam mais de três meses para 2015 acabar) é a notícia de que o líder sindical dos cocaleros (e presidente da Bolívia nas horas vagas) Evo Morales dispõe-se a invadir o Brasil caso a Dilma sofra processo de impeachment. Sem sacanagem, isso é tão engraçado, bizarro e improvável que não pode ser verdade!

Analfabeto que sou, atualmente só leio notícias sobre futebol (bazinga!). Por isso, não sei se isso foi divulgado na grande imprensa ou se é apenas mais uma das muitas teorias da conspiração divulgadas na internet. Até tentei achar a notícia na grande mídia, mas só achei blogs e sites com jeitão de extrema direita, o que, definitivamente não me convence. Meu negócio, minha praia é tentar fazer humor em cima de qualquer crença, de qualquer ideologia, de qualquer coisa, enfim. Por isso, imagino ter encontrado o que mais se aproxima dessa maluquice, que é o texto transcrito a seguir, no link:

Tarata, Cochabamba, 21 ago (Prensa Palacio).- El presidente, Evo Morales aseguró el viernes que no se permitirá ningún golpe de Estado en Brasil ni en ningún país de Latinoamérica porque su gobierno defenderá la democracia.
"No vamos a permitir golpes de estado en Brasil ni en Sudamérica, ni en América Latina, vamos a defender las democracias", dijo el jefe de Estado en ocasión de participar en el aniversario 115 de la Escuela Militar de Sargentos.
Nuestro proceso, agregó Morales, va a defender a Dilma Rousseff presidenta de Brasil y al Partido de Trabajadores PT".
Según medios de prensa, grupos de oposición de Brasil se manifestaron el pasado domingo en nueve estados de ese país suramericano contra el Gobierno constitucional de la presidenta Dilma Rousseff, la corrupción y los problemas económicos.

Mesmo que o Morales Morera nunca tenha falado textualmente em invasão, são muito ridículas suas bravatas. Bem, isso não importa, pois a teoria da conspiração é que merece os comentários de hoje. 

Uma coisa é certa: diante dessa grave “ameaça”, jamais alguém ousaria dizer que esse grande líder sul-americano não fede nem cheira. Mas de onde poderia ter tirado uma ideia tão lisérgica? Teria ruminado (mascado, entendeu?) isso por muito tempo?

Fiquei pensando o que poderia acontecer depois da convocação dos bolivianos para essa missão impossível, isso, claro, se ele realmente tivesse afirmado que invadiria o Brasil:

Já de saída, os convocados teriam todo o direito de achar que seu presidente é louco de pedra e poderiam considerar essa missão um programa de índio, pois está na cara que se as tropas bolivianas efetivamente entrassem no Brasil, seriam reduzidas a  pelas forças armadas brasileiras.

Porque, pensem bem, uma operação dessa envergadura exigiria grande esforço logístico e de planejamento. Por exemplo, como seria feito o transporte das tropas até a fronteira? De navio?

E se a invasão se desse a pé, os soldados usariam trilhas na selva? Fariam fileiras para deslocar-se de forma organizada?

Mas não creio que essa sandi(ni)ce prosperasse, porque o fracasso dessa operação empanaria o brilho do presidente boliviano e reduziria a farinha sua altivez, pois haveria o risco de nossos irmãos latino-americanos se intimidarem com a superioridade bélica brasileira e voltar às carreiras para La Paz.

Em todo caso, se fossem apenas dissuadidos dessa maluquice, poderiam repetir o gesto bíblico descrito no Evangelho de Lucas – “sacudi o  das vossas sandálias assim que sairdes daquela cidade, como testemunho contra aquela gente”.

Ainda bem que a notícia é só um pesadelo com cara de piada. Ou o contrário disso.


MARCADORES DE UMA ÉPOCA - 4