Todo mundo sabe o que é impressão digital, pois todo mundo, para identificar-se – ou, melhor, para ser identificado – já
lambuzou os dedos com tinta preta e oleosa. Alguns, não satisfeitos em usar só
os dedos, lambuzaram também as mãos, os bolsos e as reputações com o óleo preto
conhecido como petróleo. Mas isso é conversa para outra hora.
E então? Meu nome verdadeiro é José Botelho. José Botelho Pinto. José Botelho Pinto... Difícil, concorda? "No tempo da delicadeza", como diz o Chico Buarque, meus pais não se tocaram com o trocadilho obsceno que estavam criando ao juntar seus sobrenomes para me batizar (e a meus irmãos).
Até os dezessete, dezoito anos, isso não causou nenhum problema, pois ninguém nunca fez referência a essa sonoridade de puteiro. Mas, não há Bem que sempre dure. No início do terceiro ano do segundo período (ou colegial ou científico, sei lá), um colega novato me perguntou:
O assunto de hoje é identificação. Mas não se
trata de impressão digital. Como meus textos e desenhos são como que
radiografias de minha mente – por exprimir um pouco do que sinto e penso, acabo
deixando traços de minhas digitais aqui e ali, para os navegantes da web.
Então, os posts do Blogson acabam sendo expressões digitais (jogo de
palavras safado!).
E como o Blogson encontra-se em uma nova fase,
resolvi (tentar) desencanar um pouco. Cada um dos blogueiros com quem tenho
mais contato revela uma predileção por algum assunto ou enfoque. Por exemplo, o
"Casal Geek" tem
apresentado ultimamente um perfil de analista ou comentarista de games. A praia do "Mixidão" são receitas desenhadas (super bem ilustradas), dicas e notícias sobre gastronomia.
O "MaLuComg" é um blog
enciclopédico, de variedades e dicas sempre muito interessantes. Já o "Marreta do Azarão" gosta mesmo é de
poetar, mostrar fotos de mulheres nuas e, de vez em quando, ainda ateia fogo na religiosidade e nas religiões. Está claro que esses são apenas os
focos principais desses blogs, não eliminando outros assuntos, outros temas,
que sempre surgem.
Pois bem, o Blogson tem caminhado aos poucos para o que, creio, é sua vocação
principal: contar casos e fazer piadas idiotas. Por isso, para deixar essa
"trilha" mais limpa, preciso revelar meu nome verdadeiro, ainda que
isso seja um pouco doloroso (tem gente que perde o amigo, mas não perde a
piada. Comigo é mais ou menos assim: eu perco a privacidade, mas não perco o
post).
Meu amigo Mauro Lúcio Condé, o dono do "MaLuComg", tem uma das histórias de
vida mais fascinantes que tive a oportunidade de conhecer. Além de amizade,
tenho por ele a mais profunda admiração. Pois bem, logo que criei o blog, ele
escreveu este texto:
Blogson Crusoe - Um blog que acaba de
nascer e promete nos brindar com bons textos - ele é de um cara que admiro
muito, o Zé Botelho - ele prima tanto pelo conteúdo quanto pela perspicácia na
tradução do cotidiano em palavras.
Fiquei gelado quando li isso (coisa que nunca comentei com ele), pois, sem saber
de minhas idiossincrasias, meu amigo tinha escancarado meu nome (parte dele) na
web. Mas toquei o barco.
Recentemente, talvez por descobrir essa referência, meu amigo virtual e dono do blog Marreta do Azarão citou
meu nome novamente em um comentário, o que me deixou transtornado e me fez
pirar de novo.
Mas, como disse, o post de hoje exige que eu
me identifique, que me desnude um pouco mais (a cueca, já aviso, não vou tirar!).
Então, deixando de enrolação, vamos lá:
Meu nome verdadeiro é mesmo José Botelho. E
Como Botelho é sobrenome, continuo sendo apenas um Zé, o Zé do Blogson. Mas não termina aqui. Botelho é o sobrenome de
minha mãe. Já adivinhou o de meu pai? Não? Segure-se, pois é Pinto... (o
complemento não vem ao caso)
E então? Meu nome verdadeiro é José Botelho. José Botelho Pinto. José Botelho Pinto... Difícil, concorda? "No tempo da delicadeza", como diz o Chico Buarque, meus pais não se tocaram com o trocadilho obsceno que estavam criando ao juntar seus sobrenomes para me batizar (e a meus irmãos).
Até os dezessete, dezoito anos, isso não causou nenhum problema, pois ninguém nunca fez referência a essa sonoridade de puteiro. Mas, não há Bem que sempre dure. No início do terceiro ano do segundo período (ou colegial ou científico, sei lá), um colega novato me perguntou:
- Como
é que o pessoal te chama? E eu, tranquilamente respondi:
- Botelho.
Com um sorriso sacana no rosto, perguntou;
Com um sorriso sacana no rosto, perguntou;
- Botei-lhe
o que? Entre espantado e divertido, respondi na lata:
- Botelho
Pinto!
O sujeito ficou meio que rindo, mas quase
deitou no chão de tanto rir quando eu saquei a identidade e mostrei a ele.
Depois disso, todos os dias ele inventava uma
variação: Coloquelho Pau, Introduzilho Membro, Puslha Vara, Soqueilha Estrovenga, Encarqueilho Cacete e por aí afora,
até se cansar da brincadeira. A partir daí passou a me chamar de "Censurado". Depois, já na
faculdade, outro colega me chamava respeitosamente de Boteivos (ah ah ah, o que?).
Em uma empresa onde trabalhei, tive um chefe
que era bronco de tudo. Além de ficar sempre enrolando nos dedos a meleca que toda hora tirava do nariz, tinha o costume de chamar os subordinados à sua sala na
"viva voz", aos berros. A mim, ele chamava assim:
- Ô
Pênis, dá um pulinho aqui!
Finesse total!
Assim, a vida nunca mais foi a mesma, pois
sempre tinha um filho da puta para me gozar. E até desconhecidos tiram sarro. Um
dia, depois de abastecer o carro, preenchi o cheque (isso foi há muito tempo) e
o entreguei para o funcionário do posto. Ao conferir o valor, gritou para um
colega:
- Fulano,
olha o nome desse cara: José Botelho Pinto! A resposta foi imediata:
- Tô
fora!
Espero que agora os 2,8 leitores entendam
porque eu sempre relutei em me identificar, ao ponto de até criar um personagem
(Jotabê) e de fazer piadas e coisas
do gênero (Just in Beer, por exemplo), só para
disfarçar. No dia a dia, eu sempre tento levar essa carga numa boa, até
participando das gozações.
No último Carnaval, um gay vestido de grávida
brincou comigo, passando a mão na barriga de travesseiro:
- Você
é o pai desta criança!
Truquei na hora - Não, não sou o pai, mas você vai amar meu nome verdadeiro – Botelho Pinto!
Truquei na hora - Não, não sou o pai, mas você vai amar meu nome verdadeiro – Botelho Pinto!
- Nooossa!
Adoreei!!!
Mas, agora chega, estou de saco cheio, cansei
desse sobrenome; estou pensando até em mudá-lo. Talvez tire o Pinto, motivo de tanta
chacota (acalme-se, madame, só vou deixar de fora o sobrenome!). Acredito
que "Paula" ou "de Paula" seria um bom complemento.
Já pensou?
José
Botelho Paula...,
ou melhor, Botelho Pau lá.
Eu já havia deduzido que esse era seu nome completo. O José Botelho, confesso, eu vi no blog daquele amigo seu, o Pinto foi em cima de um comentário seu de que seus dois sobrenomes formavam um som meio constrangedor. Não é à toa que você gosta tanto de trocadilhos e é bom em fazê-los. Já nasceu trocadilhado.
ResponderExcluirAliás, agradeço o poetar com o qual se referiu a mim. Ou será que esse "poetar" é mais um trocadilho com outro verbo de grafia e som parecido, mais ligado ao fato de eu apreciar fotos de mulheres nuas?
Botelho Pau Lá? Tô fora!!!!
abraço
Fique tranquilo. "Poetar" era poetar mesmo. Mas, já que tocou no assunto (esse "tocou" está meio estranho), já te ocorreu que a série BBB da Globo poderia muito justamente ser lida como "Big Bronha Brasil"?
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