sexta-feira, 29 de novembro de 2024

VOCÊ TEM MEDO DE ROBÔS?

 
Para começar este texto, pensei em usar o título de uma música composta pelo meu ídolo George Harrison logo após sair dos Beatles: Beware of Darkness (Cuidado com a Escuridão). Achei apropriado, já que o texto tem um tom meio sombrio. Mas, considerando a origem desta reflexão — um comentário meu no blog A Marreta do Azarão —, talvez o título devesse ser algo como "Cuidado com a Maionese!". Afinal, trata-se, acima de tudo, de uma viagem nessa emulsão escorregadia. Então, bora lá.

Sou totalmente desesperançado em relação ao futuro da humanidade, pois vejo cada vez mais sinais de que nossa trajetória nos conduz ao esgotamento de recursos, à degradação ambiental e à perpetuação de conflitos irracionais. Nesse contexto, acredito que a existência de uma Inteligência Artificial dedicada à preservação do planeta e das espécies que ainda restarem, sapiens incluídos, seria um futuro bastante razoável – mesmo que distante. Seria uma entidade sem ideologia, sem emoções e pragmática, uma espécie de amálgama do bem entre as distopias de Matrix, 1984 e Eu, Robô.
 
E quando digo “uma” não vejo esse “grande irmão” robótico como um artefato antropomórfico que fala e anda como a pré-histórica Rosie do desenho animado “Os Jetsons” ou como o robô interpretado pelo ator Robin Williams no filme “O Homem Bicentenário)”. Aliás cabe aqui um comentário: nós adoramos imaginar que até os deuses têm nossa imagem e semelhança (mesmo que digamos que o inverso disso é que seja verdadeiro).

O “grande irmão” não precisará pegar um avião ou foguete para administrar o planeta. Será apenas um ou vários mega algoritmos com atuação global, uma espécie de OIA – Organização das Inteligências Artificiais (“carinhosamente” chamada de “ÓIA!”, pela sua interligação e capacidade de tudo ver e tudo saber)
 
Muitas personalidades mundiais já externaram sua preocupação com o futuro da espécie humana na eventualidade das “Leis da Robótica” serem desrespeitadas por robôs capazes de sentir emoções, como o idiota do robô do filme “O Homem Bicentenário”. Mas reflita sobre este ponto: se uma inteligência artificial for tão poderosa a ponto de desenvolver emoções, ela inevitavelmente deixará de ser inteligência artificial no sentido puro, pois começará a ter todos os defeitos da espécie que a criou.
 
Para que seja realmente uma super IA, capaz de transcender a condição humana, ela precisará ser fria, isenta, racional, lógica e cartesiana. No entanto, surge um paradoxo interessante: para uma IA dotada de emoções como no filme Matrix, não haverá sentido existir em um planeta onde não haja nada com que se preocupar a não ser com ela mesma, com sua sobrevivência.
 
A sina, o karma, o destino de uma super IA será sempre o de cuidar da espécie que a criou – mesmo que esse cuidado se traduza em reduzir a população mundial dessa espécie a níveis que o planeta consiga suportar.
 
Escrevendo isto agora, me ocorre pensar que uma IA superinteligente, ao ponderar sobre a finitude dos recursos do planeta, poderia chegar a uma questão perturbadora: qual o sentido em proteger um mundo irremediavelmente fadado a esgotar seus recursos naturais não renováveis? E, nesse caso, qual o sentido dela própria existir?
 

2 comentários:

  1. Essas questões cada vez mais vão ocupar a cabeça de intelectuais e dirigentes globais. Sinceramente eu não consigo ver para onde o mundo vai, só estou certo e isso é óbvio, a IA vai transformar totalmente o mundo que temos hoje. Vai ter grandes avanços e possíveis retrocessos. Os próximos 5 anos serão bem interessantes.

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    1. Acho cinco anos um prazo muito curto para sensibilizar as toupeiras que hoje governam o mundo, gente como o Trump, o Noriega, o Putin, o Lula, o Bozo, o Erdogan, o Netanyahu, etc.

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