Para começar este texto, pensei em usar o título de uma música composta pelo meu ídolo George Harrison logo após sair dos Beatles: Beware of Darkness (Cuidado com a Escuridão). Achei apropriado, já que o texto tem um tom meio sombrio. Mas, considerando a origem desta reflexão — um comentário meu no blog A Marreta do Azarão —, talvez o título devesse ser algo como "Cuidado com a Maionese!". Afinal, trata-se, acima de tudo, de uma viagem nessa emulsão escorregadia. Então, bora lá.
Sou totalmente desesperançado em relação ao
futuro da humanidade, pois vejo cada vez mais sinais de que nossa trajetória
nos conduz ao esgotamento de recursos, à degradação ambiental e à perpetuação
de conflitos irracionais. Nesse contexto, acredito que a existência de uma
Inteligência Artificial dedicada à preservação do planeta e das espécies que
ainda restarem, sapiens incluídos, seria um futuro bastante razoável – mesmo que
distante. Seria uma entidade sem ideologia, sem emoções e pragmática, uma espécie de amálgama
do bem entre as distopias de Matrix,
1984 e Eu,
Robô.
E quando digo “uma”
não vejo
esse “grande irmão” robótico como um artefato antropomórfico que fala e anda
como a pré-histórica Rosie do desenho animado “Os Jetsons” ou como o robô
interpretado pelo ator Robin Williams no filme “O Homem Bicentenário)”. Aliás
cabe aqui um comentário: nós adoramos imaginar que até os
deuses têm
nossa imagem e semelhança (mesmo que digamos que o inverso disso é que seja verdadeiro).
O
“grande irmão” não precisará pegar um avião ou foguete
para administrar o planeta. Será apenas um ou
vários mega
algoritmos com atuação global, uma
espécie de OIA – Organização das Inteligências Artificiais (“carinhosamente”
chamada de “ÓIA!”, pela sua interligação e capacidade de
tudo ver e tudo saber)
Muitas personalidades mundiais já externaram
sua preocupação com o futuro da espécie humana na eventualidade das “Leis da
Robótica” serem desrespeitadas por robôs capazes de sentir emoções, como o
idiota do robô do filme “O Homem Bicentenário”. Mas reflita sobre este ponto:
se uma inteligência artificial for tão poderosa a ponto de desenvolver emoções,
ela inevitavelmente deixará de ser inteligência artificial no sentido puro, pois
começará a ter todos os defeitos da espécie que a criou.
Para que seja realmente uma super IA, capaz
de transcender a condição humana, ela precisará ser fria, isenta, racional,
lógica e cartesiana. No entanto, surge um paradoxo interessante: para uma IA dotada
de emoções como no filme Matrix, não haverá sentido existir em um planeta onde
não haja nada com que se preocupar a não ser com ela mesma, com sua
sobrevivência.
A sina, o karma, o destino de uma super IA
será sempre o de cuidar da espécie que a criou – mesmo que esse cuidado se traduza
em reduzir a população mundial dessa espécie a níveis que o planeta consiga
suportar.
Escrevendo isto agora, me ocorre pensar que
uma IA superinteligente, ao ponderar sobre a finitude dos recursos do planeta,
poderia chegar a uma questão perturbadora: qual o sentido em proteger um mundo irremediavelmente fadado a esgotar seus recursos naturais não renováveis? E, nesse caso, qual o
sentido dela própria existir?
Essas questões cada vez mais vão ocupar a cabeça de intelectuais e dirigentes globais. Sinceramente eu não consigo ver para onde o mundo vai, só estou certo e isso é óbvio, a IA vai transformar totalmente o mundo que temos hoje. Vai ter grandes avanços e possíveis retrocessos. Os próximos 5 anos serão bem interessantes.
ResponderExcluirAcho cinco anos um prazo muito curto para sensibilizar as toupeiras que hoje governam o mundo, gente como o Trump, o Noriega, o Putin, o Lula, o Bozo, o Erdogan, o Netanyahu, etc.
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