Quebrando o recesso:
Eu sempre tive
alguma impaciência com as convenções sociais. Se não todas, pelo menos com
algumas. Por exemplo, “dia disso”, “dia daquilo” sempre me causaram incômodo,
justamente por acreditar que não há data certa para exprimir, demonstrar ou
exibir sentimentos. Por isso mesmo, “Dia
das Mães”, “Dia dos Pais” e congêneres
– talvez pela abordagem e apelo comercial que recebem – não merecem muito
respeito de minha parte. Para mim, dia de dizer “Eu te amo”, de demonstrar carinho é (ou deveria ser) todo dia, não
precisaria (nem precisa!) de data marcada.
Mas hoje é “Dia dos Pais”. Eu e minha lynda mulher tivemos
a imensa alegria de poder conviver com nossos filhos, com filhas do coração e
netinhas. Foi demais! Mas não por ser o “Dia
dos Pais”. Foi demais por tê-los conosco, por conversar e rir com eles, por
dar e receber abraços. E isso é bom, é maravilhoso em qualquer um dos 365 dias
do ano!
Mas hoje é “Dia dos Pais”! Por isso, resolvi fazer
uma “homenagem” a meus coleguinhas. E
a forma que encontrei foi através da poesia (tudo fica melhor com poesia!). Não
uma poesia qualquer, mas uma poesia-paródia (é, isso existe!), feita em cima do
soneto “SER MÃE” (aquele que diz “ser mãe é desdobrar fibra por fibra o
coração”, etc.). O título é “Ser Pai”.
E o autor é Eno Teodoro Wanke. Vê aí.
Ser pai é
desdobrar, libra por libra,
a bolsa, amanhecer
com o fedelho
ao colo — ir
trabalhar de olho vermelho,
mas aguentar a
provação com fibra!
Ser pai (melhor
diria o velho Coelho)
é ouvir a gritaria
como vibra,
não ver quando o
orçamento se equilibra,
pegar até mania de
conselho...
Ser pai é dar
palmadas em fundilhos,
depois se
arrepender, mimar os filhos,
e ver que assim
não adiantou palmada...
Ser pai é padecer
dando um sorriso,
ser pai é ter a
vida abagunçada,
ser pai é ter
carência de juízo!
E agora, de volta ao recesso.
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