segunda-feira, 14 de maio de 2018

SINGULARIDADES

Ontem comemorou-se mais um Dia das Mães. Seria só mais um de tantos já comemorados, não fosse o fato de ser este o primeiro acontecido após a morte de meu cunhado Taco. Os filhos e filhas, genros, noras, netos e bisnetos reuniram-se na casa de minha sogra (prestes a completar 96 anos).

Minha sogra sempre demonstrou um enorme apego à vida. Superou a perda de todos os irmãos (mais novos que ela), marido e cunhados (todos), mas começou a sentir no corpo e na mente a falta de dois filhos. Hoje, passa a maior parte do tempo deitada, provavelmente entregue às lembranças de tempos mais felizes, pois continua super lúcida. E isso entristece e preocupa os filhos e também a mim.

Pensando sobre isso, ocorreu-me a ideia de que na vida de familiares e amigos a morte de uma pessoa querida é uma singularidade. Afinal, até que se decorra um ano do falecimento de meu cunhado, especialmente para sua esposa e filhos, acontecerão outros "primeiros momentos" – Dia dos Namorados, Dia dos Pais, aniversário de casamento, Natal, passagem de ano, dia de seu aniversário, etc. É um luto estendido que durará 365 dias, pois não há como deixar de pensar em coisas como “Nesta data, no ano passado, ele estava aqui rindo e tomando cerveja, lembra?” 

Até completar um ano, se considerássemos o tempo decorrido entre o "Dia "T" (do Taco) e cada um dos eventos citados acima e fizéssemos o mesmo para os 365 dias anteriores à data de seu falecimento, até poderíamos construir um gráfico como este:

Eu sei que essa é uma reflexão muito medíocre, bem no estilo Jotabê. Entretanto, fiz uma conexão desse gráfico com a teoria do Big Bang. Talvez, assim como acontece hoje conosco em relação à morte do Taco (há um "antes" e um "depois" de sua perda), poderia haver um "antes" do "Fiat Lux". Já pensaram nisso? Calma, soltem as pedras que eu explico! 

O Big Bang é uma singularidade cósmica que fez surgir o "nosso" universo. Não há nenhum sentido prático ou lógico em tentar imaginar o que havia antes (se é que houve um "antes"). Obviamente, estamos falando de Ciência, de Física, de Cosmologia. Mas minha ideia é outra: se um escritor talentoso de ficção científica ou realismo mágico resolvesse imaginar um tempo e um universo anteriores ao Big Bang, o resultado dessa viagem mental poderia resultar em um livro bem bacana. Alguém aí se habilita?


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