IMPORTANTE:
Este post foi originalmente publicado no dia 02 de
abril. Por uma infeliz coincidência, fazia referência a um comportamento meio autista que acredito ter, em plena Semana de Conscientização do Autismo(!) - fato que ignorava. Fiquei super constrangido com a coincidência, pois poderia dar a
impressão de querer me aproveitar desse evento. Por isso, removi o post, que
volta hoje ligeiramente repaginado.
Já disse umas mil
vezes que o Blogson funciona ou funcionou como uma terapia onde fui me
descobrindo ou talvez criando uma realidade alternativa que imagino ter
existido para mim. Em outras palavras, posso ter descrito uma falsa realidade.
Descobri também que tenho sérios atritos com a língua portuguesa (pelo menos em
sua versão mais culta), tenho vícios de linguagem, de estilo e uso obsessivo e
desnecessário de palavras e expressões que fariam o Graciliano Ramos (um amante
da concisão) espumar de ódio, tais como "assim", "então",
"muito bem" e todo
tipo de recurso cuja função é apenas disfarçar a pouca habilidade com as
palavras.
Antes de
continuar, preciso deixar claro que tenho o máximo respeito pelas pessoas
que sofrem de algum distúrbio mental, justamente por acreditar ser uma dessas.
Porque a parte paradoxalmente mais divertida para mim foi descobrir que eu
era (sou) um pouco mais que apenas neurótico. A mais nova cisma foi a de
que talvez eu seja um pouco autista. Mas a explicação ficará para o final.
Pedindo desculpas
pela auto-citação, tracei este perfil para mim em um post de 2014: "Embora não seja profissional da área, já
identifiquei neurose não curada (não tinha mais grana para pagar o
psicanalista), transtorno obsessivo compulsivo leve, depressão moderada,
antipatia pelo PT (opa, isso não é distúrbio mental, é só bom senso!), um pouco
de transtorno bipolar (o antigo maníaco-depressivo), uma pitada de síndrome do
pânico (acho que não tenho mais), algumas fobias, medo generalizado e 100 kg de
ansiedade.
Embora na época tenha discordado, um colega me
disse uma vez que eu era sociopata. Só não briguei com ele porque uma das
minhas duas personalidades não quis. Mas, se vacilar, até espinhela caída eu
devo ter".
Recentemente,
graças ao assassinato da vereadora carioca, a internet pegou fogo. O que eu li
de besteiras contra e a favor da coitada, não está no gibi (eu gosto
desta expressão). E o fogo não se apagava, pois sempre voltavam os mesmos
posts, compartilhados por pessoas distintas. Comecei a ficar de saco cheio
dessa paranoia e publiquei esta frase (hoje estou na base da
auto-citação): Se quiser saber mais
da maldade humana, crie um perfil em alguma rede social (e adicione muitos
"amigos").
Mas como o
Facebook lembra uma avalanche ou rio caudaloso e cheio de corredeiras, aonde os
posts dos "amigos" vão sendo "empurrados" pelos mais
recentes, numa roda viva desgraçada, quase ninguém leu. E se leu, fingiu-se de
morto. E a intolerância e rancor continuaram comendo soltos. Aí, meu fígado deu
aquela azedada e eu publiquei esta "catilinária":
Vocês que curtem e compartilham posts desse tipo
precisam parar de fazer disputa de assassinados! Não há essa de "o meu é
melhor que o seu"! Aliás, é de uma caretice e uma crueldade sem tamanho
ficar comparando cor de pele, preferência sexual, etc. de pessoas que foram
ASSASSINADAS! Que tal crescer um pouco? Orações, rezas e passes nunca curarão
intolerância e - por que não dizer? - ignorância.
Uma das pessoas
reagiu asperamente (mesmo que com alguma elegância). Fiquei matutando sobre
minha explosão, tão agressiva quanto a resposta e resolvi dar um tempo nessa
rede. Poderia simplesmente ter-me calado, desconectado, qualquer coisa. Mas,
como sou um sujeito que explica tudo, resolvi dar mais um puxão coletivo de
orelhas e escrevi este texto:
Tenho 129 “amigos de Facebook”, o que para mim é
muita coisa. Como sou aposentado e neurótico assumido, acesso o Face várias (eu
disse VÁRIAS) vezes por dia. Talvez por isso venho formando um perfil
psicológico desse pessoal, a partir do que curtem ou compartilham (não, não
precisam pensar que eu sou um algoritmo humano que sai tabulando tudo o que
vê). E o que tenho observado é reconfortante em alguns casos e surpreendente
(para pior ou para melhor) nos demais.
O perfil reconfortante pertence às pessoas que
conheço pessoalmente, trago carinhosamente no coração e são exatamente como
sempre imaginei que fossem: minha mulher e filhos, além dos amigos e amigas
queridas, como a Andreia e a Ludmila, por exemplo.
O perfil surpreendente é formado pelos amigos com
quem tenho pouco ou nenhum contato e que modificaram o status (ou estatura) ou
avaliação que fazia deles. Alguns se revelaram infinitamente melhores do que eu
já os considerava (caso do Ivan, por exemplo). Ou ilustríssimos desconhecidos
como os músicos Marcelo e Ausier, que sempre demonstram ponderação, bom humor e
moderação nos comentários que fazem.
Mas há um reduzido grupo que se apequenou no meu
conceito (mesmo que eu continue gostando deles!), graças a um comportamento de
barragem que se rompe, tsunami ou terremoto, pois postam, compartilham ou
comentam coisas, fake news e textos rancorosos e cheios de ódio que me fazem
ficar arrepiado de decepção ou pena. E fico me perguntando (sem saber a
resposta) como pode alguém ter tanta intolerância e preconceito no
coração. Por estar ultimamente me comportando da mesma forma que condeno e
deploro, resolvi ficar em “silêncio obsequioso” por algum tempo (para criar
fôlego e não ficar pior).
E agora a
explicação: pelas neuroses, frustrações, medos, fobias, complexo de
inferioridade ou até mesmo "espinhela caída", sempre tive problemas
de relacionamento com o "mundo exterior". Para superar isso, criei um
personagem que sempre fez o maior sucesso: gente fina, simpaticão, alegre e
ridículo, mas mais falso que nota de três reais.
Refletindo sobre
isso, acredito sinceramente que essa dificuldade de interação real com as
pessoas seja um comportamento meio autista. Por isso, atualmente, já que estou
em "silêncio obsequioso", vejo tudo o que os "amigos de
facebook” postam, mas não respondo nada nem faço mais nenhum comentário. Curiosamente
isso tem sido bom para mim e me deixado mais calmo, menos estressado. Eu, um
autista no Facebook.
ATUALIZAÇÃO:
Depois de ver na
televisão o final da missa celebrada para Dona Marisa (a menos lembrada em todo
o espetáculo circense que foi apresentado), não resisti e publiquei no
Facebook:
Acabou o silêncio obsequioso! Afinal, não sou bispo
emérito, menos ainda de Blumenau. Mas não farei comentários nem ficarei
debatendo com meus amigos. Meu negócio agora é me divertir. E “curtir”. “Deixa
a vida me levar”...