segunda-feira, 30 de abril de 2018

ÁRVORE DO DESCONHECIMENTO

Algumas ideias colam na minha cabeça, custam a sair ou nunca saem. É caso das escolhas que fazemos a cada minuto, a cada segundo, a cada momento. Respeitar ou não o semáforo de uma rua deserta em plena madrugada, comer como um glutão até ficar com obesidade mórbida ou diabético, fazer ginástica ou não, parar definitivamente de beber ou encher a cara todo dia, etc. Escolhas sem nenhuma importância ou definidoras de toda uma vida.

Essas decisões tomadas a cada instante de forma friamente planejada ou despreocupadamente irrefletida tornam a vida uma loteria ou, até mesmo, uma roleta russa. Afinal, como saber, como acreditar que um atalho por estrada de terra é melhor ou mais seguro que a estrada pavimentada?

A escolha pela estrada pavimentada provocou a morte de meu cunhado. A recusa preguiçosa e displicente em conseguir novo formulário de inscrição para o vestibular fez com que eu cursasse engenharia em vez de economia.

Como intuir que o bater de asas de uma borboleta brasileira pode provocar uma sucessão de acontecimentos que resultará em uma avalanche de neve na Suíça? A teoria do caos diz que isso é possível - mesmo que inimaginável.

O livro do Gênesis descreve a escolha seminal feita por Adão e Eva no Jardim do Éden, quando resolvem comer o fruto da árvore “que está no meio do jardim”. Essa era a “árvore do conhecimento” ou “do bem e do mal”. Deus fica puto com a desobediência do primeiro casal e, antes de dar-lhes um pé na bunda, manda ver:

- “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecedor do bem e do mal. Agora, pois, cuidemos que ele não estenda a sua mão e tome também do fruto da árvore da vida, e o coma, e viva eternamente.”

Como se vê, o Deus do Antigo Testamento era bravo, temperamental e – por que não dizer? – egoísta. Afinal, qual pai gostaria de ver seus filhos fazendo escolhas às cegas, dando topadas e fazendo burradas se possuísse uma “árvore do conhecimento” bem à mão?

Se eu acreditasse nessa história de Adão e Eva, diria que o fruto dessa árvore tinha um “defeito colateral”, pois só permitiu que o homem conhecesse o Bem e o Mal, mas não o habilitou (ou obrigou) a sempre fazer as escolhas corretas. E é aí que entra a estatística, o cálculo probabilístico: qual a chance de só fazer escolhas certas? Só vou dizer que é mais ou menos como acertar no milhar.

Para sintetizar a perplexidade e desalento que sinto ao pensar nas burradas que dei e nas escolhas que fiz ao longo da vida (e que não deveria ter feito), comecei a rabiscar as possibilidades que se apresentavam. Partindo de um único ponto, surgiam duas escolhas. A opção por qualquer uma delas abria duas novas opções, e assim por diante. O resultado gráfico assemelha-se a uma árvore, a que dei o nome de “árvore do desconhecimento” ou "das escolhas". Afinal, sou apenas um simples mortal.

Árvore das escolhas


3 comentários:

  1. JB, entrei no Marreta agora e os "bastidores" do blog, onde aparecem lá as postagens, as estatísticas, os comentários, e está tudo em inglês. Aconteceu o mesmo por aí?

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    Respostas
    1. Sim e não entendi esta maluquice. Achei que tinha mexido sem querer em algum lugar.

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  2. Também pensei a mesma coisa. Pior, pensei que alguém pudesse ter mudado, algum invasor, pois recebi algumas ameaças há uns 4, 5 anos.
    Mas, então, fui nas Configurações - agora, Settings - e em idiomas e formatações - language and formatting -, e a opção do idioma continua lá, Português(Brasil).
    Foi mais uma intromissão, mais uma viadagem do Google, igual a quando censurou o Marreta.

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