sábado, 7 de abril de 2018

FÓSSEIS DESMENTIDOS

Este é um texto ingênuo que já estava esboçado há mais tempo. Daí minha relutância em divulgá-lo no blog. Diante dos acontecimentos recentes, revela-se ainda mais ingênuo do que aparentava ser. Por isso mesmo resolvi postá-lo hoje, com a vã esperança de que este país melhore algum dia.

Aparentemente a humanidade foi "feita" para acreditar. Dizendo de outra forma, os homens sempre desenvolveram as mais diversas crenças ao longo do tempo. Por exemplo, durante séculos, até os mais sábios e cultos acreditaram que a Terra era o centro do universo. E estudaram e criaram fórmulas e teorias para explicar o movimento do sol e dos planetas em relação à Terra, num trabalhão dos diabos. Chegaram mesmo a queimar quem se opôs a essa crença e continuaram assim por um bom tempo.

Se pensarmos nas religiões e seitas existentes, a coisa fica ainda mais complicada. Pensem bem: se eu tenho uma fé ou crença ou convicção diferente daquelas que outras pessoas possuem, a única certeza é que alguém está errado nessa história. Ou eu ou eles. Um budista, por mais zen que possa ser, certamente imaginará que o cristianismo é uma bobagem. O mesmo acontecerá com os cristãos se pensarem na umbanda ou candomblé. E por aí vai. Se isso ficasse apenas na crença pessoal já seria complicado. Mas existem as teorias, as explicações, a teologia própria de cada religião, livros e mais livros escritos para justificar e "provar" que as crenças e a fé de cada grupo são as verdadeiras.

Basta lembrar, por exemplo, dos criacionistas, aquele pessoal que acredita que a humanidade surgiu com Adão e Eva, que o mundo foi criado há uns doze mil anos, que os fósseis de milhões de anos são de animais que não conseguiram embarcar na arca de Noé, que o homem não descende de um primata e, principalmente, que não há como comprovar a hipótese evolutiva em laboratório. Por isso, a teoria do velho e bom Charles Darwin não seria "científica". E há centenas de livros que defendem essa maluquice!

Estamos agora diante da mais recente crença, que é a da inocência do Lula. Os mais empolgados e identificados com as ideias e ideais defendidos pela chamada Esquerda simplesmente não aceitam que ele tenha se corrompido, que tenha recebido vantagens indevidas e passiveis de condenação. A alegação mais comum que ouço é de que “não há provas”. Mas, como, se empreiteiros, zeladores, vizinhos testemunharam o contrário? “Provas testemunhais não valem”, “O testemunho é a prostituta das provas”. E saem diálogos de mesa de botequim desse tipo:

- "Barba"? Claro que não é o Lula!
- "Brama"? Que absurdo, isso é invencionice de empreiteiro!
- Mas foram os próprios empreiteiros que conectaram esses apelidos ao ex-metalúrgico!
- Não acredito! Não há ninguém mais honesto que ele.

Essa negação da realidade é um pouco patológica. É como se alguém dissesse que "Jotabê" é um apelido ridículo, uma abreviatura de um nome ainda mais ridículo e eu retrucasse: "Não, não tem nada a ver!"

Alguém consegue imaginar que as pessoas que cometem irregularidades ou crimes deixam espontaneamente ou querem deixar rastros e provas que as incriminem? E só para ajudar nas investigações futuras contra elas mesmas? Nem preciso responder, concordam? Mas os fanáticos e idiotas continuam a acreditar no "papa" do PT.

E chegamos a esta acaciana conclusão: assim são as crenças. Cremos apenas naquilo que aceitamos ou em que queremos acreditar, mesmo que existam fósseis para nos contradizer, mesmo que haja indícios ou testemunhos que nos desmintam, que abalem nossa equivocada fé. Nada muda nossa forma de pensar. Eu, por exemplo, tenho acreditado que as figurinhas da Copa colocadas sobre uma ferida infeccionada fazem o ferimento fechar e sarar. Quero ver quem é capaz de me convencer do contrário.




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