Tenho um amigo que comemora seu aniversário
em 11 de março, embora tenha nascido mesmo um dia depois. A explicação para
essa esquisitice é o fato de seu pai - ele sim, realmente nascido no dia onze -
ter registrado o filho dessa forma. A mesma vaidade tola aconteceu com o
Blogson.
Eu
nasci há dez mil anos atrás... ops, isso é Raul Seixas! Rebobinando (ainda
se rebobina alguma coisa?), eu nasci em 7 de junho (de 1950!). Provavelmente,
graças às conversas com meus filhos no dia do meu aniversário, um deles
finalmente resolveu criar o blog para mim, o que aconteceu no dia seguinte.
Obviamente, o primeiro post saiu com a data de sua criação (oito de junho). Mas
estava tão encantado que já mandei logo o segundo. Tempos depois, resolvi
(TOC!) corrigir esse "erro", alterando a data do primeiro para o
glorioso dia 7 de junho de 2014, só para coincidir as datas de nascimento.
Coisa de retardado mental, como se vê.
Já disse isso antes, mas vou repetir: à
exceção do "Currículo do Blogueiro", os posts iniciais tiveram origem
em e-mails que mandava para meus filhos e uns dois amigos (o "grupo dos infelizes"). Essa origem
trai o desejo implícito de me comunicar, de falar besteiras, de conversar
fiado, contar piadas infames e dizer coisas idiotas, como se estivesse
conversando "ao vivo e a cores" com alguém. Por isso mesmo, a
linguagem é coloquial (ótima para esconder o desconhecimento da linguagem
culta). Os assuntos abordados refletem "poucos interesses e muita obsessão" e foram estruturados ou
indexados segundo uma "lista de supermercado" – “memória", "sem noção", "eu não sei desenhar",
"papo cabeça", etc.
Mas o blog já trazia desde seu nascimento a
maldição da "solidão ampliada".
Afinal, se o desejo original sempre foi a vontade de me comunicar, de
"ouvir" comentários, receber aplausos (é, eu sou idiota mesmo), o que
aconteceu (e acontece até hoje) foi o mesmo que já rolava na caixa postal, pois
quase ninguém via. E, se lia, fingia-se de morto. No início, graças à
curiosidade natural das pessoas, alguns parentes e amigos acessaram o Blogson e
até comentaram alguma coisa. Aos poucos, a visitação foi minguando, minguando
até sumir das estatísticas.
Depois de ser descoberto pelo titular do blockbuster "A Marreta do Azarão", a coisa mudou, o público cresceu, pois
alguns de seus leitores passaram também a acessar o Blogson. Mas acabou
acontecendo o mesmo que já havia ocorrido com os parentes: silêncio cada dia
maior, até o estágio atual, quase absoluto (e não é por eu estar realmente ficando
surdo) – apesar dos acessos diários (uns dez, no máximo).
Lamentei, choraminguei, fiz birrinha, interrompi as
postagens e quase acabei com o blog. Tentei entender e traduzir o comportamento
dos leitores, qual o motivo desse abandono progressivo. Hoje, imagino que
esteja relacionado à irrelevância dos assuntos, à (má) qualidade dos posts e à
falta de originalidade – traduzida em textos do tipo "mais do mesmo" – como este agora. O que posso fazer? "Nada" é a resposta mais óbvia.
Como aumentar a relevância dos posts sendo um
sujeito verdadeiramente morno e medíocre (real)? Como aumentar a qualidade se
o melhor que consigo fazer não passa de sub-literatura, sub-desenho, sub-humor
e reflexões acacianas? Finalmente, como deixar de me repetir se tenho "poucos interesses e muita obsessão"?
Muito bem. Agora, a explicação para este
post: depois de ler o poema "Tempore
Mortis" no blog do "Marreta"
e dar nele um esporro a título de comentário (justamente para parar com essa
frescura de fim de blog, falta de assunto e coisa e tal), resolvi ampliar o tema
(que eu não sou bobo nada) e transformá-lo em novo post, mas ao estilo Blogson:
cheio de circunvoluções, cutucadas na memória e mensagens que poderiam ser
sintetizadas em apenas uma frase.
E a mensagem deste post é esta: "I know, it's only rock and roll, but I like
it", que o Google Translate traduziu assim: mesmo que o Blogson seja
irrelevante, sem criatividade, sem leitores, sem assunto, eu gosto dele,
divirto-me com ele, quase como se ainda fosse um adolescente trancado dentro do banheiro.
Hoje, pouco me importa se as pessoas
comentarão ou não o "brilho intelectual", a "cultura
enciclopédica", as "piadas hilariantes" e os "desenhos
geniais” da grife Jotabê (se elogiarem, um dos dois estará delirando). O que
realmente importa e mantém "positivo e operante" o velho blog da
solidão ampliada é o prazer que ele me proporciona, é saber que ainda rio
sozinho com as bobagens que imagino, com "desenhos" criados com
ferramentas do Word. E se sempre estou falando de meu próprio umbigo,
paciência, pois eu quero ser lembrado. Mesmo que seja por ninguém.
Meus tempos de blogbuster já se foram, JB. Depois que o Google classificou o Marreta como blog de conteúdo adulto, a URL do blog foi também tirada dos mecanismos automáticos de busca. Resumindo : se fosse hoje, você jamais teria caído por acaso no Marreta; nem você nem a J nem o ex-boiola. Hoje, só acessam o Marreta quem dele já sabem.
ResponderExcluirHoje, tenho uma média de 25-40 acessos diários, quando o normal, nos tempos pré-censura, chegava fácil aos 250-300/dia.
Mas paciência.. caminhemos...