sexta-feira, 28 de agosto de 2015

VELHOS HORIZONTES

Só agora, depois deste texto ser divulgado, é que me dei conta de ser ele o 400.º post permanente do Blogson! Digo permanente, por ter excluído toda a série "(Não) vale a Pena Ver de Novo", um trambique criado para postar de novo textos que originalmente tiveram apenas uma(!) ou duas visualizações. Mas é um número extraordinário. Quatrocentos! Fico pensando o tanto que já enchi o saco de meus 2,3 leitores mais constantes. Tudo masoquista, claro!

Com a incrível velocidade que se propagam e se divulgam notícias hoje em dia, um acontecimento extraordinário ocorrido em 14/07/2015 já está muito, muito velho (em termos de mídia, lógico). Estou falando da sonda New Horizons, que se aproximou tanto de Plutão que quase daria para ver um plutoniano pegando uma praia, um bronzeado (acho que misturei conceitos incompatíveis).

O post de hoje é uma colcha de retalhos (acho que ficaria mais chique dizer rapsódia literária), por  unir, por liquidificar assuntos totalmente distintos, cujo único ponto em comum é orbitar em torno de Plutão (pleonasmo!). Por isso, vou começar pelas partes mais sem graça, justamente as que escrevi.

Eu nunca soube – e essa é uma declaração sincera – que o nome desse planeta prejudicado verticalmente (anão, é claro) conhecido por nós como “Plutão”, é “Pluto” em inglês. Que notícia fundamental! O curioso é que o cachorro retardado do Mickey, lá como aqui, também se chama Pluto.

Eu também nunca entendi ser um cachorro o animal de estimação de um rato, mas tudo bem. Embora sempre tenha sido fã de histórias em quadrinhos, nunca me conectei muito a esse camundongo, um caretão irretocável. Da “linha Mickey”, o personagem mais sensacional (infelizmente de vida não muito longa) era o Esquálidus. Por isso, sempre gostei mais das histórias mirabolantes do Pato Donald (as que foram roteirizadas e desenhadas por Carl Barks, artista genial).

Quando eu era criança (ali pelo século XIII a.C.), o grupo escolar (1ª à 4ª série do ensino fundamental) adotava como material de leitura um livreto cujo nome era “As mais belas histórias”, em quatro volumes, um para cada série. Nos sebos, esses livros valem hoje mais de cem reais (para compra, lógico. Mas se você tentar vender, oferecem uns dez merréis).



Um dessas historietas era, se não me engano, “Plutão”, uma poesia de Olavo Bilac feita para crianças, na época em que ninguém pensava em adotar apenas textos politicamente corretos ou suavizados. E o Plutão cantado nesses versos era outro cachorro, muito antes da fama de seu quase homônimo americano.

Minha mulher usa o princípio desse poema para ironizar as declamações feitas em sala de aula e faz isso de forma muito engraçada, gesticulando como uma criança ensaiada pela mãe, numa performance hilariante. Olha o poema:

Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
O corajoso Plutão.

Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
E duas vezes mais alto
Do que o seu dono Carlinhos.

Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido Plutão.

Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.

Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando
Mordido pelo Plutão...

Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado:
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.

Um dia caiu doente
Carlinhos... Junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o Plutão.

Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa de dores,
Era uma casa maldita.

Morreu Carlinhos... A um canto,
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.

Depois, seguiu o menino,
Seguiu-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino:
Não saiu do cemitério.

Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,

Acharam morto o Plutão.

E agora, a parte mais engraçada, para encerrar o post: No último mês de julho, recebi de meu filho um link divertidíssimo. O título do e-mail já dava uma pista e era "Se quiser perder a esperança na humanidade", mais que justo, diante das sandices ditas por várias pessoas a propósito das notícias sobre a sonda espacial. Não vou adiantar nada, mas ri até não poder mais (tive frouxos de riso, como diriam os antigos).

O link é esse:

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