quinta-feira, 27 de novembro de 2025

ORGULHO DE QUE, MINHA SENHORA?

Urgente A AmBev acaba de suspender as férias de todos os funcionários, para reforçar  a produção de cerveja.

Minha estadia forçada no hospital provocada pela internação da minha amada tem-me impedido de postar alguma coisa minimamente interessante. Por isso, para aproveitar uma piada que recebi pelo zap, pedi ao sobrinho com quem tenho mais contato para reproduzi-la no blog. Dei a senha e demais dados necessários, além do texto adaptado sobre a prisão do Bolsonaro. Ele atendeu, mas não formatou nem colocou o título.
 
Isso não foi tão ruim, pois posso agora fazer uma correção e incluir um comentário. Escrevi esse texto a mão no hospital para ser digitado quando eu fosse à nossa casa para pagar contas, tomar banho, trocar de roupa, pegar coisas que estejam faltando, etc.
 
Minha amada está sem dor e 90% lúcida, embora ainda sem definição sobre os próximos passos. Só tenho mais um texto programado; depois disso, silêncio.
 
Uma das enfermeiras do andar onde minha mulher está internada, ao ver na TV a notícia da prisão do Bozo, comentou algo assim:
- Conseguiram tirá-lo da eleição...
 
Perguntei o que ela pensava dele e a resposta petulante e apaixonada foi:
- Sou bolsonarista com muito orgulho!
 
Esse tipo de pensamento me causa perplexidade. Como pode uma profissional da área da saúde aprovar e admirar um sujeito negacionista, defensor de medicamento ineficaz, capaz de dizer barbaridades sobre quem estava morrendo durante a pandemia, que atrasou a compra da vacina contra a COVID, atraso injustificável se pensarmos nas pelo menos cinco mil vítimas que poderiam ter sido salvas se a compra salvadora fosse feita tão logo as vacinas ficaram disponíveis?
 
Como pode uma pessoa com título universitário de enfermeira ser tão obtusa assim, ao ponto de deixar que a crença cega em um idiota a tornasse incapaz de enxergar a tragédia da responsabilidade seu ídolo?
 
Pensei, mas nem vou perguntar: o que ela sobre as três versões apresentadas por seu mito para danificar a tornozeleira eletrônica que usava?
 
Parece que as crenças cegas são sempre superiores à razão. Idiota!!!
 
Se seu ainda bebesse, compraria a cerveja mais cara para comemorar essa prisão e, claro, deixaria as marcas mais baratas – mesmo que boas – para aplacar, para anestesiar a frustração e o ódio dos tolos e apoiadores radicais do Cavalão.

TODO HOMEM É MINHA CAÇA - MILLÔR FERNANDES

 
Este texto encerra o livro que nasceu da garimpagem minuciosa de 5.142 textos e frases produzidas por Millôr Fernandes ao longo de toda a sua vida  materiais espalhados por inúmeros veículos de comunicação e agora reunidos sob o título Millôr definitivo: a bíblia do caos.
Trata-se de um texto profundamente desencantado, livre de ilusões, e, ao mesmo tempo, desconcertantemente sincero. Justamente por isso, por sua força e honestidade crua, resolvi reproduzi-lo na íntegra aqui no blog.
 
 
O livro Todo homem é minha caça, nome inspirado num poema do inglês Pope, mostra minha profunda descrença no ser humano – que eu sou. E olhem que jamais procurei um homem perfeito. Nunca tive admiração pelo “If”, de Kipling – poema fascistóide em que o genial propagandista do Império Britânico esculpe um homem de mármore, com “qualidades” que fariam desse ser, se existente, um chato perfeito. E não me espanta que Alekos Panagulis, o Homem de Oriana Fallaci, o super-herói dessa mulher em geral tão dura, fosse um admirador exatamente do “If”. Tinha esse poema enquadrado, como qualquer executivo (vi, através da vida, inúmeras cópias emolduradas em escritórios de luxo) mediocremente mercantil. Heróis nunca me iludiram. Quando caço o homem, como Nemrod na Bíblia, e procuro alvejar individualmente o mesquinho, o covarde, o safado, o hipócrita, o corrupto, o incompetente e, coletivamente, a medicina, a política, a psicanálise, o jornalismo, o economismo, com suas pretensões, falhas, fraquezas, egoísmos e sandices (que são as minhas, eu nunca esqueço; só que eu nunca esqueço; a maior parte das pessoas nem se lembra) não estou preocupado com essas falhas e defeitos insanáveis, mas com o inevitável fim a que isso leva – a desumanidade do homem para com o homem. Mas, ai!, não resta alternativa – nada me interessa mais do que o ser humano. A partir de um certo momento da vida minha maior diversão passou a ser conversar longa, lenta, interessadamente, com alguém. Mas uma pessoa só. Quantas vezes, na calma do meu estúdio, atravesso a tarde e penetro pela noite, falando a alguém que veio me procurar. Interrompo o trabalho mais premente – a princípio aborrecido com a intromissão – e de repente me vejo profundamente ligado a uma pessoa que nunca vi, num psicanalismo bifronte e gratuito (o único válido; o unilateral e com guichê na porta é uma contrafação) arte pela arte no seu melhor momento. E, vejam bem, essas conversas são, indiferentemente – honni soit qui mal y pense – com homem ou mulher, jovens ou velhos. Daí vem muito o meu conhecimento do outro lado, a certeza de que ninguém quer ser mesmo torturador, todo mundo gostaria de ser generoso, não há quem não tenha uma justificativa absolutamente correta pro seu erro, seu mau caratismo, seu péssimo humor, sua violência. Mas as justificativas não eliminam o fato de que todos nós só queremos a nós mesmos; o irmão que se rompa. Mesmo o mais humilde, o “sacerdote” mais “santo”, a sua vanglória o arrasta, pelo menos, a querer ser “o mais humilde do ano”. Estão aí Dom Hélder e Madre Teresa de Calcutá que não me deixam mentir. Humildes, sim, mas que ninguém duvide disso! Mesmo o herói indubitável, aquele que tirou alguém do incêndio – e quantas vezes me digo: “Bem, aí está um entre as chamas, aí está a salvação”, – quando o conheço melhor, descubro que é, na vida diária, usurário de pequenos empréstimos ou mercador de remédios falsificados. É só ler uma enciclopédia com olhos abertos para ver que não houve exceção – todos os “libertadores” foram posteriores tiranos, quase sempre “Salvadores Perpétuos” da pátria a ferro e fogo (e muito pau- de arara); as sociedades filantrópicas se transformaram sempre, quando já não eram assim em intenção, em fontes de suborno e locupletação; as ideologias, feitas em nome do homem, logo servem à glorificação e/ou gozo material de ideólogos, e a consequente exploração da coletividade. Humorismo é a visão cética no seu mais profundo sentido. Redentora. Aquela que nos permite, honestamente, variar sobre a imagem cansada e repetir: “O homem está nu!“ É a única que vê o herói César depilando seu corpo para – cito Suetônio – ser “O homem de todas as mulheres e a mulher de todos os homens”, e não o herói shakespeareano. Que vê Napoleão sabendo se proteger muito bem nos campos de batalha porque, naturalmente, isso importava muito mais para a glória da França do que qualquer preocupação com (outras) vidas humanas. Que vê Baden Powell, o do escotismo, produzindo um “heroico” extermínio de negros na guerra dos Boers. Que vê todos os grandes experts em pintura da Europa depondo num tribunal holandês contra o pintor falsário Van Meegerem – aqueles mesmos que, durante anos, impuseram aos europeus as falsificações dele como peças autênticas – até que ele desmascarasse tudo e todos, falsificando um quadro diante de seus próprios juízes. Que sabe que os grandes negócios escusos (há outros?) internacionais são feitos em camas milionárias, resolvidos em iates de luxo, decididos em banquetes filantrópicos, planejados em todos os lugares dourados do mundo. É aí que, impunemente, se decide a morte de milhões de miseráveis que jamais saberão que sua fome e sua degradação foram negociadas a milhares de quilômetros de distância, num Méditerranée ensolarado. Só a descrença total pode trazer alguma solução. Só o ceticismo integral pode começar a produzir um mínimo de verdade, criar um sentimento de maior aproximação com o outro ser humano assim mesmo como ele é; quer dizer, a partir do conhecimento de sua crapulice, de sua mentira, de sua quase-absoluta incapacidade de corresponder. Só a aceitação desse ser centralizado definitivamente em seu próprio umbigo (religiões e ideologias, uma tentativa comercial de apresentá-lo de maneira diversa, só têm feito criar monstros sagrados, cada vez maiores à medida que as populações aumentam e, com elas, os recursos da tecnologia da comunicação) pode nos conduzir a um suportável convívio. Por mim, acho que já aprendi a conhecer o ser humano que sou eu mesmo, meu irmão homem. Já sei até seu nome – Caim. Não adianta toda a minha racionalização, não adianta eu olhar no olho de todo e qualquer interlocutor e saber que cada palavra dele – um imenso código sempre mais complicado – não corresponde a nada do que ele é. O sentido de humor, que me faz ver sempre falho – porque a mim não me vejo de outro modo – me mostra toda a complexidade das relações humanas como uma coisa extraordinariamente engraçada, mesmo quando dramática, mesmo quando odiosa, mesmo quando mesquinha. Pois fora do ser humano a vida não tem enredo. Fora do ser humano não há salvação. Não resisto a um ser humano

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

A PRIMEIRA VEZ - JOÃO GILBERTO

Hoje eu acordei cantarolando estes versos: “Procuro esquecer a dor, não sou capaz. Meu violão não toca mais”.  Mesmo conseguindo cantá-la quase toda, não consegui me lembrar quem gravou essa música. Só agora, procurando na internet, descobri que foi meu ídolo João Gilberto, em um dos três primeiros LPs que lançou (eu tenho os três. Sorry, periferia).
 
Por estar em total sintonia com ela, resolvi compartilhar com os malucos que acessam este blog em processo de desmame (porque para conseguir ficar livre das drogas talvez você precise ir devagar) o divino som do violão desse outro maluco. E por não saber versejar eu uso os versos de outros para tentar - quem sabe? - um pouco a dor que eu sinto, expressar. 


segunda-feira, 24 de novembro de 2025

SEMPRE DE VOLTA PARA O FUTURO

 
Li no portal Carta Capital um artigo publicado no início deste mês tão interessante que até tentei copiá-lo para postar no blog. Infelizmente, só consegui as primeiras frases – o resto estava bloqueado. Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca, ainda mais depois da criação do ChatGPT. Então, passei a ele a missão de ler o artigo e fazer um resumo para mim. E não é que o danado conseguiu?
 
O que me chamou a atenção no texto foi a maneira como o autor aponta e critica as burrices e equívocos cometidos no país desde a época do Brasil Colônia. Veja só esta passagem:
 
“A explicação de nosso atraso principalmente em face do desenvolvimento acelerado da China, não se deve à disparidade dos números, mas à sua causa.
O atraso seja político seja econômico sempre foi a ideologia da classe dominante aqui instalada pelas naus portuguesas, dependente da irmandade siamesa entre latifúndio e escravismo. O primarismo fez-se valer como necessidade da política de posse de terra, alternativa à colonização para a qual Portugal carecia de meios. Assim, com as nuances impostas pelo processo histórico, o atraso estrutural chega ao capitalismo e à República nos meados do século XX, impondo ao novo regime, no contrapelo da modernidade prometida, o modelo colonial da plantation, voltado para a exportação”.
 
Enquanto isso, a comunista China fez um esforço gigantesco para se transformar na prática em um país capitalista com governo autoritário. Para mim, os números, as estatísticas e os comentários mostram por que o Brasil talvez esteja condenado a ser o eterno “país do futuro” – e por que a China provavelmente ocupará o posto de superpotência hoje nas mãos do país do “cabelo de milho”.
 
A seguir, apresento a síntese produzida pela IA. O autor do artigo é Roberto Amaral (muito prazer, não o conhecia). Lêaí:
 
 
O atraso brasileiro frente ao avanço chinês não se explica pelos números em si, mas pelas causas que os produzem. Desde a colônia, o Brasil foi guiado por uma elite agrária e dependente, herdeira do latifúndio e do escravismo, que transformou a exportação de produtos primários em política de Estado. Mesmo com a República, a Revolução de 1930 e o surto industrial dos governos Vargas e JK, a ideologia conservadora sobreviveu: a crença liberal na “vocação agrícola” e na mínima intervenção do Estado. Essa visão — sintetizada por Eugênio Gudin e propagada pela Fundação Getúlio Vargas — combateu o planejamento econômico e a proteção à indústria nacional, condenando o país a um desenvolvimento descontínuo e frágil.
Nos anos 1950, o Brasil ainda era uma economia majoritariamente agrária, com 50% da população no campo e taxas de analfabetismo elevadas. A indústria de transformação representava pouco mais de 20% do PIB, voltada a bens de consumo leves, dependente de importações de insumos e tecnologia. Essa estrutura manteve o país vulnerável às oscilações externas e às crises cambiais, limitando a consolidação de uma base tecnológica autônoma.
A China partia de condições ainda piores. No final dos anos 1940, mais de 80% da população vivia no campo, a produtividade agrícola era baixíssima e a taxa de analfabetismo superava os 80%. O país havia sido devastado por invasões, guerras civis e décadas de dominação colonial. A partir dos anos 1950, o regime maoísta implantou uma economia planificada, priorizando a reforma agrária, a siderurgia, a energia e a indústria pesada. Mesmo com erros e retrocessos, esse processo criou as bases de um sistema de ciência e educação que, a partir das reformas de 1978 sob Deng Xiaoping, permitiu a transição para um capitalismo de Estado voltado à modernização tecnológica.
Nos anos 1970, Brasil e China investiam proporções semelhantes de seus PIBs em pesquisa e desenvolvimento — cerca de 2%. A partir de então, seus caminhos divergiram. A China multiplicou seus investimentos, chegando a 2,6% do PIB em 2024, com um sistema integrado de educação, pesquisa e política industrial. Hoje, o país é protagonista em energia renovável, semicondutores, telecomunicações, inteligência artificial e biotecnologia. O Brasil, ao contrário, reduziu o esforço estatal e desarticulou suas políticas industriais: em 2024, investe apenas 1,2% do PIB em P&D, a maior parte concentrada em universidades públicas, com pouca participação do setor privado. Nossa indústria prefere pagar royalties a desenvolver tecnologia própria.
Enquanto a China planeja seu 15º plano quinquenal (2026–2030) com foco em inovação científica, autossuficiência tecnológica e sustentabilidade ambiental, o Brasil se mantém prisioneiro de um neoliberalismo de ajuste permanente, em que o combate à inflação se torna fim em si mesmo. O resultado é uma economia estagnada, dependente de commodities e de tecnologia estrangeira.
O contraste entre os dois países não está na virtude de um ou no fracasso moral do outro, mas na diferença de projeto e de continuidade. A China apostou em planejamento e consistência; o Brasil, em improviso e retórica. Um construiu o futuro, o outro o adiou indefinidamente.

domingo, 23 de novembro de 2025

O MEDO DOS IGNORANTES

 
Este texto foi escrito no final de agosto de 2025, e eu o fui empurrando para depois, por estar publicando textos mais interessantes. Isso mostra que algumas postagens têm data de validade e que, se não forem postadas no momento certo, acabam ficando meio rançosas.

Hoje, para mim, a extrema direita é, entre outros defeitos, a expressão mais radical do obscurantismo e da negação da ciência. Como imaginar que o secretário de Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., justamente quem deveria incentivar as melhores práticas de saúde, revele tanto negacionismo e preconceito contra as vacinas? Segundo o site The Conversation, “Kennedy lançou um ataque generalizado à infraestrutura de vacinas dos EUA: destruiu comitês de supervisão, semeou dúvidas sobre ciência estabelecida, politizou a segurança dos ingredientes, limitou o acesso a vacinas e suspendeu o financiamento para pesquisas”.
 
Eu simplesmente enlouqueço quando leio notícias assim. Na prática, é como deixar uma raposa tomando conta do galinheiro. Em plena pandemia da Covid, antes mesmo da Coronavac, eu dizia que tomaria qualquer vacina que me protegesse da sanha da mamoninha assassina. Podia ser feita até de cocô de pombo, que eu tomaria, porque nunca duvidei de vacina alguma. Quando idiotas questionaram a rapidez da criação da vacina de RNA mensageiro, agiram como os cariocas que, no início do século XX, se opuseram à vacinação contra a febre amarela. Em outras palavras: preconceito, ignorância e estupidez.
 
Foi depois de ler um extenso artigo da BBC, intitulado “A história do movimento antivacina no mundo, que repete os mesmos argumentos há séculos”, que resolvi condensar e reduzir à metade as cinco páginas do texto original. Lê aí:
 
A humanidade sempre enfrentou epidemias letais, como a varíola, responsável por milhões de mortes até ser erradicada em 1980 com a vacina criada por Edward Jenner em 1796. Estima-se que, nos últimos 50 anos, vacinas tenham salvado mais de 150 milhões de vidas.
Mas a resistência surgiu junto com a prática. Antes mesmo das vacinas, a variolação — introduzida no século 18 — já era atacada por religiosos como o reverendo Edmund Massey, que a considerava uma afronta à vontade divina, uma “operação diabólica”. Com Jenner, proliferaram sociedades antivacinação, panfletos e sermões que denunciavam a imunização como antinatural, venenosa ou conspiratória. Uma ilustração de 1802, por exemplo, mostrava vacinados se transformando em vacas, ecoando temores que hoje se traduzem em boatos sobre DNA.
No século 19, movimentos antivacina organizaram protestos na Inglaterra, no Canadá, nos EUA e no Brasil, onde a Revolta da Vacina (1904) paralisou o Rio de Janeiro. Muitos argumentos se baseavam na defesa da liberdade individual, rejeitando a vacinação obrigatória imposta por governos. Mesmo diante de surtos que atingiam sobretudo crianças, ativistas sustentavam que higiene e quarentena seriam suficientes.
A oposição nunca desapareceu. Com a internet e as redes sociais, antigas falácias se multiplicaram. Entre 2018 e 2023, a confiança dos britânicos nas vacinas caiu de 90% para 70%. A OMS classifica a hesitação vacinal como uma das dez maiores ameaças à saúde pública. O sarampo, considerado eliminado nos EUA em 2000, voltou a registrar surtos fatais por causa da queda da cobertura vacinal.
Os discursos antivacina, embora atualizados com linguagem moderna, continuam recorrendo a velhos padrões: medo, teorias conspiratórias, defesa de liberdades absolutas e visões religiosas que interpretam doenças como castigos divinos. Dois séculos depois, são as mesmas falácias que ameaçam conquistas fundamentais da ciência.

agosto 2025

sábado, 22 de novembro de 2025

POLICIALMENTE CORRETO

Tenho andado muito cansado, cansaço provocado pela doença de minha mulher, por duas internações para tratar a confusão mental provocada pela baixa de sódio no sangue em menos de um mês. Talvez uma terceira seja necessária, pois ela já está novamente dando sinais de confusão no cérebro.
 
Para mim – mesmo sendo leigo – isso pode significar que os remédios identificados como "vilões" (pregabalina, desvenlafaxina, quetiapina e hidroclorotiazida) pelos médicos do hospital onde foi internada, talvez nem sejam tanto assim, ou não sejam só eles.
 
Segundo um médico amigo de minha cunhada, o quinto culpado pela baixa de sódio no sangue – ou até mesmo o principal culpado – pode ser o excesso do hormônio aldosterona ou desequilibrio de magnésio. A recuperação é simples, mas demorada. Um soro rico em sódio é aplicado lentamente, muito lentamente na veia, e tudo volta ao normal. Um litro desse soro demora trinta horas ou mais para ser totalmente aplicado, pois é liberado de forma programada por uma “bomba”. O problema é descobrir o motivo, talvez escondido em alguma alteração de natureza oncológica.
 
Por isso, para combater o stress e a preocupação que venho sentindo, resolvi ser politicamente incorreto agora ou, talvez, “policialmente correto”. E o tema é a recente operação no Rio de Janeiro que resultou na morte de mais de cem criminosos fortemente armados. E digo sem rodeios: apoio operações policiais que cumpram a lei e enfrentem grupos que impõem o terror armado a comunidades inteiras. Não consigo aceitar passivamente teorias sociológicas e justificar comportamentos de quem, na prática, ameaça e até barbariza os moradores que amedronta e controla com violência.
 
Não duvido que muitos moradores dessas áreas – gente de bem, reféns de extorsão, de ameaças, de tiros e de uma “taxação” criminosa sobre tudo, até sobre o preço do botijão de gás – acompanhem esse tipo de operação com um misto de alívio e esperança, ainda que em silêncio. Eles sabem melhor do que ninguém quem manda ali, e certamente não é o Estado.
 
É possível aceitar como normal a barbárie que é a existência de “tribunais do crime”, que torturam e executam pessoas por motivos muitas vezes banais? Se dependesse da lógica da rua, muita gente defenderia a aplicação da velha Lex Talionis, o famoso “olho por olho, dente por dente”. Mas vivemos, oficialmente, em um Estado de Direito – mesmo que esse direito chegue tarde, ou não chegue, para quem mora nessas regiões. Talvez por isso grande parte da população apoie operações desse tipo, ainda que setores organizados – a esquerda, a Igreja e grupos de defesa dos direitos humanos – as condenem.
 
Essas mortes vão acabar com o tráfico, com os assassinatos, com o poder paralelo? Claro que não, todos sabemos disso. Mas, como me disse um manobrista enquanto eu pagava o estacionamento do hospital: “É um bandido a menos”. Concorde-se ou não com essa frase, ela reflete um sentimento comum – o de que o Estado só se lembra dos cidadãos quando eles viram estatística.
 
O mundo já ultrapassou oito bilhões de habitantes e vive um debate global sobre sustentabilidade. No meio disso, a comoção seletiva por criminosos armados de fuzis, cuja chance de regeneração é mínima, parece, para muitos, um luxo moral distante da realidade de quem vive sob o domínio do tráfico. É duro admitir, mas há quem pense assim – e não sem motivo.
 
E agora chega, preciso levar minha mulher à sua oncologista. Talvez fiquemos internados novamente, sem condições de acessar o Blogson e os blogs que acompanho. Até a próxima, até quando der.

Em tempo: pedi ajuda ao ChatGPT para retirar ou modificar trechos do texto que pudessem ser equivocadamente classificados como "discurso de ódio" ou "injúria racial", simplesmente porque eu sou cara do bem, um sujeito totalmente a favor da cultura da não violência. Já escrevi sobre isso aqui no blog.

31/10/2025

ORGULHO DE QUE, MINHA SENHORA?

Urgente A AmBev acaba de suspender as férias de todos os funcionários, para reforçar  a produção de cerveja. Minha estadia forçada no hospit...