Li no portal Carta Capital um artigo publicado no início deste mês tão interessante que até tentei copiá-lo para postar no blog. Infelizmente, só consegui as primeiras frases – o resto estava bloqueado. Mas eu sou brasileiro e não desisto nunca, ainda mais depois da criação do ChatGPT. Então, passei a ele a missão de ler o artigo e fazer um resumo para mim. E não é que o danado conseguiu?
O atraso seja político seja econômico sempre foi a ideologia da classe dominante aqui instalada pelas naus portuguesas, dependente da irmandade siamesa entre latifúndio e escravismo. O primarismo fez-se valer como necessidade da política de posse de terra, alternativa à colonização para a qual Portugal carecia de meios. Assim, com as nuances impostas pelo processo histórico, o atraso estrutural chega ao capitalismo e à República nos meados do século XX, impondo ao novo regime, no contrapelo da modernidade prometida, o modelo colonial da plantation, voltado para a exportação”.
Nos anos 1950, o Brasil ainda era uma economia majoritariamente agrária, com 50% da população no campo e taxas de analfabetismo elevadas. A indústria de transformação representava pouco mais de 20% do PIB, voltada a bens de consumo leves, dependente de importações de insumos e tecnologia. Essa estrutura manteve o país vulnerável às oscilações externas e às crises cambiais, limitando a consolidação de uma base tecnológica autônoma.
A China partia de condições ainda piores. No final dos anos 1940, mais de 80% da população vivia no campo, a produtividade agrícola era baixíssima e a taxa de analfabetismo superava os 80%. O país havia sido devastado por invasões, guerras civis e décadas de dominação colonial. A partir dos anos 1950, o regime maoísta implantou uma economia planificada, priorizando a reforma agrária, a siderurgia, a energia e a indústria pesada. Mesmo com erros e retrocessos, esse processo criou as bases de um sistema de ciência e educação que, a partir das reformas de 1978 sob Deng Xiaoping, permitiu a transição para um capitalismo de Estado voltado à modernização tecnológica.
Nos anos 1970, Brasil e China investiam proporções semelhantes de seus PIBs em pesquisa e desenvolvimento — cerca de 2%. A partir de então, seus caminhos divergiram. A China multiplicou seus investimentos, chegando a 2,6% do PIB em 2024, com um sistema integrado de educação, pesquisa e política industrial. Hoje, o país é protagonista em energia renovável, semicondutores, telecomunicações, inteligência artificial e biotecnologia. O Brasil, ao contrário, reduziu o esforço estatal e desarticulou suas políticas industriais: em 2024, investe apenas 1,2% do PIB em P&D, a maior parte concentrada em universidades públicas, com pouca participação do setor privado. Nossa indústria prefere pagar royalties a desenvolver tecnologia própria.
Enquanto a China planeja seu 15º plano quinquenal (2026–2030) com foco em inovação científica, autossuficiência tecnológica e sustentabilidade ambiental, o Brasil se mantém prisioneiro de um neoliberalismo de ajuste permanente, em que o combate à inflação se torna fim em si mesmo. O resultado é uma economia estagnada, dependente de commodities e de tecnologia estrangeira.
O contraste entre os dois países não está na virtude de um ou no fracasso moral do outro, mas na diferença de projeto e de continuidade. A China apostou em planejamento e consistência; o Brasil, em improviso e retórica. Um construiu o futuro, o outro o adiou indefinidamente.
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