Eu creio que os leitores e leitoras que ainda se
aventuram por este blog moribundo jamais imaginariam que J.B. já foi paraninfo de
uma turma universitária. Pois é, aconteceu. E o pior (ou melhor): J.B fez um belo
discurso!
Deixando a profundidade de lado, esse J.B.
elogiável e meritório não é o mesmo Jotabê – hoje com as faculdades mentais dando sinais de desgaste irreversível – que assina o livro de ponto aqui no
Blogson. Eu o encontrei por acaso num "reel"
do Facebook, que exibia um vídeo legendado com um trecho do discurso feito em
junho de 2023 por J.B. Pritzker, governador democrata de Illinois, para uma
turma de formandos da Universidade Northwestern. O título do reel é direto: "Não
confie em idiotas".
Comecei
a ler sem muito entusiasmo, mas me empolguei ao ponto de querer publicar essa
fala no blog. Procurei na internet e encontrei a íntegra do discurso, bem mais
longo, mas só me interessava o que foi publicado no Facebook. E é isto o tema
do post de hoje. Lêaí.
A melhor maneira de identificar
um idiota é procurar a pessoa que é cruel. Deixe-me explicar. Quando vemos
alguém que não se parece conosco, ou fala como nós, ou age como nós, ou ama
como nós, ou vive como nós, o primeiro pensamento que passa pela cabeça de
quase todo mundo está enraizado no medo ou no julgamento, ou em ambos. Isso é
evolução. Sobrevivemos como espécie desconfiando de coisas com as quais não
estamos familiarizados. Para sermos gentis, temos que desligar esse instinto animal
e forçar nosso cérebro a percorrer um caminho diferente.
Empatia e compaixão são estados
evoluídos do ser. Exigem a capacidade mental de superar nossos impulsos mais
primitivos. Esta pode ser uma avaliação surpreendente, pois em algum ponto dos
últimos anos, nossa sociedade passou a acreditar que a crueldade armada faz
parte de um plano mestre bem elaborado. A crueldade é vista por alguns como um
porrete hábil para obter poder. Empatia e gentileza são consideradas fraquezas.
Muitas pessoas importantes veem os vulneráveis apenas como degraus em uma
escada para o topo.
Estou aqui para dizer que, quando
o caminho de alguém por este mundo é marcado por atos de crueldade, essa pessoa
falhou no primeiro teste de uma sociedade avançada. Ela nunca forjou seu cérebro
animal a evoluir além do seu primeiro instinto. Ela nunca forjou novos caminhos
mentais para superar seus próprios medos instintivos. E, portanto, seu
pensamento e resolução de problemas carecerão da imaginação e da criatividade
que as pessoas mais gentis têm de sobra. Ao longo dos meus muitos anos na
política e nos negócios, descobri uma coisa que é universalmente verdadeira: a
pessoa mais gentil na sala costuma ser a mais inteligente.
Eu sabia
que meu comportamento gentil tinha uma explicação!
tu és gentio, vós sois gentios. Isso diria um judeu...
ResponderExcluirA gentileza faz parte do nosso ser animal tanto quanto a agressividade. E digo com toda a certeza: precisamos das duas. Evoluímos sendo agressivos com os inimigos (fossem feras animais, fossem as forças da natureza, fossem inimigos de outras tribos) e gentis com quem fazíamos alianças estratégicas.
A gentileza nunca é gratuita.
Concordo que a gentileza nunca é gratuita, mas será que precisamos hoje da agressividade? Os bolsonaristas parecem acreditar que sim, o que é uma lástima.
Excluirnão é questão de ser bolsonarista (como se petistas e lulistas fossem monges tibetanos. Péra, eles também já caíram na porrada...). Um ser humano sem nenhuma agressividade está à mercê de qualquer coisa. Até Jesus, que dizem era o "príncipe da paz" chicoteou os cambistas do Templo. A natureza é agressiva. Como humanos civilizados, creio eu, a questão é saber direcionar sua agressividade (que não necessariamente quer dizer matar ou dar porrada).
ExcluirDesconsidere os bolsonaristas. Eu tenho tanta prevenção contra eles que qualquer merda que surge eu já penso que foi uma "bolsonarada". Eu só briguei de porrada uma única vez na vida, fujo de bate-bocas, não entro em disputas, sou meio como o Galileu, que se retratou mas continuou com a certeza de estar com a razão. Talvez por isso eu despreze todo tipo de autoridade - que pressupõe o respeito de regras de conduta. Por isso também eu já disse que sou um invertebrado emocional. Uma vez eu escrevi o poema "Astronauta", que melhor me define. Mas sei que seria destroçado quando uma postura agressiva se fizesse necessária. Enfim...
ExcluirEsta metáfora talvez explique melhor o que quis dizer: "Durante um furacão, o salgueiro verga, dobra-se com o vento, acompanha o movimento da tempestade — mas não se parte. Já o carvalho, alto e rígido, resiste sem ceder... até que sua rigidez o faz quebrar".
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