Há algum tempo encontrei este artigo no facebook. Foi publicado originalmente na revista digital
Fórum . Por eu ter especial antipatia pelo que esse mala fala, ou melhor, por esse Malafala, não resisti à tentação de
compartilhar aqui no blog a crítica a um pastor feita por outro pastor. Lêaí.
O que o discurso de ódio de Malafaia tenta
esconder – Pastor Zé Barbosa Jr
Enquanto posa de porta-voz dos evangélicos, o mercador da fé esconde o colapso de sua influência política, financeira e moral por trás de discursos de violência e alianças com a extrema direita
Enquanto posa de porta-voz dos evangélicos, o mercador da fé esconde o colapso de sua influência política, financeira e moral por trás de discursos de violência e alianças com a extrema direita
Durante
anos, Silas Malafaia construiu uma imagem pública de liderança religiosa entre
os evangélicos no Brasil. Dono de uma retórica agressiva e sempre pronto para
os holofotes, ele se autoproclamou representante legítimo dos evangélicos
brasileiros. No entanto, essa imagem está em franca erosão. A cada novo passo
dado em direção ao extremismo político, mais evidente se torna que Malafaia não
representa nem a totalidade dos evangélicos, tampouco a Assembleia de Deus —
denominação histórica da qual um dia fez parte, mas da qual se afastou para
fundar sua própria igreja, a ADVEC (Assembleia de Deus Vitória em Cristo).
Ao contrário do que tenta fazer parecer, o empresário da fé Silas é, na prática, mais um entre tantos pastores que se aliaram ao projeto da extrema direita bolsonarista, não por convicção teológica, mas por conveniência política. Sua atuação nos últimos anos é marcada por uma aproximação cada vez mais íntima com Jair Bolsonaro e seus seguidores — inclusive adotando como "bebê reborn" o deputado federal Sóstenes Cavalcante, a quem trata quase como uma extensão de si mesmo no Congresso. Sóstenes, por sua vez, também atua como braço da pauta conservadora mais reacionária, focado em questões de costumes enquanto o Brasil real sofre com pobreza, desigualdade e violência.
Mas a realidade, sempre mais teimosa que o discurso, começa a apresentar sua conta. A derrocada de Silas Malafaia não é apenas simbólica ou moral, é também financeira e política. Sua editora, a Central Gospel, que já foi uma das mais lucrativas do meio evangélico, está em recuperação judicial — um sinal claro de que o império midiático e comercial que ele construiu com base em programas de TV e produtos religiosos está ruindo. Em meio ao crescimento de outras igrejas, novas lideranças e o avanço da digitalização da fé, Malafaia parece uma figura anacrônica, tentando manter viva uma estrutura ultrapassada e pesada.
No campo político, as derrotas também se acumulam. Em 2024, Malafaia apostou alto ao lançar como candidato a vereador no Rio de Janeiro o cantor gospel Waguinho, membro de sua igreja e antigo aliado. A candidatura foi um fracasso retumbante, sinal de que sua influência política não tem o alcance que ele imagina. A tentativa de usar a máquina da igreja como trampolim eleitoral encontrou resistência até mesmo entre os fiéis, muitos dos quais rejeitam a instrumentalização da fé para fins eleitorais.
É importante destacar, mais uma vez, que o discurso de Malafaia não representa a pluralidade do povo evangélico brasileiro. Ele se coloca como voz única de um segmento que é, na realidade, diverso, com lideranças que atuam em defesa dos direitos humanos, da justiça social e da democracia. Muitos pastores e pastoras, especialmente entre os evangélicos progressistas, veem com profunda preocupação o uso do nome de Deus para justificar alianças com discursos de ódio, negacionismo científico e intolerância religiosa.
Malafaia ainda tenta manter sua relevância apostando todas as suas fichas no bolsonarismo. Com a volta de Bolsonaro à cena política, o pastor aparece em manifestações, entrevistas e redes sociais como defensor incondicional do ex-presidente. Mas essa aliança, que um dia pareceu estratégica, hoje soa como um abraço de afogados. Ambos estão cercados por investigações, processos e uma crescente rejeição por parte da população, inclusive de setores religiosos.
A derrocada de Silas Malafaia é o retrato de uma liderança que se distanciou da comunidade para se tornar caricatura de si mesma. Não se trata apenas da decadência de um pastor midiático, mas do esgotamento de um projeto que usa a religião como palanque, a fé como escudo ideológico e o púlpito como extensão de um comitê político-partidário. Hoje não passa de uma sombra na parede que parece muito maior que as mãos que são projetadas.
Seus últimos suspiros públicos são tentativas desesperadas de manter a relevância. Mas o povo evangélico — diverso, plural e cada vez mais consciente — já começa a olhar para outros caminhos. A fé que move multidões no Brasil é maior do que qualquer liderança personalista. E isso, Malafaia ainda não entendeu, ou finge não entender. Mas o abismo está logo ali...
Escrito em Opinião7/8/2025
Ao contrário do que tenta fazer parecer, o empresário da fé Silas é, na prática, mais um entre tantos pastores que se aliaram ao projeto da extrema direita bolsonarista, não por convicção teológica, mas por conveniência política. Sua atuação nos últimos anos é marcada por uma aproximação cada vez mais íntima com Jair Bolsonaro e seus seguidores — inclusive adotando como "bebê reborn" o deputado federal Sóstenes Cavalcante, a quem trata quase como uma extensão de si mesmo no Congresso. Sóstenes, por sua vez, também atua como braço da pauta conservadora mais reacionária, focado em questões de costumes enquanto o Brasil real sofre com pobreza, desigualdade e violência.
Mas a realidade, sempre mais teimosa que o discurso, começa a apresentar sua conta. A derrocada de Silas Malafaia não é apenas simbólica ou moral, é também financeira e política. Sua editora, a Central Gospel, que já foi uma das mais lucrativas do meio evangélico, está em recuperação judicial — um sinal claro de que o império midiático e comercial que ele construiu com base em programas de TV e produtos religiosos está ruindo. Em meio ao crescimento de outras igrejas, novas lideranças e o avanço da digitalização da fé, Malafaia parece uma figura anacrônica, tentando manter viva uma estrutura ultrapassada e pesada.
No campo político, as derrotas também se acumulam. Em 2024, Malafaia apostou alto ao lançar como candidato a vereador no Rio de Janeiro o cantor gospel Waguinho, membro de sua igreja e antigo aliado. A candidatura foi um fracasso retumbante, sinal de que sua influência política não tem o alcance que ele imagina. A tentativa de usar a máquina da igreja como trampolim eleitoral encontrou resistência até mesmo entre os fiéis, muitos dos quais rejeitam a instrumentalização da fé para fins eleitorais.
É importante destacar, mais uma vez, que o discurso de Malafaia não representa a pluralidade do povo evangélico brasileiro. Ele se coloca como voz única de um segmento que é, na realidade, diverso, com lideranças que atuam em defesa dos direitos humanos, da justiça social e da democracia. Muitos pastores e pastoras, especialmente entre os evangélicos progressistas, veem com profunda preocupação o uso do nome de Deus para justificar alianças com discursos de ódio, negacionismo científico e intolerância religiosa.
Malafaia ainda tenta manter sua relevância apostando todas as suas fichas no bolsonarismo. Com a volta de Bolsonaro à cena política, o pastor aparece em manifestações, entrevistas e redes sociais como defensor incondicional do ex-presidente. Mas essa aliança, que um dia pareceu estratégica, hoje soa como um abraço de afogados. Ambos estão cercados por investigações, processos e uma crescente rejeição por parte da população, inclusive de setores religiosos.
A derrocada de Silas Malafaia é o retrato de uma liderança que se distanciou da comunidade para se tornar caricatura de si mesma. Não se trata apenas da decadência de um pastor midiático, mas do esgotamento de um projeto que usa a religião como palanque, a fé como escudo ideológico e o púlpito como extensão de um comitê político-partidário. Hoje não passa de uma sombra na parede que parece muito maior que as mãos que são projetadas.
Seus últimos suspiros públicos são tentativas desesperadas de manter a relevância. Mas o povo evangélico — diverso, plural e cada vez mais consciente — já começa a olhar para outros caminhos. A fé que move multidões no Brasil é maior do que qualquer liderança personalista. E isso, Malafaia ainda não entendeu, ou finge não entender. Mas o abismo está logo ali...
Escrito em Opinião7/8/2025
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