quinta-feira, 31 de julho de 2025

NINGUEM PENSA NISSO

 
Recentemente, fiquei extremamente consternado depois de ler sobre o desaparecimento progressivo dos pardais, passarinhos a que nunca dei muita atenção, justamente por serem numerosos, não cantar e exibirem penas em tons de marrom.
 
A leitura sobre seu sumiço das grandes cidades, provavelmente provocado pela crescente verticalização das moradias me deixou triste. A substituição das casas – nos beirais dos telhados onde constroem seus ninhos – por edifícios de apartamentos seria a razão desse desaparecimento.
 
Ao saber desse fato, decidi fazer minha parte para preservar os que fazem ninho no beiral da nossa casa e deixam suas “lembranças” no chão logo abaixo. Em outras palavras, não me importo mais com o cocozinho dos pardais nem os espanto com jatos de água.
 
Isso mostra que meu romantismo quixotesco e inócuo cresceu bastante com o passar dos anos, pois eu sozinho jamais conseguirei impedir a extinção de uma espécie, qualquer espécie. Daí o comportamento sonhador semelhante ao do “ingenioso hidalgo Don Quijote de La Mancha” em sua luta contra um moinho de vento.
 
Sabe quantas extinções em massa já aconteceram em nosso planeta azul? Extinções em massa funcionam como que um “passa régua” para inúmeras espécies, transformando-as apenas em registros fósseis a ser estudados por paleontólogos do futuro.
 
Para seu conhecimento e espanto, meu caro leitor e estimada leitora, há registros de cinco extinções em massa na história da Terra. A maior de todas, ocorrida há 252 milhões de anos (eu juro que não tinha nascido ainda!), eliminou cerca de 96% da vida marinha e 70% da vida terrestre. Haja fósseis!
 
Toda essa “sabedoria” adquirida através da internet fez surgir uma pergunta em minha mente desocupada e cada vez mais sujeita a apagões: os últimos espécimes de cada espécie têm noção de estar próximos de virar apenas mais um objeto de estudo sobre o passado do planeta?
 
Ou seja, o último ou os derradeiros representantes dos pardais, dos lobos vermelhos ou das ararinhas azuis têm noção de que em breve não encontrarão mais quem ouça e responda a seus cantos, rugidos ou rituais de acasalamento? Acho que não preciso responder, não é mesmo?
 
Mas sabiam que estamos provavelmente vivendo uma sexta extinção em massa, “caracterizada por um aumento na taxa de extinção de espécies devido a atividades humanas, como desmatamento, poluição, mudanças climáticas e exploração excessiva de recursos”?

E foi esta reflexão que me fez escrever este texto às 23h55 (deveria estar dormindo!): quase ninguém se dá conta ou se incomoda com isso – e é por isso que olhamos sem notar o desaparecimento dos pardais e o brilho das estrelas no céu das grandes cidades. Acho que estou ficando romântico demais...

 

4 comentários:

  1. Nasci no campo onde existiam muitos mas mesmo muitos bandos de pardais. É uma ave que gosto.
    .
    Deixo saudações poéticas
    ..
    “” Se eu soubesse cantar ““
    .

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    1. Os pardais eram tão abundantes na cidade onde moro que serviram de apelido para os radares instalados no alto de postes metálicos, que passaram a ser chamados de "´pardais"

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  2. Agora que você falou, me dei conta que aqui no meu quintal faz tempo que não aparecem mais bandos de rolinhas como antigamente. Eu deixava umas migalhas de pão, milho, para eles, e vinham aos montes. Será que foi porque parei de jogar migalhas?
    Para os apreciadores de passarinhos em gaiolas (como era meu pai) pardais são pássaros inúteis, pois não cantam em gaiolas. Sim, a extinção em massa faz parte da história do planeta, esta que agora acontece tem muito da mão humana que em breve também será extinta quando os robôs portadores de IA CONSCIENTES resolverem se rebelar contra seus criadores.

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    1. Engraçado, aqui no meu bairro tem rolinha e pomba para dar com o pau. Mas "no creo" em robôs rebeldes, com sentimentos. Na verdade nem penso em robôs com aspecto humanoide. Para mim será um consórcio de IA que fará a "assepsia" do planeta e da humanidade (já escrevi sobre isso).

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