Sempre pensando na frase famosésima do Ruy
Barbosa (“de tanto ver triunfar”...) –
e por não tê-la arquivada -, resolvi pesquisar na internet e encontrei um texto
publicado em novembro de 2015, com o que seria a íntegra do texto de onde teria
sido extraída. O site onde fiz essa descoberta é da Rádio Itatiaia, de Belo Horizonte.
E o texto é tão atual que não se pode pensar que sua motivação é “déjà vu”, antiga, passada; pelo
contrário, a sensação que se tem ao lê-lo é de atualidade, de “toujours vu”, de sempre visto, sempre sabido, sempre lamentado.
Mesmo que alguns ou muitos acreditem que ele se aplica mais ao candidato Lula, eu o enxergo mais adequado ao candidato Bozo e seu tsunami de fake news e vale-tudo perverso. Por isso, resolvi inverter a ordem do post: primeiro o texto do Cabeção de Haia e depois meu tosquíssimo
cartoon. Antiácido após a leitura é
recomendado. Olhaí.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto... Essa foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regime (Monarquia) o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhes estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais.
Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando. Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.
E nessa destruição geral de nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem..."
Quando eu publiquei este desenho em maio de 2018 eu não sonhava com a existência de rachadinhas e nunca imaginaria que a alegoria sugerida pela imagem viria a tornar-se realidade, uma realidade trágica e preocupante, pois destruidora de modos e comportamentos civilizados. Resolvi republicá-lo para expressar minha tristeza e desesperança com o futuro próximo.
“De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto... Essa foi a obra da República nos últimos anos.
No outro regime (Monarquia) o homem que tinha certa nódoa em sua vida era um homem perdido para todo o sempre - as carreiras políticas lhes estavam fechadas. Havia uma sentinela vigilante, de cuja severidade todos se temiam a que, acesa no alto, guardava a redondeza, como um farol que não se apaga, em proveito da honra, da justiça e da moralidade gerais.
Na República os tarados são os tarudos. Na República todos os grupos se alhearam do movimento dos partidos, da ação dos Governos, da prática das instituições. Contentamo-nos, hoje, com as fórmulas e aparência, porque estas mesmo vão se dissipando pouco a pouco, delas quase nada nos restando. Apenas temos os nomes, apenas temos a reminiscência, apenas temos a fantasmagoria de uma coisa que existiu, de uma coisa que se deseja ver reerguida, mas que, na realidade, se foi inteiramente.
E nessa destruição geral de nossas instituições, a maior de todas as ruínas, Senhores, é a ruína da justiça, colaborada pela ação dos homens públicos, pelo interesse dos nossos partidos, pela influência constante dos nossos Governos. E nesse esboroamento da justiça, a mais grave de todas as ruínas é a falta de penalidade aos criminosos confessos, é a falta de punição quando se aponta um crime que envolve um nome poderoso, apontado, indicado, que todos conhecem..."
Quando eu publiquei este desenho em maio de 2018 eu não sonhava com a existência de rachadinhas e nunca imaginaria que a alegoria sugerida pela imagem viria a tornar-se realidade, uma realidade trágica e preocupante, pois destruidora de modos e comportamentos civilizados. Resolvi republicá-lo para expressar minha tristeza e desesperança com o futuro próximo.
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