quarta-feira, 5 de outubro de 2022

QUEM DISSE FOI THE ECONOMIST

 
Tenho o costume de acessar diariamente (às vezes mais de uma vez por dia) os portais e sites de notícias G1, R7, Isto É, O Antagonista, BBC News, Galileu, Carta Capital, Metrópoles e os jornais O Estado de Minas, O Tempo, Estadão e Folha. Ler as mesmas notícias na Carta Capital e no portal da Record, por exemplo, parece ser uma maneira razoável de obter notícias de forma mais equilibrada ou menos tendenciosa.
 
Hoje, ao acessar o site O Antagonista encontrei uma notícia sobre um artigo publicado pela revista inglesa The Economist. O artigo falava do resultado do primeiro turno das eleições.

Segundo a Wikipédia, “The Economist é uma publicação inglesa de notícias e assuntos internacionais de propriedade da The Economist Newspaper Ltd. e editada em sua sede na cidade de Londres, no Reino Unido. Está em publicação contínua desde a sua fundação por James Wilson, em setembro de 1843”.
 
Por não ter acesso completo à notícia do Antagonista, encarei a internet, achei o artigo e obtive sua tradução. Curiosamente, a tradução trouxe o texto completo, mas a versão original só está disponível para assinantes ou coisa assim.
 
Os leitores do Blogson podem não gostar do texto, mas eu achei bem bacana, tanto que até sublinhei algumas partes que chamaram mais minha atenção. Caso se interessem, incluí também o trecho do texto original em inglês que consegui copiar. Olhaí.

 
Para ganhar a presidência do Brasil, Lula deve passar para o centro
Mais um mandato para o populista Jair Bolsonaro seria ruim para o Brasil e o mundo
4 de outubro de 2022
Como um encontro repentino com uma anaconda, foi mais apertado do que o esperado. Várias pesquisas mostraram Luiz Inácio Lula da Silva, um ex-presidente de esquerda, vencendo Jair Bolsonaro, o titular de direita, por dois dígitos. Alguns previram que ele ganharia mais de 50% no primeiro turno das eleições presidenciais do Brasil, tornando desnecessário um segundo turno. Mas na votação real de 2 de outubro ele ganhou apenas 48,4% contra 43,2% de Bolsonaro. (A razão pela qual as pesquisas subestimaram os apoiadores de Bolsonaro é incerta , mas pode ser que muitos sejam “tímidos” ou desconfiados dos pesquisadores e relutantes em compartilhar suas opiniões com eles.) Os dois candidatos enfrentarão um segundo turno em 30 de outubro, e o Brasil enfrenta mais um mês de polarização.
Lula continua sendo o favorito estreito, até porque Bolsonaro repele muitos eleitores. Ele é um populista trumpiano, que mente tão facilmente quanto respira e imagina conspirações em todos os lugares. Ele não faz nenhum esforço para impedir a destruição da floresta amazônica. Seu tratamento da covid-19 foi vergonhoso. Seu círculo se sobrepõe ao crime organizado. Ele mina as instituições, da Suprema Corte à própria democracia. Ele sugere que a única maneira de perder a eleição é se for fraudada e que não aceitará nenhum resultado exceto a vitória. Ele incita abertamente a violência. Em uma pesquisa recente, quase 70% dos brasileiros disseram temer danos físicos por causa de suas opiniões políticas.
No entanto, apesar da manifesta inaptidão de Bolsonaro para altos cargos, Lula está apenas alguns pontos à frente. Muito disso se resume a dois temores razoáveis ​​sobre Lula: que ele possa ser muito brando com a corrupção e muito esquerdista em economia.
Lula passou 18 meses na prisão por aceitar propina e foi libertado em 2019 depois que suas condenações foram anuladas. Ele mantém sua inocência. Mas, aos olhos de muitos eleitores, a mancha de corrupção ainda paira sobre ele e seu Partido dos Trabalhadores por causa da “Lava Jato”, um grande escândalo de suborno centrado na gigante estatal do petróleo. Ele nunca se desculpou pela Lava Jato, pela qual tem alguma responsabilidade política. Ele deve fazê-lo; e jura que, se eleito, escolherá um destemido procurador-geral da lista recomendada pelo Ministério Público.
Em economia, o histórico de Bolsonaro tem sido justo. A inflação está caindo, o crescimento está aumentando e o Estado distribuiu este ano ajuda extra para cerca de 20 milhões de famílias mais pobres. Lula, quando presidente, governou pragmaticamente e presidiu um boom de commodities, mas não conseguiu resolver problemas fiscais subjacentes, como pensões fora de controle. Ele escolheu uma sucessora inepta, Dilma Rousseff, sob cuja vigilância a economia despencou. Desta vez, Lula começaria com condições fiscais mais duras do que enfrentou quando esteve no poder. E sua plataforma, embora vaga, inclui traços preocupantes de esquerdismo antiquado. Ele vê o Estado como o motor do crescimento; ele quer “abrasileirar” os preços da gasolina.
Para convencer os eleitores indecisos de que eles podem confiar em sua prosperidade futura, ele deve se aproximar do centro. Ele deve nomear publicamente um economista moderado como sua escolha para ministro das Finanças. Ele deve garantir aos agricultores que não tolerará invasões de terras organizadas por movimentos sociais próximos ao seu partido. (Isso não é tão comum quanto os proprietários de terras afirmam, mas amplamente temido.) Ele deveria prometer não nacionalizar nenhuma indústria. Ele deveria parar de brincar com a perigosa ideia de interferir na liberdade de imprensa do Brasil.
Tal mudança pode persuadir os dois candidatos mais moderados que foram eliminados da corrida a endossá-lo. Também pode ajudá-lo a governar. Muitos dos aliados de Bolsonaro ganharam cargos esta semana no Congresso ou como governadores estaduais. Para Lula ter maioria legislativa, precisará da ajuda do centro.
Mas faça o que fizer, o próximo mês será tenso. Bolsonaro convenceu muitos brasileiros de falsidades aterrorizantes sobre Lula, como que ele fecharia igrejas. O presidente incentivou seus apoiadores a desconfiarem tanto do sistema de votação eletrônica do Brasil quanto de sua mídia tradicional de verificação de fatos. Se ele perder, ele pode alegar que ganhou e exortar seus apoiadores a irem às ruas. Um segundo mandato para um homem assim seria ruim para o Brasil e para o mundo. Só Lula pode impedir. Reivindicar o campo central é a melhor maneira de fazê-lo. 
 
 
To win Brazil’s presidency, Lula should move to the centre
Another term for the populist Jair Bolsonaro would be bad for Brazil and the world
Oct 4th 2022
Like a sudden encounter with an anaconda, it was tighter than expected. Several polls had shown Luiz Inácio Lula da Silva, a leftist former president, beating Jair Bolsonaro, the right-wing incumbent, by double digits. Some predicted that he would win over 50% in the first round of Brazil’s presidential election, making a second round unnecessary. But in the actual vote on October 2nd he won only 48.4% to Mr Bolsonaro’s 43.2%. (The reason the polls undercounted Mr Bolsonaro’s supporters is uncertain, but it may be that many are “shy”, or suspicious of pollsters and reluctant to share their views with them.) The two candidates will face a run-off on October 30th, and Brazil faces a further month of polarisation.
Lula remains the narrow favourite, not least because Mr Bolsonaro repels so many voters. He is a Trumpian populist, who lies as easily as he breathes and imagines conspiracies everywhere. He makes no effort to stop the destruction of the Amazon rainforest. His handling of covid-19 was disgraceful. His circle overlaps with organised crime. He undermines institutions, from the Supreme Court to democracy itself. He hints that the only way he can lose the election is if it is rigged, and that he will accept no result except victory. He openly incites violence. In a recent poll, nearly 70% of Brazilians said they feared physical harm because of their political views.
 

7 comentários:

  1. Carta Capital é uma das maiores revistas de extrema-esquerda que existem, do tipo que funciona como meras relações públicas do Lula. Li ela por anos entre 2010 - 2015, o que imaginar de defesa da Jovem Pan com o Bolsonaro, a Carta consegue cobrir.
    Lula não foi inocentado, ele é condenado. As provas, os julgamentos, tudo foi dentro da Lei. Mas um antigo ministro seu no STF discorda, e anula o processo por uma questão de foro errado no começo do julgamento, o mesmo STF que havia homologado todos os processos. É um deboche, ou ignorância do autor do texto, dizer que o mesmo é inocente. Inocente é quem prova a sua inocência sob um tribunal, algo que Lula não conseguiu fazer junto a sua fiel e cara equipe de advogados.
    "Ele deveria parar de brincar com a perigosa ideia de interferir na liberdade de imprensa do Brasil."
    Não vai. Porque ele é de extrema-esquerda, sempre foi e sempre será. Não adianta vir com essa narrativa de que demonizam o Lula, é só ver o próprio falar em qualquer discurso nesse ano, não há qualquer atenuação, nenhum pedido de desculpas, nenhum arrependimento, ele é o puro ódio e vingança totalitária. Cada um faz a sua escolha, mas minha consciência vai tá tranquila dele não ser a minha. Não quero ter que explicar um dia pro meu filho de 4 anos, aos seus 8 que o presidente que tá saindo entrou quando eu tinha também 8 e até hoje segue aí, mandando em tudo, com mandato ou não, virou um dono do Brasil por gerações, apoiado por todo tipo de tentáculo que instaurou.

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    1. A Marreta do Azarão5 de outubro de 2022 às 18:56

      Também fico puto com gringo querendo dar pitaco aqui dentro.

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    2. A Marreta do Azarão5 de outubro de 2022 às 18:57

      https://www.dn.pt/globo/cplp/lula-acusado-de-sevicias-sexuais-nos-anos-1980-1440250.html

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    3. Respondendo ao Marreta: eu já tinha ouvido falar nessa história. Talvez todos sejamos assombrados por merdas que fizemos no passado. Isso é uma defesa do Lula? Claro que não, mas, sinceramente falando, acho mais grave uma tentativa de explodir um quartel que uma tentativa de estupro dentro de uma cela de cadeia. Quem está mais errado? Os dois.

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    4. Resposta dois ao Marreta: Confesso que não ligo a mínima sobre alguém de fora dar palpite ou criticar alguma coisa que é criticável no país. Só não pode querer por a mão na massa. Falatório, boca no trombone, tudo bem.

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  2. Eu não sou contra a direita, só contra a extrema direita. Da mesma forma, não sou contra a esquerda, só contra a extrema esquerda.

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  3. Sabe, JB, essas eleições tem mexido e dividido todo mundo. Pelo que percebo, estamos tendo que tomar uma decisão bem complicada, principalmente nesse segundo turno, pelo simples fato de que são dois candidatos (ao meu ver) péssimos e que não mereciam estar ali, e muito menos todo esse ódio que está sendo disseminado e fazendo todo mundo comprar briga por simplesmente existirem opiniões diferentes.
    Confesso que sempre me coloco na posição de ouvinte, prefiro sempre ouvir do que falar; detesto discussões e sempre que posso, evito dizer minha opinião. Gosto de ouvir os dois lados, e intimamente crio uma conclusão sobre. E, absolutamente em todas as situações, jamais tento mudar a opinião do outro (desde "eu não gosto de feijão" a "eu sou petista/bolsonarista"). Pra mim cada um com o seu e pronto.
    Está certo que nunca fui muito fã de política, pouco leio sobre; mas tenho noção de que é necessário (não somente nesse momento de eleição, mas sim regularmente), principalmente pelo meu papel como cidadã. Mas sinto que estou entre uma linha tênue com o senso comum. E é horrível isso, péssimo mesmo.
    Eu sou muito aquilo de "política é chato", porém isso me soa muito como sinônimo de "preguiça de pensar"; e quando raramente vejo pessoas com opiniões distintas falando sobre política de forma pacífica me atraio bastante. Acho uma troca muito válida, faz a gente realmente refletir e repensar sobre nosso próprio posicionamento.

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