terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

SEM TÍTULO - AUTOR ANÔNIMO


Como disse um arqueólogo-poeta, “Dúbios são os caminhos do fado”. E são mesmo, pois  não há como não estranhar o destino “quando a sorte te solta um cisne na noite”. E esse “cisne” (um belo cisne, diga-se) é um texto sem título e de autor anônimo que por sorte e por acaso encontrei na internet. Aí resolvi divulgá-lo para melhorar a qualidade do velho e alquebrado Blogson. Olhaí.

Me encontre em qualquer lugar que esteja
Na bruta ferida aberta
Vermelho vivo
Na sujeira debaixo das unhas
Dos tapetes
Ou dos livros
Resquícios de epitélio e ais

Me encontre na pele recém-ulcerada
Como seda rasgada
Ou na obscuridade de cada desejo
No fio da faca ou do pelo
No traçado que me desenha de fluido, sangue e suor

Me encontre
No barulho das ondas dos seus devaneios
Noutros lábios guardados por outros cílios (Se puder).


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