quarta-feira, 19 de setembro de 2018

LEMBRANÇAS DO PÂNTANO - 02

Este é mais uma longa (e põe longa nisso!) réplica que fiz ao comentário de um de meus extremados "amigos de Facebook" a propósito de uma postagem sobre educação na Finlândia. Qual o propósito disso? Obviamente não é "tornar público" este comentário, pelo simples fato de que já é público. A ideia é simplesmente registrar impressões de uma época. As minhas, naturalmente.


Sabe, Chico, ao ler seu comentário sobre o ensino na Finlândia, lembrei-me desta frase: “Quando o único instrumento que você tem é um martelo, todo problema que aparece você trata como um prego”. E sabe por que pensei nela? Eu explico, eu explico!

Eu postei o link do site da BBC por ter achado muito interessante a reportagem sobre o sistema educacional finlandês e seus métodos inovadores. Certamente sei que seriam praticamente impossíveis de adotar em um país tão pobre e tão gigantesco como o Brasil.

Mesmo assim, algumas práticas virtuosas poderiam ser adotadas por aqui (por exemplo, o critério de que “apenas os melhores e mais preparados estudantes podem se tornar professores: no exigente sistema finlandês, apenas cerca de 10% dos candidatos são em geral aprovados para cursar o obrigatório mestrado na universidade”. Isso é música para meus ouvidos!).

Mas você parece ter uma permanente obsessão em demonstrar sua repulsa a conceitos “neoliberais” ou como queira chamá-los. Por isso, fez comentários sobre a reforma do “sistema econômico finlandês”, que manteve o “papel do Estado preponderante, servindo tanto como financiador de empresas privadas como sendo ele próprio um stakeholder, através de empresas públicas muito eficazes”. E completou dizendo que “o sistema de bem-estar social e uma tradição de estado presente impediram que as experiências de privatizações e desregulamentação econômica europeias fossem plenamente incorporadas na Finlândia”.

Depois desse comentário, fui obrigado a reler todo o artigo, só para confirmar que não havia nele nenhuma referência a isso (mesmo que essas condições citadas por você possam eventualmente estar subentendidas - ou não!). Como desconheço o assunto, penso que tirou isso de algum lugar ou utilizou um conhecimento privilegiado que não possuo.

Todos sabemos a visão que você tem de um Estado mais "protagonista", interferindo em tudo ou quase tudo. OK! Mas precisamos relaxar, desarmar o espírito. E sabe por quê? Quando as eleições passarem, teremos um novo presidente, gostemos dele ou não. E a principal atitude é torcer para que dê certo, para que seja bom para o país, para os desvalidos, etc. A propósito, o estado do bem estar social na Finlândia é custeado por uma carga tributária inacreditável. Não há receita única para os problemas de cada país, mas é bacana saber o que cada um fez e o que aconteceu depois. Como disse seu xará Buarque, "a coisa aqui tá preta".

Mas a impressão que ficou é que você não dá trégua ao seu desejo permanente de doutrinar, de questionar valores dos quais discorda (mesmo que não estejam presentes nas coisas que seus amigos compartilham).

Já deve estar cansado de saber que minhas postagens geralmente são tentativas de fazer humor (mesmo que horrível) para descontrair um pouco esse pântano em que o Facebook se transformou. Então, quando vejo comentários como esse seu (discordando dele ou não), fico boquiaberto e penso: “será que esse cara não relaxa nunca?”. Ou seja, você está sempre “martelando”. Pense nisso.

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