Para matar o tempo, postei
no Facebook uma foto tirada no dia de meu casamento. Lá estou eu no altar, magro
igual a um espeto, sorridente, mas com cara de assustado, na posição “esperando a noiva entrar”. O maior
defeito da fotografia é o noivo, ou melhor, o terno do noivo. Aí completei o
post com esta frase:
"Moda" é tudo o que você lamenta ter usado um dia,
ao se ver em uma foto antiga.
Para minha surpresa, um
porrilhão de pessoas curtiu, comentou e, principalmente, riu da desgraça alheia.
Por conta dessas reações, contei o caso da compra desse terno de tão má lembrança. Como esse texto é parte de um post já divulgado aqui no Blogson, servirá hoje apenas para apresentação
da "foto do noivo", devidamente “tratada” (tem até óculos!), para preservar um
pouco a privacidade.
"Um irmão de minha mãe trabalhava no “Rei das Casimiras”, uma
loja bacana que existia na Av. Afonso Pena. O dono da loja era um descendente
de libaneses, chamado Ralim (?). Esse sujeito era uma figuraça. Alinhadíssimo,
estava sempre de terno, sempre impecável.
Logo no início do nosso namoro, minha mulher foi com uma colega
de serviço para comprar um tecido para me dar de presente. O sobrenome dessa
colega era Nacif e, claro, também era descendente
de libaneses. Escolheram o tecido e o pedido com os dados da compra foi preenchido.
Quando já iam pagar, o Ralim interveio, dizendo algo assim:
- Você não pode ir pagando assim, sem
nem pechinchar, sem pedir desconto!
Minha mulher e a colega devem ter ficado meio
roxas de sem graça. Não sei se ele já conhecia essa moça ou se ficou sabendo de
sua ascendência ali na hora. O fato é que achou um absurdo que ela não tivesse
orientado a colega na arte da pechincha. As duas estavam no horário de almoço,
super corrido, e estavam loucas para voltar ao trabalho. E ele lá, discutindo
qual o preço que ela queria pagar, essas coisas.
Quando meu irmão se formou (1973), eu
mandei fazer um terno sob medida para ir ao baile. Comprei o tecido com tio
Tôto e um alfaiate muito bom, seu conhecido, fez o terno. Em 1974 foi minha
formatura. Não tive dúvida, mandei fazer outro. Os dois ternos ficaram
excelentes, embora o estilo hoje seja ridículo, pois as calças eram tipo 'boca
de sino' (ou pantalona) e com cintura bem alta (toureiro light). No ano
seguinte (1975), eu me casei. Como o casamento civil era de manhã e o religioso
à noite, resolvi fazer outro terno. Usaria o de minha formatura no casamento
civil e o novo, no religioso.
O procedimento seria o mesmo, mas fui
atropelado pelo Ralim. Não sei por que, ele resolveu me atender e ajudar a
escolher o tecido.
- Você vai fazer a calça e o colete com
este tecido cinza claro. A camisa você fará com este outro aqui, um cinza ainda
mais claro. Agora, para o paletó você usará este aqui, quadriculado de cinza e
branco.
Devo ter protestado meio sem jeito e dito que
gostava de cores lisas, sóbrias. Não adiantou.
- Rapaz, isso é a última moda, você vai
ficar elegantíssimo!
E o mané aqui acabou concordando. Todas
as vezes que vejo as fotos de nosso casamento, fico meio puto de ter aceitado
aquela sugestão. O terno ficou uma bosta de feio! Mas o turco era "boa gente".
Olhaí o "bonitão da bala chita". Saca só o bigode, a calça "boca de sino" e, principalmente, o paletó XADREZ!!!!!!!!!!!
Olhaí o "bonitão da bala chita". Saca só o bigode, a calça "boca de sino" e, principalmente, o paletó XADREZ!!!!!!!!!!!
pãããããta que o pariu!!!
ResponderExcluirtoureiro light? essa é nova pra mim!
você ainda tem o terno quadriculado? é uma relíquia, cara!
E o bigodão é bem mesmo década de 70. Tinha costeletas também? Meu pai, que hoje conta com 77 anos, usava bigodão e costeletas nessa época.
Nunca mais usei esse terno filho da puta, mas ficou guardado durante muitos, muitos anos, até ficar com aquelas manchinhas amarelas de roupa que fica esquecida em algum armário. Nessa época eu nem consegui mais vesti-lo. Aí não sei que aconteceu. Talvez devamos ter jogado fora ou dado para alguém. Costeletas nunca usei, pois não curtia muito.
ExcluirJB você só não entendeu que era a última moda na Turquia. Aqui você ficou arrasado, mas lá devia estar arrasando rsrs.
ResponderExcluir"J"
O mais bizarro da história é ler os comentários que fizeram as amigas de facebook que estiveram no meu casamento ou são mais velhas: "moda é moda"; "muito chique"; você estava muito elegante no dia"; "seu casamento foi lindo", etc., etc. Agora eu já sei onde: NA TURQUIA!!!
Excluir