segunda-feira, 3 de fevereiro de 2025

VOYAGER

Confesso que me arrependi de ter feito um post ironizando a publicação de um livro de autoajuda escrito por um jovem conhecido. Fiquei surpreso com sua elevadíssima autoestima, embora soubesse que ele sempre tendeu a supervalorizar suas qualidades intelectuais. Ainda assim, o conteúdo do livro parecia extrapolar um pouco sua autoindulgência com sua “sabedoria ancestral”.
 
Mas estaria ele errado? O que poderiam dizer de mim, um idoso com carência afetiva de criança abandonada? Movido por minha onipresente e incurável ansiedade, retalhei posts do Blogson para publicar quatorze e-books. Se isso serviu de anestésico ou tranquilizante, hoje essa atitude me enche de vergonha. E é por isso que escrevi ter uma autocrítica implacável.
 
Hoje eu percebo ter publicado uma overdose de irrelevâncias. Quantos e-books eu deveria ter feito? Quatro, dez, nenhum? Porque na prática, 99% do que já escrevi ou é lixo puro ou apenas “literatice”.
 
Acessando via KDP o desempenho dos e-books, fiquei surpreso ao descobrir que cinco deles não tiveram sequer um mísero e solitário acesso. Se eu os publiquei para “deixar minhas pegadas na Terra”, então posso estar tão fadado ao esquecimento quanto sondas espaciais que, depois de ultrapassar os limites do sistema solar, seguem para sempre incomunicáveis pelo espaço interestelar.
 
Para ilustrar minha irrelevância “cósmica”, apresento a lista dos e-books com sua classificação no “Ranking dos mais vendidos” da Amazon (o que me deixou surpreso foi descobrir que o livro melhor classificado é o e-book de desenhos):
 
237.010º - What a Wonderful Word! (desenhos e humor gráfico)
435.753º - Meu nome é Ricardo (contos e crônicas)
474.815º - Descompensado (humor)
477.691º - Falando Sério (auto explicável)
556.100º - O Eu Fragmentado (poesia)
607.266º - Alucinações Cotidianas (papo cabeça)
655.710º - Garimpo de Palavras (poesia e crônica)
704.570º - O Caso da Vaca Voadora (memórias)
966.429º - Confraria das Hienas (humor)
 
Agora preciso decidir o que fazer com os cinco que não interessaram a ninguém. A opção mais fácil é removê-los – embora isso mexa um pouco com meu perfil de acumulador. A outra hipótese é sua fusão em dois ou três novos e-books. Talvez seja um bom momento para revisar tudo o que foi publicado, adotar novas capas e, quem sabe, traduzir para quatro idiomas (piada!).
 
Mas tudo bem. No fim das contas, meus e-books seguirão vagando pelo espaço digital como lixo cósmico, ignorados tanto por leitores quanto pelas próprias sondas Voyager, que, ao menos, ainda carregam um disco de ouro com uma chance mínima de serem encontrados por alienígenas. Talvez o melhor seja aceitar logo a verdade: meus livros são tão atraentes quanto um panfleto de troca de óleo deixado no para-brisa do carro. E começo até a dar razão ao texto recebido do parente de minha mulher, quando escreveu que “Já não tenho mais paciência para fingir interesse em mediocridades alheias só para que leiam as minhas, pois qualidade literária na internet é tão rara como a existência de vida no universo". Em falta até mesmo no interior das sondas Voyager. Estou cansado, estou realmente muito cansado.

 

domingo, 2 de fevereiro de 2025

AUTOCRÍTICA SUB ZERO

 
Fiz uma lista de “necessidades” para o próximo texto que escreveria. A lista previa um texto engraçado ou, pelo menos, irônico. Não poderia ser queixoso nem conter a solução para os problemas insolúveis da humanidade. Precisaria ser um pouquinho politicamente incorreto e tentar não falar de política ou economia. Em resumo, um texto alienado e despretensioso, daqueles que se lê no banheiro e depois esquece.
 
Foi quando me caiu no colo uma informação surpreendente (aqui cabe um comentário: preferia muito mais que uma gostosa caísse no meu colo – e ficasse – que uma notícia, mas não se pode ter tudo na vida. Continuemos).
 
A notícia partilhada no Facebook e em outras redes sociais falava da publicação de um livro imprescindível, escrito por um jovem que conheço desde que nasceu, filho de uma das amigas de minha mulher.
 
Tirando a severidade com que foi criado, a única coisa mais notável que me ocorre sobre ele é o fato de na infância ter parcialmente roído a cabeça de gesso do mago Baltasar que enfeita o presépio montado todo ano por minha mulher. Mas estarei sendo injusto se esquecer de mencionar sua gigantesca autoestima, graças aos exemplos e educação formal que recebeu, pois estudou até entrar na faculdade – que não concluiu por falta de recursos.
 
Pois bem, depois de tentar enriquecer em sociedades onde entrava apenas com o trabalho e de se ver obrigado a abandonar (ou postergar) o sonho de ser presidente da república, acabou mudando-se para um país europeu, onde foi acolhido como faxineiro por uma igreja evangélica.
 
Isso aparentemente nunca o abateu, pois sempre compartilha no Facebook sua defesa apaixonada do Bolsonaro e dos valores da direita. Parece que seus amigos do Brasil continuam a considerá-lo um tolo, mas prefiro não opinar sobre isso, pois com a publicação de um livro de autoajuda deu um grande passo rumo ao merecido ingresso no time do Paulo Coelho e outros escritores de renome. De marketing, pelo menos ele é bom, pois assim apresentou sua obra (e quando digo “obra”, está claro que me refiro à obra literária):
 
“Este livro combina sabedoria ancestral, histórias envolventes e estratégias inovadoras para superar dificuldades, encontrar equilíbrio interior e criar um ambiente fértil para florescer”.
 
Só uma besta não fica salivando de vontade de adquirir um livro desses, ainda mais sabendo o que seu autor pensa de si próprio:
 
 “Como astrólogo e praticante das artes místicas, desenvolvi uma visão única sobre como a espiritualidade, o autoconhecimento e o alinhamento entre propósito e ambiente podem transformar vidas”.
 
Fala sério, um livro desses, encharcado de sabedoria ancestral contribui decisivamente para melhorar o mundo ou, pelo menos, a conta bancária do autor, pois está disponível em quatro línguas – português, espanhol, inglês e alemão (obrigado, Google Translator!) e o preço é uma merreca, custando apenas R$98,92 em capa comum ou R$24,99 no formato e-book. Desconheço pechincha maior que essa!
 
E pensar que meus e-books estão lá na Amazon com preços microscópicos e ninguém interessado! Também, quem manda eu não ser astrólogo e ter autocrítica tão severa? Já li em algum lugar que há dois tipos de escritores: os que têm uma autoestima inabalável e os que têm uma autocrítica implacável. Obviamente, eu estou no segundo grupo e nada sei de autoajuda, caso contrário já teria fechado esta birosca há muito tempo. Pelo menos é o que os astros dizem.
 

sábado, 1 de fevereiro de 2025

CONVERSANDO NO SUPERMERCADO

 
Dia desses, em um encontro casual no supermercado, comentei com um primo de minha mulher sobre meu aborrecimento com o blog, por continuar a fazer postagens depois que a inspiração sumiu. E até brinquei ao dizer que hoje sou mais um gigolô de autores célebres. Ele riu e passou a comentar o que eu tinha dito.
 
- Você não é ninguém, você é só o Zezinho, marido da minha prima. Ninguém te conhece, ninguém está interessado em saber o que pensa. Se você fosse o Luan Santana você seria mais lido que jornal dentro do banheiro. Eu já tive a veleidade de ser um escritor famoso, mas descobri que faltava qualidade no que eu escrevia.
 
Argumentei que gostaria muito que ele lesse um dos e-books de poesia que publiquei, mas ele já descartou de cara:
 
- Detesto poesia!
- OK, vou te mandar um arquivo em Word com o texto do e-book “Meu nome é Ricardo”.
- Mande aberto no watsapp.
 
Mandei duas crônicas, pedindo para que opinasse. Até hoje não me respondeu. Em compensação, recebi ontem à noite um texto escrito por ele aparentemente ainda na época do Orkut, quando eu nem sabia o que era rede social. Mas, por sua ressonância com minha inquietação atual, resolvi publicá-lo aqui no velho Blogson. Lêaí.
 
 
“Tenho me sentido irrelevante, insignificante, cada vez mais insignificante, tão desimportante como uma ameba. Meu desejo de ser querido, amado, admirado por outras pessoas me levou a escrever e registrar todo tipo de pensamento que surgia só pra me comunicar.
 
Tudo me parecia espirituoso, engraçado, inteligente, profundo, mas a verdade inconveniente não tardou em se mostrar. Meu talento é inexistente, minhas ideias repetitivas.
 
A inspiração, essa antiga cúmplice, abandonou-me sem deixar bilhete. Resta um vazio, um amontoado de textos sem graça espalhados pelo Orkut, flutuando como garrafas lançadas ao mar – mas sem a menor expectativa de que alguém as encontre.
 
Publicar ali se tornou um exercício burocrático. Sinto-me hoje como um funcionário público obrigado a escrever relatórios enfadonhos e maçantes que ninguém lê. Ao meu lado, outros funcionários igualmente desiludidos, mas ainda convencidos de sua própria genialidade. Cada um digitando suas supostas verdades universais, despejando reflexões infladas sobre a vida, a arte, a existência, como se estivessem escrevendo a última grande obra da humanidade. O espetáculo da presunção segue firme, mesmo sem plateia.
 
O que sobra hoje é só cansaço, irritação e decepção para quem já sonhou publicar um livro. Hoje o que resta é a vontade de sumir, submergir, mas fugir de quem ou de quê?
 
Hoje eu sei que a lembrança de uma pessoa comum dura apenas uma ou duas gerações. Que dizer então dos textos medíocres que escreveu? Quem estará interessado em ler ou entender textos desimportantes, bobos, pretensiosos e maçantes publicados na internet?
 
Nem mesmo os parentes se interessarão. A eles bastarão algumas lembranças e muitas críticas, pois o mundo de ontem só interessa a quem viveu ontem; o hoje e o amanhã já exigirão toda a energia e atenção dos sobreviventes.
 
Não tenho mais paciência para ler mediocridades escritas por pessoas como eu, pois qualidade literária na internet é tão rara como a existência de vida no universo.
 
Acho que estou cansado de tudo, acho que estou cansado da vida. Talvez eu aproveite melhor o meu tempo plantando uma horta, pois se plantar alface eu saberei que só colherei alface, não me sentirei enganado. E conseguirei me afastar desse deserto de ideias e talento que a internet mostrou ser”.
(dezembro/2010)

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

"SÓ PENSA NAQUILO"!

 
Vamos combinar que sexo sempre foi uma coisa de responsa, pois mesmo sendo uma fonte de prazer e até mesmo usado para reprodução, não se pode dar mole com esse assunto, se me entende. Agora, imagine (talvez seja melhor não tentar) como era o sexo na Idade Média, aquele período da história em que tomar banho era uma raridade, que o cheiro de desodorante vencido era a regra.
 
E falando em tempos difíceis, em uma época em que execuções públicas por enforcamento, esquartejamento ou empalação eram procedimentos corriqueiros, o mau odor das pessoas era o menor dos problemas. Porque naquele período as punições por culpa ou pecado cometido eram o bicho, para dizer o mínimo. E nem preciso falar de caça às bruxas, de bruxarias, práticas combatidas com afogamento ou queima na fogueira. O pecado podia acontecer até debaixo dos lençóis de pessoas casadas.
 
Descobri na internet uma relação de orientações a serem seguidas pelos padres durante as confissões auriculares quando o assunto era sexo, ou melhor, os “pecados” sexuais cometidos por homens e mulheres.
 
“Na Idade Média, a vida sexual era regida por regras morais da Igreja Católica, com destaque para livros penitenciais que orientavam confissões e penitências”.
 
Pensar em sexo? Nem pensar!
“O Livro Penitencial do monge irlandês Cummean (ou Cominianus) indica: Aquele que, por muito tempo, é atraído pela imaginação a cometer fornicação e repele o pensamento muito gentilmente deve fazer penitência de um ou dois ou mais dias, de acordo com a duração da imaginação”.
 
Desejar transar (sem a capacidade de fazê-lo) também rendia um ano de penitência. (queria entender de quem seria a culpa por essa impossibilidade. Fico até pensando em uma piada vulgar com o “pecador” se confessando: “Pois é, padre, eu bem gostaria e se pudesse falo-ia, mas o falo não ia. Nem vinha.”). Seria um caso de paumolescência (neologismo criado pelo titular do blog A Marreta do Azarão”)? 
“O mesmo livro diz: ‘Aquele que meramente deseja em sua mente cometer fornicação, mas não é capaz, deve fazer penitência de um ano, especialmente nos três períodos de 40 dias’, com destaque para a Quaresma”.
 
Sonhar com sexo também não era permitido.
“Aquele que foi poluído, com vontade, durante o sono deve se acordar e cantar nove salmos em ordem, de joelhos. No dia seguinte, ele deve fiver apenas de pão e água ou deve cantar 30 salmos, ajoelhando-se ao final de cada um. Àquele que deseja pecar durante o sono, ou é poluído sem intenção, 15 salmos, àquele que peca e não é poluído, 24 salmos’, diz o Penitencial de Cummean”.
Se essas eram as penitências por sonhar com a esposa, sonhar com a cunhada gostosa ou com a vizinha dando mole, então, só ajoelhando no feijão - pois o milho ainda não era conhecido pelos europeus!
 
 
O sexo oral em qualquer de suas versões (felação ou cunnilingus) deveria ser considerado um dos maiores pecados (e era, mas, curiosamente, as instruções previam apenas o popular bola-gato).
“O Penitencial de Teodoro considera ‘Qui semen in os miserit’ — aquele que coloca semente na boca — como o pior entre os maus, já que este ato elimina a possibilidade de procriação. Ambos os participantes tinham que fazer penitência pelo menos, por sete a 12 anos, ou pelo resto de suas vidas”.
 
Masturbação também era motivo para pedir perdão
“Se ela pratica vício solitário, deve fazer penitência pelo mesmo período, diz Teodoro. Cummean ainda tinha uma especificação a respeito da ‘masturbação femoral’ — a estimulação com a coxa — que deveria merecer dois anos de penitências”.
 
 Pela severidade das penitências (eu ia dizer dureza, mas desisti), o sexo homossexual provavelmente considerado “o” pecado
“Se uma mulher prática 'vício' com outra mulher, ela deverá fazer penitência por três anos. E ‘aquele que, após seu 20º aniversário, se deflorar com outro homem deverá fazer penitência por 15 anos. Um homem que comete fornicação com outro homem deve fazer penitência por [pelo menos] 10 anos, generaliza ainda o Livro Penitencial de Teodoro”.
 
Alem desses “pecados” o artigo ainda relaciona algumas proibições: “Um marido não deve ver sua mulher nua”. Também não pode fazer sexo no domingo (dia do Senhor ) nem no período pós parto (por 33 dias, se for um filho e 66 dias se tiver nascido uma filha). E se a mulher for estéril o casal deve praticar a abstinência sexual (e ninguém falava da possível esterilidade masculina!).
 
Uma compilação destes trabalhos foi popularizada, em inglês, pelo livro "Medieval Handbooks of Penance" dos pesquisadores John T. McNeill e Helena M. Gamer, publicado em 1938 pela Columbia University Press. Pena não existir sua versão em português, pois seria um ótimo livro de cabeceira, concordam?
 
No fim das contas, parece que a Idade Média foi uma era de pecadores compulsivos e penitentes incansáveis. Mas não deixa de ser irônico o fato desses pecados e penitências terem sido estabelecidos por quem (teoricamente) não os cometia. Essa bizarrice me faz lembrar de um verso do Djavan, que diz “ser mais fácil aprender japonês em Braille”.
 
 

quinta-feira, 30 de janeiro de 2025

WITH A LITTLE HELP FROM IDEOGRAM

 
A preguiça de pegar no lápis me fez pedir ajuda às IA Ideogram e ChatGPT, mas depois de onze tentativas frustradas, tive eu mesmo de apagar a chama da tocha. Se ninguém gostar da piada só lamento, pois é o que tem para hoje.





quarta-feira, 29 de janeiro de 2025

JANELAS ABERTAS

 
Nunca tive o hábito de comprar livros. Com raras exceções, sempre li aqueles que ganhei ou me emprestaram. Talvez devesse comprar justamente os que nunca me darão ou que não terei por empréstimo. Os livros de Manoel de Barros seriam uma excelente escolha, pois seus versos desconcertantes são um fortificante para a alma, janelas abertas para um mundo sem dor.
 
Hoje, ao receber de um amigo algumas frases e versos desse poeta mato-grossense, tive a ideia de usá-los para embelezar o Blogson. Acabei também descobrindo um vídeo em que o próprio autor lê alguns de seus poemas. E isso se tornou um ótimo complemento para este post. Olhaí.
 
Eu queria avançar para o começo.
Chegar ao criançamento das palavras.
 
Sou um sujeito cheio de recantos.
Os desvãos me constam.
 
É no ínfimo que eu vejo a exuberância.
 
Perder o nada é um empobrecimento.
 
Tudo que não invento é falso.
 
Tem mais presença em mim o que me falta.
 
Por pudor sou impuro.
 
Não preciso do fim para chegar.
 
Tenho preguiça de ser sério
 
Poesia é voar fora da asa
 
Agora não quero saber mais nada, só quero aperfeiçoar o que não sei.
 
Noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira
 
Minhocas arejam a terra; poetas, a linguagem.
 
Deixei uma ave me amanhecer.
 
Quando as aves falam com as pedras e as rãs com as águas - é de poesia que estão falando.
 
Há varias maneiras sérias de não dizer nada, mas só a poesia é verdadeira.
 
A expressão reta não sonha.
 
É preciso transver o mundo


https://www.youtube.com/watch?v=eB5_l2NdRLc

 

terça-feira, 28 de janeiro de 2025

UMA NOITE DE SÁBADO

Em uma noite de sábado, quando ainda era um jovem sonhador, entrei em um taxi dirigido por um senhor de ralos cabelos brancos, talvez com idade para ser meu avô. Era ainda por volta de 22 horas e eu estava cheio de mágoa e com muita raiva, indo direto para casa depois de uma discussão com a namorada.
 
Ao entrar no carro apenas disse para onde queria ser levado, mas o senhor me desejou boa noite. Constrangido com minha própria falta de cortesia e educação, pedi desculpas e também desejei boa noite a ele, mas continuei remoendo, mastigando a minha raiva.
 
Mais um pouco de tempo, comecei a conversar com ele, destacando a diferença de idade e de sentimentos, pois eu, um jovem ainda com a vida pela frente, não estava conseguindo ter a paz de espírito de volta, enquanto ele, já na parte final de sua jornada e merecendo estar em casa talvez vendo televisão, dirigia como se estivesse passeando. Ele sorriu e disse estar acostumado com isso, pois passara a vida dirigindo caminhões e carretas em viagens interestaduais.
 
Sem pressa para dirigir nem para chegar aonde me levava, foi acalmando meu coração cheio de mágoa e tristeza com sua conversa tranquila. Não teve pressa para receber o preço da corrida e ainda ficamos ali a conversar depois de desligar o carro. Antes de nos despedirmos disse-me esta frase:
 
“Meu filho, se quiser ter uma vida longa e feliz, procure fazer o que tiver de ser feito da melhor maneira que conseguir; e depois não esquente a cabeça”.
 
Hoje, cheio de remorsos e tristeza, eu me lembro com carinho daquele senhor que em sua simplicidade tentou me transmitir com aquela frase um pouco de sua experiência de vida.
 
E com o coração sempre cheio de preocupação e mágoa eu me entristeço por nunca ter seguido seu conselho e me esforçado para fazer o que precisava e que deveria ter feito da melhor maneira que conseguisse. E agora é tarde demais, não dá mais para corrigir, E a única coisa que eu tento é não me deixar sufocar pela depressão e pela lembrança dos erros cometidos e das oportunidades desperdiçadas.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

UMA TROCA JUSTA

 
Embora seja hoje o que eu mesmo defini como “ateu-católico” ou “católico-ateu”, continuo a reconhecer o papel positivo das religiões e crenças. Quando se está destroçado emocionalmente pela perda de alguém querido, no mais fundo dos poços, atingido por uma doença terminal ou por uma insolúvel situação financeira, acreditar na existência de uma divindade que possa socorrer, curar e ajudar o caído a se levantar é uma dádiva a que os ateus não têm direito.
 
Além disso, ao longo da história humana, a crença em uma ou mais divindades provocou a criação de belíssimas obras de arte e a construção de monumentos e templos que jamais existiriam se a humanidade possuísse a espiritualidade de um babuíno ou elefante, por exemplo.
 
Sem o medo da morte e a crença na imortalidade, sem o desejo de louvar esse ou aquele deus, como imaginar que seriam construídos os templos e pirâmides egípcias? Certamente palácios seriam construídos, suntuosos mausoléus seriam erguidos para que a memória de reis e rainhas não fosse esquecida, mas que dizer dos quadros de Rafael Sanzio, das esculturas de Michelangelo e da música sacra de Bach? Existiriam? Teriam sido criados?
 
Michelangelo teria esculpido as estátuas de Davi, Moisés e da Pietá? Teria pintado o teto da Capela Sistina? Existiria uma Capela Sistina? Da Vinci teria pintado a celebérrima “Última Ceia”? Johann Sebastian Bach teria composto mais da metade de sua aclamadíssima produção musical inspirado em temas religiosos? Provavelmente não, certamente não.
 
O mesmo se pode dizer de outros pintores, escultores e músicos mais ou menos conhecidos, de construtores de catedrais e templos. Sem uma crença religiosa estabelecida, mecenas como papas e cardeais não teriam existido. Assim, mesmo que alguns ateus vejam com desdém aqueles que creem em um ou mais deuses, é inegável o fato da vivência religiosa ter servido para confortar os aflitos e necessitados ou fazer desabrochar o que pode haver de melhor na natureza humana. Por outro lado...
 
Se os sapiens tivessem a crença religiosa das baleias ou dos gorilas provavelmente nunca teriam se preocupado em criar forma e conteúdo para essa ou aquela divindade. Jamais divulgariam leis e lendas surgidas na mente de algum ancião como se tivessem sido ditadas pelo próprio deus.
 
Não haveria mitologias nem escritos “sagrados” a respeitar e seguir. Não haveria a perseguição a quem tivesse crenças diferentes da maioria, simplesmente porque não haveria crenças nem punições delas decorrentes.
 
Não haveria a Santa Inquisição, as bruxas de Salém, o Onze de Setembro, o Talibã, a destruição de templos e monumentos religiosos (pois não haveria templos nem monumentos religiosos a destruir). Também não haveria a tentativa de converter nativos e indígenas para essa ou aquela corrente religiosa. 
Além disso, não seriam perpetuadas e defendidas crenças equivocadas e idiotas como a da “terra prometida”.

Se não houvesse religião, na falta de crenças religiosas e vida espiritual, a humanidade jamais teria a oportunidade de se embevecer com as maravilhas arquitetônicas e obras de arte inspiradas nessa ou aquela divindade, mas estaria livre da maldade que o preconceito religioso sempre foi capaz de produzir. Como agora, no momento em que negam a uma etnia o direito de ter seu próprio país e que uma embaixadora recentemente indicada tem a coragem de dizer sandices com cheiro de má fé.
 
Ao ser questionada se ela concordava com o direito dos palestinos de se autogovernar em uma política de dois Estados - israelense e palestino -, Elise Stefanik, indicada para o cargo de embaixadora americana nas Nações Unidas desconversou, mas teve a coragem de dizer que Israel tem “direito bíblico” ao território da Cisjordânia.
 
Ao ler essa notícia, o primeiro pensamento que tive foi "direito bíblico é a puta que pariu!" Um pouco menos irritado, cheguei à conclusão que a inexistência de obras de arte sacra e catedrais de tirar o fôlego seria um preço justo a pagar para que não existissem tantos preconceitos e violência decorrentes de crenças religiosas antagônicas. Certamente até Deus aprovaria essa troca.

sábado, 25 de janeiro de 2025

MORRENDO DE INVEJA

 
Eu sinto profunda atração por frases e períodos curtos, seja na forma de ditados populares, frases engraçadas ou aforismos de terno e gravata, pois são sinalizadores de que há vida inteligente e criativa em seus criadores. E eu me divirto muito quando encontro na internet coletâneas desses “posts” (nome adotado na era Musk para os antigos e simpáticos tweets).  Às vezes apenas os arquivo para ler depois – o que quase nunca acontece, graças ao derretimento progressivo da minha memória. Mas hoje, tentando organizar os arquivos que vou acumulando, acabei encontrando uma coletânea de frases engraçadas que me mataram de inveja de quem as criou. Lêaí
 

O segundo casamento é o triunfo da esperança sobre a experiência.

A distância ideal da sogra: nem tão perto que possa vir de chinelo e nem tão longe que ela precise vir de malas.

A pior coisa do sexo oral é a vista.

A preguiça é a mãe de todos os vícios e como mãe deve ser respeitada.

As vezes é melhor ficar quieto e parecer um idiota do que abrir a boca e dar toda certeza.

Baseado em fatos reais, é uma Maconha enrolada num jornal.

Cachorro que late não morde enquanto late.

Chocolate não faz perguntas bobas. Chocolate entende.

Comer no McDonald's é uma merda. A prova disso é que você pode chegar lá e pedir um número dois.

Como diria Edir Macedo: Templo é dinheiro.

Dê emoção em sua vida: faça pipocas com a panela aberta!!!

De que adianta ter olhos azuis, se o verde na natureza insiste em deixá-los vermelhos. Bob Marley

É muito triste quando se é rico, bonito e sensual e aí vem o despertador e acaba com tudo.

Em briga de saci qualquer chute é uma voadora.

Estamos numa época em que o Fim do Mundo não assusta tanto quanto Fim do Mês.

Estou tão carente que o churrasqueiro chega e diz “coração?”. E eu respondo “que foi, amor?”

Estou tão viciado em computador, que nesse carnaval acho que vou sair no Bloco de Notas.

Eu sempre fui pobre, mas neste mês estou de parabéns!

Eu sou igual a chuveiro velho: nem tô ligando, e quando ligo, nem esquento!

Eu tenho uma vida fora do Twitter, só não me lembro a senha.

Evite piada em velório. No seu, você não rirá.

Herança é aquilo que os mortos deixam para que os vivos se matem.

Herrar é Umano!

Ladrão que rouba ladrão vive no Distrito Federal.

Mais vale um mau dia de pescaria do que um bom dia de trabalho.

Mais vale um pássaro na mão do que bois voando.

Malandra é a pulga que espera a comida na cama.

Malandro é o coelho que já nasce de olho vermelho pra não chamar a atenção.

Mentira, uma ficção jamais realizada, porém se for bem contada convence até a verdade!

Não é que eu seja feio, é que você está me vendo em baixa resolução.

Não é que eu tenha medo de morrer. Só não quero estar lá quando isso acontecer.

O Vaticano já iniciou processo de canonização daquele que atualmente vem fazendo muitos milagres... o Photoshop!

Odeio quando vou abraçar uma pessoa linda e bato a cara no espelho!

Os homens são como um Q maiúsculo: um grande zero e um pequeno penduricalho.

Os ursos polares adoram o frio. Os bipolares às vezes adoram, às vezes não...

Paciência é igual dinheiro: eu não tenho!

Para quê encarar o mundo de frente se a poesia da vida está no verso?

Para que um olho não invejasse o outro, Deus colocou o nariz no meio!

Pior do que uma pedra no sapato só um grão de areia no preservativo.

Pobre é foda, sempre diz que não tem nada, mas quando chove, fala que perdeu tudo.

Por favor, não me interrompa enquanto eu estiver ignorando você.

Por que o cachorro nunca morde o seu dono quando é homem? Ética profissional!

Rir de tudo é coisa dos tontos, mas não rir de nada é coisa dos estúpidos.

Salvem o nosso planeta! Ele é o único que tem cerveja.

Se a Amazônia é o pulmão do mundo, Brasília é o intestino grosso!

Se à entrada não consegue cumprir o horário, à saída seja pontual!

Se a mulher foi feita de uma costela, imagine se fosse feita do filé?!

Se caminhar fizesse bem, o carteiro seria imortal.

Se for falar mal de mim, me chame! Sei coisas terríveis a meu respeito...

Se o amor é cego, o negócio é apalpar.

Se todos soubessem da vida sexual de cada um, ninguém se cumprimentava com aperto de mão.

Se você é feio, pobre, burro e, mesmo assim, tem um monte de mulher dando em cima de você, só tem uma explicação. Você mora embaixo de uma zona.

Sogro rico e porco gordo só dão lucro quando morrem.

Somente os idiotas tem certeza de tudo. E digo isso com certeza absoluta!

Sonhar é acordar-se para dentro. (Mário Quintana)

Tem político que é tão supersticioso que usa quatro ferraduras para dar sorte.

Tire o seu racismo do caminho que eu quero passar com a minha cor.

Todo médico tem a receita para o sucesso, pena que ninguém entende a letra.

Todo mundo tem cliente. Só traficante e analista de sistemas é que tem usuário.

Você mente, trai, xinga, fala mal dos outros, não trata bem seus pais, e acha que iria pro inferno só se comesse carne em uma Sexta Feira Santa?

 

 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

DANDO NOMES AOS BOYS

 
O bilionário e mala sem alça Elon “Almiscar” (Musk) é preocupadíssimo com o declínio da taxa de natalidade e, por isso mesmo, um grande defensor do aumento da população mundial (em que planeta ele acha que vive?). Por isso mesmo, tem doze filhos. Particularmente, suspeito que a quantidade de gêmeos (dois pares), trigêmeos e uma barriga de aluguel, frutos de fertilização in vitro sejam indicativos de que talvez seu starship tenha alguma dificuldade para entrar em órbita. Mas o que pega mesmo são os nomes bizarros escolhidos para os pimpolhos de variadas mães e seu ranço com uma filha que nasceu filho. “Deixando a profundidade de lado” (como cantou o Belchior), olha a lista: 

- Nevada Alexander Musk, nascido em 2002 e falecido de SIDS com 10 semanas.

- os gêmeos Griffin Musk e Vivian Jenna Wilson, nascidos em 2004. O nome de batismo original da Vivian era Xavier Musk, que mudou legalmente de nome e gênero em 2022. Aqui cabe um parêntese: Em 2022, Vivian pediu a alteração de identidade e quis tirar o sobrenome do bilionário por "não desejar estar relacionada com meu pai biológico de qualquer forma". Isso é que é pai! Mas continuemos.

- os trigêmeos Kai, Saxon e Damian Musk, nascidos em 2006.

- X Æ A-XII Musk (não é erro de digitação!), nascido em 2020.

- os gêmeos Strider e Azure Musk, nascidos em novembro de 2021.

- Exa Dark Sideræl Musk, nascida via barriga de aluguel em dezembro de 2021.

- Techno Mechanicus Musk, nascido em 2023

Os detalhes do 12º filho ainda não foram anunciados. Por isso, pensando nos nomes escolhidos para seus irmãos mais velhos, fiquei imaginando algumas opções com a mesma pegada de Techno Mechanicus. Olha aí:

Auriga sine licentia (Motorista sem habilitação)

Causidicus prope carcerem (Advogado de porta de cadeia)

Chirurgus haemorrhoidarum (Cirurgião de hemorroidas)

Magister amoris liberi (Professor de sexo livre)

Vinarius ebrius (Sommelier bêbado)

 
Talvez sejam sugestões simplesinhas e sem graça, mas não me atrevi a usar como modelo e inspiração o nome do “X Æ A-XII”, pois o toddy aqui de casa estava no final e eu não conseguiria provocar a overdose alucinatória necessária.
 
E pensar que eu sempre achei José Botelho Pinto, meu nome de batismo, uma merda!

 

 

 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2025

E AGORA CHEGA DE MUSIQUINHA PARA CRIANÇA!

Depois de ouvir as musiquinhas que a Suno criou para os versos que escrevi para minhas netas e para a sobrinha neta de minha mulher, a mãe do Filipe me pediu para fazer uma parecida. O único problema é que quase nada sei dessa família. Diria que poderiam ser parentes do Han Solo, de Star Wars. Por quê? Ora, porque o Filipe será um pai solo, ele próprio filho de mãe solo.
 
Tá bom, eu sei que a piada foi horrível, mas não pior que a música criada pela Suno depois de quatro tentativas (não tive paciência para tentar mais vezes). E pelo desconhecimento de mais detalhes da biografia familiar, rabisquei esta letra (que também ficou horrível):
 
Filipe vai ser papai!
Mais feliz que pintinho no lixo,
Mal conseguindo dormir,
De tanta alegria que está.
 
Filipe, do signo de Gêmeos,
Tem a solução genial,
Um gêmeo sonha acordado,
Outro dorme sono banal.
 
Miriam, futura mamãe e culpada
De escancarar a alegria,
Serena com brilho no olhar,
Sorri para o Lipe, só ocupado em sonhar.
 
Pois sonha com o bebê que já vem,
Uma nova vida começa.
Filipe e Míriam, juntinhos,
O futuro uma grande promessa.
 
Em cada noite de insônia,
Nasce uma nova esperança,
Filipe, o papai radiante,
Fica acordado e dança.

Pois ser pai é um dom,
Uma bênção a celebrar,
E Filipe, com Míriam a seu lado,
Tem muito amor para dar.



quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

BONECÃO DO POSTO

 
Nunca soube e agora sei menos ainda falar bonitezas como sabe fazer o titular do blog A Marreta do Azarão. O problema é que ele assestou seu armamento pesado em uma direção onde “por coincidência” (claro, só por coincidência) eu estava. Além disso. simplificou para JB o nome “João Bobo”, outra coincidência danada. E fez isso mirando sua metralhadora rotativa para atingir todos os JBs, todos os "Joões Bobos" que votaram no Lula. O problema que surge quando gasta sua (dele!) munição de forma indistinta é que mata ou fere (talvez seja melhor mudar para “pega”, para não ficar tão dramático) os que não se enquadram no modelo que defende, nas “flags” que empunha.
 
É claro que falo apenas por mim, pois estou pouco me fodendo para quem ama o Lula e o PT. Eu não amo o Lula e, sinceramente, odeio o PT. Mas votei no Lula para ajudar com meu mísero e irrelevante voto a impedir a reeleição de um idiota radical. Eu sou uma metamorfose ambulante (mesmo que não suporte mais ouvir músicas do Raul Seixas), sou um invertebrado ideológico, sempre fui. E o motivo sempre foi imaginar qual candidato seria melhor naquele momento para o povo, mesmo que não necessariamente para mim.
 
Por isso votei no Lula contra o José Serra, votei no Alckmin contra o Lula, votei no José Serra contra a Dilma, votei no Aécio contra a Dilma, votei no Bolsonaro (veja você!) contra o Haddad e no Lula contra o Bolsonaro. Percebeu como eu me comportei como um “bonecão do posto” ideológico? Mas não como um “João Bobo”, pois eu sempre vejo as eleições como “escolhas de Sofia” sem a carga de dramaticidade e tragédia exibidas no filme de mesmo nome. Ou seja, eu não quero votar no candidato X, mas sinto-me obrigado a votar nele para impedir que o candidato Y seja (re)eleito.
 
Há pessoas que não tem esse tipo de pensamento, esse comportamento, mas eu sempre me debati entre dois candidatos que eu eventualmente detestava, pois para não anular voto eu tentava votar no menos pior.
 
Nesta época triste em que vivemos, sufocado por despesas que não estou conseguindo suportar sem o auxílio dos filhos, eu penso assim: qual candidato está mais de acordo com meus valores, qual se preocupa com o futuro da humanidade? Pode parecer ou ser um puta romantismo de minha parte, mas não consigo votar em quem desdenha ou duvida da crise climática que já está mordendo os calcanhares de TODOS os habitantes do planeta. Também não consigo votar em quem duvida ou descrê da Ciência e das vacinas, muitas vezes por puro preconceito ou ignorância mesmo. Outro tipo de gente que desejo manter fora da cadeira de presidente da república são os radicais, sejam eles políticos ou religiosos.
 
Por ser elitista eu consigo conviver bem com quem é ignorante, mas não suporto e até desprezo gente burra. Mas parece que essa minha visão desagrada ou não é entendida pelos fundamentalistas de qualquer cor ou credo. E só para assustar um pouco, eu votaria no Haddad contra o Lula e no Ronaldo Caiado contra o Bozo. Ou melhor, eu votaria em QUALQUER candidato contra o Bozo. E isso nunca mudará.

MAIS POESIA INFANTIL

 
Mariana é uma das sobrinhas de minha mulher e é gente finíssima. O que ninguém imaginava é que ser mãe era seu sonho oculto – um sonho que nem ela mesma acreditava ser possível de realizar, especialmente por já estar com quarenta anos ou mais. Mas aconteceu: ela ficou grávida da Sofia, um bebê rechonchudo e risonho, como a maioria dos bebês de sua idade.
 
Foi esse momento que me inspirou a começar a escrever frases soltas, que depois reorganizei e apresentei à Dona Suno. Na décima tentativa, surgiu a melhor versão melódica. Olhaí a letra (a divisão de versos está de acordo com a leitura feita pela IA):
 
Mariana tinha um sonho
Sonho que mais ninguém,
Só ela conhecia
Era um sonho antigo
Que em sua mente pensava
Que jamais ocorreria
 
E afinal que sonho era esse
Que nunca talvez ocorresse?
Era um sonho simplesinho
De menina sonhadora
Ela queria ter um filho
Só pra enchê-lo de carinho
 
Mas não podia ser comum
Tinha de ser diferente
Desses que toda mãe quer ter um
Melhor ainda se fosse uma
Uma linda menininha
Risonha, alegre, fofinha
E que se chamasse Sofia
 
E foi o que aconteceu
Quando o Francis conheceu
Logo se enamoraram
Fizeram mil planos, casaram
Pra nova casa mudaram
E hoje é só alegria
Pois não há avô, avó, tio ou tia
Que não se encante com Sofia
 
E todos ficam babando de alegria e afeto
Por essa bebê que uniu
Todo mundo em volta dela
Tio Betinho, Vó Eunice, Vô Roberto,
Papai Francis que agora só dorme
Com um olho fechado e outro aberto
E não sei mais que dizer
 
Por isso paro aqui
Esta espécie de cordel
Que tentei encher de cores
Com imaginário pincel
Mas difícil imaginar
Que música vai fazer
A Suno desmiolada
Só espero que esse som deixe
A mãe da Sofia encantada



terça-feira, 21 de janeiro de 2025

POESIA INFANTIL

Há tempos deixei de me aventurar a musicar meus poemas sem rima com o auxílio da incontrolável IA Suno. E o motivo é simples: essa inteligência artificial – ao menos em sua versão gratuita – não é nada dócil. Ela cria o que lhe dá “na tela” (boa essa!) e não aceita ajustes. O infeliz que não gostar do resultado terá de se contentar em pedir outra versão, respeitando o limite diário de cinco solicitações.
 
Mesmo assim, resolvi um dia brincar com minhas netinhas, escrevendo um poema em que elas e seus pais eram mencionados. A cara de espanto que fizeram ao ouvir pela primeira vez seus apelidos citados nessa música foi muito engraçada.
 
Tempos depois, fiquei sabendo que pediam aos pais para escutar novamente essa musiquinha. Uma das gêmeas mais velhas me surpreendeu ao dizer que já sabia quase toda a letra (é por isso que os pais devem ficar atentos ao que seus filhos ouvem ou assistem, pois tem muito lixo rolando por aí).
 
Acho que nunca publiquei essa música aqui no blog pois ainda tento preservar a intimidade de minha família, seja usando apenas apelidos ou nem mesmo isso.
 
Mas ontem, descobri em uma gaveta um pendrive esquecido, que além dessa musiquinha, tinha também minhas experiências com a SUNO. Decidi colocá-las para tocar no carro enquanto atravessava a cidade para comprar material elétrico na Leroy Merlin. O resultado dessa audição me fez mudar de ideia, e agora resolvi compartilhar essa despretensiosa poesia infantil aqui no blog.
 
 
Eu era um moço sozinho
Sem ninguém com quem sonhar
Mas aconteceu de alguém me achar
E quisesse me namorar.
 
Naquele dia meu coração vazio
Foi ocupado por ela, linda Lily
Como dos contos de fada princesa.
E que aceitou comigo casar
 
E logo vieram os meninos
Tio Gu, Tio Binho, Tio Bê e Tio Dani
Todos bem pequenininhos
 
E meu coraçãozinho
Quis crescer só um pouquinho
Pra nele caber todo mundo
Pra nunca mais ficar sozinho
 
O tempo passou e os meninos
Agora todos grandinhos
Começaram a namorar.
 
Tia Fê veio com o Gu,
Tia Ceci com o Bê,
Tia Gi veio com o Fabinho 
O Dani não trouxe ninguém
Pois resolveu ficar sozinho
 
E o coração cresceu mais um pouco
Ficando bonito, uma jóia
Mas faltava tudo iluminar
 
Então a Tia Ceci e Tio Bê
Trouxeram a Bia e a Cacá
Tia Gi e o tio Binho
Trouxeram a Lulu e a Lelê
 
E aquele coraçãozinho,
Que foi tão vazio e tristinho
Cresceu, ficou grandão
Com tanto amor e carinho
 
Vovó Lily, Tio Gu e Tia Fê,
Tia Ceci e Tio Bê,
Tia Gi e Tio Binho e tio Dani sozinho
Mais a Bia e a Cacá, a Lulu e a Lelê
 
Todos moram no meu coração
E esta história tão bonita,
Tão boa de ser contada
Merece agora esta canção.





VOYAGER

Confesso que me arrependi de ter feito um post ironizando a publicação de um livro de autoajuda escrito por um jovem conhecido. Fiquei surpr...