sábado, 7 de junho de 2025

EFEMÉRIDA

 
Pode não parecer (mentira, parece sim!), mas este blogueiro que vos azucrina quase diariamente completa hoje 75 anos. Uma idade tão cosmotrônica como esta merece uma revelação: ao contrário da sempre reiterada informação (isso é pleonasmo?) de que o Blogson Crusoe teria sido criado no dia 07 de junho de 2014, a verdade precisa ser restaurada. O Blogson nasceu no dia 08 do mesmo mês. Por uma indisfarçável falta de vergonha na cara, Jotabê fez o que muitos pais vaidosos fazem: registrou nas próprias páginas do blog que seu nascimento ocorreu no dia 07 de junho, só para comemorar esse evento extraordinário junto com sua própria data de nascimento – esse sim, um acontecimento pra lá de ordinário.
 
Outra revelação a ser feita é que o Blogson Crusoe é um blog reborn. Verdade! Jotabê é um bloguicida reincidente, pois matou cinco dos seis blogs que criou. E o único sobrevivente – o velho e alquebrado Blogson – já foi morto e ressuscitado umas quatro vezes. Nada mais natural, portanto, que ser chamado de blog reborn.
 
Antes de fechar com chave de ouro esta efeméride, gostaria de registrar uma grave suspeita que tenho: “Cida” deve ter sido uma “serial killer”, uma assassina perigosíssima, tão eficiente que os donos da língua resolveram homenageá-la transformando-a em sufixo de todas as palavras utilizadas para indicar os diversos tipos de assassinos que se escondem na sociedade. E a lista é longa:
Genocida – assassino de gênios
Homicida – exterminador de homus, a deliciosa pasta preparada com grão de bico e tahine
Parricida – destruidor de parreiras de uvas
Bactericida – assassino de bateristas que tocam mal seu instrumento
Pesticida – assassino de pestinhas insuportáveis
Carrapaticida  assassino daquele tipo de sujeito chato que gruda em você nas festas, também conhecido por “espanta bolinho”.
 
A lista é longa, muito longa. E por ser longa, não combina com um texto comemorativo curto, tão curto quanto a inspiração do autor. Esse o motivo de parar por aqui, pois bloguicida também pode ser aquele que, depois de ler tanta besteira, resolve assassinar o blogueiro que as escreveu.

 


sexta-feira, 6 de junho de 2025

THE COW IS GOING TO THE SWAMP!

 

Na época do Pasquim, surgiu uma dupla para criar as tiras do “Sig”, o ratinho Sigmund que virou um ícone do “hebdomadário”, como eles diziam.  O Jaguar – cartunista que criou o ratinho com patas de elefante – talvez estivesse sem inspiração para criar histórias. E aí entrou o Ivan Lessa, o “ghost writer” do Jaguar. Estou mais ou menos nessa linha. A diferença é que eu não sei e tenho preguiça de desenhar. Por isso, elegi o ChatGPT meu “ghost designer”, para materializar as charges ruins que imagino. Como esta, por exemplo (a propósito,  a tradução literal de uma expressão idiomática também é uma forma de fazer humor):





quinta-feira, 5 de junho de 2025

LIBERDADE DE EXPRESSÃO – CELSO ROCHA DE BARROS

 
O músico Guttemberg Guarabyra é extremamente presente no Facebook, sempre publicando e reproduzindo artigos e informações interessantíssimos. Tendo-me tornado seu “amigo”, estou sempre a par do que publica. Uma das postagens mais recentes é um artigo originalmente publicado na Folha, se não engano. Achei importante compartilhar esse texto com os leitores do Blogson. Confere aí.

 
Defesa de Liberdade de Expressão por Musk, Bolsonaro e Trump Era Estelionato – Artigo Publicado em 31/05/2025
 
A liberdade de expressão está sob ataque nos Estados Unidos. Trump está destruindo a autonomia universitária, prendendo estudantes por suas opiniões políticas e ameaçando recusar visto de entrada no país para quem criticar seu governo em redes sociais.
A culpa dessa ofensiva autoritária é de quem ficou do lado dos Elon Musks desse mundo, contra os Alexandres de Moraes desse mundo, dizendo que defendia a liberdade de expressão.
Se você fez escândalo quando as contas golpistas em redes sociais foram suspensas em 2022, lamento, foi você quem prendeu os jovens estudantes americanos pró-Palestina. Se você deu razão aos bolsonaristas contra Alexandre de Moraes, você declarou guerra a Harvard. Se você disse que Elon Musk tinha razão contra o STF brasileiro, ou se opôs aos "fact-checkers", você é pessoalmente responsável pelo estabelecimento de censura política na concessão de vistos americanos.
Lá, como aqui, a questão sempre foi simples: há movimentos poderosos que buscam destruir a democracia. O bolsonarismo aqui, o trumpismo lá. Quando as instituições democráticas reagiram, você ficou do lado de quem?
Do ponto de vista prático, é só isso que interessa, filho. Você achar que agiu por princípio não importa, seu apego à performance "acima da polarização" não importa. Se você ficou com Jair, Musk ou Trump, você trabalhou pelo autoritarismo de Trump e por coisas infinitamente mais violentas que teriam acontecido no Brasil se o golpe de Bolsonaro tivesse sido bem-sucedido.
Você o fez brincando de jogar "liberdade de expressão" no modo "easy", como se jogava 30 anos atrás, antes da emergência de movimentos autoritários de massa com penetração institucional fortíssima e capacidade real de ameaçar a democracia.
Alguns anos atrás, participei de um debate sobre Alexandre de Moraes com Glenn Greenwald, colunista desta Folha. Como advogado, Greenwald, que é judeu, defendeu os direitos de um militante neonazista. A pergunta que Glenn nunca me respondeu é a seguinte: até que mês de 1933 ele ainda defenderia os direitos dos nazistas se estivesse em Berlim? E se os "stakes" não fossem só o risco de um idiota ofender gente no Twitter, mas o risco de vitória de um movimento poderoso que destruiria a democracia?
Vale conferir o que estão fazendo os críticos do STF diante da ofensiva liberticida trumpista.
Na semana passada o deputado Nikolas Ferreira deu seu apoio à censura trumpista contra alunos que querem estudar nas universidades americanas ("comunistinhas de meia-tigela"). Google e Meta, as "vítimas" da regulação, participaram do seminário de comunicação do Partido Liberal, a principal organização autoritária brasileira, e ouviram de Jair Bolsonaro que "estão do lado certo". O próprio governo Trump, culpado dos crimes listados no primeiro parágrafo, ameaça punir o STF brasileiro pela defesa da democracia. Musk fazia parte do governo Trump até a semana passada.
O exemplo americano mostra que a defesa da liberdade de expressão pela extrema direita de Musk, Bolsonaro e Trump era estelionato. Se você caiu nessa, fica a dica: da próxima vez que te chamarem para defender o direito de marchar, não custa nada abrir a janela e checar se os fascistas estão marchando sobre Roma.
 


terça-feira, 3 de junho de 2025

É PAPO FIRME!

 
Há um ditado naval que é assim: “Qualquer porto numa tempestade” (“Any port in a storm”). Mesmo não sendo entendido nas artes náuticas, imagino que o significado expandido disso é que em caso de tempestade, por segurança, um navio atraca em qualquer porto. Acho sensata a decisão, mesmo sendo eu quase um marinheiro de primeira viagem.
 
Na verdade, já que meu sobrenome – Botelho – foi tirado pelos mareantes da época de Cabral de uma planta bulbosa que fica flutuando ao sabor das marés, acabei entendendo um pouco de navegação de cabotagem, ou melhor, de cabotinagem, pois sempre soube não ter condições de levar o Blogson para águas mais profundas nem nunca imaginei conseguir navegar nas águas tempestuosas do mar oceano.
 
Por isso, vivendo um momento de calmaria criativa, tão mais paradoxal por desejar ter uma tempestade cerebral (sem AVC, por favor), resolvi atracar no mesmo porto do dono do blog “As Crônicas do Edu”, que publicou um divertido texto sobre palavras em desuso, quase da época das grandes navegações portuguesas (hoje estou me sentindo muito narval, ou melhor, naval!).
 
Maaaassss, para não ficar parecendo plágio, resolvi atacar só as gírias utilizadas quando eu tinha uns quatorze anos, época da Jovem Guarda. Quer embarcar nesta canoa, neste diálogo retrô? Então, levantar âncoras! – ou recolher a poita!
 

- E aí, bicho? Tudo bem? Tá com uma cara de quem ganhou no milhar...

- Pois é, você precisa ver o broto mais lindo do mundo com quem estou saindo!

- Você?

- Ela disse que me acha um pão!

- Não!!! Você? Você é muito feio! Ela deve estar mais interessada em se exibir no seu carango novo.

- Você está é com inveja, morou? Essa garota é papo firme, gosta de tudo que eu falo, gosta de gíria e muito embalo!

- Também deve gostar desse seu cabelo “liso” à custa das toucas feitas com as meias da sua mãe, né?

- Não enche, pô, meu cabelo é barra-limpa!

 - E onde você a conheceu?

- Numa festa de arromba a que eu fui outro dia.

- Já entendi tudo: você está gamado por ela!

- Ainda não, mas ela é uma brasa, mora?

- Olha, bicho, só vou te dar uma dica: quando ela disser que você é um pão, lembre-se que ou o pão é fresco ou é murcho. Papo firme!

- Você está é com dor de cotovelo!


GLOSSÁRIO RETRÔ:

Na minha opinião septuaginta, “moda” é tudo o que um dia você lamentará de ter seguido, ao ver uma foto antiga de corpo inteiro ou se lembrar de gírias que usou na juventude.

Barra-Limpa: alguma situação ou alguém íntegro e autêntico, gente boa

Bicho: brother, mano, cara

Brasa: alguém muito atraente e descolado, totalmente demais

Broto: jovem atraente, tanto garoto quanto garota

Carango: carro bom, símbolo de status, um porsche da vida

Embalo: festa vibrante, com muita gente, animação e algumas ilegalidades

Festa de Arromba: festa animada, grandiosa e muito legal, que gera grande empolgação e alegria, com todo mundo chapadão de cerveja, cuba libre e hi-fi

Gamado: apaixonado, vidrado em alguém

Mora?, Morou?: entende? Sacou?

Pão: homem bonito, jotabê

Papo Firme: pessoa boa de conversa, que não hesita em falar na lata, que tem uma atitude confiante e direta

segunda-feira, 2 de junho de 2025

DEFINIÇÕES MILLÔRIANAS


 
Enquanto o próximo post ainda está gratinando no forno, opiniões do Millôr Fernandes que agradarão a uns e decepcionarão a outros só para passar o tempo
 
CAPITALISMO / COMUNISMO
O motivo por que o capitalismo tem resistido apesar de acuado por todos os lados é ele caminhar sem esforço na direção natural. Enquanto o socialismo, redistributivo, e por isso utópico, é um tampão numa panela de pressão que explode ao menor descuido (deu sopa o agricultor planta três batatas escondidas, pra si próprio), o capitalismo marcha na direção do egoísmo, do individualismo, da auto-satisfação predatória. Isto é, do instinto humano.
 
CAPITALISMO / SOCIALISMO
O socialismo é impossível por partir do pressuposto falso de que todos os homens valem o mesmo: na hora da partilha é o que se sabe. O capitalismo é impossível porque defende o pega-pra-capar: um homem pode valer um milhão de vezes mais do que outro. Acredito que o limite matemático sensato (há que estabelecer algum limite) entre a absoluta igualdade e a absoluta desigualdade é o fator (número) 10. Nenhum homem pode ter um valor de mercado que lhe permita valer mais de dez vezes outro homem. Isso admitindo-se que o fator 1 (básico) dê pro essencial.

domingo, 1 de junho de 2025

DOMINGADAS

Recebi de meu filho, via zap:








Sensacionalista: Após Lula afirmar que "Deus deixou o sertão sem água" já prevendo que ele seria presidente, a Secretaria de Comunicação do governo tomou uma medida drástica para evitar improvisos presidenciais. Um microfone inteligente aplicará um choque de 220 volts sempre que Lula se afastar do roteiro.

O equipamento será conectado a uma inteligência artificial que comparará, em tempo real, o discurso com o texto original do teleprompter. Frases inesperadas ou comparações divinas ativarão o sistema imediatamente.

“Antes não tínhamos tecnologia para isso, pois Lula improvisa tanto que nenhuma bateria aguentaria tantos choques”, explicou um técnico da Secom. “Mas, com baterias modernas de carros elétricos, finalmente é possível.”



sábado, 31 de maio de 2025

PRECISAR, NÃO PRECISAVA.

Sempre que sobra um tempinho (quase nunca sobra), corro ao computador para continuar a leitura do livro MILLÔR DEFINITIVO – a Bíblia do Caos, um calhamaço de 588 páginas (estou na 112ª), uma seleção de (respire fundo!) “Pensamentos, Preceitos, Máximas, Raciocínios, Considerações, Ponderações, Devaneios, Elucubrações, Cismas, Disparates, Ideias, Introspecções, Tresvarios, Obsessões, Meditações, Apotegmas, Despropósitos, Apodos, Desvarios, Descocos, Cogitações, Plácitos, Ditos, Sandices, Especulações, Conceitos, Gnomas, Motes, Proposições, Argumentos, Filactérios, Reflexões, Escólios, Conclusões, Aforismos, Absurdos, Memórias, Estultilóquios, Alogias, Despautérios, Aquelas, Insultos, Necedades, Dislates, Paradoxos, Prótases, Singularidades, Miopias, Estultícias, Silogismos, Tergiversações, Enormidades, Paranoias, Leviandades, Imprudências, Incoerências, Desabafos, Galimatias, Heresias, Hidrofobias e Dizidelas” escritas em mais de cinquenta anos de carreira (o livro foi lançado em 1994).
 
Para mim, Millôr Fernandes e Luís Fernando Veríssimo formam a santíssima trindade do humor impresso do Brasil – mesmo que eu não saiba quem ocupa o terceiro vértice desse triângulo. Além de humorista de altíssima qualidade, o cara foi também desenhista, dramaturgo, escritor, poeta, tradutor e jornalista ao longo de mais de sete décadas de produção intelectual. Escreveu uma porrada de livros, traduziu porrilhões de peças de teatro, etc., etc.
 
Na introdução do livro que estou lendo, o Millôr assim o definiu: “Foi um livro difícil. Tomou exatamente cinquenta anos para ser feito. Começando em jornal antes de completar 14 anos, desde cedo, sem que soubesse por que, chamado humorista, o autor escreveu e desenhou ininterruptamente em periódicos sem periodicidade definida, e em publicações semanais e jornais diários”.
 
O levantamento, classificação, ordenação e revisão de todo o vastíssimo material disponível chegou a 13.000 tópicos em uma primeira seleção. Esse material foi reduzido pelo próprio Millôr para os 5.142 tópicos publicados nesse livro. Segundo ele, “foi cortado tudo o que lhe pareceu ingênuo, tolo, gracinha, injusto – mesmo quanto a instituições – ou de duvidosa originalidade. Este, aliás, o tópico sobre o qual, porque passados tantos anos, o autor teve mais indecisões”.
 
E é aí que eu queria chegar. Ainda que não tenha atingido nem a metade do livro, percebi haver nele uma autoindulgência muito grande – que me fez pensar nos quatorze e-books lançados por mim e que vivem clamando por revisão e eliminação do “ingênuo, tolo, gracinha, injusto ou de duvidosa originalidade” que me permiti publicar.
 
Obviamente, não estou me comparando com o Millôr, pois isso seria mais que presunção, seria puro delírio, mas o que já li me deixou ou causou uma gama de sentimentos conflitantes – encantamento, surpresa, decepção e outros de que não me lembro.
 
Há frases, textos e reflexões geniais misturadas com outras já publicadas em outros livros, piadas muito jotabélicas (sinônimo de ruins), bilhetes para editores, frases sem graça nenhuma, trecho de discurso de paraninfo, comentários com data de validade vencida, críticas antigas a políticos de que quase ninguém se lembra mais (Jânio Quadros, José “Sir Ney”, Itamar Franco, Fernando Collor e por aí), como se ele estivesse obcecado em que as gerações mais novas soubessem como ele sempre foi engraçado, mordaz, crítico, irônico.
 
E foi essa aparente ânsia de tudo ou quase tudo republicar que me fez pensar na autoindulgência de um gênio que não precisava disso para ser incensado e louvado. Mais ou menos como o Jotabê do Blogson Crusoe.
  

sexta-feira, 30 de maio de 2025

EU, VOCÊ E A BARATA

 
Hoje pela manhã, saindo de casa para comprar pão, deparei-me com uma barata vadia – uma autêntica planetária americana – a andar sem destino pelo piso da garagem. Ao perceber minha movimentação, a cascuda escondeu-se atrás de um vaso, tentando não ser notada nem inseticidada, mas fingi não tê-la visto.
 
Desde que fiquei sabendo do desaparecimento progressivo dos pardais, resolvi fazer minha parte para preservar os que fazem ninho no beiral de nossa casa e deixam suas “lembranças” no chão logo abaixo. Em outras palavras, não me importo mais com o cocozinho dos pardais nem os espanto com jatos de água. Também não mato com inseticida as baratas que ousam aparecer e que podem servir de alimento para eles. Duro é ter de usar o chinelo e ouvir aquele plaft repulsivo, que me obriga a lavar a sola da havaiana antes de voltar para dentro de casa.
 
Pois bem, enquanto espantava com jato de água a barata para fora do portão, fiquei pensando em quanto tempo deve ter sido gasto para ela adquirir suas características e propriedades atuais, sendo uma delas a capacidade de provocar reações histéricas na maioria das mulheres e de alguns homens ao dar com uma delas sassaricando por prateleiras e armários. Por absoluta falta de coisa melhor para pensar, consultei a Wikipédia – a mãe dos muito burros – e anotei estes dados de suma importância, que todos deveriam conhecer antes de morrer:
 
Sabe quando surgiu o L.U.C.A.? Se você nem consegue imaginar de que estou falando, sugiro procurar no Blogson a fabulosa e hilariante história em quadrinhos “A Gaiola dos Lucas”. L.U.C.A significa “Last Universal Common Ancestor”, que em linguagem de gente pode ser entendido como o último ancestral comum a partir do qual todos os seres vivos surgiram. Em outras palavras, eu, você e a barata temos o mesmo tatatatatatatatar...avô. Pois bem, esse nosso avôzinho surgiu há 3,4 bilhões de anos. Do que aconteceu depois disso eu não faço ideia, apenas descobri que seus descendentes peixes surgiram há 530 milhões de anos; os insetos – incluindo os ancestrais do pernilongo e da barata – começaram a encher o saco há 480 milhões de anos, os répteis há 310 milhões, os mamíferos há 220 milhões e as aves há “apenas” 150 milhões de anos.
 
Agora, diga para mim, você consegue imaginar o que significam intervalos de tempo tão gigantescos? Você consegue internalizar uma passagem de tempo tão estupefaciente? Vou te dizer que por mais que eu sinta atração por números, valores, quantidades, não consigo avaliar nem ter a mínima ideia do que significam tempo medido em milhões de anos nem distâncias medidas em anos-luz. A minha limitação intelectual permite apenas que eu trate de forma teórica conceitos que nunca conseguirei realmente vivenciar.
 
Neste ponto, sinto inveja dos membros da tribo amazônica Pirahã, que não sabem contar nem têm palavras para indicar números precisos tipo “um”, “dois” ou “três”. Essa tribo avalia quantidades com termos que indicam “pouco”, “alguns” e “muitos”.  E acho que é assim que passarei a me comportar. Quando alguém perguntar quantos anos completarei no próximo dia sete de junho, apenas responderei:
- Muitos.

terça-feira, 27 de maio de 2025

A MOTHER JOAN'S HOUSE

 
Se uma imagem vale mais que mil palavras, quantas valerão oito imagens? Um dicionário inteiro? Uma enciclopédia ilustrada? Ou, talvez... um manual de etiqueta e boa educação?
 
As primeiras imagens mostram os parlamentos de oito países. Em todas elas, os congressistas aparecem ordeira e respeitosamente sentados. Bem diferente da zona que se vê nas sessões do Congresso brasileiro, onde cada "paralamentar" parece competir para ver quem demonstra mais falta de educação, menos verniz civilizatório. Talvez por acharem que ali é a casa da mãe joana.


segunda-feira, 26 de maio de 2025

PROCURANDO INSPIRAÇÃO? ACHOU!

A propósito de minha recorrente e atualíssima falta de inspiração para publicar temas interessantes, o dono do blog As Crônicas do Edu fez um comentário provocativo ao dizer que “só a IA não vai sofrer de tal falta de inspiração, porque é artificial...ou será que não?

Não deu outra. Acessei o ChatGPT e fiz este pedido:
“poderia sugerir temas engraçados para eu escrever uma crônica?”
 
As sugestões (e comentários relacionados a elas) foram tão boas que não resisiti à tentação de transformá-las em mais um post. E a culpa disso, claro, foi do Edu.
 

O ChatGPT disse:
Claro! Aqui vão 15 sugestões de temas engraçados para crônicas, com um toque de ironia, absurdo ou cotidiano exagerado — depende do seu estilo:
  
COTIDIANO EXAGERADO
1- A guerra silenciosa da geladeira contra a dieta
(Ela conspira à noite. Você jura que ouviu o requeijão te chamar.)

2- A arte de enrolar cabos de fone de ouvido — e falhar miseravelmente
(Você começa com paciência... termina com um nó impossível da mecânica quântica.)

3- Como sobreviver a um grupo de WhatsApp de família sem virar monge tibetano
(Figurinhas da Tia Lúcia, correntes do Tio Zé, fake news e bom dia com glitter.)
  

SITUAÇÕES SOCIAIS
4- Manual do introvertido para festas de aniversário alheias
(Fuja discretamente depois do “Parabéns” ou vire um vaso decorativo.)

5- Encontro com ex em fila de banco: um suspense psicológico
(E ainda faltam 34 senhas para você ser atendido.)

6- A epopeia de fingir que entendeu uma piada ruim e ainda rir com entusiasmo
(É preciso mais talento que atuar em Hollywood.)
 
 
TECNOLOGIA E MODERNIDADE
7- Diário de um idoso digital tentando entender emojis
(O dia em que mandou uma berinjela achando que era beringela mesmo.)

8- A Alexa está me espionando (e talvez me julgando)
(Ela ouviu você cantando Benito di Paula no chuveiro.)
  

FAMÍLIA E RELACIONAMENTOS
9- Como discutir com o cônjuge sem usar a expressão “como sempre”
(Spoiler: impossível.)

10- Conselhos amorosos de quem está solteiro há décadas
(“Não se iluda com flores, isso dá formiga.”)
 

TEMAS ABSURDOS
11- Reunião do sindicato dos travesseiros velhos
(Estão em greve até que você os aposente com dignidade.)

12- Meu cachorro é mais popular que eu nas redes sociais
(E ele nem tenta.)
 

AUTOIRONIA E REFLEXÕES
13- Ser adulto é pagar boleto e discutir se compensa fritar ou pedir pelo app
(Spoiler: o app vence. Sempre.)

14- O dilema moral de jogar fora a embalagem que “ainda dá pra usar”
(Não, aquele potinho de sorvete nunca mais verá sorvete.)

15- Como fracassar com estilo em todas as metas de ano novo
(Inclusive a de escrever uma crônica por semana.)

  

domingo, 25 de maio de 2025

TE CUIDA, JOTABÊ!

Tenho andado tão pouco inspirado que até oxigênio anda me faltando. Por isso, venho apelando para qualquer coisa – desde publicar o que encontro pela rede até pedir socorro ao chato do GPT. Hoje, meio acordado, meio em modo zumbi, fiquei pensando que, se esse Saara mental continuar, vou acabar demitindo o Blogson… ou sendo por ele demitido.
 
Foi então que me lembrei do premonitório programa O Aprendiz, onde Donald Trump já dava sinais do seu gênio intempestivo – mais tarde turbinado quando foi eleito presidente dos EUA pela segunda vez. Pedi uma ajudinha ao ChatGPT para desenvolver a ideia, e saiu isto. Mas a piada é tão ruim que estou mesmo merecendo ser demitido.



sexta-feira, 23 de maio de 2025

DE SPOILER EM SPOILER CHEGAREMOS LÁ

 
A decisão de diminuir a mediocridade dos e-books que publiquei na Amazon necessariamente levaria à exclusão de uns ou uma reseleção e união de alguns deles. Essa tarefa está em andamento. E a primeira providência foi unir os dois e-books de poesia, depois de fazer nova seleção dos poemas (vamos chamá-los assim).
 
A explicação para isso está no fato de ser um pouco acumulador e de ter dificuldade em me desapegar do que escrevi, mesmo sabendo da modéstia literária do que produzi. A outra razão (real) é o desejo de deixar “pegadas” indicando por onde andei e o que fui um dia. Mas ninguém precisa se assustar com estas palavras, pois minha meta é viver pelo menos mais dez anos – mesmo que, até lá, eu talvez já não lembre direito quem sou.
 
Deixando o drama de lado, vale lembrar que o genial Chico Buarque também escreveu letras menos inspiradas – como as do filme “Os Saltimbancos Trapalhões”. Por isso, meu desejo de publicar uma “antologia” da minha produção em versos com diferentes motivações e qualidade.
 
Após descartar oito poemas que nunca me agradaram, a tarefa seguinte foi organizar os 104 que sobraram (haja condescendência!), em seis seções de qualidade variável.
 
O Eu Fragmentado – 44 poemas que considero os melhores que escrevi;
Garimpo de Palavras – outros 42, minha “segunda escolha”;
Datas e eventos especiais – 5 poemas;
Crítica ao blog – 3 poemas;
Versos infantis – 3 textos feitos para divertir minhas netas ao serem musicados pela Suno AI;
Paródias – 7 versões inspiradas em poemas consagrados ou em letras de música.
 
Para finalizar, deixo claro que esta é a ideia original, mas pode ser que eu resolva descartar mais alguns textos e escolher outros títulos para as seções. Nada está totalmente fechado, estamos combinados?

quinta-feira, 22 de maio de 2025

O MÍNIMO DO MÍNIMO

 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos estabelece em seu artigo 25 que Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar a si e à sua família saúde, bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis e direito à segurança em caso de desemprego, doença invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios de subsistência em circunstâncias fora de seu controle”. Bacana, não?
 
Sabiam que o salário mínimo foi estabelecido em 1940, no governo de Getúlio Vargas? Por ser antediluviano, eu sabia. E sabia também que seu objetivo era garantir que os trabalhadores tivessem um salário que atendesse às suas necessidades básicas, como alimentação, moradia, saúde e educação.
 
Bom, essa é a história. Quanta coisa (não) mudou desde então!
 
Mas hoje, com a temperatura baixa e mais uma vez assustado e incomodado com a visão de uma multidão de moradores de rua dormindo sobre papelão ou perambulando sem destino pelo centro da cidade, me ocorreu o pensamento de que todas essas pessoas – e não só elas – têm direito à dignidade mínima: um reconfortante banho quente, substituição de seus andrajos imundos por roupa limpa, um cobertor e, talvez, uma sopa quentinha no final do dia.
 
Isso resolveria o problema do uso de drogas e da miséria desses fantasmas de pele e osso que teimam em continuar respirando? Certamente que não, mas uma gota de solidariedade e compaixão será sempre bem vinda, concordam?
 
E se você quiser uma trilha sonora para embalar esses sonhos, que tal estes versos do John Lennon?
 
“You may say I’m a dreamer, but I’m not the only one”

quarta-feira, 21 de maio de 2025

FILTRAÇÃO

 
Gosto das habilidades das inteligências artificiais – são ótimas para traduzir, revisar e até criar textos. Mas o problema mesmo começa quando algum espertinho resolve manipular imagens e vídeos falsos. Não sou futurólogo (nem tenho tanto futuro assim para utilizar), mas vejo com grande preocupação a crescente criação de conteúdos tão bem forjados que até pessoas esclarecidas são enganadas. Mas, “deixando a profundidade de lado”, o que eu quero é me divertir com essas conquistas que, no fim das contas, acabarão por ferrar o mundo.
 
Algumas dessas novidades tecnológicas – antes de me encantarem – me deixam assustado. Sério mesmo! Tento me manter atualizado, mas, se me permitem um trocadilho, diria que minha velhicidade é insuficiente para acompanhar as inovações que não param de surgir.
 
Outro dia, por exemplo, minha mulher mostrou o rosto de uma jovem no celular e perguntou quem era. Eu estava sem óculos e chutei o nome de alguma atriz gostosa, o que foi suficiente para deixar minha mulher furiosa (e olha que eu nem disse a palavra “gostosa”!). Coloquei os óculos e percebi que não era nenhuma celebridade. Na verdade, parecia uma completa desconhecida. Minha mulher então me informou que se tratava da namorada de um sobrinho.
 
Como assim? Fez plástica? Transplante de cabeça? Porque, mesmo conhecendo a moça apenas superficialmente, posso assegurar que, se não é a versão jovem da “Bruxa do 51”, também nunca foi modelo de beleza – nada de Ísis Valverde ou outra tchutchuca. E o retrato exibido na tela mostrava uma realidade paralela, digna de filmes de ficção científica.
 
Perguntei se ela tinha alguma explicação para aquele fenômeno, e ela respondeu com uma ponta de desprezo pela minha ignorância:
- Filtro.
- Filtro? – repeti. E ela disse tratar-se de um efeito obtido por algum aplicativo instalado no smartphone.
 
Caracas! Agora o mundo ficou muito perigoso! Quem se aventura em sites de relacionamento corre o risco de comprar gato por lebre – ou melhor, lebre por gata. Casamento por procuração, então, nem pensar. Na hora H, o noivo pode descobrir que está se unindo a um ex-seminarista, por exemplo. É ruim!
 
Isso me lembra um episódio constrangedor que vivi quando precisei tirar fotos 3x4 para renovar minha carteira de identidade. Fui ao Foto Zatz. Em vez de foto colorida, pedi preto e branco, pois tenho uma espécie de galeria onde guardo todos os retratos 3x4 que já tirei “nessa longa estrada da vida”. Uma das características dos retratinhos em PB é permitirem retoques para corrigir alguma imperfeição – ao contrário das coloridas.
 
Quando peguei as seis cópias, percebi que o retoque havia sido feito de forma tão entusiasmada que as bolsas sob meus olhos – cada vez mais proeminentes com o tempo – tinham simplesmente desaparecido. Mas fui assim mesmo providenciar o novo documento.
 
Ao receber os retratos que lhe entreguei, e depois de me olhar de cima a baixo, a senhora mal-humorada que me atendeu foi taxativa:
- Esses aqui não valem. Preciso de retratos recentes!
 
Achei graça da recusa e comentei que tinha acabado de tirá-los. A resposta foi fulminante:
- Nossa! Retocaram tanto a foto que quase apagaram essa pinta que o senhor tem no rosto.

Que se pode dizer sobre isso? Filtrar seu retrato só pode ser entendido como brincadeira, pois o resultado sempre estará sempre exposto à troça e ao deboche dos conhecidos. Mesmo que obtido de forma involuntária em um retrato 3x4.

terça-feira, 20 de maio de 2025

SPOILER


Desde a criação do blog Blogson Crusoe, fui descobrindo que a poesia é um excelente meio de expressar emoções intensas. A explicação me parece simples: se um texto em prosa lembra um rio de águas calmas, que serpenteia por meandros e curvas suaves, sem sobressaltos, a poesia, ao contrário, é um rio turbulento – nervoso, impetuoso, com corredeiras e águas que despencam em cachoeiras e precipícios.
 
Mas nem todos têm o talento de escrever poemas que possam ser considerados boa literatura. Esse, reconheço, é o meu caso. Ainda assim – e ao longo dos onze anos de existência do blog – escrevi mais de cem poemas, de qualidade variável, incluindo paródias e letras de músicas infantis para minhas netas.
 
Graças ao estímulo e à ajuda de um antigo leitor, consegui publicar na Amazon um e-book com a seleção das melhores poesias que acreditava ter escrito. Gostei tanto da experiência que publiquei mais um. Com o tempo, porém, percebi que alguns poemas do segundo livro jamais deveriam ter sido incluídos – e que o próprio livro era, talvez, um equívoco, fruto de uma mistura tóxica de ansiedade e depressão.
 
Decidi, então, refazer o caminho: reli tudo, escolhi com mais critério, acrescentei poemas novos e reuni tudo em um único volume.
 
É este livro que te convido a ler agora. E mesmo que os versos sejam singelos, banais, com rimas imperfeitas e pouca inspiração – sou eu que estou ali, pois cada poema é um fragmento de um mosaico incompleto de mim.
Aceita o convite?

segunda-feira, 19 de maio de 2025

BONECAS, BEBÊS E BATALHÕES DE BOMBEIROS

 
Ralei muito para atender a encomenda da Catiaho sobre bebês reborn, pois a inspiração não vinha (terminei de escrever o texto “O Fim do Mundo Chegou” às quatro da matina). Depois de tomar café e resolver as inadiáveis atividades matinais, fiquei com vontade de saber o que uma inteligência artificial poderia dizer sobre um bebê tão artificial como ela.
 
Por isso, copiei da Wikipedia um texto gigantesco escrito em inglês e fiz este pedido ao ChatGPT:
- Este é um assunto do momento. Poderia fazer uma crítica ácida sobre, utilizando o texto a seguir, que encontrei na internet? Mas faça em português.
 
E ele fez, gastando para isso uns três segundos. Sincera e humildemente, sou obrigado a admitir que o texto da IA ficou muito melhor que o meu. Por isso, achei que valeria a pena publicá-lo no velho Blogson..
 
Depois, creio que só de sacanagem, o ChatGPT ainda escreveu:
- Se quiser, posso escrever outra versão com humor mais escrachado, ou com um tom mais melancólico e reflexivo. Deseja experimentar?
 
Nem respondi, de tão humilhado fiquei. Ah, IA filhadaputa!
 
A partir de agora o “mando de campo” é do ChatGPT. E até o título é dele.
 
Era uma terça-feira como outra qualquer até que, no noticiário da noite, surgiu a manchete: "Bebê abandonado dentro de um carro é salvo por bombeiros — era uma boneca." Pronto. Lá estava de novo. A humanidade, em sua versão mais dramática e atrapalhada, confundindo plástico com carne, tinta com choro.
 
As reborn dolls, essas bonecas com aparência tão realista que até fazem as veias saltarem (literalmente, pois são pintadas à mão com esmero quase cirúrgico), agora vivem cercadas de cuidados maternos e, por vezes, de sirenes. Porque, veja bem, se um carro está parado sob o sol, e há um "bebê" imóvel dentro, não é loucura quebrar o vidro. Loucura é descobrir que o bebê não respira por falta de pulmões. Que tem cílios colados com cola quente e um magneto na boca para prender a chupeta.
 
Não é só o vidro que se quebra. É a fronteira entre realidade e delírio.
 
O mais curioso é que essas bonecas são vendidas em “berçários virtuais”, entregues com certidão de nascimento, fralda, mantinha e, se o freguês pagar um extra, até com batimentos cardíacos eletrônicos e narizes que "respiram" (movimentos sutis, claro, nada de secreções). Algumas vêm com nome escolhido, outras com aroma de talco, outras ainda em incubadoras para simular a chegada prematura ao mundo. O que falta? Talvez um CPF.
 
"Não julgue," dirão os defensores. "Ajuda no luto, no vazio, no instinto maternal." Sim, talvez. Mas quando o luto exige fraldas Pampers e carrinho de passeio, é possível que o luto tenha virado um espetáculo. Ou uma comédia.
 
Porque, convenhamos, há algo deliciosamente patético em ver duas senhoras discutindo no supermercado sobre qual shampoo é menos agressivo para o couro cabeludo... da boneca. Ou na mãe que não deixa ninguém segurar "a bebê" porque "a cabecinha ainda não firma" — ignorando que a cabeça, feita de vinil, jamais firmará ou cairá, a não ser por defeito de fábrica.
 
Há uma indústria inteira dedicada a tornar plástico mais humano. Enquanto isso, há seres humanos sendo tratados como descartáveis. Ironia? Não. Só mais um capítulo de um tempo em que a fantasia é tão bem-feita que parece real — e a realidade, às vezes, tão absurda que parece brincadeira.
 
Por via das dúvidas, se vir um bebê sozinho no carro, chame os bombeiros. E depois, quem sabe, chame um psiquiatra. Ou um artista. Afinal, está cada vez mais difícil distinguir onde acaba a arte e começa a loucura.
 

domingo, 18 de maio de 2025

O FIM DO MUNDO CHEGOU

 
Aqui em BH, existe um apresentador de telejornal local muito simpático, já mais velho, que, ao noticiar fatos bizarros ou inacreditáveis, às vezes comentava com voz pausada e meio sorriso no rosto: “Minha mãe diz que o mundo já acabou, mas ninguém acredita”. Ou então, ao final de uma daquelas notícias de azedar o fígado, e sem mover o corpo, olhava diretamente para a câmera à sua direita (ou esquerda) e dizia: “Ah, nem!
 
É essa a sensação que tenho quando leio certas notícias que parecem saídas de um programa de humor. Bebês reborn são desse tipo. Você, que lê atentamente este blog desconjuntado enquanto segura uma fatia de pizza marguerita em uma das mãos, sabe do que estou falando?
 
Precisei consultar a internet - a mãe dos muito burros e pátria das fake news -, para também aprender que porra é essa. Muito bem (ou muito mal): bebê reborn é um boneco com traços hiper-realistas que começou a ser vendido em 2002. Mas é pior que o boneco assassino Chuck, pois faz com que adultos adquiram comportamentos de deficientes mentais.
 
Aqui no Brasil, seus proprietários têm provocado mais risos do que preocupação. Mas, mesmo achando graça na total falta de senso de ridículo de alguns dos donos de reborn, receio que a humanidade esteja com viagem marcada para a insanidade. Basta lembrar de um presidente estrangeiro que cogitou criar um resort num país destruído pela guerra e um reality show em que imigrantes competiriam entre si por cidadania americana. Se um presidente pensa nessas sandices, o que se pode dizer das pessoas comuns, intoxicadas por imagens manipuladas e notícias falsas disseminadas nas redes sociais?
 
Mas, como cantou o Belchior, “deixando a profundidade de lado” – pois a vida é breve –, o bom é rir das notícias da insensatez e do ridículo dos donos de bebês reborn (esse é o nome da coisa):

- Ao ser questionada por uma mulher se poderia solicitar pensão mensal do ex-marido “diante dos altos custos para manter o ‘filho’”, a advogada Fernanda Sanchez foi curta e grossa: “Criança é criança, pet é pet. Você pode não aceitar, mas bebê reborn é uma boneca.”
- Outro advogado, cujo nome infelizmente não sei, publicou em suas redes sociais que ter bebê reborn não dá direito a pedidos de pensão alimentícia nem previdenciária.
- Depois que uma mulher levou um bebê reborn ao posto de saúde, alegando que “a coisa” estava com febre, o deputado estadual Cristiano Caporezzo (PL-MG) propôs proibir o atendimento de reborns em hospitais. Sensatamente, comentou: “É alarmante ver o quanto as pessoas se sentem solitárias e desconectadas, buscando fuga da realidade e tentando suprir seus vazios com esse tipo de brinquedo de madame. (...) Quando isso se transforma em uma fuga emocional, criando uma realidade paralela que sobrecarrega os nossos serviços públicos, alguém precisa dar um basta.”
- O padre Chrystian Shankar publicou em suas redes sociais o seguinte aviso:
“Não estou realizando batizados para bonecas reborn ‘recém-nascidas’.
Nem atendendo ‘mães’ de boneca reborn que buscam por catequese.
Nem celebrando Missa de Primeira Comunhão para crianças reborn.
Nem oração de libertação para bebê possuído por um espírito reborn.
E, por fim, nem missa de 7º dia para reborn que arriou a bateria.”
E ainda completou: “Essas situações devem ser encaminhadas ao psicólogo, ao psiquiatra ou, em último caso, ao fabricante da boneca. Sem mais!”
-Já o deputado federal Zacharias Calil (União Brasil – GO) propõe multa para quem usar bonecos simulando crianças com o objetivo de obter benefícios como filas preferenciais.
- A Prefeitura de Curitiba informou, em suas redes sociais, que passageiros com bebês reborn não têm direito a assentos preferenciais nos ônibus da cidade. “Mãe de bebê reborn não tem preferência”, diz o aviso. Ainda em tom descontraído, a publicação destaca: “Os reborns são fofos, mas não garantem lugar no (assento) amarelinho.”
- E, para terminar, esta notícia (infelizmente, a reportagem onde a encontrei não traz mais detalhes): casal disputa na Justiça a guarda de uma reborn e o controle de um perfil no Instagram que gera lucros com a exposição da boneca.
 
Não sei se a gíria “rebordosa”, usada para indicar a ressaca provocada pelo consumo de álcool ou substâncias “só um pouquinho mais ilícitas”, ainda existe, mas acho que, depois de ler essas maluquices, estou também com rebordosa — ou melhor, reborndosa. Ah, nem!

sábado, 17 de maio de 2025

DUCHA FRIA

Por ter poucos “seguidores” – ou, como prefiro chamá-los, amigos virtuais –, sempre me alegro quando descubro mais uma adesão à lista de leitores do Blogson. Costumo então fazer um post-agradecimento a essa gente maluca que achou alguma graça nas tranqueiras que publico no blog. Só lamento que não o tenham descoberto há mais tempo, época em que eu era mais criativo.
 
E por terem se incorporado só agora à multidão de 18 seguidores, talvez não saibam que a este blogueiro faltou discernimento, desconfiômetro e bom senso quando resolveu aplacar sua ansiedade congênita publicando quatorze (isso mesmo!) e-books na Amazon com material extraído dentre as mais de 3.000 publicações feitas ao longo de quase onze anos.
 
E, de certo modo, até fico aliviado por não conhecerem esses filhotes do blog, pois fui muito condescendente e precipitado na seleção e publicação dos e-books. Desde então tenho sentido um pouco de vergonha por ter publicado material de baixa qualidade, só para acalmar meus demônios internos. Por isso, tenho pensado em reduzir para a metade ou menosos quatorze livros que publiquei.
 
E hoje, finalmente, comecei a fazer essa limpeza. E a primeira escolha recaiu nos dois livros de poesia (O Eu Fragmentado e Garimpo de Palavras), que, depois de nova seleção, serão transformados em apenas um. Essa jogada permitirá também que o novo livro fique com download gratuito por cinco dias no site da Amazon. Aliás, essa era “a coisa que vem por aí” a que me referi em post anterior – o que, convenhamos, soa como uma verdadeira ducha de água fria diante da eventual expectativa que aquele enigmático e “promissor” mistério possa ter criado.
 
Assim, minhas novas amigas Beatriz e Maria Luiza terão a oportunidade de – caso queiram – conhecer a fabulosa produção poética de Jotabê, fazendo-as talvez se arrepender de terem se interessado em seguir esta bagaceira que é o Blogson Crusoe. Até lá, só posso agradecer – e dizer: bem-vindas!

DUELA A QUIEN DUELA

E O LULA, HEIM?
Nunca entrei em bola dividida, nem separei briga de filho na saída da escola. Jamais me meti em desavenças de irmão ou deixei de apontar os defeitos dos meus pais. Acho um horror quando uma mãe tenta suavizar a fama de criminoso do filho dizendo que “ele é um filho muito bom”. Em resumo: protecionismo, corporativismo e todo tipo de conivência por laços ideológicos, afetivos ou de sangue são comportamentos que abomino, condeno ou desprezo. Assim deveriam pensar e agir os homens públicos (sonha, Jotabê!).
 
Mas aí vem o Frei Chico, irmãozinho do presidente, e tem seu nome envolvido numa maracutaia gigantesca às custas dos aposentados. Ele é inocente? Não sei. Mas, se eu fosse o Lula — que já manchou sua reputação com as tretas dele próprio e de seus cupinchas nos episódios do Mensalão e no Petrolão – botaria a boca no trombone, chamaria o irmão de filho da puta (com ou sem razão) e estimularia a criação da CPI do INSS, duela a quien duela, como disse o condenado Collor. Porque é como no caso da mulher de César: não basta ser honesto – é preciso também parecer. E, usando uma linguagem mais direta, como se fala em qualquer zona do baixo meretrício: se o cu não é meu, pau nele!
 
Faria muito bem à biografia do Lula se ele desistisse dessa ideia ridícula de querer ser presidente pela quarta vez e passasse a régua em tudo – e em todos que consideram o bem público uma entidade abstrata e discutível, algo que existiria apenas para o enriquecimento de alguns. Será que ele ainda não entendeu isso?
 
 
E O BOLSONARO, HEIM?
No bairro onde moro havia um casal de namorados sui generis, para dizer o mínimo. Já idosos, aposentados e sempre chapados de bebida – ela mais que ele –, frequentavam a missa com regularidade. Sentavam-se nos últimos bancos e, sempre bêbados, conversavam em voz alta – ela mais que ele.

Um dia, durante uma missa lotada, o Padre Cornélio, excelente vigário, anunciou que estava voltando para a Holanda, seu país natal, por ter atingido a idade em que os padres se aposentam. Ao ouvir aquilo, a mulher começou a cantarolar, à meia voz: “Adiós muchacho, compañero de mi vida...” Estava sentado perto do casal e tive de fazer força para não cair na gargalhada.
 
Hoje, vi no portal da Isto É a seguinte manchete: “Vou morrer, não vai demorar, diz Bolsonaro sobre possível prisão.”
 
Não resisti: comecei a cantar mentalmente, – “Adiós muchacho...
 
Em outras palavras: mesmo sendo esse desabafo uma tentativa óbvia de chantagem emocional do Bozo, não resisto a dizer – já vai tarde!
 
 
E O TRUMP, HEIM?
Li esta manchete no portal G1: "Governo Trump avalia fazer reality show com imigrantes competindo entre si por cidadania americana".
Que se pode dizer de um presidente assim?  Doente!!!

 


sexta-feira, 16 de maio de 2025

VEM COISA POR AÍ

 
“Quem diz que fazer poesia é um sofrimento está mentindo: é bom, mesmo quando se escreve sobre uma coisa sofrida. A poesia transfigura as coisas, mesmo quando você está no abismo. A arte existe porque a vida não basta”. Ferreira Gullar
 
 
O que se lerá a seguir
São versos ingênuos, simplórios
Poemas escritos com prego
Grosseiros, vulgares, banais
Literatice sem brilho
Poesia sem rima, sem cor
Expressões toscas da dor
 
 
Você, caro leitor, estimada leitora, pode estar se perguntando que isso significa. Por enquanto, só posso dizer que vem coisa por aí.
 
 
Para encher um pouco mais de linguiça (como deve ser uma expressão equivalente em Portugal?), a transcrição de um cartão que recebi de meu filho em 2017, quando me deu de presente de dia dos pais o instigante, perturbador e super bem escrito livro “Sapiens”, de Yuval Harari:
 
“Para que meu pai, Homo Sapiens se torne cada vez mais sapiens e menos homo”.

 

EFEMÉRIDA

  Pode não parecer (mentira, parece sim!), mas este blogueiro que vos azucrina quase diariamente completa hoje 75 anos. Uma idade tão cosmot...