Pois bem, Sô Chico trabalhou durante anos para esse sátiro. Se comparada à performance desse médico, a “escapadinha” de meu avô nem seria digna de nota. Exceto para minha avó e seus filhos. Vovô teria conhecido sua segunda mulher, Amélia, durante a construção do aeroporto do Carlos Prates. Segundo minha irmã, tia Ci, mamãe e tio Nem contaram a ela a mesma versão.
domingo, 2 de novembro de 2025
NASCIDOS NA FAZENDA - 04
Pois bem, Sô Chico trabalhou durante anos para esse sátiro. Se comparada à performance desse médico, a “escapadinha” de meu avô nem seria digna de nota. Exceto para minha avó e seus filhos. Vovô teria conhecido sua segunda mulher, Amélia, durante a construção do aeroporto do Carlos Prates. Segundo minha irmã, tia Ci, mamãe e tio Nem contaram a ela a mesma versão.
sábado, 1 de novembro de 2025
NASCIDOS NA FAZENDA - 03
Vovô Chiquinho nasceu em 15 de março de 1900. Vovô, não, que esse tratamento era dado por meu irmão e primos (minha irmã o chamava simplesmente de “Vô”). Eu o chamava, sem nenhuma cerimônia, de “Sô Chico” (da mesma forma que falava “Seu Amintas” e “Dona Lia”, quando conversava com meus pais). E o engraçado é que ele gostava disso, dessa falta de modos (meus pais também). Uma vez minha mãe comentou o que vovô tinha dito a meu respeito: -“esse aí me puxou!” Que eu posso dizer disso? Que o discernimento dele era péssimo.
É possível ver meus bisavós, já velhinhos, em duas fotografias espetaculares ainda existentes na casa de minha irmã. O casal teve esses filhos, não necessariamente na ordem em que estão relacionados:
Nunca entendi por que só os irmãos de meu avô e de minha avó eram bem de vida (quase todos, pelo menos). Em suas visitas dominicais, eram casos de fazenda pra cá, boiada prá lá, por aí. Meus avós, coitados, estiveram sempre na merda – ou perto disso. Consultando minha irmã sobre datas e fatos para escrever estas lembranças, surgiu a explicação para essa ostentação domingueira (pelo menos, no que se refere aos irmãos de minha avó).
Para ele, vale uma frase que ouvi quando fizemos curso de noivos. Ao escutar um dos noivos dizer que tinha 26 irmãos, o orientador perguntou: -“seu pai teve tempo de vestir as calças?” Cagamos de rir.
sexta-feira, 31 de outubro de 2025
NASCIDOS NA FAZENDA - 02
Bem, minha mente não é mais de criança, mas permanece ainda meio infantil. E olha que meus pais nem eram parentes!... (piada muito ruim!)
Minha avó nasceu em 05/01/1898 e era dois anos mais velha que meu avô. Certamente por vaidade, mentia o ano de nascimento. Para mim, tinha nascido em 1900. Só quando ela morreu fiquei sabendo a data certa, gravada na lápide da sepultura. Era muito, muito magra. Se tivesse sido calculado, certamente seu IMC seria inferior a 18. E “feinha”, na opinião de uma senhora que a conheceu.
Já contei outros casos de minha avó neste blog. Se alguém tiver interesse, são eles:
http://blogsoncrusoe.blogspot.com.br/2014/09/lets-all-get-up-and-dance.html
http://blogsoncrusoe.blogspot.com.br/2014/10/voce-sabe-falar-alemao.html
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
NASCIDOS NA FAZENDA - 01
quarta-feira, 29 de outubro de 2025
NOITES DA INFÂNCIA - A REVANCHE
Jotabê, que é menos bobo do que aparenta ser (a diferença é imperceptível), também age assim. Como o post “Noites da Infância” teve boa aceitação, porque não tentar enfiar (no sentido figurado, lógico) uma segunda parte nos milhares de leitores do Blogson? Então é isso.
O TICO-TICO
Não sei por que ele não se interessou em ficar com o almanaque. Talvez pelo fato de ter um defeito grave de montagem, pois várias páginas aparecem repetidas. Provavelmente esse pode ter sido o motivo de não ter nenhuma história dos personagens que aparecem na capa do almanaque de 1957. Não importa. Quando minha irmã perguntou ao “Sr. Memória” aqui se queria ficar com ele, a resposta foi –“Lógico!”
Como nesse almanaque os personagens são apenas esboçados, como se feitos por uma criança, resolvi buscar na internet uma imagem melhor, a capa de um almanaque de 1954. Nas duas capas o Zé Macaco é facilmente identificável (porque será?) e a Faustina mais ainda, pois é a única mulher que aparece, com seu nariz imenso. Nessa época eu tinha uns seis anos ("o tempo passa, o tempo voa...").
PROPULSÃO A JATO
Assim, a propulsão obtida através da ingestão de batata doce pela heroína peidorreira, nunca foi identificada dessa forma. “Peido” não era uma palavra de bom tom na minha família. Como ninguém conhecia a palavra “flato” (que eu mesmo só vim a conhecer há uns dez, quinze anos), o termo usado era (já estou rindo de novo) “funfa”. Assim, lá em casa ninguém peidava, soltava “funfas” ou, na pior hipótese, “funfava”. Dureza, não?
NOITES DA INFÂNCIA
Alguns anos antes de meu pai morrer, lembrando-me dos casos que ele nos contava, perguntei por que não escrevia aquelas lembranças de sua infância. Ele deu um sorriso entre surpreso e irônico e comentou que meu irmão tinha pedido a ele a mesma coisa. Aí eu insisti para que fizesse isso, mas ele comentou: - "Quem iria querer ler essas coisas?” E a resposta foi - “Eu (lógico!), meus filhos, meus irmãos, meus sobrinhos”!". Mas ele não se convenceu ou nunca quis fazer isso. Sinceramente, creio que naquela época, quando já havia perdido quase todos os irmãos, revolver e reviver suas lembranças seria como arrancar a casca de uma ferida que custou a cicatrizar e que ainda doía.
Sua benção, meu Pai, a benção, Seu Amintas!
terça-feira, 28 de outubro de 2025
MENINO BOBO
Às vezes me pergunto como teria sido sua infância naquele cu de mundo (que ele amava), pois me lembro de pouca coisa que contou sobre essa época. Passados tantos anos, é necessário muito esforço para tentar imaginar a vida levada por um menino na faixa dos sete aos onze anos, em um distrito de uma cidadezinha do interior mineiro, no início do século XX, um lugarejo com população que talvez não chegasse a mil almas.
Sei que tinha uma carrocinha puxada por um bode branco (a que deu o nome de "Cabritito"), achava a coisa mais linda uma repulsiva galinha garnizé de pescoço pelado, devia andar descalço, nunca aprendeu a nadar, soltava pião, coisas assim. Outra lembrança é a reprodução de um ditado local, uma espécie de "Lei de Murphy caipira", que estabelecia que "menino bobo é que acha canivete".
Meu pai explicava essa "lei probabilística", dizendo que naquele fim de mundo, a melhor coisa que um garoto esperto podia desejar possuir era um canivete, tantas as utilidades que podia ter. Assim, encontrar um canivete que alguém teria perdido era como ganhar na loteria, uma possibilidade remota, aparentemente reservada apenas aos meninos idiotas, ignorantes de suas múltiplas aplicações.
Mas quais seriam essas utilidades? Descascar laranjas certamente seria uma delas. Cortar e afeiçoar uma forquilha de goiabeira para fazer estilingue (ou bodoque) seria outra. Fazer entalhes em madeira, talvez. Que mais, que mais poderia ser feito? Sinceramente, não consegui imaginar mais nada, sinal claro de que se eu tivesse vivido naquele lugar, naquela época, fatalmente teria achado um canivete. Pensando bem, um só não, talvez dois ou até mais.
segunda-feira, 27 de outubro de 2025
QUE SIGNIFICA ANTI-LUÉTICO?
Na minha infância, várias vezes ouvi meu pai falar de “Tapayuna”, nome escolhido para um produto criado por seu irmão mais velho, um apaixonado pela mística dos nomes e temas indígenas. Imagino ter sido esse medicamento o carro-chefe dos produtos fabricados pelo laboratório farmacêutico de propriedade da família.
domingo, 26 de outubro de 2025
COISAS DE ORATÓRIOS
DO TEMPO DA ESCRAVIDÃO
SÁ GERMANHA E SÁ GENOVEVA
ZÉ MAMÃO
NADANDO NO RIO
O PRIMEIRO AUTOMÓVEL
“O SECRETÁRIO MODERNO”
E papai completava – ‘ele devia estar doido para estrear o livro, mas não conseguiu encaixar o Lourival em nenhum dos modelos de carta. Não encontrando outra opção, não se deu por rogado’.
LINGUIÇA NO FUMEIRO
Imagino que no início do século XX todas as
casas mais simples possuíam um fogão de lenha. Também existia um
na casa de meus avós paternos, em São José dos Oratórios (distrito de Ponte
Nova). Pendurado sobre o fogão havia um pau roliço, onde se colocava parte da produção caseira de linguiças, que iam sendo
defumadas graças ao calor e à fumaça da lenha queimada para o preparo das
refeições da família.
E é aí que entra a protagonista deste caso: uma mulher meio louca, meio desaforada e talvez já um pouco idosa, às vezes ia à casa de minha avó pedir esmola ou comida, se não me engano.
Pelo menos para meu pai e seus irmãos era conhecida por "Sá Maria me
Atende" (a súplica transformada em apelido!).
Creio que em um dia qualquer, Sá Maria entrou na casa, provavelmente pela cozinha, e pediu comida. Uma de minhas tias, talvez desejando verdadeiramente ajudar a coitada, ofereceu trabalho a ela. E a surpresa veio com a resposta dita de forma irônica e lírica, dizendo que aceitava galinha assada e "linguiça no fumeiro", mas de trabalho estava fugindo. E nunca mais voltou a por os pés na casa de minha avó. É uma historinha boba? Certamente que é, mas a frase esquecida é que daria sabor a esse "causo", talvez um sabor de linguiça caseira defumada lentamente.
É também um agradecimento público à minha irmã, pela paciência e empenho em lembrar e escrever esses casos para mim.
sábado, 25 de outubro de 2025
DORMINDO PROFUNDAMENTE
ÁLBUM DE RETRATOS
NASCIDOS NA FAZENDA - 04
Eu terminei a terceira parte desta série de lembranças falando de um sujeito que tinha um apetite sexual do tamanho da Muralha da China. ...
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No meio da pandemia, assistindo televisão com minha mulher, ouvi um ator inglês dizer as palavras mágicas “Soneto 116 de Shakespeare”. Creio...
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Algum tempo atrás, quando ainda trabalhava, recebi um e-mail que continha no final, depois da identificação do remetente, uma frase dramát...
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A reverência hoje é para Millôr Fernandes, que faz parte da Santíssima Trindade do Humor no Brasil. Os outros dois podem ser qualque...










