sábado, 31 de agosto de 2019

DONO DA VERDADE

Quem me dera ser
O dono da verdade,
De todas as verdades, todas!
Teria a resposta certa para tudo.
Seria amado, invejado, odiado
Pois conheceria de todos as verdades
Inconvenientes, indecentes,
Estupefacientes

Seria quase onisciente.
Mas nunca contaria nada meu para ninguém
Guardaria meus segredos com cautela
Terceirizaria minhas culpas
Meus pecados, meus erros, vilanias
- Pois os donos da verdade nunca erram!
E não admitiria nem para mim mesmo
Ser também capaz de me enganar.




sexta-feira, 30 de agosto de 2019

DECISÃO DE CAMPEONATO


Graças a um trauma mal resolvido na infância (eu era irmão do dono da bola), não curto futebol, não assisto nem partida da seleção. Por não gostar de futebol, nada mais natural (para mim, pelo menos) que já tenha sido torcedor dos três grandes times de Minas. Quando era criança um tio recentemente falecido influenciou-me a torcer pelo América mineiro. Na adolescência, por ter-me tornado sócio do Cruzeiro, passei a torcer pelo time do Tostão, Dirceu Lopes e outros craques. Já casado, graças a meus cunhados fanáticos, meu “time do coração” passou a ser o Atlético ("Galo") de Reinaldo, Toninho Cerezzo, etc. Hoje, graças ao total desinteresse que tenho pelo nobre esporte bretão e a um certo sentimentalismo, voltei a torcer pelo América.

Em minha defesa, posso dizer que fui apenas duas vezes ao Mineirão para assistir partidas de ludopédio. A primeira vez serviu para conhecer o estádio. Jogavam Atlético e Cruzeiro e deu empate. Na segunda vez fui sequestrado por um cunhado especialmente fanático. Jogavam Atlético e Cruzeiro e novamente deu empate. Nunca fui a nenhum jogo do América, não sei nome de nenhum jogador, nunca sei quando está jogando, se ganhou ou se perdeu (essa parte até que é mais fácil, pois as derrotas acontecem com uma frequência bastante significativa). Resumindo, estou pouco me lixando para o futebol.

E esse desinteresse às vezes se transforma em aversão total. Isso acontece quando vejo ou tomo conhecimento de comportamentos bizarros ou inadequados dos torcedores mais fanáticos. Conheço um sujeito cuja conduta sempre tranquila, afável e amistosa esconde um ogro cruzeirense, pois recusa-se a comprar e consumir o azeite “Gallo”. Curiosamente, na mesma família existe um ogro atleticano que nas ocasiões em que o hino nacional é cantado, emudece no trecho “a imagem do cruzeiro resplandece”. Parece piada, mas é verdade. E coisa de gente doida.

Mas o que dá nos nervos mesmo é ouvir os torcedores mais fanáticos quando berram enlouquecidos seus mantras ou gritos de guerra robotizados, pouco se importando com o local ou evento onde estão presentes. Pode ser em casamento, batizado, aniversário e, se bobear, até em velório, que sempre surgirá um maníaco (ou mané) a gritar coisas como “Aqui é Galo!”, “Zêrôô!" Ou simplesmente “Galôô!" Há torcedor tão fanático que declara ser primeiro anti-Atlético (ou Cruzeiro) para só então ser cruzeirense (ou atleticano), em uma demonstração de que o ódio pelo adversário pode vir antes do amor pelo "time do coração”.

Depois de sua segunda morte, o Blogson sofreu um upgrade de leitores, passando dos antigos 2,3 malucos identificáveis para a multidão composta por 3,2 leitores., pois agora tem três seguidores conhecidos, que somados aos 0,2 desconhecidos resulta em 3,2 leitores. Matemática pura!). Talvez um dos 3,2 leitores do blog queira se perguntar por qual motivo um sujeito que declara não gostar de futebol ficou até agora escrevendo abobrinhas sobre esse esporte. E o motivo é simples: analogia. Ora, direis, analogia com que, criatura? E eu vos direi que é uma analogia com os comentários e posicionamentos políticos que tenho visto por aí.

lance é o seguinte: mesmo que eu não esteja dizendo nada de novo ou profundo, o que tem acontecido nos últimos tempos - principalmente graças às redes sociais - é um acirramento do ódio contra tudo aquilo de que se discorda. Os bolsonaristas alternam o endeusamento mais primitivo de seu messias com comportamentos e comentários moralistas ou constrangedores contra a Esquerda e seu deus de nove dedosDa mesma forma, os esquerdistas mais viscerais ou despejam seu rancor contra qualquer espirro que der o Mito ou continuam a entoar seu mantra "Lula livre" em quase todas as ocasiões.

Não há serenidade, não há equilíbrio, moderação ou civilidade. Ao manifestar nas redes suas preferências, seus preconceitos e ódio irracional, normalmente cometem falta, "chutam acima do pescoço". Aliás, no quesito irracionalidade os apoiadores do atual presidente têm ganhado de goleada, pois aparentam ter necessidade de provar a todos e a si mesmos que elegeram a pessoa certa, o salvador. E isso fica ainda mais visível (e risível) se forem evangélicos. O país parece ter-se transformado em um imenso campo de futebol, com "partidas" acontecendo todos os dias, com torcidas trocando insultos e xingando a mãe dos juízes. E existem até aqueles que querem furar a bola e encerrar o jogo.

Há paixão demais e pouca racionalidade, pouco bom senso. Esse tipo de comportamento exacerbado, grotesco, descontrolado e passional exibido pelos dois lados tem-me feito pensar em confronto de torcidas, em jogo de final de campeonato, em decisão de Brasil e Argentina. E eu, torcedor moderadíssimo do glorioso América mineiro, tenho ficado mais incomodado com esses embates políticos que o cachorro daqui de casa com os foguetes soltos em dia de jogo Atlético e Cruzeiro. E o pior é que todos os dias são dias de "jogos", não há descanso para pessoas como eu, que detestam discutir futebol!

quinta-feira, 29 de agosto de 2019

MAIS UMA REFLEXÃO (MUITO) IRREFLETIDA


Já percebi que algumas pessoas ao redor do mundo utilizam vários tipos de turbante para cobrir a cabeça. Daí, fiquei pensando que uma expressão “boa” para identificar nesses lugares a popular camisinha – ela também um tipo de “chapéu” – seria Turbante”. Que acham? (cartas para a redação do "Planeta Diário")

quarta-feira, 28 de agosto de 2019

SOCRÁTICO


Em uma apostila antiga de um curso que fiz na década de 1980, encontrei uma frase que dizia mais ou menos isso: “A quantidade de informações processadas está diretamente relacionada à capacidade de processá-las”. Parece uma afirmação óbvia – e é mesmo, mas incrivelmente abrangente em sua simplicidade acaciana.

Hoje em dia, a avalanche de notícias, o tsunami de opiniões e dados contraditórios literalmente arremessados na população através das redes sociais, pelos diferentes tipos de mídia e, até mesmo, por líderes deste e de outros países é tão impactante que provoca nas pessoas (talvez não em todas, talvez só em algumas ou, se quiserem, pelo menos em mim) a sensação ou a certeza de não saber em que ou em quem acreditar. Em outras palavras, essa tempestade de declarações antagônicas acaba criando condições para que se chegue à conclusão de que "se correr o bicho pega, se ficar, o bicho come".


O texto a seguir é uma resposta ao e-mail que recebi de um jovem que conheço há muito tempo e por quem tenho grande admiração e respeito, tão brilhante é sua inteligência e tão invejáveis sua ética e integridade moral (na verdade, tenho até inveja dele).

Normalmente, minhas respostas são curtas, concordando ou não com o que recebi. O penúltimo texto que enviou me pegou meio depressivo, meio "melanchólico", fazendo com eu lhe respondesse assim:


Eu não consigo filtrar tudo o que se diz hoje em dia, pois falta-me capacidade intelectual para tanto. Eu me identifico com suas crenças e valores, mas agora estou deixando rolar, pois (papo de engenheiro) um quilo a menos ou a mais de cimento não altera o concreto que está sendo fabricado. E eu sou esse cimento. 

Por isso, cada vez mais eu me distancio das certezas e mais me aproximo da perplexidade. Não da dúvida, só da perplexidade. Minhas certezas absolutas e crenças foram desenganadas, não há remédio que as reanime. Tudo ou quase tudo em que eu acreditava e, mais ainda, queria acreditar, era como um castelo de cartas - que se desmanchou.

Por isso, nesta época de Big Data, de volumes colossais de dados, informações, julgamentos, análises e opiniões - frequentemente contraditórias ou antagônicas -, neste ponto da vida enfim, sinto-me irmanado com o filósofo Sócrates, que teria dito "Só sei que nada sei". E isso me basta e consola.



terça-feira, 27 de agosto de 2019

AMPULHETA

Recentemente, enquanto dirigia, ocorreu-me a ideia de uma ampulheta que vencia a força da gravidade. Os grãos subiriam, em vez de cair. Cheguei em casa e comecei a escrever frases soltas. Juntei tudo e saiu este poema.

Ah, ampulheta!
Por que insistes em me exasperar
Ao mostrar o escoamento inexorável, grão a grão,
Da areia que trazes dentro de teu corpo bipartido?

Por que não estreitas ainda mais tua cintura e impede
Que os grãos continuem a descer através de tua feminina silhueta?
Por que não te rebelas contra Chronos, teu patrão irascível?
Não sejas pulha!

És obsoleta, peça de decoração em um mundo digital.
Reinventa-te e a teu significado!
Aspira cada grão que deixaste cair displicentemente,
Subverte a lei da gravidade!

Dá-me a chance de sentir novamente
A intensidade dos primeiros amores
E de poder sonhar outra vez
Meus sonhos ingênuos de juventude.

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

ORFEU? EU RI DISSO!


Este é o último post publicado no Linguiça no Fumeiro (cronologicamente falando, pois só Deus sabe o que acontecerá com o primo pobre do blog da solidão ampliada). É um texto meio "joãobatistado", pois anuncia a volta do Blogson Crusoe.


Eu iria postar um texto idiotinha que me ocorreu outro dia, mas resolvi deixar para outra ocasião, pois assuntos mais urgentes precisavam ser abordados. Na madrugada de hoje, lá pelas três ou quatro da matina, acordei pensando no Blogson. Talvez tenha sido influenciado pela postagem "post-mortem" feita pelo Marreta. Sinceramente, achei bacanérrimo seu desejo de falar do Raulzito depois de anunciar o fim do blog.

Por isso, fiquei viajando sobre o significado para mim dos blogs que criei e alimentei. E cheguei à conclusão que a maior burrice foi escrever a "crônica da morte anunciada" como fiz no Blogson em duas ocasiões. A primeira teve o efeito de criarem para mim um perfil no Facebook. A segunda me fez criar o Lingüiça no Fumeiro. Isso só serviu para mostrar minha personalidade oscilante e instável. Tão oscilante e instável quanto nosso presidente. Só que, ao contrário dele, não preciso ter comportamento condizente com a "liturgia" que seu cargo exige, pois nem tenho cargo nenhum. Na verdade, apesar dos meus 69 anos, pareço mais um adolescente inseguro, imaturo e problemático. 

Justamente por isso grande parte dos meus posts é confessional, autobiográfica, como se estivesse fazendo terapia. Pensando nessas coisas todas, cheguei à conclusão de que um blog (ou canal no Youtube ou perfil no Instagram, Facebook ou o que quer que seja) só "morre" efetivamente por desinteresse explícito de seu criador, nunca por falta de criatividade, de assunto ou de leitores.

Ao anunciar o fim do Blogson eu apenas sinalizei estar decepcionado com minha falta de assunto e receptividade dos posts mais recentes. Resumindo, eutanásia não se aplica a meios de comunicação. A título de exemplo, conheço três blogs que simplesmente deixaram de ser alimentados, sem aviso prévio, sem posts explicativos, sem alarde. Um deles é o excelente "O Elemento Jota".

Por tudo isso, agora sem medo de ser feliz, ou melhor, de ser ridicularizado, resolvi migrar os posts que saíram no Lingüiça para o Blogson, pois é lá, no blog da solidão ampliada, que me encontro mais e onde me sinto melhor. Mas espero nunca mais anunciar a morte (a terceira!) do Blogson. Um dia - e esse dia chegará - o blog morrerá definitivamente, seja por desinteresse total, por doença ou morte do blogueiro (como cantaram os tropicalistas, "de susto, de bala ou vício"). Até lá, seja o que Deus quiser. Jotabê bancará o Orfeu resgatando o Blogson do reino dos mortos (Eu ri disso) e o Lingüiça continuará por aí, sem lenço e sem documento.


domingo, 25 de agosto de 2019

ASAS DE TAIOBA



Dona Lourdes nos deixou hoje, aos 97 anos. Por isso, “não viajou antes do combinado”; melhor seria dizer “depois do combinado”, tantos os vaticínios sombrios feitos sobre sua saúde frágil ao longo da vida. Tinha “sopro no coração”, mas sobreviveu a todas as perdas de pessoas queridas – pais, marido, irmãos, sobrinhos, cunhados, parentes próximos e amigos.

Tendo uma resiliência emocional enorme, conseguiu recompor-se após todas essas perdas - menos duas. Só “acusou o golpe” ao perder dois filhos. E isso, aliado a uma idade surpreendentemente avançada para quem tinha “sopro no coração”, fez com que ela aos poucos fosse se abandonando. Logo ela, que tinha pavor da morte e gana de viver!

Dona Lourdes era encantadoramente doce e cativante. Assim como as frutas, foi se adocicando mais e mais à medida que amadurecia. Mas não uma doçura enjoativa, uma doçura sofisticada em sua simplicidade, fazendo com que todos os que dela se aproximavam corressem o risco de ser definitivamente cativados por seu sorrisinho e sua capacidade de rir-se de si mesma e das maluquices que os “netos” aprontavam para ela.

Como quando, já com mais de noventa anos, apoiada no braço de um jovem médico que a examinara, quase o matou de rir ao comentar: “que braço gostoso o senhor tem!” Ou quando se permitiu fotografar na cozinha de sua casa com “asas de taioba”, seguras em suas costas por alguém ainda mais sem noção que ela.

Dona Lourdes... Pensando bem, ela não nos deixou, impossível não sentir sua presença, tantas são as lembranças que ficaram e ficarão dessa baixinha simpaticíssima. Pensando nisso, lembrei-me de um verso da música Skyline Pidgeon de Elton John, que diz: “Voe para longe, voe em direção aos sonhos que você há muito tempo deixou para trás”. E bem gostaria que ela agora escutasse eu lhe dizer:

Voe para longe, Dona Lourdes, voe com suas asas de taioba, mas não se esqueça de nós!

sábado, 24 de agosto de 2019

BRASA DORMIDA


Este texto é melhor compreendido por quem acompanhou a trajetória do Blogson Crusoe até sua morte, ocorrida em 07/06/2019. Depois disso, muita coisa aconteceu (mentira!) e outro blog foi criado - o que serviu para comprovar a dupla personalidade do autor. 

Recentemente, graças a uma marretada que levou na cabeça, Jotabê (o autor) cismou de revolver as cinzas do velho Blogson (pois cinza é a cor do momento) e descobriu que o blog era uma brasa dormida (mesmo que não fosse um filme de Humberto Mauro). Aí foi só jogar um pouco de gasolina (as queimadas estão na moda!) e a fogueira das vaidades novamente se acendeu.

Por sua preocupação com o irmão mais novo, as postagens (algumas delas, pelo menos) que saíram no "Linguiça no Fumeiro" (o irmão mais novo) serão também publicadas aqui no Blogson. Isso poderá causar uma certa confusão no entendimento dos não iniciados nas idas e vindas deste blog, mas será por pouco tempo. Sejam novamente bem vindos os 2,3 leitores do blog, a birosca  da solidão ampliada está novamente de portas abertas!


segunda-feira, 19 de agosto de 2019

C'EST LA VIE?

Este foi o último texto escrito especificamente para o blog Linguiça no Fumeiro. Após sua publicação o Blogson Crusoe foi ressuscitado.

Meu amigo virtual Marreta do Azarão - ou Azarão da Marreta - depôs as armas. Melhor dizendo, depôs a arma, pois, até onde sei, só possuía o “poderoso marretão” – em uma auto-avaliação bastante indulgente. Com essa arma, chegou a pensar em despedaçar a cabeça de Deus e espalhar seus miolos até os confins do universo. Para mim, esse desejo indica que ele não entende nada de alta gastronomia. Onde já se viu querer desperdiçar assim os miolos do Criador? O prato preparado com esse ingrediente raro, único (apesar de trino) seria iguaria finíssima, sofisticadíssima, impossível de ser repetida.

Mas, não faz muito tempo, abandonou essa ideia, concentrando-se apenas no consumo regular de cerveja barata (mas boa!). Creio que essa mudança (de texto, não de cerveja) prenunciava as mudanças que logo surgiriam. Uma delas, talvez, tenha sido a transmutação do martelo, antes uma marreta digna de Thor, transformada aos poucos em marreta de dor.

Não entendo de marreta, mas entendo de dor, dor existencial. Por isso, resolvi fazer uma incursão aos domínios abandonados do Azarão e descobri algumas curiosidades, que passo ao conhecimento de meus três leitores:

De 2009 a 2019, o Marreta publicou 2780 posts, uma média (excluídos os anos de 2009 e 2019) de 281 posts por ano. O auge do furor produtivo aconteceu em 2015, quando obrou 338 publicações. Mas a curiosidade maior aconteceu nos anos de criação e encerramento do blog: exatos 124 posts em 2009 e 124 posts em 2019!

Se fosse no Blogson eu saberia tratar-se de TOC do blogueiro que vos fala. No caso do Marreta, sei não. Talvez a tão estranha coincidência se aplique esta pérola da sabedoria popular: “ele dá nó em pingo d’água e esconde a ponta”. Eu, heim?

Bom, essa cascata toda serviu apenas como introdução para dizer que sou uma toupeira tecnológica, pois as orientações que recebi para criação de um blogroll no Lingüiça não serviram para porra nenhuma, pois me embaralhei nas instruções, irritei-me com minha burrice e mandei tudo à puta que pariu. Por isso, aviso aos navegantes que apagarei também as orientações do post onde estão localizadas. Não sei fazer, não quero mais fazer e foda-se.

Quanto ao número de leitores do Lingüiça, eu quase posso jurar que serão no máximo três mesmo (com tendência de queda). Isso porque o Lingüiça não publica obras de terceiros. Se fizesse como o Blogson, os mecanismos de busca ajudariam a encontrar posts com textos de Rubem Braga, Vinícius de Moraes, etc. Mas o Linguiça, para o bem e para o mal é um blog só autoral Além disso, com o fim do Marreta, mesmo seus leitores mais fiéis começarão se afastando aos poucos (pois não haverá mais nenhuma novidade a ser vista). 

Com isso, as migalhas que o Blogson recebia e que o Lingüiça almeja também ganhar não mais existirão. Falei migalhas mas é mais uma situação parecida com a do peixe-piloto que acompanha um tubarão ou outro peixe grande, à espreita de alguma sobra do banquete principal (os leitores, no caso). Como diria um brasileiro no alto da Torre Eiffel, apontando para a pista de veículos lá em baixo: "C’est la vie!" 

sábado, 17 de agosto de 2019

EASY RIDER

Deve ter sido no final da década de 1950 ou início da de 1960 que Carlos Gonzaga gravou a música “Cavaleiros do Céu” (‘vaqueiro do Arizona desordeiro e beberrão”...), regravada anos depois pelo Milton Nascimento. A melodia original chama-se “Ghost Riders in the Sky”, composta em 1948.

Mesmo que não goste dessa música (acho brega), lembrei-me dela ao ler a notícia da morte do ator Peter Fonda. Ator, diretor e redator, foi um dos responsáveis pelo clássico road movie “Easy Rider” (no Brasil, “Sem Destino”). A trilha sonora utilizava rocks e blues fantásticos, interpretados por Jimi Hendrix, Steppenwolf, etc.

Eu tinha uns 20 anos quando o assisti na telona de um cinema de rua (ainda não existiam shopping centers). Depois, na mesma linha da piração, assisti “Viagem ao mundo da alucinação” (“The Trip”) - outro filme dele, onde mostrava sua experimentação com LSD. Esse sim, pura viagem mesmo, que só passou em BH no circuito alternativo.

Pois bem, sua família divulgou a seguinte mensagem: "Enquanto lamentamos a perda deste doce e gracioso homem, também desejamos que todos celebrem seu espírito indomável e amor pela vida. Em homenagem a Peter, por favor façam um brinde à liberdade".

Como eu não bebo (nem fumo), só posso brindar à sua memória com este texto, lembrando que ele - juntamente com Dennis Hopper, seu companheiro de filme e fumaça -  são agora Easy Riders in the Sky.



domingo, 11 de agosto de 2019

MEIO ESCATOLÓGICO

Quando eu era criança às vezes ouvia de algum de meus tios comentários do tipo “hoje ele está enfezado!” Logo percebi que isso significava estar a pessoa citada nervosa ou de mau humor, irritada. Passaram-se muitos anos até que meu amigo Pintão explicasse a origem dessa palavra, que significa literalmente “cheio de fezes”. Na prática, isso explicaria o comportamento irritadiço e impaciente de uma pessoa com intestino preso. Surpreso com essa revelação consultei o dicionário e lá estava:

Enfezado. Adj. Fig.
1. tomado de raiva, aborrecimento ou birra; irritado.
2. de gênio temperamental, irascível.
Literalmente quer dizer "cheio de fezes", situação que provoca enraivecimento e ira na pessoa quando esta acumula muitas fezes no organismo.

Isso explicaria o fato de meu presidente estar sempre de cara fechada, olhar meio perdido e, frequentemente irritado ou impaciente com perguntas que os jornalistas têm o atrevimento de lhe fazer. Quando perguntaram se é possível o país preservar o meio ambiente e se desenvolver economicamente, foi didático:
Quando se fala em poluição ambiental, é só você fazer cocô dia sim, dia não que melhora bastante a nossa vida também, está certo?”

Fiquei encantado com a revelação! Ao contrário do que parece, meu presidente está realmente preocupado com o meio ambiente! Até imaginei um slogan para conscientizar a população: “Cocô dia sim, dia não é a solução!”


A única contraindicação para essa prática ambientalista de "dia sim, dia não" é o efeito colateral que apresenta, pois ao alterar o processo fisiológico do organismo, a merda começa a sair pela boca  nos "dias não, dias sim" (pensando bem, isso parece acontecer todos os dias). Puta sacanagem!

domingo, 4 de agosto de 2019

É JOIO!

No post “Analógico” eu contei o motivo de estar meio distante da internet. E esse motivo é o desejo de identificar “o melhor do pior”, de selecionar os melhores posts do Blogson Crusoe. Nessa linha, escrevi que “tenho ficado nessa batida todo o tempo disponível. E, confesso, tenho me divertido horrores com essa maluquice, principalmente por reler textos que achei bem mais inspirados que a anêmica produção atual. Alguns até merecem este comentário mental: "Será que fui eu mesmo que escrevi isto?”

Bom, isso foi no início da tentativa de separar o joio do trigo. Depois, o clima mudou um pouco. A propósito, nunca me interessei em saber o que significa essa porra de joio. Aliás, nem joio nem jojo (apesar de gostar de leite com Toddy. Gelado, por favor). Desta vez, entretanto, de forma intuitiva e até premonitória, corri à minha preceptora Wikipédia e descobri que talvez talvez eu tenha sido embriagado pelo “joio” do Blogson. E estou dizendo isso em virtude dos novos conhecimentos adquiridos ao pesquisar o significado de “joio”.

Segundo minha orientadora, o joio é uma “planta de talo rígido, que cresce até 1 metro de altura, com inflorescências em espiga e grão de cor violácea”. O nome científico é Lolium temulentum. E eu ia morrer sem saber disso!

Mas o mais bacana foi descobrir que “Por ser uma erva daninha (...) susceptível a infecção por fungos produtores de toxinas com efeitos graves sobre os humanos, em diversas línguas europeias a planta tem nomes que remetem para a embriaguez, como é o caso da língua francesa na qual o joio é designado por ivraie (do latim ebriacus, ébrio), que expressa a náusea do bêbado por comer a planta infectada, o que pode ser fatal.”

Quem poderia supor que um pão feito com farinha de joio serviria para chapar o melão? Talvez seja esse o motivo dessa planta ser também conhecida por “cizânia”. Afinal, em um ambiente de gente bêbada sempre pode instalar-se a cizânia entre dois ou mais presentes, não é mesmo?.

Mas acho que esse parêntese foi longe demais. No tamanho e no delírio. Por isso, voltemos ao assunto inicial. Até agora, consegui selecionar um pacote de “poesia”, um de ficção e um dedicado a frases curtas que não mereceram um desdobramento em textos mais longos (ainda bem!). Por sua heterogeneidade, dei a esse pacote o nome de “Frango a Passarinho”. No momento, estou dedicado à seleção de um pacote de dezénhos e imagens.

E acho que foi por essa revirada de coisas antigas que acabei ficando "embriagado". À medida que ia descartando os posts (muitos posts, para ser sincero), fui percebendo a toxidez da produção do Blogson. Ou, dito de outra forma, a mediocridade quase gritante de textos e imagens postados no blog, produzidos graças a um ócio tóxico, intoxicante - pois encontrei muito mais joio que trigo.

Resumindo, não encontrei literatura, só literatices, Nem desenhos - só rabiscos ou colagens. E é isso que eu quero guardar e imprimir. Devo estar bêbado mesmo!

COMEÇA HOJE!

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