Escrevo este texto no dia 01/11/2015 (é sério!), para um post que não tem graça nenhuma, nenhuma originalidade (e isso é a cara do Blogson!). Mas, antes de continuar, preciso perguntar: você sabe o que significa o título que escolhi para esta maluquice? Não? Vai saber agora.
CODA é um sinal gráfico colocado ao final de uma partitura musical para indicar que a música termina ali. Há mais algumas sutilezas, mas vou ficar nesta definição. Então, este post é o coda do blog. Simples assim.
É estranho
escrever isto, mas este post é realmente o último que sairá no Blogson. A ideia de fazer
isso surgiu há um tempo que não sei precisar. Claro, não é? Até porque estou
escrevendo para o futuro. E esse pensamento é o mesmo que motivou o texto
"Ruínas na Selva". Mas, enquanto aquele era só uma divagação, este é
definitivo.
Talvez as pessoas
que acessam com alguma frequência esta bagaça achem estranha minha atitude.
Talvez algum psicólogo diga que isso indica o desejo de ter controle sobre
minha vida ou sei lá o que. Pode ser, não recuso esta ideia. Conheci
superficialmente um sujeito que era cunhado de uma amiga da família de minha mulher. Esse
cara morreu de câncer. Embora não tenha ido ao velório, fiquei sabendo de
alguns detalhes: pouco antes de morrer, deixou pronta uma programação a ser
observada em seu enterro e, como adorava música clássica, escolheu e gravou
algumas peças dentre os inúmeros CDs que possuía, para serem reproduzidas
durante todo o velório. Não bastasse isso, escreveu uma carta explicando essas
escolhas musicais. A carta, um DVD com essas músicas e um retrato seu (o retrato
na capa e a carta na contracapa do DVD) foram entregues a cada pessoa presente
ao velório. Essa nossa amiga deu-me o que ganhou (e que nunca ouvi). Alguns
podem ter achado a lembrança uma coisa meio mórbida, uma esquisitice do morto,
mas eu achei bem legal a ideia. Mesmo que se tratasse de uma comunicação
impossível. Como agora.
O fato é que
quando alguém ler este post saberá que é realmente o último suspiro do Blogson
Crusoe, o velho blog da solidão ampliada. Certamente surgirá em um ou outro o desejo
de saber por que isso aconteceu. Por que parou? Parou por quê? Neste momento pelo menos, lamento não conseguir satisfazer essa curiosidade.,
mas vou arriscar, fazendo uma lista de possibilidades: surtei; o saco encheu; fiquei
com Alzheimer ou morri. Bom, se o motivo é minha morte, talvez possa ter morrido
de câncer, infarto fulminante, derrame cerebral, acidente ou o que quiserem
imaginar. Foda-se, não estou nem aí, ou melhor, não estarei nem aí.
Mas o motivo deste post é transmitir meu mais profundo sentimento de gratidão, carinho e
amizade às pessoas que leram alguma coisa que escrevi aqui. Não são muitas, eu
sei. Posso até arriscar-me a identificar os "2,3" leitores do blog.
Começaria pelos
que fizeram comentários por escrito ou de viva voz: minha para sempre amada Eliane, mulher linda em todos
os sentidos; os geeks puro-sangue Gustavo e sua amada Fernanda, donos do ótimo blog Casal
Geek, Daniel, dono do premiado blog Mixidão e
sua amada Cláudia; meu amigo Mauro Condé, dono do blog O Blog do MaLuCo; o "Azarão", amigo
virtual (de quem nunca soube o nome) e dono do blog hardcore A Marreta do Azarão, minha irmã Maria e seu filho Gabriel.
Mesmo que alguns tenham desaparecido há tempos, consigo
identificar também os simpaticíssimos e sempre bem-vindos leitores Fabiano, "Lord Wilmore", "J", Renato Perim, Andrea, Agostinho e meu sobrinho
Lucas. Pensando bem, deu até para encher uma Kombi!
Além dessa
"confraria", agradeço a meus filhos, noras, sobrinhos, amigos e a cada anônimo que acessou o blog pelo menos uma vez, talvez por engano, talvez fisgado por textos, títulos e nomes de gente famosa. Não importa. Obrigado a
todos, de verdade.
Criar e alimentar o Blogson com minhas bobagens foi uma das experiências mais fascinantes que
tive em toda a vida. Todo tipo de sentimento foi vivenciado por conta dos
textos e desenhos que divulgava: ansiedade, frustração, esperança, alegria,
orgulho (vejam vocês, até isso!), raiva, tristeza, saudade, amor, ódio. Pedindo
desculpas pelo chavão, foi mesmo um turbilhão de emoções!
O blog foi também
um excelente espelho para mim. Hoje eu sei que as coisas que divulguei não tem
qualidade nenhuma, são apenas produções amadorísticas, algo assim como uma peça teatral encenada por mal ensaiados alunos de ginásio. Mesmo assim, foi
uma experiência incrível. Através do blog, descobri defeitos e qualidades
insuspeitadas (mais defeitos que qualidades, na verdade), tais como um TOC
moderado, vaidade exacerbada, preconceitos nunca admitidos, medos ocultos, carência afetiva patológica, um
universo de sensações, enfim.
Descobri também que escrevo legalzinho (mas morreria de fome se precisasse ganhar a vida escrevendo profissionalmente). Claro está que isso só aconteceu em virtude dos
comentários (ou sua inexistência) dos "2,3" leitores mais constantes. Neste caso, acredito
que a medalha de ouro do estoicismo deve ser entregue ao "Marreta",
tão diferente e tão parecido comigo, pois esse leu (e comentou) quase todas as
bobagens contidas neste blog!
E se este é o
último post, podem até fazer comentários, mas talvez não haja ninguém para
aceitá-los e responder (talvez eu esteja morto, esqueceram?). Como duvido que alguém
tenha lido todos os posts, sugiro - seguindo o exemplo do sujeito do velório citado no
início - que leia os demais. Como (ainda) estou vivo, essa ideia me atrai e conforta.
Depois, isso não significará nada, concordam?
Neste blog eu falei de mim o tempo todo, de forma explícita ou só nas entrelinhas. No início, procurei preservar minha identidade de forma quase doentia. Depois, fui relaxando e expondo os casos de família e a quase totalidade do meu nome. Acho que agora é o momento ideal para divulgar o que faltava. Dentro da linha de que as pessoas permanecem
"vivas" enquanto alguém se lembra delas, aí vai (de forma definitiva!) meu retrato mais recente, onde ostento uma barba que deixei crescer aos sessenta e cinco anos, só para tirar uma foto.
Aliás, essa é só mais uma maluquice Jotabê, pois deixei crescer a barba em apenas três ocasiões, espaçadas uma da outra por vinte anos (aos 22, aos 42 e aos 65 anos). Um verdadeiro "TOC de longo curso", concordam? Olhaí.
Como é? Não está identificável? Claro que está! A mancha escura do lado direito da foto, logo abaixo do olho, é a pinta (nevo) que tenho no rosto. Além disso, olha as rugas na testa, o pé de galinha do olho e a barba quase totalmente branca. Tá tudo aí!
Para ser sincero, não me animei a vencer a barreira do anonimato (a última) que desejei manter desde o início do blog. Isso foi o máximo que me permiti divulgar, um retrato mais parecido com uma silhueta, pois o desejo de permanecer incógnito venceu o exibicionismo. Mas a pinta está lá.
Bom, agora chega de enrolação. Como disse o Vinícius de
Moraes em uma de suas letras, "ciao, goodbye,
auf wiedersehen”. Fui!!!