terça-feira, 4 de novembro de 2025

EQUATORIAL

 
Por morar no mesmo bairro onde surgiu o “Clube da Esquina” e por já ter visto o Lô Borges tomando cerveja despreocupadamente em um bar-mercearia perto de minha casa, nunca dei a ele maior importância, mesmo adorando suas composições do disco que dividiu com o Milton Nascimento. Prova de que a distância física pode afetar nossa percepção.
 
Conversei com ele uma única vez, quando perguntei se não tinha intenção de publicar um livro de cifras (acordes) para que os mais bobos (como eu) pudessem tentar reproduzir no violão as músicas incríveis que compôs. Escapando pela tangente, disse que sairia “no ano que vem”.
 
Pois bem, sua morte logo após o fechamento do icônico Bar do Bolão (o rei do espaguete da madrugada) provocou um gosto amargo em minha boca e a certeza de que “nada será como antes” – nem na música nem na boemia do bairro onde moro nem em minha vida, que já está “na tábua da beirada”, como dizia um cunhado falecido.
 
Para celebrar um tempo já passado, uma gravação da música “Equatorial”, composta pelos ainda desconhecidos Lô Borges e Beto Guedes, identificados em um festival ou coisa assim como Lu Borges e Bete Guedes (quem contou esse caso foi o próprio Lô).



 

15 comentários:

  1. Grande perda! Ainda mais da forma que foi. O país perde um dos seus maiores artistas musicais.

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    1. Como cantou Gonzaguinha, “Há quem fale que a vida da gente é um nada no mundo, é uma gota, é um tempo que nem dá um segundo”.

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  2. Jotabê,
    Linda publicação!
    Pois é, o mundo está ficando
    cada dia mais pobre.
    Aqui em casa, a Moça do meu filho
    caçula ficou impactada com a morte
    dele, porque ela é cantora profissional
    e além de conhece-lo, ela e meu filho
    tem música dele no repertório do show deles.
    Mas em fim, o que nos resta
    é canrar sua canções para mante-lo vivo
    em nossas memórias.
    Abraço
    CatiahôAlc.

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  3. Vixe, só aqui mesmo, praxeu ouvir falar desse povo. Ah, Ah! Um grande abraço

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    1. É porque você é muito novo. Eu tinha vinte, vinte e dois anos quando comprei o badaladíssimo LP duplo Clube da Esquina, que lançou o Lô, recém-saído da adolescência, para o estrelato. As músicas eram excelentes (melhores que a do Milton). Ele era o que se chamava bicho-grilo (creio que hoje o termo é "tilelê"). Segundo ele próprio, só queria saber de tocar violão e fumar maconha.

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    2. onde que o Fabi é novo? imperdoável ele não conhecer Leo Borges. Eu tinha uns 25 anos quando comprei uma coleção com vários CDs com várias músicas do Milton e Lô, inclusive os do Clube da Esquina.

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    3. Ué, ele tem a idade (assim imagino) de meus dois filhos mais velhos. Deve ter nascido por volta de 1976, por aí. Por sempre desejar ser "intelectual".alternativo ou "culto", eu me forçava a ouvir sons a que não estava acostumado, desde que fossem "cultos". Eu fui um roqueiro que desejava aprender a gostar de jazz, coisas assim.

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    4. Custei a gostar das músicas do Milton e, até hoje, há músicas que não descem bem. Comprei por mania de colecionar, mas há dois discos do Bituca que nunca consegui escutar: Missa dos Quilombos e Yauaretê.

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    5. Sou de 1977. Algumas músicas eu conheço, sim, só não sabia os nomes de quem cantava. Do Milton, gosto de Coração de Estudante. As demais, ficam maravilhosas em vozes dos outros, principalmente da Elis. Ele gravou uma música política com Sandy e Junior. Acho que é a última faixa do último álbum da dupla. Uma pen que ninguém quis divulgar a música pois ela é muito boa.
      Sobre ter escrito que só aqui vejo falar desse pessoal, é porque não vejo mais nada desse povo das antigas por aí. Acho que, em breve, haverá um sério risco de deixar de existirem. Espero que não.

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    6. Esta é uma época de sertanejo, pagode e funk, mas a antiga MPB continua a existir. Para mim, o maior problema é que os artistas que sempre ouvi já passam dos 80 (Gil, Caetano, Chico, Paulinho da Viola, etc.). Meu filho mais velho nasceu em 1976. Meu segundo filho nasceu em 1978.

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    7. Se os artistas que você costuma ouvir já passaram dos 80 anos, os que eu escuto são gente morta e invisível. Gente morta, porque os que mais gosto ja se foram. Invisível, porque ando ouvindo muita música de IA.

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    8. Tudo é mesmo uma questão de gosto. Eu me recuso a ouvir música feita pela IA, por melhor qu seja. Mas também gosto de ouvir música feita por gente que já morreu. O compositor/intérprete pode já ter morrido, mas a música é novidade para mim. Por isso eu gosto tanto da música americana das décadas de 1930 e 1940 (eu nasci em 1950).

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