segunda-feira, 29 de julho de 2019

ANALÓGICO


Depois da morte do Blogson Crusoe, tenho agido mais ou menos como algumas pessoas que perdem um ente querido. Às vezes dão uma chegadinha ao cemitério, levam flores, inspecionam a sepultura e seu entorno, rezam (ou oram) e, depois de algum tempo por ali, voltam para suas casas e para seus afazeres diários.

Guardadas as proporções é isso que tenho feito com o velho Blogson, também ele um "ente" querido. Dou uma olhada nas visualizações, comparo com as visualizações do Lingüiça, verifico se existe algum comentário “pendente de aprovação” e sigo minha vida. A propósito, o finado tem três vezes mais visualizações que o primo pobre. Mas não estou ligando muito para isso.

No final do último post do Blogson eu escrevi que precisava “urgente inventar alguma coisa para fazer”. A primeira coisa inventada foi o Lingüiça, criado só para abrigar meus monólogos ou, se quiserem, meus diálogos comigo mesmo. Mas tenho andado sem inspiração para escrever ou desenhar alguma coisa minimamente razoável. E, acreditem, não estou ligando para isso. Não sei como, consegui dar uma “silenciada” na minha ansiedade. Nem no Facebook tenho entrado. Mas há uma explicação para isso.

Resolvi voltar a ser um pouco mais analógico, um pouco menos digital. E isso, graças à sensação de que não viverei por muito tempo mais, pois estou na fase onde tenho visto muitas pessoas com idades próximas à minha indo para o vinagre. Meus joelhos estão tão fodidos que talvez em bem pouco tempo eu esteja andando de bengala. Aliás, essa pedra foi cantada no Blogson Crusoe no já distante ano de 2014. Pode parecer coisa de gente doida, enredo de novela mexicana, letra de música de corno ou simplesmente mania de fazer drama. Não importa. Se alguém quiser conferir, o link é este:

O que sei é que resolvi deixar uma “obra” que não constranja meus filhos. Por isso, resolvi fazer uma “visita ao cemitério” (várias, na verdade) e copiar tudo o que foi postado no Blogson. É a essa atividade que chamei de “analógica”, pois a partir da cópia dos posts, tudo acontece fora da internet.

A primeira providência foi eliminar todo material não autoral. Com isso, as “seções” “Música, Maestro!” e “Produção Terceirizada” foram totalmente descartadas. Depois foi a vez dos posts relacionados ao momento político atual, todos eles abrigados na seção “Calha Política”. Aproveitei para excluir também os posts da seção “Entendendo o Blog”.

Após essa capina preliminar, comecei a agrupar por estilo os posts que pretendo guardar no computador, imprimir ou mandar para meus filhos. O primeiro “pacote” a ficar pronto recebeu todas as “poesias” guardadas na seção “Literatices (Versos)”. Depois de excluir as muito ruins e revisar as que sobraram, criei um arquivo em Word com o quase invisível título “Versos”.

E tenho ficado nessa batida todo o tempo disponível. E, confesso, tenho me divertido horrores com essa maluquice, principalmente por reler textos que achei bem mais inspirados que a anêmica produção atual. Alguns até merecem este comentário mental: “Será que fui eu mesmo que escrevi isto?”

Essa é a razão da minha atual serenidade. É como se estivesse fazendo meu testamento. Muito dramático? OK, mas na linha do “Confesso que vivi". No meu caso está mais para "Confesso que me permiti pensar”. Mais analógico, impossível.


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