Depois da morte do Blogson Crusoe, tenho
agido mais ou menos como algumas pessoas que perdem um ente querido. Às vezes
dão uma chegadinha ao cemitério, levam flores, inspecionam a sepultura e seu
entorno, rezam (ou oram) e, depois de algum tempo por ali, voltam para suas
casas e para seus afazeres diários.
Guardadas as proporções é isso que tenho
feito com o velho Blogson, também ele um "ente" querido. Dou uma
olhada nas visualizações, comparo com as visualizações do Lingüiça, verifico se
existe algum comentário “pendente de aprovação” e sigo minha vida. A
propósito, o finado tem três vezes mais visualizações que o primo
pobre. Mas não estou ligando muito para isso.
No final do último post do Blogson eu escrevi
que precisava “urgente inventar alguma coisa para fazer”. A primeira coisa
inventada foi o Lingüiça, criado só para abrigar meus monólogos ou, se
quiserem, meus diálogos comigo mesmo. Mas tenho andado sem inspiração para
escrever ou desenhar alguma coisa minimamente razoável. E, acreditem, não estou
ligando para isso. Não sei como, consegui dar uma “silenciada” na minha
ansiedade. Nem no Facebook tenho entrado. Mas há uma explicação para isso.
Resolvi voltar a ser um pouco mais analógico,
um pouco menos digital. E isso, graças à sensação de que não viverei por muito
tempo mais, pois estou na fase onde tenho visto muitas pessoas com idades
próximas à minha indo para o vinagre. Meus joelhos estão tão fodidos que talvez
em bem pouco tempo eu esteja andando de bengala. Aliás, essa pedra foi cantada
no Blogson Crusoe no já distante ano de 2014. Pode parecer coisa de gente
doida, enredo de novela mexicana, letra de música de corno ou simplesmente
mania de fazer drama. Não importa. Se alguém quiser conferir, o link é
este:
O que sei é que resolvi deixar uma “obra” que
não constranja meus filhos. Por isso, resolvi fazer uma “visita ao
cemitério” (várias, na verdade) e copiar tudo o que foi postado no
Blogson. É a essa atividade que chamei de “analógica”, pois a partir da
cópia dos posts, tudo acontece fora da internet.
A primeira providência foi eliminar todo
material não autoral. Com isso, as “seções” “Música, Maestro!” e “Produção
Terceirizada” foram totalmente descartadas. Depois foi a vez dos posts
relacionados ao momento político atual, todos eles abrigados na seção “Calha
Política”. Aproveitei para excluir também os posts da seção “Entendendo o
Blog”.
Após essa capina preliminar, comecei a
agrupar por estilo os posts que pretendo guardar no computador, imprimir ou
mandar para meus filhos. O primeiro “pacote” a ficar pronto recebeu todas as
“poesias” guardadas na seção “Literatices (Versos)”. Depois de excluir as
muito ruins e revisar as que sobraram, criei um arquivo em Word com o
quase invisível título “Versos”.
E tenho ficado nessa batida todo o tempo
disponível. E, confesso, tenho me divertido horrores com essa maluquice,
principalmente por reler textos que achei bem mais inspirados que a anêmica
produção atual. Alguns até merecem este comentário mental: “Será que fui
eu mesmo que escrevi isto?”
Essa é a razão da minha atual serenidade. É
como se estivesse fazendo meu testamento. Muito dramático? OK, mas na linha
do “Confesso que vivi". No meu caso está mais para "Confesso que
me permiti pensar”. Mais analógico, impossível.
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